sábado, 16 de fevereiro de 2013

Normas para o jejum e a abstinência



Chegou a Quaresma. Iniciamos o tempo forte da Igreja para combater, em nós, a influência do demônio, do mundo e da carne. E um dos métodos, que nos vem da Bíblia, e é atestado pela unânime tradição católica, é o jejum, em sentido amplo. Esse jejum abarca o jejum em sentido estrito, e as várias formas de abstinência.

Para melhor realizarmos o propósito que o Senhor tem para as nossas almas, a Igreja dá normas simples e mínimas para que os fiéis iniciemos a luta espiritual.

Conforme o Código de 1983, eis as normas:
Jejum: fazer apenas uma refeição completa durante o dia e, caso haja necessidade, tomar duas outras pequenas refeições que não sejam iguais em quantidade à habitual ou completa. Não fazer as refeições habituais, nem outros petiscos durante o dia (embora, pela tradição, se possa beber algo sem açúcar). Estão obrigados ao jejum os que tiverem completado dezoito anos até os cinquenta e nove completos. Os outros podem fazer, mas sem obrigação. Grávidas e doentes estão dispensados do jejum, bem como aqueles que desenvolvem árduo trabalho braçal ou intelectual no dia do jejum.

Abstinência: deixar de comer carnes de animais de sangue quente (bovina, ovina, aviária, bubalina etc), bem como seus caldo de carne. Permite-se o uso de ovos, laticínios e gordura. Estão obrigados à abstinência os que tiverem completado quatorze anos, e tal obrigação se prolonga por toda a vida. Grávidas que necessitem de maior nutrição e doentes que, por conselho médico, precisam comer carne, estão dispensados da abstinência, bem como os pobres que recebem carne por esmola.

Considerações sobre o Ato de Renúncia de Bento XVI



Em 11 de fevereiro, dia da Festa de Nossa Senhora de Lourdes, o Santo Padre Bento XVI comunicou ao Consistório de cardeais e a todo o mundo sua decisão de renunciar ao Pontificado. O anúncio foi acolhido pelos cardeais, “quase inteiramente incrédulos”, “com sensação de confusão”, “como um raio em céu sereno”, segundo as palavras dirigidas em seguida ao Papa pelo cardeal decano Ângelo Sodano.

Se foi tão grande a confusão por parte dos cardeais, pode-se imaginar quão forte tem sido nesses dias a desorientação dos fieis, sobretudo daqueles que sempre viram em Bento XVI um ponto de referência, e agora se sentem de algum modo "órfãos", senão mesmo abandonados, em face das graves dificuldades que enfrenta a Igreja no momento presente.

No entanto, a hipótese da renúncia de um Papa ao sólio pontifício não é de todo inesperada. O presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, Karl Lehmann, e o primaz da Bélgica, Godfried Danneels, haviam apresentado a hipótese da “renúncia” de João Paulo II, quando as condições de sua saúde haviam se deteriorado. O cardeal Ratzinger, no livro-entrevista de 2010, Luz do Mundo, havia dito ao jornalista alemão Peter Seewald que, se um Papa se dá conta de que não é mais capaz, “física, psicológica e espiritualmente, de cumprir os deveres de seu ofício, então ele tem o direito e, em certas circunstâncias, também a obrigação, de renunciar”. Ainda em 2010, cinquenta teólogos espanhóis haviam manifestado sua adesão à Carta Aberta aos bispos de todo o mundo do teólogo suíço Hans Küng, com estas palavras: “Acreditamos que o Pontificado de Bento XVI se tenha exaurido. O Papa não tem a idade nem a mentalidade para responder adequadamente aos graves e urgentes problemas com os quais a Igreja Católica se defronta. Pensamos, portanto, com o devido respeito por sua pessoa, que deve apresentar a demissão do seu cargo”. E quando, entre 2011 e 2012, alguns jornalistas como Giuliano Ferrara e Antonio Socci havia escrito sobre a possível renúncia do Papa, a hipótese havia suscitado entre os leitores mais desaprovação que consenso.
Não há dúvidas acerca do direito de um Papa de renunciar. O novo Código de Direito Canônico prevê a possibilidade de renúncia do Papa no cânon 332, parágrafo segundo, com estas palavras: “Se acontecer que o Romano Pontífice renuncie a seu múnus, para a validade se requer que a renúncia seja livremente feita e devidamente manifestada, mas não que seja aceita por alguém”. Nos artigos 1º e 3º da Constituição Apostólica Universi Dominicis Gregis, de 1996, sobre a vacância da Santa Sé, é prevista ademais a possibilidade de que a vacância da Sé Apostólica seja determinada não só pela morte do Papa, mas também por sua renúncia válida.

Na História não são muitos os episódios documentados de abdicação. O caso mais conhecido continua sendo o de São Celestino V, o monge Pietro da Morrone, que foi eleito em Perugia, em 5 de julho de 1294, e coroado em L'Aquila, em 29 de agosto seguinte. Após um Pontificado de apenas cinco meses, ele julgou oportuno renunciar, por não se sentir à altura do cargo que assumira. Preparou, então, a sua abdicação, consultando primeiramente os cardeais e promulgando, depois, uma constituição com a qual confirmava a validade das regras já estabelecidas pelo Papa Gregório X para a realização do próximo Conclave. Em 13 de dezembro, em Nápoles, pronunciou sua abdicação diante do Colégio dos Cardeais, despojou-se da insígnia e das vestes papais, e tomou o hábito de eremita. Em 24 de dezembro de 1294, foi eleito Papa, em seu lugar, Benedetto Caetani, com o nome de Bonifácio VIII. Outro caso de renúncia papal – o último registrado até hoje – ocorreu no decurso do Concílio de Constança (1414-1418). Gregório XII (1406-1415), Papa legítimo, a fim de recompor o Grande Cisma do Ocidente (1378-1417), enviou a Constança o seu plenipotenciário Carlo Malatesta, para dar a conhecer sua intenção de retirar-se do ofício papal; as demissões foram oficialmente acolhidas em 4 de julho de 1415, pela assembleia sinodal, que ao mesmo tempo depôs o antipapa Bento XIII. Gregório XII foi reintegrado ao Sacro Colégio com o título de cardeal bispo do Porto e com o primeiro grau após o Papa. Abandonando o nome e o hábito pontifício e retomando o nome de cardeal Angelo Correr, ele se retirou como legado papal na província italiana de Le Marche e morreu em Recanati, em 18 de outubro 1417.

Portanto, o caso de renúncia em si não escandaliza: está contemplado no Direito Canônico, e verificou-se historicamente ao longo dos séculos. Note-se, no entanto, que o Papa pode renunciar, e por vezes tem historicamente renunciado ao Pontificado, enquanto este é considerado um “ofício jurisdicional da Igreja”, não ligado indelevelmente à pessoa que o ocupa. A hierarquia apostólica exerce de fato dois poderes misteriosamente unidos na mesma pessoa: o poder da ordem e o poder de jurisdição (cf., por ex., São Tomás de Aquino, Summa Theologica, II-IIae, q, 39, a. 3, resp.; III, q. 6, a. 2). Ambos poderes são direcionados a realizar os fins peculiares da Igreja, mas cada qual com características próprias, que o distinguem profundamente do outro: a potestas ordinis é o poder de distribuir os meios da graça divina e refere-se à administração dos sacramentos e ao exercício do culto oficial; a potestas iurisdictionis é o poder de governar a instituição eclesiástica e os simples fiéis.
 
O poder de ordem distingue-se do poder de jurisdição não só pela diversidade de natureza e de objeto, mas também pelo modo como o poder de ordem é conferido, uma vez que tem como propriedade ser dado com a consagração, isto é, por meio de um sacramento, e com a impressão de um caráter sagrado. A posse do potestas ordinis é absolutamente indelével, porquanto seus graus não são ofícios temporários, mas imprimem caráter a quem o recebe. De acordo com o Código de Direito Canônico, uma vez que um batizado se torna diácono, sacerdote ou bispo, o é para sempre, e nenhuma autoridade humana pode cancelar essa condição ontológica. Pelo contrário, o poder de jurisdição não é indelével, mas temporário e revogável; suas atribuições, exercidas por pessoas físicas, cessam com o término do mandato.
 
Outra característica importante do poder de ordem é a não territorialidade, pois os graus da hierarquia da ordem são absolutamente independentes de qualquer circunscrição territorial, pelo menos no que respeita à validade do exercício. As atribuições do poder de jurisdição, ao contrário, são sempre limitadas no espaço e têm no território um de seus elementos constitutivos, exceto o do Sumo Pontífice, que não está sujeito a qualquer limitação espacial.

Na Igreja, o poder de jurisdição pertence, jure divino, ao Papa e aos Bispos. A plenitude deste poder, no entanto, reside apenas no Papa que, como fundamento, sustenta todo o edifício eclesiástico. Nele se encontra todo o poder pastoral, e na Igreja não se pode conceber outro independente.

A teologia progressista, pelo contrário, sustenta, em nome do Vaticano II, uma reforma da Igreja num sentido sacramental e carismático, que opõe o poder de ordem ao poder de jurisdição, a Igreja da caridade à do direito, a estrutura episcopal à monárquica. O Papa, reduzido a primus inter pares no interior do colégio dos bispos, exerceria apenas uma função ético-profética, um primado de “honra” ou de “amor”, mas não de governo e de jurisdição. Nesta perspectiva, Hans Küng e outros invocaram a hipótese de um Pontificado “temporário” e não mais vitalício, como uma forma de governo exigida pela celeridade das mudanças do mundo moderno e da contínua novidade de seus problemas. “Não podemos ter um Pontífice de 80 anos que já não está totalmente presente do ponto de vista físico e psíquico”, declarou à emissora “Südwestundfunk” Küng, o qual vê na limitação do mandato do Papa um passo necessário para a reforma radical da Igreja. O Papa seria reduzido a presidente de um Conselho de administração, a uma figura meramente arbitral, ao lado de uma estrutura eclesiástica "aberta", como um sínodo permanente, com poderes deliberativos.

No entanto, caso se entenda que a essência do Papado esteja no poder sacramental de ordem e não no poder supremo de jurisdição, o Pontífice jamais poderia renunciar; se o fizesse, perderia com a renúncia apenas o exercício do poder supremo, mas não o poder em si, que seria indelével como a ordenação sacramental da qual brota. Quem admite a hipótese da renúncia deve admitir com isso que o Papa deriva a sua summa potestas da jurisdição que exerce, e não do sacramento que recebe. A teologia progressista está, portanto, em contradição consigo mesma quando procura fundamentar o Papado sobre sua natureza sacramental e depois reivindica a renúncia de um Papa, a qual por sua vez só pode ser admitida se seu múnus se basear no poder de jurisdição. Pela mesma razão, não poderá haver, após a renúncia de Bento XVI, “dois papas”, um no cargo e outro “emérito”, como foi impropriamente dito. Bento XVI voltará a ser Sua Eminência o Cardeal Ratzinger, e não poderá exercer prerrogativas, como a da infalibilidade, que são intimamente ligadas ao poder de jurisdição pontifício.

O Papa, portanto, pode renunciar. Mas é oportuno que o faça? Um autor por certo não "tradicionalista", Enzo Bianchi, escreveu em “La Stampa” de 1º de julho de 2002: "Segundo a grande Tradição da Igreja do Oriente e do Ocidente, nenhum Papa, nenhum patriarca, nenhum bispo deveria renunciar apenas por ter atingido o limite de idade. É verdade que há cerca de trinta anos na Igreja Católica existe uma norma que convida os bispos a oferecer as próprias renúncias ao Pontífice ao atingirem 75 anos de idade, e é verdade que todos os bispos acolhem com obediência esse convite e apresentam a renúncia, como também é verdade que, normalmente, eles são atendidos e as renúncias acolhidas. Mas esta resta uma norma e uma prática recente, fixada por Paulo VI e confirmada por João Paulo II: nada exclui que no futuro possa ser revista, depois de pesadas as vantagens e os problemas que ela tem produzido nas últimas décadas de aplicação.” A norma pela qual os bispos renunciam a sua diocese a partir dos 75 anos é uma fase recente na História da Igreja, que parece contradizer as palavras de São Paulo, para quem o Pastor é nomeado “ad convivendum et commoriendum” (2 Cor 7,3), para viver e morrer junto a seu rebanho. A vocação de um Pastor, como a de cada batizado, vincula de fato não somente até certa idade e a uma boa saúde, mas até a morte.

Sob este aspecto, a renúncia de Bento XVI ao Pontificado aparece como um ato legítimo do ponto de vista teológico e canônico, mas, no plano histórico, em absoluta descontinuidade com a tradição e a prática da Igreja.  Do ponto de vista do que poderiam ser as suas consequências, trata-se de um gesto não simplesmente “inovador”, mas radicalmente “revolucionário”, como o definiu Eugenio Scalfari em “La Repubblica” de 12 de fevereiro. A imagem da instituição pontifícia, aos olhos da opinião pública de todo o mundo, é de fato despojada de sua sacralidade para ser entregue aos critérios de julgamento da modernidade. Não por acaso, no “Corriere della Sera” do mesmo dia, Massimo Franco fala do "sintoma extremo, final, irrevogável, da crise de um sistema de governo e de uma forma de papado”.

Não se pode fazer uma comparação, nem com Celestino V, que renunciou após ter sido arrancado à força de sua cela eremítica, nem com Gregório XII, quem, por sua vez, foi forçado a renunciar para resolver a gravíssima questão do Grande Cisma do Ocidente. Tratava-se de casos excepcionais. Mas qual é a exceção no gesto de Bento XVI? A razão, oficial, esculpida nas suas palavras pronunciadas em 11 de fevereiro, mais do que a exceção exprime a normalidade: “No mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande importância para a vida da fé, para governar o barco de Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor, seja do corpo, seja do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de modo tal que devo reconhecer a minha incapacidade".

Não estamos diante de uma grave deficiência, como foi o caso de João Paulo II no final de seu Pontificado. As faculdades intelectuais de Bento XVI estão plenamente íntegras, como demonstrou em uma de suas últimas e mais significativas meditações no Seminário Romano; e a sua saúde é “no conjunto, boa”, como afirmou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, segundo o qual, entretanto, o Papa sentiu, nos últimos tempos, “o desequilíbrio entre as tarefas, entre os problemas a serem resolvidos e as forças das quais sente não dispor”.

No entanto, desde o momento da eleição, cada Pontífice experimenta um compreensível sentimento de inadequação, percebendo a desproporção entre suas capacidades pessoais e o peso da tarefa para a qual ele é chamado. Quem pode dizer-se capaz de suportar com suas próprias forças o múnus de Vigário de Cristo? O Espírito Santo, contudo, assiste o Papa, não somente no momento da eleição, senão também até a sua morte, em cada momento, mesmo no mais difícil, de seu Pontificado. Hoje, o Espírito Santo é frequentemente invocado de forma inadequada, como quando se pretende que Ele inspire cada ato e cada palavra de um Papa ou de um Concílio. Nestes dias, no entanto, Ele é o grande ausente dos comentários da mídia, que avaliam o gesto de Bento XVI de acordo com um critério puramente humano, como se a Igreja fosse uma multinacional, guiada em termos de pura eficiência, prescindindo de qualquer influxo sobrenatural.

Mas devemos nos perguntar: em dois mil anos de história, quanto foram os Papas que reinaram com boa saúde e não sentiram o declínio das forças e não sofreram com doenças e provas morais de todo gênero? O bem-estar físico nunca foi um critério de governo da Igreja. Sê-lo-á a partir de Bento XVI? Um católico não pode deixar de se colocar estas perguntas, e, se não as faz, elas serão colocadas pelos fatos, como no próximo conclave, quando a escolha do sucessor de Bento será inevitavelmente orientada para um cardeal jovem, na plenitude de suas forças, para que possa ser considerado adequado à grave missão que o espera. A menos que o cerne do problema não esteja naquelas “questões de grande relevância para a vida da fé” às quais se referiu o Pontífice, e que poderiam aludir à situação de ingovernabilidade em que parece encontrar-se hoje a Igreja.

Abertura da Campanha da Fraternidade 2013 na Paróquia da Cohab


Neste sábado, 16 de fevereiro, a Arquidiocese de São Luís faz a Abertura da Campanha da Fraternidade 2013, cujo tema é: "Fraternidade e Juventude", e lema: "Eis-me aqui, envia-me!"(Is. 6,8). A abertura a nível arquidiocesano terá início às 15h com animação no Parque do Bom Menino.

Feita a abertura a nível arquidiocesano, a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Cohab) realizará a abertura paroquial da Campanha da Fraternidade, neste domingo com a Missa do 1º Domingo da Quaresma, às 17h na Igreja Matriz. Todas as comunidades da paróquia deverão estar presentes e, naquela cujo costume celebra-se a missa na parte da tarde, as celebrações estarão suspensas para que todos participem da celebração na Igreja Matriz.

Aproveitando a ocasião, na missa de abertura paroquial da campanha da fraternidade 2013, também será feito o rito de envio dos catequistas que trabalharão em todas as comunidades da paróquia neste ano de 2013. Ainda assim, na mesma celebração, também acontecerá o envio dos grupos que farão os encontros da Campanha da Fraternidade 2013 nas casas.

Informamos também que os livros dos encontros da campanha da fraternidade 2013, bem como da Via-Sacra (realizada todas as sextas-feiras às 16h na Matriz), encontram-se à venda na secretaria da paróquia.

Participe conosco deste momento de fé!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Nota do CONIC sobre a renúncia do Papa Bento XVI



O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, CONIC, que reúne as igrejas Católica Romana, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Episcopal Anglicana do Brasil, Presbiteriana Unida e Sirian Ortodoxa de Antioquia, embora surpreso, expressa seu respeitoso acatamento à decisão de Sua Santidade, o Papa Bento XVI, em relação à sua não permanência  frente ao Ministério Petrino. 

Com profundo respeito, temos acompanhado como Bento XVI exerceu responsavelmente seu ministério. Esta responsabilidade pode ser identificada, inclusive, na própria decisão de renúncia.  

Na carta em que declara sua decisão, o Papa destaca que o “mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé”, exige vigor tanto do corpo quanto do espírito. Compartilha, em seguida, que este vigor, nos últimos meses, foi diminuindo, de tal modo, que precisou reconhecer a sua incapacidade para administrar bem o ministério que lhe foi confiado. 

Pedimos a Deus que abençoe o Papa Bento XVI, nestes últimos dias de Pontificado e que, no futuro, tenha condições de realizar o que ele mesmo afirma ser seu desejo: “servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus”. Igualmente, pedimos a Deus, que guie e abençoe a Igreja Católica Romana neste momento em que os cardeais devem eleger o novo Papa.


Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
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Fonte: Conic

Veja quem são os cardeais que irão eleger o novo Papa



Com a renúncia do Papa Bento XVI, um Conclave para a escolha do novo pontífice será realizado a partir do dia 15 de março. Nesta data, cardeais de todo o mundo se reunirão no Vaticano, em Roma, para eleger o novo chefe da Igreja Católica.

Estarão aptos a participar da eleição 117 cardeais – que terão até 79 anos a partir do início da Sé Vacante, período entre a saída de um papa e a escolha de seu sucessor.

São cardeais eleitores aqueles que não tiverem completado 80 anos até o início da Sé Vacante – o período entre a renúncia do Papa e a escolha de um novo pontífice. Desta vez, há 117 que atendem o requisito. Três deles completam 80 anos em março, mas poderão participar do Conclave e dar seus votos.

Cinco eleitores são brasileiros. O cardeal mais novo, o indiano Baselios Cleemis Thottunkal, tem 53 anos.


Confira a lista dos cardeais que poderão votar e a idade deles no início do Conclave (previsto para iniciar em 15 de março):

Walter Kasper, alemão, 80 anos
(completados em 5 de março, após o início da Sé Vacante)
Severino Poletto, italiano, 79 anos
(fará 80 em 18 de março, após o início do Conclave)
Juan Sandoval Iñiguez, mexicano, 79 anos
(fará 80 em 28 de março, após o início da Sé Vacante e possivelmente após a definição do novo Papa)
Godfried Danneels, belga, 79 anos
Francisco Javier Errázuriz Ossa, chileno, 79 anos
Raffaele Farina, italiano, 79 anos
Geraldo Majella Agnelo, brasileiro, 79 anos
Joachim Meisner, alemão, 79 anos
Raúl Eduardo Vela Chiriboga, equatoriano, 79 anos
Giovanni Battista Re, italiano, 79 anos
Dionigi Tettamanzi, italiano, 79 anos
Francesco Monterisi, italiano, 78 anos
Cláudio Hummes, brasileiro, 78 anos
Carlos Amigo Vallejo, espanhol, 78 anos
Paolo Sardi, italiano, 78 anos
Paul Josef Cordes, alemão, 78 anos
Franc Rodé, esloveno, 78 anos
Tarcisio Bertone, italiano, 78 anos
Julius Riyadi Darmaatmadja, indonésio, 78 anos
Jean-Baptiste Pham Minh Mân, vietnamita, 78 anos
Giovanni Lajolo, italiano, 78 anos
Antonius Naguib, egípcio, 77 anos
Justin Francis Rigali, norte-americano, 77 anos
Velasio de Paolis, italiano, 77 anos
Santos Abril y Castelló, espanhol, 77 anos
José da Cruz Policarpo, português, 77 anos
Roger Michael Mahony, norte-americano, 77 anos
Julio Terrazas Sandoval, boliviano, 77 anos
Ivan Dias, indiano, 76 anos
Karl Lehmann, alemão, 76 anos
William Joseph Levada, norte-americano, 76 anos
Anthony Olubunmi Okogie, nigeriano, 76 anos
Jean-Claude Turcotte, canadense, 76 anos
Antonio María Rouco Varela, espanhol, 76 anos
Jaime Lucas Ortega y Alamino, cubano, 76 anos
Nicolás de Jesús López Rodríguez, dominicano, 76 anos
Ennio Antonelli, italiano, 76 anos
Théodore-Adrien Sarr, senegalês, 76 anos
Jorge Mario Bergoglio, argentino, 76 anos
Francis Eugene George, norte-americano, 76 anos
Audrys Juozas Bačkis, lituano, 76 anos
Raymundo Damasceno Assis, brasileiro, 76 anos
Attilio Nicora, italiano, 75 anos
Lluís Martínez Sistach, espanhol, 75 anos
Antonio Maria Vegliò, italiano, 75 anos
Paolo Romeo, italiano, 75 anos
Francesco Coccopalmerio, italiano, 75 anos
Keith Michael Patrick o’Brien, escocês, 74 anos
Manuel Monteiro de Castro, português, 74 anos
Carlo Caffarra, italiano, 74 anos
Angelo Amato, italiano, 74 anos
Edwin Frederick o’Brien, norte-americano, 73 anos
Stanisŀaw Dziwisz, polonês, 73 anos
John Tong Hon, chinês, 73 anos
Seán Baptist Brady, irlandês, 73 anos
Laurent Monsengwo Pasinya, congolês, 73 anos
Zenon Grocholewski, polonês, 73 anos
Telesphore Placidus Toppo, indiano, 73 anos
Béchara Boutros Rai, libanês, 73 anos
Agostino Vallini, italiano, 72 anos
Donald William Wuerl, norte-americano, 72 anos
Gabriel Zubeir Wako, sudanês, 72 anos
Wilfrid Fox Napier, sul-africano, 72 anos
George Pell, australiano, 71 anos
Angelo Scola, italiano, 71 anos
Norberto Rivera Carrera, mexicano, 70 anos
Jorge Liberato Urosa Savino, venezuelano, 70 anos
Rubén Salazar Gómez, colombiano, 70 anos
Giuseppe Bertello, ialiano, 70 anos
Gianfranco Ravasi, italiano, 70 anos
André Vingt-Trois,francês, 70 anos
Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, hondurenho, 70 anos
Angelo Bagnasco, italiano, 70 anos
Domenico Calcagno, italiano, 70 anos
Jean-Louis Tauran, francês, 69 anos
Dominik Duka, tcheco, 69 anos
Crescenzio Sepe, italiano, 69 anos
Giuseppe Versaldi, italiano, 69 anos
Angelo Comastri, italiano, 69 anos
Leonardo Sandri, argentino, 69 anos
Juan Luis Cipriani Thorne, peruano, 69 anos
John Olorunfemi Onaiyekan, nigeriano, 69 anos
Marc Ouellet, canadense, 68 anos
Seán Patrick o’Malley, norte-americano, 68 anos
Polycarp Pengo, tanzaniano, 68 anos
Mauro Piacenza, italiano, 68 anos
Jean-Pierre Ricard, francês, 68 anos
Oswald Gracias, indiano, 68 anos
John Njue, queniano, 68 anos
Christoph Schönborn, austríaco, 68 anos
George Alencherry, inidano, 67 anos
Robert Sarah, guineano, 67 anos
Stanisław Ryłko, polonês, 67 anos
Vinko Puljić, bósnio, 67 anos
Antonio Cañizares Llovera, espanhol, 67 anos
Fernando Filoni, italiano, 66 anos
Thomas Christopher Collins, canadense, 66 anos
Giuseppe Betori, italiano, 66 anos
João Braz de Aviz, brasileiro, 65 anos
Albert Malcolm Ranjith Patabendige Don, cingalês, 65 anos
Raymond Leo Burke, norte-americano, 64 anos
Peter Kodwo Appiah Turkson, ganense, 64 anos
Francisco Robles Ortega, mexicano, 64 anos
Josip Bozanić, croata, 63 anos
Daniel Nicholas Dinardo, norte-americano, 63 anos
Odilo Pedro Scherer, brasileiro, 63 anos
James Michael Harvey, norte-americano, 63 anos
Kazimierz Nycz, polonês, 63 anos
Timothy Michael Dolan, norte-americano, 63 anos
Kurt Koch, suíço, 63 anos
Philippe Barbarin, francês, 62 anos
Péter Erdő, húngaro, 60 anos
Willem Jacobus Eijk, holandês, 59 anos
Reinhard Marx, alemão, 59 anos
Rainer Maria Woelki, alemão, 56 anos
Luis Antonio G. Tagle, filipino, 55 anos
Baselios Cleemis Thottunkal, indiano, 53 anos

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Fonte: G1.com

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

História da Igreja: Papas que renunciaram ao Pontificado


Na manhã de 11 de fevereiro de 2013, memória de Nossa Senhora de Lourdes, fomos colhidos pela notícia espantosa de que o Santo Padre, o Papa Bento XVI, renunciou ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro.

Em discurso ao Consistório dos Cardeais reunidos diante dele, o Papa declarou que o faz "bem consciente da gravidade deste ato" e "com plena liberdade".

É evidente que a renúncia de um Papa é algo inaudito nos tempos modernos. A última renúncia foi de Gregório XII em 1415. A notícia nos deixa a todos perplexos e com um grande sentimento de perda. Mas este sentimento é um bom sinal. É sinal de que amamos o Papa, e, porque o amamos, estamos chocados com a sua decisão.

Diante da novidade do gesto, no entanto, já começam a surgir teorias fabulosas de que o Papa estaria renunciando por causa das dificuldades de seu pontificado ou que até mesmo estaria sofrendo pressões não se sabe de que espécie.

O fato, porém, é que, conhecendo a personalidade e o pensamento de Bento XVI, nada nos autoriza a arriscar esta hipótese. No seu livro Luz do mundo
 (p. 48-49), o Santo Padre já previa esta possibilidade da renúncia. 


Durante a entrevista, o Santo Padre falava com o jornalista Peter Seewald a respeito dos escândalos de pedofilia e as pressões:

PERGUNTA:
 Pensou, alguma vez, em pedir demissão?

RESPOSTA:
 Quando o perigo é grande, não é possível escapar. Eis por que este, certamente, não é o momento de demitir-se. Precisamente em momentos como estes é que se faz necessário resistir e superar as situações difíceis. Este é o meu pensamento. É possível demitir-se em um momento de serenidade, ou quando simplesmente já não se aguenta. Não é possível, porém, fugir justamente no momento do perigo e dizer: "Que outro cuide disso!"

PERGUNTA:
 Por conseguinte, é imaginável uma situação na qual o senhor considere oportuno que o Papa se demita?

RESPOSTA:
 Sim. Quando um Papa chega à clara consciência de já não se encontrar em condições físicas, mentais e espirituais de exercer o encargo que lhe foi confiado, então tem o direito – e, em algumas circunstâncias, também o dever – de pedir demissão.

Ou seja, o próprio Papa reconhece que a renúncia diante de crises e pressões seria uma imoralidade. Seria a fuga do pastor e o abandono das ovelhas, como ele sabiamente nos exortava em sua homilia de início de ministério:
 "Rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos" (24/04/2005).

Se hoje o Papa renuncia, podemos deduzir destas suas palavras programáticas, é porque vê que seja um momento de serenidade, em que os vagalhões das grandes crises parecem ter dado uma trégua, ao menos temporária, à barca de Pedro.

Podemos também deduzir que o Santo Padre escolheu o timing mais oportuno para sua renúncia, considerando dois aspectos:

Ele está plenamente lúcido. Seria realmente bastante inquietante que a notícia da renúncia viesse num momento em que, por razões de senilidade ou por alguma outra circunstância, pudéssemos legitimamente duvidar que o Santo Padre não estivesse compos sui (dono de si).

Estamos no início da quaresma. Com a quaresma a Igreja entra num grande retiro espiritual e não há momento mais oportuno para prepararmos um conclave através de nossas orações e sacrifícios espirituais. O novo Pontífice irá inaugurar seu ministério na proximidade da Páscoa do Senhor.

Por isto, apesar do grande sentimento de vazio e de perplexidade deste momento solene de nossa história, nada nos autoriza moralmente a duvidar do gesto do Santo Padre e nem deixar de depositar em Deus nossa confiança.

Peçamos com a Virgem de Lourdes que o Senhor, mais uma vez, derrame o dom do Espírito Santo sobre a sua Igreja e que o Colégio dos Cardeais escolha com sabedoria um novo Vigário de Cristo.

Nosso coração, cheio de gratidão pelo ministério de Bento XVI, gostaria que esta notícia não fosse verdade. Mas, se confiamos no Papa até aqui, porque agora negar-lhe a nossa confiança? Como filhos, nos vem a vontade de dizer: "não se vá, não nos deixe, não nos abandone!"

Mas não estamos sendo abandonados. A Igreja de Cristo permanecerá eternamente. O que o gesto do Papa então pede de nós, é mais do que confiança. É fé!

Fé naquelas palavras ditas por Nosso Senhor a São Pedro e a seus sucessores:
 "As portas do inferno não prevalecerão!" (Mt 16, 18).

Estas palavras permanecem inabaláveis através dos séculos!

A renúncia do Papa e os oportunistas da imprensa secular



Que a mídia secular não é o melhor meio para se informar a respeito da Igreja Católica, isso não é novidade. Basta fazer uma rápida leitura nas manchetes dos principais jornais do país a respeito da renúncia do Papa Bento XVI para se ter a certeza de que o amadorismo reina nessas aclamadas agências de notícias. No entanto, acreditar na simples inocência desses senhores e cobri-los com um véu de caridade por seus comentários maldosos e, muitas vezes, insultuosos não seria honesto. É necessário compreender muito bem que muitos desses veículos estão ardorosamente comprometidos com a desinformação e com os princípios contrários à reta moral defendida pela Igreja. Daí a quantidade de sandices que surgiram na mídia nos últimos dias.

Logo após o anúncio da decisão do Santo Padre, publicou-se na imprensa do mundo todo que a ação de Bento XVI causaria uma "revolução" sem precedentes na doutrina da Igreja. Uma atrapalhada correspondente de uma emissora brasileira afirmou que a renúncia do papa abriria caminho para as "reformas" do Concílio Vaticano II e que isso daria mais poderes aos bispos. Já outros declaravam que os recentes fatos colocavam em xeque o dogma da "Infalibilidade Papal", proclamado pelo Concílio Vaticano I. Nada mais fantasioso.

É verdade que uma renúncia tal qual a de Bento XVI nunca houve na história da Igreja. A última resignação de um papa aconteceu ainda na Idade Média e em circunstâncias bem diversas. Todavia, isso não significa que o Papa Ratzinger tenha modificado ou inventado qualquer novo dogma ou lei eclesiástica. O direito à renúncia do ministério petrino já estava previsto no Código do Direito Canônico, promulgado pelo Beato João Paulo II em 1983. Portanto, de modo livre e consciente - como explicou no seu discurso - Bento XVI apenas fez uso de um direito que a lei canônica lhe dava e nada nos autoriza a pensar que fora diferente. Usar desse pretexto para fazer afirmações tacanhas sobre dogmas e reformas na Igreja é simplesmente ridículo. Quem faz esses comentários carece de profundos conhecimentos sobre a doutrina católica, sobretudo a expressa no Concílio Vaticano II.

Outros comentaristas foram mais longe nas especulações e atestaram que a renúncia do Papa devia-se às pressões internas que ele sofria por seu perfil tradicionalista e conservador. Além disso, as crises pelos escândalos de pedofilia e vazamentos de documentos internos também teriam pesado na decisão. Não obstante, quem conhece o pensamento de Bento XVI sabe que ele jamais tomaria essa decisão se estivesse em meio a uma crise ou situação que exigisse uma particular solicitude pastoral. E isso ficou muito bem expresso na sua entrevista com o jornalista Peter Seewald - publicada no livro Luz do Mundo - na qual o Papa explica que em momentos de dificuldades, não é possível demitir-se e passar o problema para as mãos de outro.

Mas de todas as notícias veiculadas por esses jornais, certamente as mais esdrúxulas foram as que fizeram referência às antigas "profecias" apocalípiticas que prediziam o fim da Igreja Católica. Numa dessas reportagens, um notório jornal do Brasil dizia: "O anúncio da renúncia do papa Bento 16 fez relembrar a famosa "Profecia de São Malaquias", que anuncia o fim da Igreja e do mundo". É curioso notar o repentino surto de fé desses reconhecidos laicistas logo em teorias que proclamam o fim da Igreja. Isso tem muito a dizer a respeito deles e de suas intenções.

Por fim, também não faltaram os especialistas de plantão e teólogos liberais chamados pelas bancadas dos principais jornais do país para pedir a eleição de um papa "mais aberto". Segundo esses doutos senhores, a Igreja deveria ceder em assuntos morais, permitindo o uso da camisinha, do aborto e casamento gay para conter o êxodo de fiéis para as seitas protestantes. A essas pretensões deve-se responder claramente: A Igreja jamais permitirá aquilo que vai contra a vontade de Deus e nenhum Papa tem o poder de modificar isso. A doutrina católica é imutável. Ademais, os fiéis jovens da Igreja têm se mostrado cada vez mais conservadores e avessos à moral liberal. Inovações liberais para atrair fiéis nunca deram certo e os bancos vazios da Igreja Anglicana são a maior prova disso.

O comportamento vil da mídia secular leva-nos a fazer sérios questionamentos sobre a credibilidade e idoneidade dos chefes de redações que compõem as mesas desses jornais. Das duas, uma: ou esses senhores carecem de formação adequada e por isso seus textos são recheados de ignorâncias e nonsenses, ou então, esses doutos jornalistas têm um sério compromisso com a desinformação e a manipulação dos fatos, algo que está diametralmente oposto ao Código de Ética do Jornalismo. Se fôssemos seguir a cartilha desses órgãos de imprensa, hoje seríamos obrigados a crer que Bento XVI liberou a camisinha, excomungou o boi e o jumento do presépio, acobertou padres pedófilos e mais uma série de disparates que uma simples leitura correta dos fatos seria o suficiente para derrubar a mentira.

Na sua mensagem para o Dia Mundial da Comunicação de 2008, o Papa Bento XVI alertou para os riscos de uma mídia que não está comprometida com a reta informação. "Constata-se, por exemplo, que em certos casos as mídias são utilizadas, não para um correto serviço de informação, mas para «criar» os próprios acontecimentos", denunciou o Santo Padre. Bento XVI assinalou que os meios de comunicação devem estar ordenados para a busca da verdade e a sua partilha. Pelo jeito, a imprensa secular ainda tem muito a aprender com o Santo Padre.
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Fonte: Christo Nihil Praeponere

Todas as renúncias, Bento!



"Tenho 23 anos e ainda não entendo muitas coisas. E há muitas coisas que não se podem entender as 8h da manhã quando te acordam para dizer em poucas palavras: “Daniel, o papa renunciou.” Eu apressadamente contestei: “Renunciou?”. A resposta era mais que óbvia, “Renunciou, Daniel, o papa renunciou!”.

O papa renunciou. Assim amanheceu escrito em todos os jornais, assim amanheceu o dia para a maioria, assim rapidamente alguns tantos perderam a fé e outros muitos a reforçaram. Poucas pessoas entendem o que é renunciar.

Eu sou católico. Um de muitos. Desses que durante sua infância foi levado à missa, cresceu e criou apatia. Em algum ponto ao longo da estrada deixei pra lá toda a minha crença e a minha fé na Igreja, mas a Igreja não depende de mim para seguir, nem de ninguém (nem do Papa). Em algum ponto da minha vida, voltei a cuidar da minha parte espiritual e assim, de repente e simplesmente, prossegui um caminho no qual hoje eu digo: Sou católico. Um de muitos sim, mas católico por fim. Mas assim sendo um doutor em teologia, ou um analfabeto em escrituras (desses que há milhões), o que todo mundo sabe é que o Papa é o Papa. Odiado, amado, objeto de provocações e orações, o Papa é o Papa, e o Papa morre sendo Papa. Por isso hoje quando acordei com a notícia, eu, junto a milhões de seres humanos, nos perguntamos “por que?”. Por que renuncia senhor Ratzinger? Sentiu medo? Sentiu a idade? Perdeu a fé? A ganhou? E hoje, 12 horas depois, creio que encontrei a resposta: O senhor Ratzinger renunciou toda a sua vida. Simples assim.


O papa renunciou a uma vida normal. Renunciou ter uma esposa. Renunciou ter filhos. Renunciou ganhar um salário. Renunciou a mediocridade. Renunciou as horas de sono pelas horas de estudo. Renunciou ser só mais um padre, mas também renunciou ser um padre especial. Renunciou preencher a sua cabeça de Mozart, para preenchê-la de teologia. Renunciou a chorar nos braços de seus pais. Renunciou a, tendo 85 anos, estar aposentado, desfrutando de seus netos na comodidade de sua casa e no calor de uma lareira. Renunciou desfrutar de seu país. Renunciou seus dias de folga. Renunciou sua vaidade. Renunciou a defender-se contra os que o atacavam. Sim, isso me deixa claro que o Papa foi, em toda sua vida, muito apegado à renuncia.

E hoje, voltou a demonstrar. Um papa que renuncia a seu pontificado quando sabe que a Igreja não está em suas mãos, mas nas mãos de alguém maior, parece ser um Papa sábio. Nada é maior que a Igreja. Nem o Papa, nem seus sacerdotes, nem os laicos, nem os casos de pedofilia, nem os casos de misericórdia. Nada é maior que ela. Mas ser Papa nesse tempo do mundo, é um ato de heroísmo (desses heroísmos que acontecem diariamente em nosso país e ninguém nota). Recordo sem dúvida, as histórias do primeiro Papa. Um tal... Pedro. Como morreu? Sim, em uma cruz, crucificado igual ao teu mestre, mas de cabeça para baixo. Hoje em dia, Ratzinger se despede de modo igual. Crucificado pelos meios de comunicação, crucificado pela opinião pública e crucificado pelos seus irmãos católicos. Crucificado pela sombra de alguém mais carismático. Crucificado na humildade que tanto dói entender. É um mártir contemporâneo, desses que se pode inventar histórias, a esses que se pode caluniar e acusar a vontade, que não respondem. E quando responde, a única coisa que faz é pedir perdão. “Peço perdão pelos meus defeitos”. Nem mais, nem menos. Quanta nobreza, que classe de ser humano. Eu poderia ser mórmon, ateu, homossexual e abortista, mas ver uma pessoa da qual se dizem tantas coisas, que recebe tantas críticas e ainda responde assim... esse tipo de pessoa, já não se vê tanto no mundo.

Vivo em um mundo onde é engraçado zombar o Papa, mas que é um pecado mortal zombar um homossexual (e ser taxado como um intolerante, fascista, direitista e nazista). Vivo em um mundo onde a hipocrisia alimenta as almas de todos nós. Onde podemos julgar um senhor de 85 anos que quer o melhor para a Instituição que representa, mas lhe indagamos com um “Com que direito renuncia?”. Claro, porque no mundo NINGUÉM renuncia a nada. Ninguém se sente cansado ao ir pra escola. Ninguém se sente cansado ao ir trabalhar. Vivo um mundo onde todos os senhores de 85 anos estão ativos e trabalhando (sem ganhar dinheiro) e ajudam às massas. Sim, claro.

Mas agora sei, senhor Ratzinger, que vivo em um mundo que vai sentir falta do senhor. Em um mundo que não leu seus livros, nem suas encíclicas, mas que em 50 anos se lembrará como, com um simples gesto de humildade, um homem foi Papa, e quando viu que havia algo melhor no horizonte, decidiu partir por amor à sua Igreja. Vá morrer tranquilo senhor Ratzinger. Sem homenagens pomposas, sem um corpo exibido em São Pedro, sem milhares aclamando aguardando que a luz de seu quarto seja apagada. Vá morrer, como viveu mesmo sendo Papa: humildemente.

Bento XVI, muito obrigado por renunciar."
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Fonte: Wordpress (traduzido do espanhol).