Nos deparamos mais uma vez com a discussão acerca
de São Cosme e Damião e a falaciosa relação dos santos católicos com a entrega
de doces que é fruto da umbanda impulsionada pelo sincretismo religioso.
Em meio a tantos textos sem contextos, percebemos
muitos pretextos que tiram nossos olhos da verdade e do sagrado. Vamos aos
fatos:
Catolicismo
São Cosme e Damião são santos mártires da Igreja
Católica, cuja memória é celebrada no dia 26 de setembro. Cosme e Damião eram
irmãos gêmeos e exerciam a profissão de médicos. Eram chamados de
"Anaryroi" ou seja “os sem dinheiro” por causa dos seus serviços de
caridade. Diversas curas e milagres foram realizados através deles. Com a
terrível perseguição imposta pelo imperador Diocleciano, os irmãos foram presos
e acusados de usar de feitiçaria, bruxismo e meios satânicos para realizar as
curas.
Ao serem interrogados, diante da acusação
responderam: “Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo Seu
poder!”. Foram então forçados a adorar os deuses sob pena de serem
cruelmente torturados, ao que eles responderam: "Teus deuses nenhum poder
têm; adoramos o Criador do céu e da terra".
Sofreram severas torturas, mas milagrosamente não
pareciam sentir nada dos cruéis flagelos que lhes eram impostos. Diante do fato
foram então decapitados. Após o culto à Cosme e Damião se espalhar, o Papa
Félix construiu por volta do ano 526 uma basílica dedicada a eles em Roma. A
solenidade aconteceu então no dia 26 de setembro que ficou fixado como data da
memória dos santos.
Umbanda
O primeiro aspecto que difere da celebração dos
santos Cosme e Damião é o dia. Na Umbanda são celebrados dia 27 que no
catolicismo é dia de São Vicente de Paula.
Segundo, são caracterizados apenas no nome, mas na
realidade são "Ibejí" ou "Ibejís" que são os Orixás que
protegem as crianças e são os Orixás de amor e alegria. São filhos gêmeos de
Xangô e Iansã. O nome "Ibeji" é uma junção dos termos
"iorubas" que quer dizer "nascimento", e "eji",
que quer dizer "dois".
Na própria Umbanda existe uma forte confusão por
tudo isso, pois os "Ibejís" confundem-se com os "Erês" que
provem do Candomblé. Os primeiros são espíritos muito fortes que, depois de
Oxalá, são os únicos que dominam totalmente a magia. Os segundos são os
intermediários entre a pessoa e seu Orixá. A palavra "Eré" significa
"brincadeira, divertimento".
Por serem divindades atribuídas a crianças, o
dualismo entre eles próprios cria a confusão. Segundo a Federação de Umbanda e
Candomblé de Brasília e do Entorno, “os Ibejis são celebrados com cultos
próprios durante todo o ano, já que estão ligados a ideia de “criação" e
são cultuados em todos os rituais”. A Umbanda celebra Cosme e Damião e não os
Ibejis, na mesma data.
“Quando os
escravos foram trazidos da África para o Brasil acabaram criando a Umbanda e,
para realizar seus cultos, associaram seus deuses aos do catolicismo. Mas o
princípio é o mesmo”, informa a Federação.
A grande cerimônia dedicada às divindades, acontece
no dia 27 de setembro, como forma de agradecimento e como forma de devolver a
proteção dispensada. É nesta ocasião que comidas como caruru, vatapá, bolinhos,
doces, balas (associadas às crianças, portanto) são oferecidas tanto a eles
como aos frequentadores dos terreiros. E cultiva-se também o costume de distribuir-se
tais doces na noite desta celebração.
Nos deparamos então com um profundo sincretismo
religioso que esvazia, relativiza e deturpa o sentido religioso e sagrado da
verdadeira devoção aos santos mártires São Cosme e São Damião.
Sobre este sincretismo o Papa Bento XVI nos alertou
na Caritas in Veritate: "O mundo atual
registra a presença de algumas culturas de matiz religioso que não empenham o
homem na comunhão, mas isolam-no na busca do bem-estar individual, limitando-se
a satisfazer os seus anseios psicológicos. Também uma certa proliferação de
percursos religiosos de pequenos grupos ou mesmo de pessoas individuais e o
sincretismo religioso podem ser factores de dispersão e de apatia. Um possível
efeito negativo do processo de globalização é a tendência a favorecer tal
sincretismo, alimentando formas de « religião » que, em vez de fazer as pessoas
encontrarem-se, alheiam-nas umas das outras e afastam-nas da realidade”.
Em um encontro com bispos do Brasil no vaticano, o
Papa Bento XVI exortou: "o culto não pode nascer de nossa fantasia".
Com relação a recepção dos tais "doces",
devemos estar atentos às obras das trevas e não ter parte com elas. Alguns
definem não haver nenhum problema se for por pura filantropia e caridade, mas fica
a pergunta: "Como definir quando, onde e quem está promovendo uma coisa ou
outra?".
Ficamos portanto com aquilo que nos ensina a
Palavra de Deus em Ef 5, 8-13: “Outrora
éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras
luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. Procurai o que é
agradável ao Senhor, e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das
trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. Porque as coisas que tais
homens fazem ocultamente é vergonhoso até falar delas. Mas tudo isto, ao ser
reprovado, torna-se manifesto pela luz."
São Cosme e São Damião, rogai por nós!
Fabiano Farias de Medeiros
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ZENIT
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