A Campanha da Fraternidade (CF) surgiu em Natal (RN). Os dirigentes do Serviço de Assistência Social (SAR) da Arquidiocese de Natal julgaram ser importante criar, entre os católicos, uma mentalidade de cooperação local às obras pastorais e sociais da Igreja.
O saudoso Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales buscou os meios para iniciar um grande projeto evangelizador. Ainda estudante em Roma, vai à Alemanha, de férias, e traz todo o material da estrutura de campanhas da Misereor, entidade do Episcopado Alemão que ajuda a toda Igreja. Os subsídios vindos da Europa foram traduzidos, adaptados à realidade brasileira e escolhido o nome: Campanha da Fraternidade.
A primeira experiência aconteceu na comunidade Timbó, da Arquidiocese de Natal. Experiência que continua dando frutos para toda a Igreja. O surgimento da CF não tinha pretensões nacionais. A primeira CF ficou circunscrita à Arquidiocese de Natal, em 1962.
A segunda CF, na Quaresma de 1963, abrangeu 25 Dioceses do Nordeste, dizendo: “Entre nós, iniciamos no ano passado essa campanha, que encontrou uma receptividade de nossas comunidades paroquiais. Ela é feita neste tempo, para significar o sacrifício da Quaresma de toda a comunidade diocesana, em favor de seus irmãos”.
Em 1964, o jornal diocesano “A Ordem”, de 15 de fevereiro, traz o seguinte título: CF realiza-se, este ano, em todo o Brasil”. Assim começa a matéria: “Iniciou-se nesta semana a Quaresma e, com a Quaresma, a Terceira CF, em Natal. Este ano, pela primeira vez, saiu como “Campanha Nacional com Dioceses de todo o País, tendo as mesmas finalidades”. Trata-se de uma oportunidade De os fiéis assumirem suas responsabilidades na manutenção das obras católicas e da evangelização. Inicialmente, há muitas idéias iluminadoras que fizeram nascer e crescer essa benemérita iniciativa, no dever de cada católico na manutenção das obras destinadas à expansão do Reino de Deus. Cito uma frase muito repetida nas origens: “Pedimos justiça, não esmola”, como o fortalecimento do espírito comunitário: “Somos fortes quando agimos como “membros” de uma comunidade viva”.
A CF é uma Campanha de apelo à participação ativa de todos os cristãos e homens de boa vontade na construção de uma sociedade mais justa, solidária e fraterna. A vivência da Quaresma tem, na CF, um valioso estímulo. Tempo de conversão, que se manifesta na fraternidade entre os irmãos e irmãs em Cristo. Os 50 anos da CF em âmbito nacional impõem uma reflexão sobre o seu alcance evangelizador. Neste ano, com o tema: “Fraternidade e Juventude” e o lema, inspirado no profeta Isaías 6,8: “Eis-me aqui, envia-me”. É um convite para nos convertermos e irmos ao encontro dos jovens e, ao mesmo tempo, é um convite aos jovens para se deixarem encontrar por Jesus Cristo. Oportunidade em que já preparamos o espírito missionário da JMJ Rio2013. Providencialmente, os 50 anos da CF em âmbito nacional serão celebrados nesta quaresma do Ano da Fé e do Ano da Juventude. Uma ocasião propícia para avaliar, celebrar o objetivo da CF nestes 50 anos de evangelização e, ao mesmo tempo, momento favorável para projetar o futuro.
Foi realizada uma vasta programação em comemoração aos 50 anos de história da CF nos dias 14 e 15 de fevereiro de 2013 em Nísia Floresta (RN) e em Natal (RN), com a participação de autoridades constituídas, artistas, missionários, jovens e fiéis de âmbito nacional, regional e local.
Que a CF seja sempre uma ocasião de mobilizar toda a Igreja e os seguimentos da sociedade na luta pela vida e pela evangelização.
Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
Bispo de Guarabira (PB)
Bispo de Guarabira (PB)