segunda-feira, 13 de maio de 2013

Efusão do Espírito Santo, o que realmente é?



Em primeiro lugar, gostaria de avisar aos irmãos carismáticos que este quem vos fala também já foi um dia servo da RCC e tenho conhecimento do que acontece nos GO e infelizmente, existe muito sentimentalismo e nenhum conhecimento teológico entre eles. 

Utilizar de chavões não irá adiantar [O Papa aceita a RCC / O Papa disse que ama os carismáticos / A RCC trouxe muitos jovens para a Igreja etc.] porque o foco da questão é doutrinário. Por isso a intenção do artigo é apresentar a efusão como ensina a Igreja Católica e esperamos esclarecer os amigos que tem o entendimento errado do que seja realmente a ação do Espírito Santo através dos dons e carismas. Nada como ler de acordo com o Magistério aliado ao conhecimento prático do assunto.

O Dom SEMPRE existiu, e é tal como ensina Santo Tomás, mas NUNCA foi 'shalalá'.

A doutrina ensinada pela RCC surgiu na década de 70. Como algo que surgiu há 40 anos pode ser teológico? O mesmo ocorre no repouso, fruto de uma experiência mística, como bem ensinada pelos santos místicos (São João da Cruz, Santa Teresa de Ávila, e afins) e por grandes teólogos (Garrigou-Lagrange, Royo Marín, Tanquerey e etc).

Verdadeiro dom de línguas: capacidade de falar outros idiomas sem os haver estudado. Recurso divino para facilitar a pregação do Evangelho aos estrangeiros.

Falso dom de línguas: “palavras” complicadas, esquisitas, incompreensíveis, proferidas por alguém em delírio, em transe, ou mesmo em estado normal (neste caso por pura vaidade, condicionamento da mente ou exibicionismo).

orar em línguas do pentecostalismo que abrange as seitas pentecostais e a RCC são apenas uma caricatura do que foram os verdadeiros dons de línguas ocorridos na Era Apostólica. Que se tratava de um fenômeno linguístico para que novas línguas vernáculas fossem compreendias para o anúncio do Evangelho. Esperamos que seja apenas caricatura mesmo, mas alguns padres e estudiosos afirmam também que alguns casos possam ser uma peça pregada pelo próprio demônio para insultar a Deus.

Leiam o que diz Santo Agostinho, um dos maiores doutores da Igreja:

“Nos primeiros tempos, o Espírito Santo descia sobre os fiéis e estes falavam em línguas, sem as ter aprendido conforme o Espírito lhes dava a falar. Foram sinais oportunos para esse tempo... o sinal dado passou depois” (Comentário da Primeira Carta de São João, Tratado IV, 10).

E Santo Tomás de Aquino:

“Quanto ao dom de línguas, devemos saber que como na Igreja primitiva eram poucos os consagrados para pregar ao mundo a Fé em Cristo, a fim de que mais facilmente e a muitos se anunciasse a palavra de Deus, o Senhor lhes deu o dom de línguas” (S. Tomas de Aquino, Comentário a la primera espistola a los Conrintios, Tomo II, pag 178.).

Os teólogos dividem a graça em santificante ou habitual e atual.

A graça santificante ou habitual nós a recebemos e é a vida de Deus em nós, que nos faz filhos d'Ele, partícipes da própria natureza d'Ele.
A graça atual todos os seres humanos recebem a todo o momento. É uma iluminação à inteligência para que se abrace a verdade e se repudie a mentira e uma sugestão à vontade para que se faça o bem e se evite o mal.

Já a fé é uma virtude teologal, pela qual aderimos de modo sobrenatural à revelação de Deus.

Graça santificante e fé, recebemos no batismo, junto com as outras duas virtudes teologais, a caridade e a esperança.

O que se entende por "efusão do Espírito Santo" uma renovação da graça batismal, daí a referência à iniciação cristã (renovação das promessas) e à santificação (que não pode ocorrer se a pessoa não permanece na graça).

Na realidade, a RCC utiliza de todos os versículos referentes ao Sacramento do Batismo, para explicar esta efusão, que é lícita e que de fato acontece. Este erro existe sim. Outro erro é condicionar a renovação espiritual e mesmo a atuação do Espírito Santo, somente ou quase que somente a partir desta oração, delegando quase que exclusivamente ao grupo de oração esta função de santificar as pessoas, através desta mesma efusão.

O erro a meu ver, não é o desejo de se santificar pela descoberta do Divino Espírito, que para ela estava esquecido e relegado a segundo plano. O erro é condicionar ao grupo, a oração de pedi-lo, afirmando categoricamente que ali, naquele momento, aconteceu, de fato, a efusão. E pior, dizem que os frutos desta efusão é a manifestação de carismas, ao invés de afirmarem que o Espírito Santo, mais do que nos dar carismas , deseja a santificação das almas, que muitas vezes passa pelo ordinário e pela cruz, não pelo extraordinário.

A questão a meu ver é de foco e ensinamento correto dentro da verdadeira pedagogia do Espírito Santo. Ali muito se tem de contaminação de estudos fora Igreja Católica, por isso a confusão.

Dá pra acertar? Creio que sim, desde que a liderança queira mesmo entender e aprender o que nos ensina a Igreja.

Eu sei que é muito difícil mostrar às pessoas da RCC o verdadeiro ensino católico, por conta do que aconteceu na vida de muitos deles. Vejam, muitos ali vieram de seitas, estavam afastados da Igreja e ao se depararem com o louvor, a oração, a palavra de Deus e porque não dizer, o acolhimento, - coisas eminentemente católicas - viram suas vidas transformadas e acharam mesmo que a RCC é quem fez esta transformação. Aliada aos ensinos errados, de que a Igreja precisa se renovar - eu mesmo acreditei nisso, como se renovar fosse mudar tudo.. rsrs -, batem o pé quanto ao que sentiram e aprenderam. Por isso a dificuldade de falar com eles.

Acho eu que o caminho certo é mostrar a verdade, o ensino correto, porque ele é que poderá mudar todo o conceito de doutrina do Espírito Santo, podendo assim dar muito mais fruto em suas vidas. Não acho que deva tentar mudar algo, mostrando só erros, temos que dar oportunidade de mudança.

Pelas apostilas da EPA, que é a escola de formação da RCC, na parte onde trata da identidade do movimento, temos visto um grande equívoco quando ensina sobre este batismo. De fato, e você analisou bem, se é utilizado para respaldar este “batismo” - (uso este termo apesar de ser errado, já que foi pedido para dizer efusão, mas a RCC o utiliza e você o utilizou, por isso abri esta exceção) -, os versículos - e até o catecismo -, que são utilizados para explicar o Sacramento do Batismo e do Crisma, além de condicionar a vinda e a plenitude do Espírito Santo neste dito batismo. Ora, vimos que a vinda e a plenitude ocorrem através dos Sacramentos, onde recebemos por sinais visíveis a graça invisível de Deus, e não somente através de uma oração pedindo esta nova efusão. E quem não passou por esta oração e não pertence à RCC, não tem os frutos e os dons do Espírito Santo? 

Todos nós somos chamados a viver e sermos conduzidos pelo Espírito, e a efusão pode acontecer e muitas vezes acontece mesmo, na oração silenciosa. A alma em contato com Deus, aquela que busca a santidade, recebe do Espírito Santo muitas inspirações e auxílios para crescer cada dia mais. Não se pode dizer que só acontece na RCC e no momento da oração em que se pede a vinda do Espírito Santo, que Ele de fato tenha vindo. E não se pode dizer que mesmo na RCC se dá Sua vinda exatamente no momento da oração.

Sabemos que devemos pedi-lo sempre. “Se Ele é aquele que guia, santifica e que habita no Batizado, deve ser então “nosso” Mestre e nosso guia. – “É pela “intimidade”da Sua união com Ele que medem os seus progressos de santidade”- (La Divinisation du Chrétien – Pe. P. Ramiére, pag. 218).

E Santo Tomás nos ensina que é possível esta nova vinda do Espírito: 

"Que o Espírito Santo seja enviado ou venha de novo, não quer dizer que se tenha ido embora mas que surge na criatura um relacionamento novo com o Espírito: ou porque nunca estivera ali ou talvez porque começa a estar de maneira diferente que estivera antes." (S. Th., I, q. 43, a. 1)".

O que não podemos dizer que é a partir da oração de efusão como ocorre na RCC que acontece de fato esta vinda, assim como somente depois dela é que estaremos cheios para manifestar os carismas, que notoriamente nas apostilas, dizem que fora da RCC eles não passam para muitos católicos de mera teoria. Ora, muitas vezes estamos praticando os dons e os carismas sem ao menos nos darmos conta, já que é algo interior e é o Senhor quem nos conduz a praticá-los. 

Veja, não é um acontecimento mágico. O que concluí do que acontece na RCC é que as pessoas por estarem em contato com os elementos católicos: oração, louvor, Palavra de Deus - e desejosas de recebê-lo, recebem de Deus graças atuais para que acordem para a vida de santidade. Muitos se convertem ao Senhor, mas a partir daí devem necessariamente buscar crescer espiritualmente na maneira que o próprio Espírito ensinou à Igreja. Nada, mas nada é mágico e todos, - os que são da RCC e os que não são -, devem buscar a santidade para ver a Deus.

Um erro da apostila neste sentido está expresso quando dizem: “O dado novo que tem ocorrido na Renovação, em relação ao Batismo no Espírito Santo, é que no seu seio essa graça tem sido dinâmica e se renova continuamente, como acontecia na Igreja Primitiva. Assim, essa renovação constante do batismo, bem como o seu dinamismo, nos tem dado uma identidade ímpar, em se tratando de Igreja Católica; infelizmente única, pois o ideal é que todos os católicos, senão todas as pessoas vivam essa graça”.

O que ela faz é condicionar esta efusão somente aos membros da RCC, como se os católicos em geral não renovassem os efeitos da graça do Batismo que receberam.

Apesar de a apostila dizer que Sacramento do Batismo é uma coisa e o Batismo no Espírito ser outra coisa,* se confunde quando na hora de explicá-los:

“Visto que o Batismo no Espírito Santo não é uma repetição do Batismo Sacramental, vejamos o que ele é: Para isso partiremos de uma ideia apresentada por Jesus no principal dia de uma das Festas dos Tabernáculos, realizada em Jerusalém, quando Ele, de pé, proclamava: “Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva" (João 7,37-38). O Evangelista segue esclarecendo o significado destas palavras de Jesus, dizendo: “(Jesus) Dizia isso, referindo-se ao Espírito que haviam de receber os que cressem nele" (João 7,39).

Veja que Jesus falava aqui exatamente do que acontece naquele que recebe o Batismo Sacramento, - e não da efusão -, onde recebemos nossa filiação através da recepção da graça perdida pelo pecado. A partir daí temos o poder de Deus que age em nós e por nós, mesmo que muitos não tenham esta consciência. A RCC a meu ver, acende esta consciência da presença do Espírito Santo, mas a custa de ensinos equivocados.

A santidade deve ser buscada a todo custo e esta deve ser nossa meta – enquanto a RCC exortar neste sentido está correta, o que não se pode é ensinar que basta encontrar-se com Jesus e o Espírito Santo faz o resto ( palavras da apostila). Exortar a crescer na graça é um pedido da própria Igreja e do próprio Cristo e todos nós somos chamados a ela.

Quanto aos dons extraordinários, como dom de línguas, milagres, profecias, e os carismas que são "gratis datae", carismáticos, - conforme Tanquerey. -, em que o Senhor dá a quem Ele quer e na hora que Ele quer para que esta pessoa possa servir à sua Igreja, mas não são condicionados ao estado de graça, não devemos pedir por conta de sermos enganados por ditas experiências e que podemos muito bem julgá-las erroneamente. Cabe à Igreja o discernimento dos dons que ocorrem em seu seio e não os próprios membros que analisam se são ou não são de Deus.

Vejam o quer diz sobre isto a Lúmen Gentium: 

“Não se devem porém, pedir temerariamente, os dons extraordinários nem deles se devem esperar com presunção os frutos das obras apostólicas; e o juízo acerca da sua autenticidade e recto uso, pertence àqueles que presidem na Igreja e aos quais compete de modo especial não extinguir o Espírito mas julgar tudo e conservar o que é bom” (cfr. 1 Tess. 5, 12. 19-21).

São Vicente Ferrer, continuando o ensino de Santo Tomás e de São João da Cruz sobre o assunto, diz:

“Os que queiram viver na vontade de Deus não devem desejar obter [...] sentimentos sobrenaturais superiores ao estado ordinário daqueles que têm um temor e um amor a Deus sinceros. Tal desejo, de fato, só pode vir de um fundo de orgulho e de presunção de uma vã curiosidade em relação a Deus e de uma fé demasiada frágil. A graça de Deus abandona o homem que está preso a este desejo e o deixa à mercê de suas próprias ilusões e das tentações do diabo que o seduz com revelações e visões enganosas”.

A efusão se dá, via de regra, na oração e na recepção dos Sacramentos e nunca deixou de fazer parte da Igreja ou da vida dos fiéis, pois é Ele mesmo o Autor da nossa santificação.

Só gostaria de alertar para uma coisa - o resultado da presença do Espírito e de Sua ação na nossa vida se percebe pela nossa conversão, fidelidade aos Mandamentos e cumprimento da Vontade de Deus - não é pelos sentimentos, entusiasmo, coração palpitante, pois se nos apegarmos a estas coisas e achamos que são sinal de Sua presença,o que faríamos quando esses sentimentos desaparecessem?

Nossa vida religiosa e espiritual não se mede de forma alguma por eles, corre-se o risco de achar que “se não estou sentindo nada, não estou na unção” como dizem.

Sábios conselhos de nossos mestres espirituais.
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* A palavra "Batismo" significa tradicionalmente o sacramento da iniciação cristã. Por isso, será melhor evitar o uso da expressão "Batismo no Espírito”, ambíguo, por sugerir uma espécie de sacramento. Poderão ser usados termos como "efusão do Espírito Santo", "derramamento do Espírito Santo". Do mesmo modo, não se utilize o termo "confirmação" para não confundir com o sacramento da crisma (Cf. Comissão Episcopal de Doutrina, Comunicado Mensal, Dez. de 1993, 2217). - Orientações Pastorais sobre a Renovação Carismática Católica, CNBB - Documento 53, nº 54.
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Fonte: Efusão do Espírito Santo - o que realmente é?.: David A. Conceição 05/2013 
Disponível em: Tradição em Foco com Roma.

“O que Deus exige de nós?”: tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2013



O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) realiza de 12 a 19 de maio a Semana de Oração para a Unidade dos Cristãos 2013, que o seu tema inspirado no profeta Miquéias 6,6-8, com a pergunta “O que Deus exige de nós?”. A programação inclui celebrações em diversas cidades brasileiras, com a união de diferentes denominações cristãs, e com o apoio da CNBB.

Para favorecer a reflexão deste tema, foi preparado um subsídio pelo Movimento de Estudantes Cristãos da Índia, com a consultoria da Federação de Universidade Católica de Toda a Índia e do Conselho Nacional de Igrejas daquele país. De acordo com o Conic, durante o processo de preparação, enquanto se refletia sobre o significado da Semana, ficou decidido que, num contexto de injustiça em relação aos dalits na Índia e na Igreja, a busca pela unidade visível não poderia estar dissociada do desmantelamento do sistema de castas e do apelo às contribuições para a unidade dos mais pobres.


O desejo dos organizadores da Semana é promover a reflexão sobre a importância da unidade na diversidade e, ao mesmo tempo, meditar sobre o que Deus, de fato, exige da comunidade cristã, seja do ponto de vida puramente religioso, mas também no que diz respeito à questão dos direitos humanos e assuntos correlacionados. Por este motivo, a arte da Semana faz uma alusão aos dalits na Índia, pessoas que vivem à margem da sociedade e, muitas vezes, afastadas de toda e qualquer assistência.
 
Abaixo, a programação da Semana de Oração pela Unidade dos Cristão, em Brasília: 
 
14/05 - às 20 horas, na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil - IEAB, situada na EQS 309/310 Sul. Homilia da Igreja Sirian Ortodoxa – ISOA.
 
15/05 - às 20 horas, na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB, situada na EQS 405/406 Sul - área para templos. Homilia da Igreja Católica Romana – ICAR.
 
16/05 - às 20 horas, na Paróquia São José Operário - ICAR, situada na SGAN 604, lt. D. Homilia da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.
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Fonte: CNBB.

Na modernidade ainda se reza?



Conta-se que Kant, o filósofo mais influente dos últimos 200 anos, reconhecia a inteligência superior, presidindo a harmonia de todo o universo. Mas declarou que, se fosse “apanhado” por alguém, dedicando-se à oração, sentir-se-ia envergonhado. Eis aqui alguém que não descobriu o Deus pessoa, o amigo que pode ser encontrado no mais profundo do nosso eu. Trata-se de um órfão, que se sente apenas ligado à família humana, mas não sabe que o Criador o convidou a fazer parte da família divina. Isso levou a humanidade a se pôr na resistência contra o diálogo com a divindade. Uma pessoa emancipada é tentada  a não rezar. Um líder não se ajoelha, dizem. Imagina que tem nas mãos a solução dos problemas. Não precisa apelar a ninguém para abrir caminhos. Mas o bom Pai não os abandona. “Cristo morreu também pelos pecadores” ( Rom 5, 6).


É mais do que certo que o ser humano não deve esperar as coisas caírem do céu, como dádiva. Pura outorga. A orientação que recebeu é outra. “Mão trabalhadora mandará; mão preguiçosa servirá” (Prov 12, 24). É preciso acreditar em si e pôr mãos à obra, com gosto e inteligência. Mas daí a abandonar a oração, como desnecessária, vai uma distância absurda. O ser humano, dentro do universo visível, é o único que tem capacidade de entrar em comunicação com o Ser Superior. Essa atitude benevolente com o “Pai Justo”, é capaz de encher a alma. Dá uma sensação de plenitude. Mas não tem vínculo necessário com a consolação interior, ter o coração inebriado de alegria. As pessoas que aprenderam a orar, não buscam doçuras. Mas são inclinadas a serem pessoas que amam a justiça e a verdade, e não se subordinam a que outras pessoas sejam injustiçadas.Também o verdadeiro orante tem fortaleza de ânimo, sabe onde quer chegar, e não se deixa abalar por entraves e maquinações. E finalmente – é sempre a Mestra Santa Teresa que o ensina - quem descobriu o valor da oração torna-se uma pessoa humilde, abandona qualquer arrogância, e sabe avaliar os pontos de vista dos mais humildes. Nós todos devemos chegar ao ponto de apreciar a oração como uma respiração da alma. “Mestre, ensina-nos a orar” ( Lc 11, 1).


Dom Aloísio Roque Oppermann, scj
Arcebispo Emérito de Uberaba/MG

domingo, 12 de maio de 2013

Mensagem do Papa para o dia mundial das Comunicações Sociais 2013



Mensagem do Papa Bento XVI 
para o 47º dia Mundial
das Comunicações Sociais.


«Redes sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização»



Amados irmãos e irmãs,

Encontrando-se próximo o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2013, desejo oferecer-vos algumas reflexões sobre uma realidade cada vez mais importante que diz respeito à maneira como as pessoas comunicam actualmente entre si; concretamente quero deter-me a considerar o desenvolvimento das redes sociais digitais que estão a contribuir para a aparição duma nova ágora, duma praça pública e aberta onde as pessoas partilham ideias, informações, opiniões e podem ainda ganhar vida novas relações e formas de comunidade.

Estes espaços, quando bem e equilibradamente valorizados, contribuem para favorecer formas de diálogo e debate que, se realizadas com respeito e cuidado pela privacidade, com responsabilidade e empenho pela verdade, podem reforçar os laços de unidade entre as pessoas e promover eficazmente a harmonia da família humana. A troca de informações pode transformar-se numa verdadeira comunicação, os contactos podem amadurecer em amizade, as conexões podem facilitar a comunhão. Se as redes sociais são chamadas a concretizar este grande potencial, as pessoas que nelas participam devem esforçar-se por serem autênticas, porque nestes espaços não se partilham apenas ideias e informações, mas em última instância a pessoa comunica-se a si mesma.


O desenvolvimento das redes sociais requer dedicação: as pessoas envolvem-se nelas para construir relações e encontrar amizade, buscar respostas para as suas questões, divertir-se, mas também para ser estimuladas intelectualmente e partilhar competências e conhecimentos. Assim as redes sociais tornam-se cada vez mais parte do próprio tecido da sociedade enquanto unem as pessoas na base destas necessidades fundamentais. Por isso, as redes sociais são alimentadas por aspirações radicadas no coração do homem.

A cultura das redes sociais e as mudanças nas formas e estilos da comunicação colocam sérios desafios àqueles que querem falar de verdades e valores. Muitas vezes, como acontece também com outros meios de comunicação social, o significado e a eficácia das diferentes formas de expressão parecem determinados mais pela sua popularidade do que pela sua importância intrínseca e validade. E frequentemente a popularidade está mais ligada com a celebridade ou com estratégias de persuasão do que com a lógica da argumentação. Às vezes, a voz discreta da razão pode ser abafada pelo rumor de excessivas informações, e não consegue atrair a atenção que, ao contrário, é dada a quantos se expressam de forma mais persuasiva. Por conseguinte os meios de comunicação social precisam do compromisso de todos aqueles que estão cientes do valor do diálogo, do debate fundamentado, da argumentação lógica; precisam de pessoas que procurem cultivar formas de discurso e expressão que façam apelo às aspirações mais nobres de quem está envolvido no processo de comunicação. Tal diálogo e debate podem florescer e crescer mesmo quando se conversa e toma a sério aqueles que têm ideias diferentes das nossas. «Constatada a diversidade cultural, é preciso fazer com que as pessoas não só aceitem a existência da cultura do outro, mas aspirem também a receber um enriquecimento da mesma e a dar-lhe aquilo que se possui de bem, de verdade e de beleza» (Discurso no Encontro com o mundo da cultura, Belém, Lisboa, 12 de Maio de 2010).

O desafio, que as redes sociais têm de enfrentar, é o de serem verdadeiramente abrangentes: então beneficiarão da plena participação dos fiéis que desejam partilhar a Mensagem de Jesus e os valores da dignidade humana que a sua doutrina promove. Na realidade, os fiéis dão-se conta cada vez mais de que, se a Boa Nova não for dada a conhecer também no ambiente digital, poderá ficar fora do alcance da experiência de muitos que consideram importante este espaço existencial. O ambiente digital não é um mundo paralelo ou puramente virtual, mas faz parte da realidade quotidiana de muitas pessoas, especialmente dos mais jovens. As redes sociais são o fruto da iteração humana, mas, por sua vez, dão formas novas às dinâmicas da comunicação que cria relações: por isso uma solícita compreensão por este ambiente é o pré-requisito para uma presença significativa dentro do mesmo.

A capacidade de utilizar as novas linguagens requer-se não tanto para estar em sintonia com os tempos, como sobretudo para permitir que a riqueza infinita do Evangelho encontre formas de expressão que sejam capazes de alcançar a mente e o coração de todos. No ambiente digital, a palavra escrita aparece muitas vezes acompanhada por imagens e sons. Uma comunicação eficaz, como as parábolas de Jesus, necessita do envolvimento da imaginação e da sensibilidade afetiva daqueles que queremos convidar para um encontro com o mistério do amor de Deus. Aliás sabemos que a tradição cristã sempre foi rica de sinais e símbolos: penso, por exemplo, na cruz, nos ícones, nas imagens da Virgem Maria, no presépio, nos vitrais e nos quadros das igrejas. Uma parte consistente do patrimônio artístico da humanidade foi realizado por artistas e músicos que procuraram exprimir as verdades da fé.

A autenticidade dos fiéis, nas redes sociais, é posta em evidência pela partilha da fonte profunda da sua esperança e da sua alegria: a fé em Deus, rico de misericórdia e amor, revelado em Jesus Cristo. Tal partilha consiste não apenas na expressão de fé explícita, mas também no testemunho, isto é, no modo como se comunicam «escolhas, preferências, juízos que sejam profundamente coerentes com o Evangelho, mesmo quando não se fala explicitamente dele» (Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2011). Um modo particularmente significativo de dar testemunho é a vontade de se doar a si mesmo aos outros através da disponibilidade para se deixar envolver, pacientemente e com respeito, nas suas questões e nas suas dúvidas, no caminho de busca da verdade e do sentido da existência humana. A aparição nas redes sociais do diálogo acerca da fé e do acreditar confirma a importância e a relevância da religião no debate público e social.

Para aqueles que acolheram de coração aberto o dom da fé, a resposta mais radical às questões do homem sobre o amor, a verdade e o sentido da vida – questões estas que não estão de modo algum ausentes das redes sociais – encontra-se na pessoa de Jesus Cristo. É natural que a pessoa que possui a fé deseje, com respeito e tacto, partilhá-la com aqueles que encontra no ambiente digital. Entretanto, se a nossa partilha do Evangelho é capaz de dar bons frutos, fá-lo em última análise pela força que a própria Palavra de Deus tem de tocar os corações, e não tanto por qualquer esforço nosso. A confiança no poder da acção de Deus deve ser sempre superior a toda e qualquer segurança que possamos colocar na utilização dos recursos humanos. Mesmo no ambiente digital, onde é fácil que se ergam vozes de tons demasiado acesos e conflituosos e onde, por vezes, há o risco de que o sensacionalismo prevaleça, somos chamados a um cuidadoso discernimento. A propósito, recordemo-nos de que Elias reconheceu a voz de Deus não no vento impetuoso e forte, nem no tremor de terra ou no fogo, mas no «murmúrio de uma brisa suave» (1 Rs 19, 11-12). Devemos confiar no facto de que os anseios fundamentais que a pessoa humana tem de amar e ser amada, de encontrar um significado e verdade que o próprio Deus colocou no coração do ser humano, permanecem também nos homens e mulheres do nosso tempo abertos, sempre e em todo o caso, para aquilo que o Beato Cardeal Newman chamava a «luz gentil» da fé.

As redes sociais, para além de instrumento de evangelização, podem ser um factor de desenvolvimento humano. Por exemplo, em alguns contextos geográficos e culturais onde os cristãos se sentem isolados, as redes sociais podem reforçar o sentido da sua unidade efectiva com a comunidade universal dos fiéis. As redes facilitam a partilha dos recursos espirituais e litúrgicos, tornando as pessoas capazes de rezar com um revigorado sentido de proximidade àqueles que professam a sua fé. O envolvimento autêntico e interactivo com as questões e as dúvidas daqueles que estão longe da fé, deve-nos fazer sentir a necessidade de alimentar, através da oração e da reflexão, a nossa fé na presença de Deus e também a nossa caridade operante: «Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, sou como um bronze que soa ou um címbalo que retine» (1 Cor 13, 1).

No ambiente digital, existem redes sociais que oferecem ao homem actual oportunidades de oração, meditação ou partilha da Palavra de Deus. Mas estas redes podem também abrir as portas a outras dimensões da fé. Na realidade, muitas pessoas estão a descobrir – graças precisamente a um contacto inicial feito on line – a importância do encontro directo, de experiências de comunidade ou mesmo de peregrinação, que são elementos sempre importantes no caminho da fé. Procurando tornar o Evangelho presente no ambiente digital, podemos convidar as pessoas a viverem encontros de oração ou celebrações litúrgicas em lugares concretos como igrejas ou capelas. Não deveria haver falta de coerência ou unidade entre a expressão da nossa fé e o nosso testemunho do Evangelho na realidade onde somos chamados a viver, seja ela física ou digital. Sempre e de qualquer modo que nos encontremos com os outros, somos chamados a dar a conhecer o amor de Deus até aos confins da terra.

Enquanto de coração vos abençoo a todos, peço ao Espírito de Deus que sempre vos acompanhe e ilumine para poderdes ser verdadeiramente arautos e testemunhas do Evangelho. «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura» (Mc 16, 15).


Vaticano, 24 de Janeiro – Festa de São Francisco de Sales – do ano 2013.


BENEDICTUS PP. XVI

"Mães más".: Qual a lógica que motiva as mães?


O Dr. Carlos Hecktheuer, médico psiquiatra, publicou uma interessante reflexão, que transcrevo aqui para os pais:

Um dia, quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes: Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.

Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.

Eu os amei o suficiente para fazê-los pagar as balas que tiraram do supermercado ou as revistas do jornaleiro, e fazê-los dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar”.

Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé, junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto; tarefa que eu teria feito em 15 minutos.


Eu os amei o suficiente para deixá-los assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.

Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes “não”, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em certos momentos, até odiaram).

Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci! Porque, no final, vocês venceram também! E qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má, meus filhos vão lhes dizer:

Sim, nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo...


"Deus honra o pai nos filhos e confirma sobre eles a autoridade da mãe" (Eclo 3,2).


Ser mãe... o que um filho pode dizer de uma mãe na posição de filho? Hoje, dia especial para lembrarmos todas as mamães. Mães que lutam por seus filhos, que os amam mesmo antes de nascer, que cuidam deles com carinho, que os educam, que desde cedo ensinam seus filhos o caminho do bem, que às vezes brigam, batem, mas tudo para o bem dos filhos? Lembremos aqui as mulheres que não entenderam a importância do ser mãe e que por um descuido ou mesmo desespero abandonaram seus filhos e até tiraram-lhes a vida antes mesmo de nascerem. Por outro lado, lembremos as mães que estão abandonadas nos asilos, internadas nos hospitais, as mães sofredoras que perderam seus filhos, mas que ganharam outros que não nasceram no seu ventre mas que retribuíram a elas todo o carinho que um filho pode conceder a uma mãe. Mulheres que tentam até hoje ter um filho e ainda não puderam! São tantas mães... mães de todo jeito!

Mãe... ser tão especial que até Deus quis ter uma! Quis ter por que podia não ter tido. Mas ele quis "nascer de uma mulher" (Gl 4,4). E certamente Maria, a mulher escolhida e preparada por Ele desde o início não seria uma mulher qualquer. É certo que nenhum filho pôde escolher sua mãe. Apenas o Filho de Deus pôde fazê-lo, e o fez de modo muito especial; por que de tal forma nenhuma (outra) mulher pode gerar o Filho de Deus de forma corpórea, então neste sentido percebemos em Maria um acontecimento histórico inegável que é reconhecido por Isabel ao receber a visita de Maria em sua casa: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre" (Lc 1,42). De forma que Isabel reconhece em Maria uma superioridade acima de todas as mulheres em vista do Filho que ela leva consigo.

Mãe... por que o filho despreza sua mãe? Não importa quem ou como ela seja, mas merece respeito! Há mães que desde cedo cuidam dos filhos mas estes, ingratos, não sabem retribuir. Abandonam a mãe (ou o pai) no asilo para não "dar trabalho". Infeliz quem pensa assim, pior ainda quem isso faz!

sábado, 11 de maio de 2013

Subiu aos Céus e está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso!



Depois de se afirmar a Ressurreição de Cristo, convém crer na sua Ascensão, pois Ele subiu para o céu após quarenta dias de ressuscitado. Eis porque se diz no Credo: "Subiu aos céus." Devemos considerar as três características principais deste acontecimento, isto é, que ele foi sublime, racional e útil.

Foi sublime, porque Ele subiu para os céus. Explica-se isto de três maneiras.

Primeiro, porque Ele subiu acima de todos os céus corpóreos[1], conforme se lê em São Paulo: Subiu acima de todos os céus (Ef 4, 10). Tal ascensão foi realizada pela primeira vez por Cristo, porque até então o corpo terreno estivera somente na terra, sendo o paraíso, onde esteve Adão, situado também na terra.

Segundo, porque subiu sobre todos os céus espirituais, isto é, acima das naturezas espirituais, como se lê também em São Paulo: Colocando (o Pai) Jesus à sua direita nos céus, sobre todo Principado, Potestade, Virtude, Dominação e acima de todo nome que se pronuncia não só neste século, mas também nos futuros, e tudo colocou sob os seus pés (Ef 1, 20).

“Feliz o ventre que te trouxe”


Admirada com as palavras sábias que saíam da boca de Jesus e as obras que ele realizava, “uma mulher levantou a voz no meio da multidão e lhe disse: Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram” (Lc 11,27). O episódio revela algo de importante na vida de todas as pessoas: muito do que nós somos, herdamos da mulher que nos “gerou e alimentou”, e que chamamos de “mãe”! E é a ela que nós queremos homenagear neste final de semana.

Ao se encarnar, Deus quis precisar de uma mulher. Com esta decisão, dignificou a maternidade a partir do seio de Maria Santíssima, que passou a ser referência para todas as mulheres que se predispõe a gerar filhos para darem continuidade à obra da criação.

Gerar filhos é algo inerente à natureza da mulher. Por causa disso, ao longo da história da humanidade, a esterilidade sempre foi vista como um fardo a ser carregado pelas mulheres “que não podem ter filhos”, e que, em conseqüência disso, não podem ser mães em plenitude.

A mulher que gera é mãe.  Mas também é importante destacar que a maternidade não se esgota na geração. Ela se complementa com a alimentação e a educação. Por isso, mãe verdadeira é aquela que gera, amamenta e educa. “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”!