domingo, 19 de maio de 2013

Homilia do Papa Francisco na Solenidade de Pentecostes 2013



Homilia 
Solenidade de Pentecostes 
Domingo, 19 de maio de 2013


Amados irmãos e irmãs,

Neste dia, contemplamos e revivemos na liturgia a efusão do Espírito Santo realizada por Cristo ressuscitado sobre a sua Igreja; um evento de graça que encheu o Cenáculo de Jerusalém para se estender ao mundo inteiro.

Então que aconteceu naquele dia tão distante de nós e, ao mesmo tempo, tão perto que alcança o íntimo do nosso coração? São Lucas dá-nos a resposta na passagem dos Atos dos Apóstolos que ouvimos (2, 1-11). O evangelista leva-nos a Jerusalém, ao andar superior da casa onde se reuniram os Apóstolos. A primeira coisa que chama a nossa atenção é o rombo improviso que vem do céu, “comparável ao de forte rajada de vento”, e enche a casa; depois, as “línguas à maneira de fogo” que se iam dividindo e pousavam sobre cada um dos Apóstolos. Rombo e línguas de fogo são sinais claros e concretos, que tocam os Apóstolos não só externamente mas também no seu íntimo: na mente e no coração. Em consequência, “todos ficaram cheios do Espírito Santo”, que esparge seu dinamismo irresistível com efeitos surpreendentes: “começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem”. Abre-se então diante de nós um cenário totalmente inesperado: acorre uma grande multidão e fica muito admirada, porque cada qual ouve os Apóstolos a falarem na própria língua. É uma coisa nova, experimentada por todos e que nunca tinha sucedido antes: “Ouvimo-los falar nas nossas línguas”. E de que falam? “Das grandes obras de Deus”.

À luz deste texto dos Atos, quereria refletir sobre três palavras relacionadas com a ação do Espírito: novidade, harmonia e missão.
 
1.           A novidade causa sempre um pouco de medo, porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós a construir, programar, projetar a nossa vida de acordo com os nossos esquemas, as nossas seguranças, os nossos gostos. E isto verifica-se também quando se trata de Deus. Muitas vezes seguimo-Lo e acolhemo-Lo, mas até um certo ponto; sentimos dificuldade em abandonar-nos a Ele com plena confiança, deixando que o Espírito Santo seja a alma, o guia da nossa vida, em todas as decisões; temos medo que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes. Mas, em toda a história da salvação, quando Deus Se revela traz novidade – Deus traz sempre novidade -, transforma e pede para confiar totalmente n’Ele: Noé construiu uma arca, no meio da zombaria dos demais, e salva-se; Abraão deixa a sua terra, tendo na mão apenas uma promessa; Moisés enfrenta o poder do Faraó e guia o povo para a liberdade; os Apóstolos, antes temerosos e trancados no Cenáculo, saem corajosamente para anunciar o Evangelho. Não se trata de seguir a novidade pela novidade, a busca de coisas novas para se vencer o tédio, como sucede muitas vezes no nosso tempo. A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza, o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade, porque Deus nos ama e quer apenas o nosso bem. Perguntemo-nos hoje a nós mesmos: Permanecemos abertos às “surpresas de Deus”? Ou fechamo-nos, com medo, à novidade do Espírito Santo? Mostramo-nos corajosos para seguir as novas estradas que a novidade de Deus nos oferece, ou pomo-nos à defesa fechando-nos em estruturas caducas que perderam a capacidade de acolhimento? Far-nos-á bem pormo-nos estas perguntas durante todo o dia.

2.           Segundo pensamento: à primeira vista o Espírito Santo parece criar desordem na Igreja, porque traz a diversidade dos carismas, dos dons. Mas não; sob a sua ação, tudo isso é uma grande riqueza, porque o Espírito Santo é o Espírito de unidade, que não significa uniformidade, mas a recondução do todo à harmonia. Quem faz a harmonia na Igreja é o Espírito Santo. Um dos Padres da Igreja usa uma expressão de que gosto muito: o Espírito Santo «ipse harmonia est – Ele próprio é a harmonia». Só Ele pode suscitar a diversidade, a pluralidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade. Também aqui, quando somos nós a querer fazer a diversidade fechando-nos nos nossos particularismos, nos nossos exclusivismos, trazemos a divisão; e quando somos nós a querer fazer a unidade segundo os nossos desígnios humanos, acabamos por trazer a uniformidade, a homogeneização. Se, pelo contrário, nos deixamos guiar pelo Espírito, a riqueza, a variedade, a diversidade nunca dão origem ao conflito, porque Ele nos impele a viver a variedade na comunhão da Igreja. O caminhar juntos na Igreja, guiados pelos Pastores – que para isso têm um carisma e ministério especial – é sinal da ação do Espírito Santo; uma característica fundamental para cada cristão, cada comunidade, cada movimento é a eclesialidade. É a Igreja que me traz Cristo e me leva a Cristo; os caminhos paralelos são muito perigosos! Quando alguém se aventura ultrapassando (proagon) a doutrina e a Comunidade eclesial – diz o apóstolo João na sua Segunda Carta e deixa de permanecer nelas, não está unido ao Deus de Jesus Cristo (cf. 2 Jo 9). Por isso perguntemo-nos: Estou aberto à harmonia do Espírito Santo, superando todo o exclusivismo? Deixo-me guiar por Ele, vivendo na Igreja e com a Igreja?

3.           O último ponto. Diziam os teólogos antigos: a alma é uma espécie de barca à vela; o Espírito Santo é o vento que sopra na vela, impelindo-a para a frente; os impulsos e incentivos do vento são os dons do Espírito. Sem o seu incentivo, sem a sua graça, não vamos para a frente. O Espírito Santo faz-nos entrar no mistério do Deus vivo e salva-nos do perigo de uma Igreja gnóstica e de uma Igreja narcisista, fechada no seu recinto; impele-nos a abrir as portas e sair para anunciar e testemunhar a vida boa do Evangelho, para comunicar a alegria da fé, do encontro com Cristo. O Espírito Santo é a alma da missão. O sucedido em Jerusalém, há quase dois mil anos, não é um fato distante de nós, mas um fato que nos alcança e se torna experiência viva em cada um de nós. O Pentecostes do Cenáculo de Jerusalém é o início, um início que se prolonga. O Espírito Santo é o dom por excelência de Cristo ressuscitado aos seus Apóstolos, mas Ele quer que chegue a todos. Como ouvimos no Evangelho, Jesus diz: “Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco” (Jo 14, 16).É o Espírito Paráclito, o “Consolador”, que dá a coragem de levar o Evangelho pelas estradas do mundo! O Espírito Santo ergue o nosso olhar para o horizonte e impele-nos para as periferias da existência a fim de anunciar a vida de Jesus Cristo. Perguntemo-nos, se tendemos a fechar-nos em nós mesmos, no nosso grupo, ou se deixamos que o Espírito Santo nos abra à missão. Recordemos hoje estas três palavras: novidade, harmonia, missão.

A liturgia de hoje é uma grande súplica, que a Igreja com Jesus eleva ao Pai, para que renove a efusão do Espírito Santo. Cada um de nós, cada grupo, cada movimento, na harmonia da Igreja, se dirija ao Pai pedindo este dom. Também hoje, como no dia do seu nascimento, a Igreja invoca juntamente com Maria: “Veni Sancte Spiritus… – Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”! Amém.

Igreja Santa e Pecadora?



Karl Rahner (1904-1984), teólogo alemão, é considerado responsável por inúmeras heresias, tendo propalado uma série de mentiras. No “auge” de sua polêmica carreira, ele chegou inclusive a propor o esboço de uma nova religião ecumênica a ser discutida no Concilio Vaticano II, que incluiria, até mesmo, a mudança dos conceitos de Deus e de Igreja! Na época, houve muita resistência ao projeto criado por Rahner, tendo sido bastante forte a oposição do jovem teólogo Joseph Ratzinger, atual Papa Bento XVI.

Mas Rahner não parou por aí. Aproveitando-se do fato de que nós, Católicos, vimos sofrendo com uma queda de conhecimento sobre a nossa própria religião, ele decidiu lançar a absurda tese de que “a Igreja é santa E pecadora”, o que vai diretamente contra o que se diz no Credo: que cremos na Igreja Una, SANTA, Católica e Apostólica (e não na “Igreja pecadora”).

Mas se a Igreja é Santa, e não é pecadora, quem é então que peca?
 
Em primeiro lugar, nós que fazemos parte dela, ou seja, eu e você. Mas nossos pecados pessoais não contaminam a Igreja; pelo contrário, é a Igreja que nos santifica por meio dos sacramentos instituídos por Jesus Cristo (de Quem provém toda a Santidade). Conforme nos ensina Pio XII, na encíclica Mystici Corporis, a Igreja é o Corpo Místico de Cristo, a qual tem Jesus Cristo por cabeça, e nós, Católicos, somos seus membros. Porém, é importante distinguir, sempre, que nós ‘não somos’ propriamente a Igreja, nós ‘fazemos parte’ da Igreja (assim como meu braço não é meu corpo, eu não sou a Igreja).

Em segundo lugar, o clero. Entretanto, é muito fácil atribuir a culpa dos pecados pessoais do clero à Igreja, taxando-a de pecadora, pois hoje em dia muita confusão é comumente feita entre Igreja e clero. O clero também é ‘parte da Igreja’, e a sua parte mais importante, porque é ao clero que cabe governar a Igreja, ensinar e administrar os sacramentos. Mas o clero, sozinho, ‘não é’ a Igreja.

Por isso, é completamente contra a Fé dizer que a Igreja é santa e pecadora. A Igreja, enquanto tal, é SEMPRE SANTA. E Cristo prometeu que as portas do inferno não prevalecerão contra ela, isto é, que ela jamais ensinará a mentira nem o pecado.

Lembremos que São Paulo nos ensina assim:

Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela
para que a santificasse (…)
para a apresentar a si mesmo
Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante,
porém santa e sem defeito
 (Ef 5, 25-27).

Os pecados pessoais, dos leigos ou do clero, são nossos, não da Igreja. Se acaso cometermos um pecado em nome da Igreja, não transferimos esse pecado para ela, mas antes aumentamos nossa própria culpa pessoal.

Na Missa há um símbolo muito belo da indefectibilidade da Igreja. No ofertório, o padre mistura uma gota d’água junto com o vinho, antes de oferecê-lo. Esse vinho, ao receber a gota d’água, não altera suas propriedades, tendo em vista que a quantidade de água é completamente insuficiente para chegar a mudar o vinho. Assim é a Igreja em relação a nós: a santidade de Cristo é tão grande que nossos pecados são insuficientes para manchar a Igreja. Nossos pecados são como a gota d’água, ou seja, assim como esta não modifica (nem estraga) o vinho, assim aqueles não podem mudar (nem denegrir) a Igreja!
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Fonte: Texto escrito por Marcos de Lacerda Pessoa e publicado em fevereiro/março de 2007 no Jornal “O Capuchinho”.
Disponível em: Paraclitus.

A Intercessão dos Santos



Desde os tempos apostólicos a Igreja ensina que os que morreram na amizade do Senhor, não só podem como estão orando pela salvação daqueles que ainda se encontram na terra. Tal conceito é conhecido como a intercessão dos santos.

A Doutrina

Sobre a doutrina da intercessão dos santos, o Catecismo da Igreja Católica ensina:

“Pelo fato que os do céu estão mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a toda a Igreja na santidade… Não deixam de interceder por nós ante o Pai. Apresentam por meio do único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, os méritos que adquiriram na terra… Sua solicitude fraterna ajuda, pois, muito a nossa debilidade.” (CIC 956).

Por tanto para a Igreja Católica, os santos intercedem por nós junto ao Pai, não pelos seus méritos, mas pelos méritos de Cristo Nosso Senhor, o único Mediador entre Deus e os homens.

Objeções

Os adeptos do fundamentalismo bíblico normalmente apresentam uma série de objeções à doutrina da intercessão dos santos. Neste artigo iremos confrontar as principais:

sábado, 18 de maio de 2013

Indicações Litúrgico-pastorais para a Celebração de Pentecostes



A festa da Páscoa não acaba hoje: chega ao seu ponto alto. O que se realizou no Senhor ressuscitado, realiza-se agora nos crentes pelo dom do Espírito Santo. A palavra "Pentecostes" alude ao número cinquenta: durante cinquenta dias, desde a noite pascal, celebramos a alegria do Senhor ressuscitado no meio de nós.

Todo o tom festivo da Páscoa deve ser evidenciado pelos elementos que lhe são característicos. Só terminado o Domingo é que o círio deixará o presbitério para ser colocado no Batistério. Na medida do possível, cante-se o prefácio próprio. Após a 2ª leitura e antes da aclamação ao Evangelho, cante-se a Sequência (se não for canta, seja lida). O canto e os instrumentos, as luzes e as flores (privilegiem-se as rosas e o vermelho), a ornamentação da Igreja, o incenso, tudo deveria dar à celebração a sua verdade de apoteose pascal. E, na despedida, com o "Ide em paz..." não falte o Aleluia.

Na noite de sábado para domingo, as comunidades são convidadas a celebrar a Vigília de Pentecostes. Imitarão, assim, a comunidade de Jerusalém, recolhida em oração em volta dos Apóstolos e da Mãe de Jesus, à espera do Espírito prometido. O Missal explica como celebrar essa Vigília e fornece alguns textos. Para realçar a dinâmica orante sugere-se a integração da oração de Vésperas para abrir a celebração. Podem utilizar-se todas as leituras à escolha propostas no Lecionário (4 do AT + 2 do NT). A seguir a cada Leitura canta-se um Salmo Responsorial apropriado e, como na Vigília pascal, faz-se uma oração (ver indicações no Missal; infelizmente, o Lecionário apenas apresenta um Salmo Responsorial, mas não é difícil, a partir do Missal, completar a coleção, de modo válido).

Leitores: 1ª Leitura: A 1ª leitura está cheia de movimento e tem expressões muito fortes que requerem uma boa dicção. Atenção às interrogações. Tente fazer essas perguntas a alguém em casa (com frequência, mudamos a nossa atitude interior e a nossa expressão quando passamos da linguagem oral à simples leitura de um texto: é isso que importa evitar). Se tiver dificuldade em ler o nome dos povos, pergunte a alguém (mas não diga mêdos, em vez de médos).

2ª Leitura: Podemos pensar a 2ª leitura em três seções: "Ninguém... Espírito Santo"; "De fato... bem comum"; "Assim como o corpo... Espírito". A segunda seção reveste uma forma doxológica, por isso, as três frases são interdependentes (isso deve ser percebido na leitura). A última secção tem uma palavra de valor que é o polo das frases: corpo. 

REFLEXÕES BÍBLICO-PASTORAIS


a) O domingo de Pentecostes encerra o Tempo da Páscoa, ou seja, os cinquenta dias em que celebramos a ressurreição de Jesus Cristo. O Espírito Santo, dom do Ressuscitado à sua Igreja, é o protagonista deste dia. Como prometeu antes da paixão e da morte, Jesus não deixa órfãos aqueles que O seguem. Envia-lhes o Espírito Santo para que seja “a alma da Igreja nascente” (cfr. Prefácio). A liturgia apresenta-nos diversos textos próprios para a celebração da missa vespertina, podendo tomar uma forma mais longa (vigília) com quatro textos do Antigo Testamento, seguidos de um salmo e de uma oração; depois, temos uma leitura da Carta aos Romanos e, finalmente, o texto evangélico. Nas orações eucarísticas temos o “Memento” próprio deste domingo, temos também a sequência para cantar antes do Aleluia, preparando assim o evangelho, e a despedida do povo com o duplo Aleluia. As rubricas indicam que o Círio Pascal seja apagado no fim da celebração de Vésperas; nas paróquias, onde não há este momento de oração na sua forma comunitária, o Círio apaga-se no fim da celebração eucarística e colocado junto à pia batismal.

b) A liturgia deste domingo, nas suas leituras e nas suas orações, fala-nos das características do Espírito Santo: a) transforma os apóstolos, destruindo o medo, a insegurança e a angústia, dando lugar à valentia e à pregação da ressurreição do Senhor (1ª leitura); b) faz surgir diversos carismas e ministérios na comunidade, sendo o princípio da unidade dos mesmos (2ª leitura); c) Jesus envia os seus discípulos (da mesma forma como Ele foi enviado pelo Pai), derramando sobre eles o Espírito Santo para os animar e fortalecer na evangelização (evangelho); d) o perdão dos pecados aparece unido ao Espírito (evangelho), porque onde reina o pecado não há lugar para Deus; e) o Espírito Santo é o início de uma nova criação. Como nos relata S. João no evangelho, Jesus ressuscitado aparece aos seus discípulos. Assim como Deus insuflou o seu sopro vivificador ao criar Adão, também sobre os Apóstolos derrama o Espírito Santo, criando uma nova humanidade; f) derrama o conhecimento de Deus sobre todos os povos, congregando-os num único povo, que é a Igreja (prefácio); g) conduz-nos ao pleno conhecimento da verdade revelada por Jesus Cristo (missa do dia: oração sobre as oferendas). O texto da Sequência aponta-nos outras características do Espírito Santo: “a aridez regai, sarai os enfermos, lavai as nossas manchas…”.

c) A celebração do Pentecostes não deve servir só para falar teoricamente do Espírito Santo, como se de uma catequese pneumatológica se tratasse, nem somente da sua atuação na comunidade primitiva, como se de um acontecimento do passado se tratasse, mas para proclamar que o Espírito Santo continua presente, vivo e atuante na Igreja e em cada um de nós. Com a oração coleta rezamos: “de modo que também hoje se renovem nos corações dos fiéis os prodígios realizados nos primórdios da pregação do Evangelho”.


O Espírito Santo atua na Igreja, através dos sacramentos: a) a sua relação com o Batismo, referida na 2ª leitura: “fomos batizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo”; b) o sacramento da Confirmação atualiza o Pentecostes (1ª leitura) onde é fortalecida a fé dos discípulos, convertendo-os em testemunhas da Ressurreição no mundo; c) a presença do Espírito Santo na Eucaristia é imprescindível para a transubstanciação. Ajuda-nos, também, a compreender a essência deste sacramento; assim rezamos na oração sobre as oferendas da missa do dia: “o Espírito Santo nos revele plenamente o mistério deste sacrifício e nos faça conhecer toda a verdade”. A comunhão eucarística fortalece a força interior do Espírito: “este sacramento que recebemos, Senhor, nos comunique o fervor do Espírito Santo que admiravelmente derramastes sobre os Apóstolos” (missa vespertina: oração depois da comunhão); d) a presença do Espírito Santo no sacramento da Penitência aparece expressa no evangelho: “Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos”.

"As fofocas destroem a Igreja", afirma Papa Francisco.



O cristão deve vencer a tentação de se envolver na vida dos outros: foi o que disse o Papa Francisco na missa celebrada esta manhã na capela da Casa Santa Marta, na presença de líderes do Caminho Neocatecumenal e de Comunhão e Libertação.

Francisco destacou que fofocas e invejas fazem muito mal à comunidade cristã e que não se pode “dizer somente a metade que nos convém”.

“Que te importa?”: o Papa desenvolveu a sua homilia partindo desta pergunta feita por Jesus a Pedro, que tinha se envolvido na vida de outra pessoa, na vida do discípulo João. Primeiramente, o que perturba é comparação, compararmo-nos com os outros. Com isso, “acabamos na inveja, e a inveja enferruja a comunidade cristã” – disse o Pontífice. Em segundo lugar, o que prejudica são as fofocas:

“Quantas fofocas na Igreja! Quanto falamos, nós os cristãos! A fofoca é fazer-nos mal, ferir um ao outro... É como querer diminuir o outro: ao invés de crescer, faço com que o outro fique menor e eu me sinto maior. Isso não é bom. São como as balas de mel. Depois de muitas, vem a dor de barriga. A fofoca é assim. É doce no início e depois destrói, destrói a alma. As fofocas são destrutivas na Igreja!”


Ao falar mal dos outros, fazemos três coisas: a desinformação, a difamação e a calúnia. “Todas as três são pecado”, disse o Papa. E o próprio Jesus nos indica o caminho, ao dizer a Pedro: O que te importa? Segue-me:

“‘É bela esta palavra de Jesus, tão clara, tão amorosa para nós. A salvação está em seguir Jesus. Peçamos hoje ao Senhor que nos dê esta graça de não nos envolver na vida dos outros e de seguir Jesus e o seu caminho”.
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Fonte: Rádio Vaticano.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O que é a Semana Missionária?



Os dias anteriores à Jornada Mundial da Juventude oferecem aos jovens vindos de fora do Brasil a possibilidade de passar um tempo de convivência com outros jovens brasileiros, em preparação à JMJ. São os até então conhecidos "Dias nas Dioceses" ou, simplesmente, "pré-Jornadas".

No Brasil, o Pontifício Conselho para os Leigos (organismo do Vaticano responsável pela realização da JMJ) acolheu a sugestão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para que esses dias que antecedem à JMJ recebam o nome de "Semana Missionária".

As Pré-Jornadas começaram em 1997. Por causa da JMJ de Paris, a Igreja na França promoveu esses encontros como um modo de facilitar a pastoral juvenil das dioceses francesas, de  conseguir que a França inteira acolhesse aos peregrinos os peregrinos vindos de outros países e de animar os jovens a participar da JMJ.


A experiência foi tão boa que foi adotada também nas JMJs seguintes da Itália, Canadá, Alemanha, Austrália e Espanha. Nesses países, as Pré-Jornadas incluíram atividades muito diversas: encontros com jovens e as famílias, concertos, vigílias de oração, trabalhos sociais para a comunidade ou os mais desfavorecidos, etc.

A programação da "Semana Missionária" varia de diocese a diocese e integra atividades culturais, visitas históricas e momentos de festa, bem como tempos de oração e celebração nos santuários e locais de peregrinação que formam parte da identidade religiosa local.

Os objetivos da "Semana Missionária" são muito parecidos com os da JMJ:

1 – Um encontro pessoal com Cristo que muda a vida e enche-a de alegria, especialmente nos
sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação;

2 – Experiência vital da universalidade da Igreja católica como comunhão e da paternidade espiritual do Papa;

3 – Redescobrimento da vocação batismal à santidade, chamados a ser membros ativos da Igreja, responsáveis pela nova evangelização do mundo contemporâneo;

De acordo com esses objetivos, a programação de atividades integra distintos tipos de eventos
que promovem:

- A oração: que os jovens tenham a oportunidade de participar da Eucaristia e de dedicar tempo à oração pessoal;

- A solidariedade: que pratiquem sua generosidade com os necessitados e sua responsabilidade social, dedicando algumas horas a ajudar em algum trabalho da Igreja com os necessitados, ou a contribuir com a solução de algum problema social, de acordo com as autoridades locais;

- A cultura: que conheçam as raízes cristãs de tantas manifestações da cultura espanhola ("a fé feita cultura", nas palavras de João Paulo II), e que produzem em seu conhecimento da fé através de tantas manifestações das artes cristãs: ver como as gerações precedentes de cristãos evangelizaram pela arte.

Unidos na Oração



Na semana de 12 a 19 de maio, os integrantes das várias igrejas cristãs do Brasil estão sendo motivados a se unirem em oração para, desta forma, fortalecer os laços de unidade que devem caracterizar os seguidores de Jesus Cristo. A inspiração vem do evangelho de João, onde Jesus se dirige ao Pai com o pedido de que guarde os discípulos em seu nome “para que eles sejam um como nós somos um” (Jo 17,11).

Os seguidores de Jesus Cristo, desde o começo, se deram conta da dificuldade em manter a unidade entre os cristãos. Se não tivesse havido diálogo entre Pedro e Paulo, entre a comunidade de Jerusalém e as comunidades constituídas a partir dos convertidos do paganismo, a unidade dos discípulos de Jesus Cristo teria sido rompida já no primeiro século da era cristã. O rompimento só não aconteceu porque houve diálogo e abertura à voz do Espírito Santo. É o que demonstra a carta enviada pela comunidade de Jerusalém aos irmãos de origem pagã, quando se afirma: “O Espírito Santo e nós mesmos decidimos” (At 15,23-29).


Hoje, são inúmeras as igrejas que professam a fé em Jesus Cristo que morreu e ressuscitou, e que, por isso, são igrejas cristãs. No Brasil, algumas delas se aglutinam no Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC - e assumem anualmente a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos que é promovida pelo Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos e pelo Conselho Mundial de Igrejas Cristãs. No subsídio elaborado para 2013, os organizadores escrevem: “estimulamos a todos os cristãos a expressar o grau de comunhão que as Igrejas já atingiram e a orar juntos por uma unidade cada vez mais plena, que é desejo do próprio Cristo”.

O tema que orienta a oração é extraído do livro do profeta Miquéias, e responde à angústia dos justos sobre a forma de se apresentarem diante do Senhor. Deus não quer o sangue de bezerros ou de cordeiros, e muito menos, o sangue de pessoas inocentes: “Foi-te dado a conhecer, ó homem, o que é bom, o que o Senhor exige de ti: nada mais que o direito, amar a fidelidade, e aplicar-te a caminhar com teu Deus’ (Mq 6,6-8). Em meio a uma sociedade onde existem muitas pessoas marginalizadas, “a fé ganha ou perde seu sentido na medida de sua relação com a justiça”.

Aproveitemos estes dias de graça que antecedem a festa de Pentecostes e busquemos as nossas comunidades para nos unir em oração e confraternização com as irmãs e os irmãos que professam a fé cristã. “Que o encontro de uns com os outros seja um sinal de unidade no Espírito Santo, bem como sinal da vinda do Reino de Deus”.


Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Nota da CNBB sobre uniões estáveis de pessoas do mesmo sexo



Nós, bispos do Conselho Episcopal Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília-DF, nos dias 14, 15 e 16 de maio de 2013, dirigimo-nos a todos os fiéis e pessoas de boa vontade para reafirmar o princípio da instituição familiar. Desejamos também recordar nossa rejeição à grave discriminação contra pessoas devido à sua orientação sexual, manifestando-lhes nosso profundo respeito.

Diante da Resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre a “habilitação, celebração de casamento civil, ou de conversão de união estável em casamento, entre pessoas de mesmo sexo” (n. 175/2013), recordamos que “a diferença sexual é originária e não mero produto de uma opção cultural. O matrimônio natural entre o homem e a mulher bem como a família monogâmica constituem um princípio fundamental do Direito Natural” (Nota da CNBB, 11 de maio de 2011). A família, assim constituída, é o âmbito adequado para a plena realização humana e o desenvolvimento das diversas gerações, constituindo-se o maior bem das pessoas.


Ao dar reconhecimento legal às uniões estáveis como casamento civil entre pessoas do mesmo sexo em nosso país, a Resolução interpreta a decisão do Supremo Tribunal Federal de 2011 (cf. ADI 4277; ADPF 132). Certos direitos são garantidos às pessoas comprometidas por tais uniões, como já é previsto no caso da união civil. As uniões de pessoas do mesmo sexo, no entanto, não podem ser simplesmente equiparadas ao casamento ou à família, que se fundamentam no consentimento matrimonial, na complementaridade e na reciprocidade entre um homem e uma mulher, abertos à procriação e à educação dos filhos.

Com essa Resolução, o exercício de controle administrativo do CNJ sobre o Poder Judiciário gera uma confusão de competências, pois orienta a alteração do ordenamento jurídico, o que não diz respeito ao Poder Judiciário, mas sim ao conjunto da sociedade brasileira, representada democraticamente pelo Congresso Nacional, a quem compete propor e votar leis.

Unimo-nos a todos que legítima e democraticamente se manifestam contrários a tal Resolução. Encorajamos os fiéis e todas as pessoas de boa vontade, no respeito às diferenças, a aprofundar e transmitir, no seio da família e na escola, os valores perenes vinculados à instituição familiar, para o bem de toda a sociedade.

Que Deus ilumine e oriente a todos em sua vocação humana e cristã!

Brasília-DF, 16 de maio de 2013


Dom José Belisário da Silva
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Presidente da CNBB em exercício

Dom Sergio Arthur Braschi
Bispo de Ponta Grossa
Vice-Presidente da CNBB em exercício

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB