Há ocasiões em que há muitos indícios de uma forte presença de Deus, fazendo-nos acreditar que não é algo inventado ou sonhado pelas pessoas. Assim aconteceu em Guadalupe, Lourdes e Fátima.
Em outras ocasiões os sinais são tão confusos que a gente deve desconfiar quando aparecem videntes fanáticos com mensagens esquisitas, que não estão em sintonia com o Evangelho e a Igreja. De qualquer forma, as aparições não são uma comunicação de Deus totalmente pura.
Na mensagem do vidente, sempre vêm misturadas as suas experiências psicológicas e culturais, a visão que ele tem do mundo, a mentalidade da época e tantas outras coisas.
Por isso, a mensagem das aparições não pode ser tomada ao pé da letra, como se fosse uma comunicação “diretinha” de Jesus ou de Maria. A gente deve separar o que nos parece mais próximo de Deus daquilo que é limitação humana.
O fato de ver ou ouvir Nossa Senhora ou Jesus não significa que os videntes têm mais fé do que nós. A fé não precisa de sinais. Para nós importa saber que Deus se serve dessa capacidade extraordinária das pessoas para nos comunicar algo de seu amor.
As aparições não podem ser uma nova revelação de Deus para continuar ou completar o que Jesus Cristo nos deixou. Os videntes destacam alguns aspectos da vida de fé como a conversão, a penitência, a renovação pela opção ao Evangelho e a oração. Embora seja uma forma de comunicação extraordinária, as mensagens das aparições não substituem a Bíblia nem o Espírito Santo que fala no coração de cada cristão e da comunidade.
A gente dificilmente pode afirmar com tal certeza quando uma aparição é verdadeira, mas há alguns critérios que nos ajudam:
Ø EQUILÍBRIO MENTAL DO VIDENTE: Se a pessoa tem boa saúde psíquica. As aparições vêm por pura graça de Deus e deve acontecer em pessoas mentalmente saudáveis.
Ø HONESTIDADE DO VIDENTE E DE SEU GRUPO: Por vezes a busca de fama, poder e dinheiro ou a pressão de parentes e amigos acaba provocando aparições falsas nos videntes que como gravadores, passam a repetir mensagens para atrair um grande público.
Ø A QUALIDADE DA MENSAGEM: A mensagem do vidente deve estar de acordo com o Evangelho e com a caminhada da Igreja. Tem que ser boa notícia, atualização do Evangelho para nós. Se começa a falar mal dos outros, a criticar as pastorais e os movimentos, especialmente os que defendem os pobres, é sinal que vem de Deus, mas do engano, do orgulho e da vaidade.
Ø OS FRUTOS DAS APARIÇÕES: Se o movimento de uma aparição leva muitos cristãos a viver melhor na fé, na esperança e na caridade é um bom sinal. Nem sempre quando nas aparições acontecem sinais no céu ou milagres indica que a aparição seja divina. Pode acontecer que mesmo que o vidente seja desonesto ou desequilibrado, as pessoas também vejam sinais no sol, na lua, nuvens ou em qualquer coisa da natureza. A força do poder da mente associada à fé pode produzir frutos maravilhosos mesmo que a aparição não seja verdadeira.
As aparições não fazem parte do credo e dos dogmas católicos, portanto, ninguém é obrigado a acreditar nas aparições. Temos a liberdade de aceitar ou ignorar essa experiência religiosa.
As aparições tem o seu valor mas não são absolutas. Até os pedidos dos videntes – que eles consideram vindos de Maria – como rezar o terço ou fazer penitência, são apenas conselhos para ajudar nossa vida cristã. Ninguém é obrigado a segui-los. Se a pessoa sente que isso a faz ficar mais perto de Deus e realizar sua vontade, pode agir assim. Mas ela não tem o direito de julgar e condenar os que não acreditam nas aparições e nem seguem os pedidos dos videntes. Por outro lado, os que não crêem em aparições devem respeitar os que pensam diferentes deles.
O católico pode confiar na experiência e na mensagem de alguns videntes, mas será uma confiança humana mesmo que haja muitos sinais maravilhosos.
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Fonte: “Com Maria Rumo ao Novo Milênio” (CNBB - Dom Clóvis Prainer).
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