segunda-feira, 1 de julho de 2013

30 anos de Catequese Renovada


No próximo dia 25 de agosto será celebrado o Dia do(a) Catequista, em comemoração a esta data a Comissão Episcopal Pastoral para Animação Bíblico-Catequética da CNBB preparou uma proposta celebrativa. Confira o material na íntegra.

30 anos de Catequese Renovada
Celebração para o dia do/a Catequista

“ A Catequese é um processo de educação comunitária, permanente, progressiva, ordenada, orgânica e sistemática da fé. Sua finalidade é a maturidade da Fé”. (CR, n. 31)

APRESENTAÇÃO

Caríssimos/as Catequistas!

Estamos crescendo de forma admirável na proposta de uma catequese de inspiração catecumenal à serviço da Iniciação à vida Cristã. Os sinais são visíveis em toda parte.  E nesse processo percebemos a importância fundamental da liturgia como celebração da fé suscitada pela catequese.

O despertar primeiro dessa nova consciência é fruto da CATEQUESE RENOVADA (Doc. Nº 26 da CNBB) que completa seus 30 anos de existência neste ano de 2013. Muito mais que um documento se trata de um grande espírito de renovação, não só na catequese, como de toda a ação evangelizadora da Igreja. CR Propôs novas metodologias, novo dinamismo e um renovado ardor missionário. Abriu caminho para o processo de Iniciação à vida cristã com inspiração catecumenal e para a animação Bíblica da vida e da pastoral.

O Dia do Catequista, que celebra a vida e a vocação de todos e todas que se deixaram embeber por esse espírito de renovação é também a melhor ocasião para fazer memória e cantar ação de graças pelas maravilhas que o Espírito realizou entre nós através da CR. E queremos fazê-lo em meio ao clima do Ano da Fé que veio reforçar  ainda mais a importância decisiva do ministério da catequese hoje.

Contamos desta vez com a preciosa ajuda de Maria Erivan e sua equipe do NE 1 (Ceará) para a elaboração do roteiro desta celebração. Queremos agradecer de coração este belo serviço à todas as comunidades do Brasil!

BOA CELEBRAÇÃO!
 
PROPOSTA CELEBRATIVA PARA O DIA DO CATEQUISTA
– CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA ( onde houver padre) –

- Espaço Celebrativo:( Flores, Bíblia, Vela, Documento n. 26 da CNBB e outros símbolos da Região que falam de renovação na catequese)

- Comentarista: Queridos/as Catequistas!

Hoje, domingo, Dia do Senhor, a Igreja no Brasil celebra o Dia do Catequista e dos outros ministérios e serviços da comunidade.  Reunidos como discípulos e discípulas, desejamos louvar e bendizer a Deus em primeiro lugar pela vocação de cada um/a. Pois “Jesus chamou os que desejava escolher”. (Mc 3, 13 ).  Agradecer por todos aqueles que ouviram o chamado do Mestre e disseram SIM, Senhor, “eis-me aqui, envia-me”. (Is 6, 8).Com alegria também queremos trazer presente no altar do Senhor o ANO DA Fé que estamos vivenciando e de maneira muito especial os 30 ANOS DO DOCUMENTO CATEQUESE RENOVADA ( Nº 26 da CNBB). Revendo o caminho, é possível perceber quantas conquistas foram alcançadas como frutos desse documento, grande presente do Espírito para nós. Quantos encontros, semanas catequéticas, seminários e simpósios foram realizados. Quantos subsídios e manuais surgiram desde então. Por tudo isso, queremos hoje dar graças a Deus.

RITOS INICIAIS

- Procissão de Entrada: O Presidente acompanhado por todos os catequistas da comunidade e equipe celebrativa. 

- Comentarista: Acolhendo a procissão de entrada, cantemos juntos:

Senhor se tu me chamas eu quero te ouvir, se queres que eu te siga respondo, eis-me aqui.

1.     Profetas te ouviram e seguiram tua voz, andaram mundo afora e pregaram sem temor. / Seus passos tu firmastes sustentando seu vigor. Profeta tu me chamas: vê Senhor, aqui estou.
2.     Os séculos passaram, não passou, porém tua voz que chama ainda hoje, que convida a te seguir. / Há homens e mulheres que te amam mais que a si, e dizem com firmeza: vê Senhor, estou aqui.

Ou: Por amor e vocação (CD Avancem para águas mais profundas)

- Saudação Inicial – (por conta do presidente da celebração).

- Ato Penitencial:

-Comentarista: queremos trazer presente nesta celebração nossa revisão pelo que deixamos de fazer, pela nossa falta de coragem em lançar as redes e “avançar para águas mais profundas”.
(Lc 5,4). Também neste Ano da Fé reconhecer nossa falta de fé nos momentos mais críticos de nossa e vida e do ministério da catequese.  

- Catequista: Senhor, nestes trinta anos de caminhada da Catequese Renovada, que orienta para uma formação sistemática dos catequistas, queremos te pedir perdão, pelas vezes que não valorizamos os encontros de formação, que não aprofundamos tua Palavra e não fomos presença na celebração e na vida da comunidade.

Senhor, piedade, ó Cristo piedade. Piedade de nós compaixão, Senhor. (bis).

- Catequista: Cristo, a catequese renovada nos chama para uma experiência de Encontro Contigo, que ajude os catequisandos a conhecerem a Ti. Pelas vezes que não testemunhamos e não falamos de ti, te pedimos perdão.

- Catequista: Senhor, as situações históricas e aspirações do nosso povo são conteúdos de catequese. Pelas vezes que deixamos de acolher os mais necessitados, te pedimos perdão.

- Celebrante conclui...

- Hino de Louvor: a escolha da equipe

- Oração do Dia ............

LITURGIA DA PALAVRA

- Acolhida a Palavra

(Bíblia ou Lecionário, ladeado com duas velas e trazidos por catequistas).

- Comentarista: A Palavra de Deus é o Livro por excelência da Catequese. Pois é a catequese hoje, a grande responsável de colocar nas mãos de crianças, jovens e adultos a Palavra de Deus. Acolhamos a Palavra de Deus que é a luz que ilumina a nossa catequese e sustenta a nossa vocação. 

- Canto: 

A Palavra de Deus é luz que guia na escuridão. É semente de paz, de justiça e perdão. (bis).

Ou:

É como a chuva que lava é como fogo que arrasa. Tua Palavra é assim, não passa por mim sem deixar um sinal.

- Primeira Leitura – Is 66,18-21
- Salmo: 116(117)
- Segunda Leitura – Hb 12,5-7.11-13
- Canto de Aclamação: a escolha...
- Evangelho – Lc 13 , 22-30

- Homilia: Pode ser feita em forma de Leitura Orante ( leitura – meditação- oração – contemplação/ação) a partir de um ou de todos os textos bíblicos proclamados. Importante: na hora da meditação (O que diz o texto para nós hoje?) fazer clara ligação com os elementos principais que CR nos ensinou: “catequese como processo de iniciação à vida de fé”; “interação fé e vida”; “Bíblia como livro por excelência da catequese”; “Catequese transformadora”; “opção preferencial pelos pobres”; “catequese inculturada”; “Catequese evangelizadora”; “catequese comunitária e integrada nas outras pastorais”, etc. 

(Obs: Em lugares onde não há padre pode-se também escrever em folhas de papel os elementos acima para serem refletidos entre todos).

- Profissão de Fé: enquanto os/as catequistas acendem as velas no Círio Pascal, motivar o mantra:

Canto: Ó luz do Senhor que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em nós. 

- Presidente:  (explica o sentido deste gesto)  para depois perguntar: Vocês creem em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra e assim o ensinam na catequese?

- Catequistas: Sim creio

- Presidente: Vocês creem em Jesus Cristo e o seguem com fidelidade, levando os catequisandos a fazer a experiência do Encontro com Ele?

- Catequistas: Sim creio e procuro seguir

- Presidente: Vocês creem no Espírito Santo que com o Pai e o Filho formam a melhor comunidade de amor e incentivam o espírito comunitário na catequese?

- Catequistas: Sim creio e incentivo.

- Presidente: Vocês creem que a Igreja-comunidade é caminho para a construção do Reino de Deus na história que leva ao Reino definitivo e ajudam a todos a vivenciar esta mesma fé?

- Catequistas: Sim creio e procuro testemunhar.

- Presidente: Esta é a fé da Igreja que no batismo recebestes. Renovai-a neste Ano da Fé e esforçai-vos para cultivá-la naqueles que vos foram confiados na catequese.

- Catequistas: Assim seja!

LITURGIA EUCARÍSTICA

- Apresentação das Oferendas

- Canto: Queremos oferecer (CD - avancem para águas mais profundas)

- Oração Eucarística – (segue normal até depois da comunhão).

RITOS FINAIS

Envio dos catequistas: Antes da Benção Final o presidente convida os/as catequistas a se colocarem diante do altar e lhes apresenta uma Bíblia aberta no qual todos/as colocam sua mão direita.

- Comentarista: Foi a CATEQUESE RENOVADA que abriu o caminho para a Palavra de Deus, tornando a Bíblia o livro por excelência da catequese. O/a Catequista é, por isso, considerado ministro da Palavra e sua missão é dar a conhecê-la para que seja amada e vivida. É importante que esse compromisso se renove constantemente...

Presidente: Animados pelo Espírito Santo e enviados pela comunidade continuai o caminho de educação da fé que tem sua fonte na Palavra de Deus. E que esta Palavra também seja Luz e força para realizar o serviço da construção de seu Reino de Fraternidade! 

Que o Senhor vos proteja e vos guarde,
Que faça iluminar sobre vós a sua face e vos dê a Paz!
(e dirigindo-se a todos): Abençoe-vos o Deus todo-poderoso, o Pai, o Filho e o Espírito Santo...

Todos:  Amém.


Canto final: a escolha...
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Fonte: CNBB

Pastoral da Criança celebra 30 anos com mais de 35 mil comunidades pelo Brasil


Para celebrar seus 30 anos será realizado um Congresso Nacional comemorativo em Aparecida (SP), de 27 de julho a 2 de agosto. O congresso, no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, vai reunir cerca de 500 participantes entre coordenadores da Pastoral da Criança nos estados, setores e núcleos, além da equipe nacional, assessores técnicos, palestrantes e outros convidados. Também participam do evento 20 representantes da Pastoral da Criança de vários países, entre eles Filipinas, Angola, Guatemala, República Dominicana, Peru e Paraguai. 

A Celebração dos 30 anos acontece no dia 29 com Missa na Basílica de Aparecida e sessão solene no Centro de Eventos, com a presença do cardeal dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário geral da CNBB; dom Aldo Di Cillo Pagotto, presidente do conselho diretor da Pastoral da Criança; irmã Vera Lúcia Altoé, coordenadora nacional da Pastoral da Criança; médico Nelson Arns Neumann, coordenador da Pastoral da Criança Internacional, bispos referenciais da Pastoral da Criança, autoridades civis e outras personalidades. 


Criada em 1983 pela médica pediatra e sanitarista Dra. Zilda Arns Neumann, hoje a entidade está presente em mais de 35 mil comunidades de todos os estados do Brasil e em mais 21 países da América Latina, África e Ásia. Reconhecida como uma das maiores organizações do mundo, a Pastoral da Criança trabalha em ações de combate às doenças e mortes infantis, melhoria da qualidade de vida das crianças e suas famílias. 

Congresso Nacional

Neste ano, o congresso de Aparecida substitui os encontros regionais que a entidade promove anualmente para avaliar as atividades e planejar as novas ações empreendidas pelos milhares de voluntários. O evento é uma oportunidade para fortalecer a missão, atualizar conhecimentos, trocar experiências e buscar maior compreensão das diversas realidades existentes no país, observou a coordenadora nacional da Pastoral da Criança, irmã Vera Lúcia Altoé. Com foco no desenvolvimento integral das crianças desde o ventre materno até os 6 anos, o programa do congresso inclui diversas oficinas e plenárias. A Centralidade da Infância, projeto que responde ao apelo dos bispos no Documento de Aparecida para que a infância seja destinatária de ação prioritária da Igreja, da família e do Estado é um dos destaques do programa.


A ampliação das ações de vigilância nutricional para prevenção da obesidade infantil; os cuidados nos primeiros mil dias (período da gestação mais os dois primeiros anos de vida) da criança e o sistema de geoprocessamento são outros temas das oficinas de formação contínua do congresso. As mudanças econômicas e sociais do país, como também o avanço das novas tecnologias são outras questões para reflexão no encontro de Aparecida, adiantou o gestor de relações institucionais Clóvis Boufleur. As mudanças, cada vez mais aceleradas, “afetam tanto as ações da Pastoral da Criança, como as famílias que acompanhamos”, observa. “Vamos debater como agregar as novas tecnologias ao processo de informação e comunicação para dar mais agilidade às ações da entidade ”, concluiu Boufleur.
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Fonte: CNBB

domingo, 30 de junho de 2013

No Ângelus, Papa lembra que Deus quer cristãos livres


ANGELUS
Praça São Pedro
Domingo, 30 de junho de 2013


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste domingo (Lc 9, 51-62) mostra uma passagem muito importante na vida de Cristo: o momento no qual – como escreve São Lucas – “Jesus toma a firme decisão de colocar-se em caminho rumo a Jerusalém” (9, 51). Jerusalém é a meta final, onde Jesus, em sua última Páscoa, deve morrer e ressuscitar, e assim cumprir a sua missão de salvação.

Daquele momento, depois da “firme decisão”, Jesus fixa a meta, e também às pessoas que encontra e que pedem para segui-Lo, diz claramente quais são as condições: não ter uma moradia permanente; desapegar-se dos afetos humanos; não ceder à nostalgia do passado.


Mas Jesus diz também aos seus discípulos, encarregados de precedê-lo no caminho rumo a Jerusalém para anunciarem a sua passagem, para não imporem nada: se não encontrarem disponibilidade de acolhê-Lo, que prossigam, sigam adiante. Jesus não impõe nunca, Jesus é humilde, Jesus convida. Se você quer, vem. A humildade de Jesus é assim: Ele convida sempre, não impõe.

Tudo isto nos faz pensar. Isso nos diz, por exemplo, a importância que, também para Jesus, teve a consciência: o escutar no seu coração a voz do Pai e segui-la. Jesus, na sua existência terrena, não era, por assim dizer, “telecomandado”: era o Verbo encarnado, o Filho de Deus feito homem, e em certo ponto tomou a firme decisão de sair para Jerusalém pela última vez; uma decisão tomada na sua consciência, mas não sozinho: junto do Pai, em plena união com Ele! Decidiu em obediência ao Pai, em escuta profunda, íntima da sua vontade. E por isto a decisão era firme, porque tomada junto com o Pai. E no Pai Jesus encontrava a força e a luz para o seu caminho. E Jesus era livre, naquela decisão era livre. Jesus quer nós cristãos livres como Ele, com aquela liberdade que vem deste diálogo com o Pai, deste diálogo com Deus. Jesus não quer cristãos egoístas, que seguem o próprio “eu”, não falam com Deus; nem cristãos fracos, cristãos que não têm vontade, cristãos “telecomandados”, incapazes de criatividade, que buscam sempre conectar-se com a vontade do outro e não são livres. Jesus nos quer livres e esta liberdade acontece onde? Acontece no diálogo com Deus na própria consciência. Se um cristão não sabe falar com Deus, não sabe sentir Deus na própria consciência, não é livre, não é livre.

Por isto devemos aprender a escutar mais a nossa consciência. Mas atenção! Isto não significa seguir o próprio “eu”, fazer aquilo que me interessa, que me convém, que me agrada… Não é isto! A consciência é o espaço interior da escuta da verdade, do bem, da escuta de Deus; é o lugar interior da minha relação com Ele, que fala ao meu coração e me ajuda a discernir, a compreender o caminho que devo percorrer e, uma vez tomada a decisão, a seguir adiante, a permanecer fiel.

Nós tivemos um exemplo maravilhoso de como é esta relação com Deus na própria consciência, um recente exemplo maravilhoso. O Papa Bento XVI nos deu este grande exemplo quando  o Senhor o fez entender, na oração, qual era o passo que devia seguir. Seguiu, com grande senso de discernimento e coragem, a sua consciência, isso é, a vontade de Deus que falava ao seu coração. E este exemplo do nosso Padre faz tanto bem a todos nós, como um exemplo a seguir.

Nossa Senhora, com grande simplicidade, escutava e meditava no íntimo de si mesma a Palavra de Deus e aquilo que aconteceu com Jesus. Seguiu o seu Filho com íntima convicção, com firme esperança. Ajude-nos, Maria, a transformar-nos sempre mais homens e mulheres de consciência, livres na consciência, porque é na consciência que se dá o diálogo com Deus; homens e mulheres capazes de escutar a voz de Deus e de segui-la com decisão, capazes de escutar a voz de Deus e de segui-la com decisão.
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Fonte: Boletim da Santa Sé

Tradução: Jéssica Marçal

Papa fala aos jovens sobre caminho para crescer na amizade com Cristo


MENSAGEM
Mensagem do Papa Francisco aos jovens reunidos para a “Sexta Jornada dos Jovens” da Lituânia (28-30 de junho) em Kaunas
Domingo, 30 de junho de 2013


Queridos jovens lituanos!

Tenho o prazer de fazer-me espiritualmente presente em meio a vós e de dirigir-vos a minha afetuosa saudação por ocasião da “Sexta Jornada dos Jovens”, que lhes traz reunidos tão numerosos em Kaunas. Um particular pensamento dirijo a quantos entre vós estão percorrendo o caminho da plena dedicação a Deus no sacerdócio e na vida consagrada, como também a todos aqueles que estão comprometidos no serviço dos últimos através das múltiplas formas de voluntariado. Saúdo e agradeço os vossos Pastores, que programaram estes dias especiais de oração e de reflexão, centrados no tema “Chamei-vos amigos” (Jo 15, 15).


Propriamente partindo desta palavra do Senhor, gostaria de oferecer-vos breves pensamentos para o vosso crescimento espiritual e a vossa missão dentro da Igreja e no mundo. Jesus quer ser amigo de vocês, vosso irmão, mestre de verdade e de vida que revela a vocês o caminho a percorrer para alcançar a felicidade, a realização de vocês mesmos segundo o plano de Deus sobre cada um de vocês. E esta amizade de Jesus, que nos leva à misericórdia, ao amor de Deus, é “gratuidade”, dom puro. Ele não vos pede nada em troca, pede-vos somente para acolhê-la. Jesus quer amar-vos pelos que vocês são, mesmo nas vossas fragilidades e fraquezas, para que, tocados pelo seu amor, vocês possam ser renovados.

O encontro com o amor de Deus na amizade de Cristo é possível, antes de tudo, nos Sacramentos, em particular a Eucaristia e a Reconciliação. Na Santa Missa nós celebramos a memória do sacrifício do Senhor, o seu doar-se totalmente para a nossa salvação: ainda hoje Ele realmente doa o seu corpo por nós e derrama seu sangue para redimir os pecados da humanidade e fazer-nos entrar em comunhão com Ele. Na Penitência, Jesus nos acolhe com todos os nossos limites, leva-nos à misericórdia do Pai que nos perdoa, e transforma o nosso coração, tornando-o um coração novo, capaz de amar com Ele, que amou os seus até o fim (cfr Jo 13, 1). E este amor manifesta-se na sua misericórdia. Jesus sempre nos perdoa.

Outro caminho privilegiado para crescer na amizade com Cristo é a escuta da sua Palavra. O Senhor nos fala no íntimo da nossa consciência, fala-nos através da Sagrada Escritura, fala-nos na oração. Aprendam a permanecer em silêncio diante Dele, a ler e meditar a Bíblia, especialmente os Evangelhos, a dialogar com Ele todos os dias para sentir a sua presença de amizade e de amor. E aqui gostaria de destacar a beleza de uma oração contemplativa simples, acessível a todos, grandes e pequenos, cultos e pouco instruídos; é a oração do Santo Rosário. No Rosário nós nos dirigimos à Virgem Maria para que nos guie a uma união sempre mais estreita com o seu Filho Jesus para estarmos de acordo com Ele, ter os seus sentimentos, agir como Ele. No Rosário, na verdade, repetindo “Ave Maria”, nós meditamos os Mistérios, os acontecimentos da vida de Cristo para conhecê-Lo e amá-Lo sempre mais. O Rosário é um instrumento eficaz para abrir-nos a Deus, porque nos ajuda a vencer o egoísmo e a levar a paz nos corações, nas famílias, na sociedade e no mundo.


Queridos jovens, o amor de Cristo e a sua amizade não são uma ilusão – Jesus na Cruz mostra o quanto são concretos – nem são reservados a poucos. Vocês encontrarão esta amizade e experimentarão toda a fecundidade e a beleza se as buscarem com sinceridade, vocês se abrirão com confiança a Ele e cultivarão com compromisso a vossa vida espiritual aproximando-se dos Sacramentos, meditando a Sagrada Escritura, rezando constantemente e vivendo intensamente na comunidade cristã. Sintam-se parte da Igreja, comprometidos com a evangelização, em união com os irmãos na fé e em comunhão com os vossos Pastores. Não tenham medo de viver a fé! Sejam testemunhas de Cristo nos vossos ambientes cotidianos, com simplicidade e coragem. A quem encontrarem, aos vossos pares, saibam mostrar, sobretudo, a Face de misericórdia e de amor de Deus, que sempre perdoa, encoraja, dá esperança. Estejam sempre atentos aos outros, especialmente às pessoas mais pobres e mais frágeis, vivendo e testemunhando o amor fraterno, contra todo egoísmo e fechamento. O vosso Patrono São Casimiro vos ajude a buscar e a levar Cristo sem nunca se cansarem. Seja para vocês um apoio nesse caminho a presença materna de Maria, e acompanhe-vos a minha benção, que de coração concedo a todos vocês, estendendo-a a toda a Lituânia.
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Fonte: Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

sábado, 29 de junho de 2013

Pedro e Paulo


Toda instituição e toda construção deve ter, como fundamento, uma base sólida, dando garantia e estabilidade para sua existência. São Pedro e São Paulo são pilares da Igreja, ambos martirizados em Roma e ali sepultados, um na Basílica de São Pedro, e outro, na de São Paulo fora dos muros.

Pedro representa a instituição Igreja, conforme as palavras de Jesus: “... eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja...” (Mt 16, 18). Paulo representa a missão da Igreja. É só olhar o livro dos Atos dos Apóstolos e encontrar suas viagens missionárias, indo ao encontro das comunidades cristãs. Celebrar a festa desses dois mártires significa revitalizar a Igreja na sua identidade e missão de ser um grande instrumento de construção do Reino de Deus. Sua força não está na aparência, no comodismo e no carreirismo, mas no martírio, no sacrificar-se pelo outro, no assumir a cruz, construindo vidas com dignidade.

Organizadores tentam defender os corruptores da juventude que convidaram para os atos centrais da JMJ!


A respeito de uma nota (que se encontra no Facebook - também aqui) (a nota foi removida) redigida pelo revmo. pe. Renato Martins, «Diretor Executivo do Setor Atos Centrais JMJ RIO 2013», sobre a escandalosa escolha de alguns «artistas» mundanos para participarem da JMJ, é preciso dizer quanto segue:

Me entristeceu profundamente, as mensagens postadas nas redes sociais, mensagens enviadas por WhatsApp e outros meios de comunicação. Católicos atacando cristãos!

A nós, o que nos entristeceu profundamente foi ver a completa falta de senso dos organizadores da JMJ, que não têm vergonha em emporcalhar um evento católico com personalidades imorais e parecem não ver problema em consagrar um espaço de evangelização à divulgação do estilo de vida anti-católico encarnado pelos «artistas famosos» aos quais a organização da JMJ parece julgar importante dar vez e voz.
 
Também estarão na Jornada, alguns artistas famosos que ofereceram seus dons voluntariamente, para participarem deste projeto, por acreditarem que a JMJ, é uma grande oportunidade de transformação da juventude e da sociedade. Qual o pecado que há nisto?

O pecado está no fato de que estes «artistas famosos» são conhecidos expoentes de tudo o que existe de mais podre na sociedade contemporânea, justamente aquelas coisas que são mais combatidas pela Igreja Católica. O pecado está no fato de que a mensagem passada por estes «artistas» em suas aparições públicas, para além de quaisquer características de suas vidas particulares (que não conhecemos e não vêm ao caso), é justamenteuma mensagem de corrupção da juventude e degeneração da sociedade. O pecado reside no fato de que a «transformação da juventude e da sociedade» propagada pela Igreja é exatamente o contrário da “transformação” que estes artistas realizam quotidianamente com sua vida pública e, portanto, é um escândalo que eles recebam palco na JMJ para propagar a sua obra de apodrecimento da moral e dos bons costumes. O pecado, enfim, está no fato de que parece que não existe ninguém com um mínimo de bom senso na Organização da Jornada, uma vez que, não satisfeitos em realizar um escândalo de proporções diabólicas, ainda vêm a público defendê-lo e atacar os católicos que se sentem ofendidos com este vitupério às coisas sagradas e esculhambação de um evento voltado à evangelização da juventude!

Em meio a tantas criticas, me chamou atenção as dirigidas ao jovem Luan Santana! Porque criticar a participação de um jovem, que conquistou a fama de forma honesta, começou a trabalhar tão novo desejando conquistar os seus sonhos?

O «jovem Luan Santana» é o garoto que, como mostramos, faz apologia à sexualidade livre (e até ao estupro!) em suas músicas e canções [p.s.: e que se gaba publicamente de ter uma coleção de roupas íntimas das suas fãs (!) e de manter esporadicamente relações sexuais com elas após os seus shows (!!)]. Dizer que isso é uma «forma honesta» de «trabalhar» e «conquistar os seus sonhos» (sic!) é um escárnio a tantos jovens que, estes sim, trabalham anonimamente de forma honesta e digna e, longe dos holofotes da mídia, esforçam-se na medida de suas capacidades para serem sal da terra e luz do mundo. Na contramão dos esforços dessa juventude sadia e honesta estão «artistas» como o Luan Santana, ofendendo a Deus com suas canções desonestas e conduzindo uma juventude perdida ao redemoinho do hedonismo e do sexo desenfreado tão eloqüentemente louvados nas músicas e shows do jovem cantor. Desgraçadamente, esta juventude honesta não tem quem a represente ou defenda, e ainda precisa aturar sacerdotes responsáveis pela organização de um evento católico da magnitude da JMJ defenderem as imoralidades encarnadas por certos «artistas famosos» que dedicam as suas vidas à descristianização da sociedade brasileira!

Mesmo assim, isso seria motivo para criticar tão duramente a participação de um “pecador” se assim desejarem chama-lo? Se alguns pensam que sim, eu discordo! Relembrem o que disse Jesus: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento.

Os pecados do Luan Santana não estão em questão, e sim precisamente amensagem que o jovem dedica a vida a transmitir com suas músicas lascivas e libertinas. Nosso Senhor andava com os publicanos e as prostitutas, sim, mas os convidava a abandonarem a sua vida de pecados. Sinceramente, defender a participação na JMJ de indivíduos publicamente conhecidos pela defesa e promoção de um estilo de vida em tudo contrário ao que ensina a Santa Igreja é um sofisma diabólico dos mais grosseiros, que estamos acostumados a encontrar nos lábios dos escarnecedores e inimigos de Cristo mas que, na pena de um sacerdote católico, é um doloroso golpe aos católicos e uma terrível ofensa a Nosso Senhor.

Se o nosso comprometimento com Cristo fosse tão forte, como as criticas que saem de nós, não precisaríamos de uma Jornada Mundial da Juventude! Não seria preciso que o Papa nos relembrasse a ordem do Senhor: Ide e fazei discípulos entre todas as nações! Estaríamos tão imersos nesse compromisso de fazer discípulos, que não procuraríamos excluir os discípulos!

Mais uma vez, estas palavras são uma piada de mau gosto. Não existem “discípulos” a serem “excluídos” aqui, e sim porta-vozes de uma sociedade degenerada aos quais nós achamos necessário, sim, negar os palcos e os holofotes que deveriam estar voltados para as mensagens cristãs das quais a nossa juventude está tão sedenta justamente porque os seus olhos e ouvidos são diuturnamente bombardeados pelo lixo moral que toca nas nossas rádios e aparece em nossas televisões – o mesmíssimo lixo moral que os organizadores da JMJ parecem empenhados em reverberar ao mundo inteiro através dos atos oficiais da Jornada Mundial da Juventude. Se o Luan Santana (ou quem quer que seja) quiser participar como peregrino da JMJ, será muitíssimo bem-vindo! No entanto, dar-lhe palco e conferir (mesmo tacitamente) uma aprovação moral ao estilo de vida depravado que o seu trabalho (dito “honesto”!) apregoa Brasil afora é criminoso, é um ultraje à Igreja de Cristo e uma zombaria a Nosso Senhor.


Não precisamos do tom afetado destas notas públicas eivadas de orgulho ferido que intentam lançar sobre católicos honestos a responsabilidade pelo escândalo que a Organização da JMJ – e somente ela – provocou com estas ultrajantes escolhas de «artistas» imorais para “representar” a juventude católica brasileira diante do mundo inteiro. Repito o que já disse antes: se restasse um mínimo de decência aos responsáveis por esta infâmia, estes representantes do que existe de pior na nossa Pátria seriam imediatamente “desconvidados” e seria emitido um mea culpa público por esta deplorável atitude com a qual os organizadores da Jornada envergonharam perante o mundo os católicos do Brasil.
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Nota da Pastoral da Juventude sobre a "Tenda das Juventudes"


O coletivo de organizações que tem sonhado e construído a TENDA DAS JUVENTUDES durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro/RJ, em julho de 2013, vem por meio desta carta aberta, comunicar algumas questões e mudanças a respeito deste projeto, aprovado como atividade oficial pelo Comitê Organizador Local da JMJ para o Festival da Juventude.

Tendo clareza que a atividade é promovida por organizações eclesiais da sociedade civil, informamos que estamos modificando o local do evento, que anteriormente estava previsto para acontecer no Galpão do Comitê da Ação da Cidadania, no bairro da Saúde, e que agora acontecerá naParóquia Santa Bernadete, na Av. dos Democráticos, 896, no bairro Higienópolis, Rio de Janeiro/RJ.


A decisão de mudança do local aconteceu após posicionamentos equivocados da Superintendência de Juventude do Estado do Rio de Janeiro, até então parceira do evento e responsável pela locação do espaço. Listamos a seguir alguns dos pontos que motivaram a mudança de local e retirada da Superintendência de Juventude da lista de parceiros do evento:
Dificuldade de clareza de que a atividade é de promoção de organizações eclesiais da sociedade civil e não do Governo do Estado.

Alteração da programação sem contato prévio e organização do espaço a partir de pautas e demandas impostas pelo Governo do Estado do RJ, não respeitando a elaboração construída pelas organizações eclesiais e ainda propondo atividades em horários que conflitariam com as catequeses e os atos centrais da JMJ.

Imposição da presença de representantes do Governo Estadual em todas as mesas de diálogo.

Exigências quanto ao uso das marcas do Governo do Estado do RJ em relação às demais organizações presentes na construção do projeto.

Cerceamento de momentos celebrativos na programação proposta pelas organizações, dificultando os momentos de oração previstos no formulário de inscrição das atividades do COL da JMJ.

Ressaltamos o nosso comprometimento com a proposta evangelizadora da Jornada Mundial da Juventude e declaramos que NÃO ESTAMOS DISPOSTOS A COLOCAR NOSSOS PRINCÍPIOS CRISTÃOS E ÉTICOS EM TROCA DE QUALQUER QUE SEJA O APOIO FINANCEIRO E MATERIAL.

É importante destacar que a nossa atividade é aprovada para acontecer na JMJ, com a oficialidade do COL e confirmação para o Guia do Peregrino, sendo assim solicitamos que qualquer comunicado a respeito de nosso evento na JMJ seja feito diretamente com a Pastoral da Juventude, por meio de sua secretaria nacional[1].

Portanto, caso aconteça alguma atividade durante a JMJ no Galpão do Comitê da Ação da Cidadania promovida pelo Governo do Estado, deixamos claro que não há nenhuma participação das organizações responsáveis pela Tenda das Juventudes e que assinam esta carta. Compreendemos também que a realização de tal atividade fere o processo de inscrição de atividades previstas para o Festival da Juventude, assim como a legislação vigente do município do Rio de Janeiro que não permite a realização de atividades além das aprovadas para a JMJ.

Desde já, contamos com a compreensão de todos/as e nos colocamos à disposição para qualquer esclarecimento.


Brasília/DF, 29 de junho de 2013.


Pastoral da Juventude (PJ)

Juventude Franciscana (JUFRA)

Cáritas Brasileira

Cajueiro - Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em Juventude

Rede Ecumênica da Juventude (REJU)

Irmandade dos Mártires da Caminhada

Setor Pastoral da PUC/RJ
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[1] Dentro do coletivo das organizações eclesiais promotoras da atividade, a Pastoral da Juventude foi a responsável pelos encaminhamentos junto ao COL, sendo assim o contato de referência neste processo é Thiesco Crisóstomo, secretário nacional da PJ, por meio do e-mail: secretarianacional@pj.org.br.
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A crise do Sistema Representativo: para se entender a voz das ruas


O Brasil assiste, após quase duas décadas, a um grande movimento social que precisa ser entendido à luz do processo político que nosso país tem experimentado nos últimos anos.

Milhões de brasileiros estão nas ruas para reivindicar uma pauta enormemente difusa, que vai desde a redução da tarifa de transporte coletivo até mesmo uma ampla reforma política. Muitos de nós temos sido surpreendidos com a diversidade de pautas desse turbilhão de manifestações e nos perguntamos qual a motivação maior desse fenômeno.

Na verdade, a grande maioria dos manifestantes tem expressado de forma pacífica seu descontentamento com a inércia dos poderes públicos em realizar autênticas transformações na estrutura do Estado. Parece que o sistema representativo não está garantindo que a energia transformadora siga seu curso normal e se transforme em efetiva mudança para o bem viver da sociedade brasileira. O que está acontecendo no Brasil de hoje é um sucateamento do transporte público, da assistência médica às populações e desleixo para com a educação. Isso sem falar sobre os históricos problemas de concentração de renda e de meios de produção. Crise urbana e crise rural se sobrepõem claramente. Só que a implementação de mudanças efetivas depende de como se estrutura o Estado e como nele se movimenta o processo decisório na esfera política.


A mediação política tem se tornado ineficiente e arcaica no Brasil. Entendendo o processo político como um canal que transforma reivindicações e anseios da sociedade em políticas efetivas, temos hoje o descolamento entre o processo reivindicatório e a implementação de mudanças. E isso exatamente porque não interessa à classe política - ou pelo menos à sua maior parte - desempenhar o papel que lhe foi conferido pelos eleitores. Por trás dessa inépcia existem causas que não têm sido mexidas. Hoje ninguém desconhece que não se faz política sem dinheiro. Um candidato a vereador não passa no funil eleitoral se não gastar algumas dezenas de milhares de reais e, na medida em que a instância representativa vai se elevando, milhões de reais. Dai a pergunta: quem financia? Geralmente empresários. E empresários tem interesses e cobram estes interesses dos mandatários. O preço dessa troca sempre vem em detrimento do cidadão e alguns políticos entram nesse circulo vicioso e não querem contrariar interesses de seus mecenas. Por isso não pode haver reformas estruturais. Quanto menos reformas menos contrariedades e riscos. E a culpa recai sempre na velha governabilidade! 

Outro nefasto processo é a gestão da coisa pública. Contratos milionários - como, por exemplo, os da Copa do Mundo ou das Olimpíadas - sugam recursos públicos que, se sabe, poderiam se destinar a obras de infraestrutura e melhoria dos serviços básicos da população. Isso sem falar nos acordos sub-reptícios entre empreiteiros e gestores públicos onde os primeiros cobram mais para poder cobrir as despesas com intermediação política e burocrática. Diante de um quadro desses, aceito com tanta naturalidade, a paciência vai se esgotando. Nossa juventude está nas ruas porque tem projetos mais ousados para o Brasil. Não cabe a falácia de que a juventude não quer saber de política. Nossa juventude quer saber sim de política e esta com P maiúsculo. Não basta pertencer ou confessar programas partidários. É necessário se comprometer com mudanças. O Brasil não mudará se ficarmos nas medidas apenas cosméticas, sem uma clara mudança estrutural.

As considerações acima não querem, é bom que se ressalte, negar a legitimidade dos partidos políticos, mas apenas qualificar a ação política deles. Não se vive um sistema democrático sem partidos. Querer eliminar os partidos é proposta que só interessa a quem tem ambições totalitárias. O que se quer, na verdade, é que a democracia deixe de ser apenas representativa, num modelo em que o voto seja a única mediação entre eleitores e mandatários. O poder deve ser exercido pelo povo e o voto jamais deve ser uma procuração em branco para seus representantes. Desvios de parlamentares e governantes devem ser efetivamente cobrados e não se pode esperar apenas a próxima eleição para se revogar mandatos.

Por isso a reforma política do estado brasileiro deve passar por uma radical mudança no alicerce da representação. Acabar de vez com o financiamento privado de campanhas políticas pode ser um bom começo. Acabar com a autogestão administrativa dos poderes é outra pedra angular dessa reforma, evitando assim a farra de aumentos salariais das casas legislativas e do Judiciário. Acabar com as famigeradas mordidas orçamentárias das emendas parlamentares, foco de muitas negociações espúrias em troca de apoio político. Estabelecimento de parâmetros entre a classe trabalhadora e os parlamentares, eliminando vantagens adicionais exorbitantes no exercício do mandato, através de auxílio disso e daquilo. Acabar com voto secreto no exercício de mandatos, que ocultam muitas vezes acordos políticos dos mais variados, e garantindo à sociedade o efetivo controle de seus representantes.

A qualidade da política no Brasil não avançará sem estas e outras mudanças necessárias. Não adianta sermos uma Ferrari na euforia do boom econômico se a nossa máquina política tem motor 1.0. A oportunidade histórica está aí e não podemos perdê-la. Uma democracia madura não se constrói sem a clara implementação de seu princípio básico: todo o poder emana do povo e em seu nome (e junto com ele) será exercido (com transparência).

Este é um grito que está nas ruas.

É preciso ouvi-lo!


Artigo escrito pelo 1° vice-presidente do CONIC,
o bispo anglicano dom Francisco de Assis da Silva (IEAB).
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Fonte:CONIC