terça-feira, 20 de agosto de 2013

Uma Igreja crucificada

A via-crucis da Igreja de Cristo não sugere a sua morte, mas sua ressurreição.

A dolorosa via-sacra da Igreja de Cristo parece atravessar uma de suas piores tormentas destes dois milênios de história. A velha barca de Pedro segue seu percurso e assim refaz os passos do Mestre, cheio de cruzes, quedas e mortificações. De um ambiente afável, no qual a fé cristã encontrava mãos estendidas para acolhê-la, passou-se a uma esfera hostil, na qual punhos cerrados estão a todo instante desferindo seus golpes, seja com pedras e tochas de fogo em Catedrais, seja com calúnias e zombarias nas manchetes da imprensa. É uma situação dramática que suscita, acima de tudo, almas virtuosas, de vidas limpas e inteligências simples, que tenham a ousadia de pôr termo ao suicídio da sociedade que se avizinha e ameaça arrastar consigo a própria Igreja e o seu futuro.

No deserto que forjou a santidade de Santo Antão, a fumaça que cobre os céus do Egito, decorrente dos incêndios premeditados contra igrejas cristãs, lembra a caçada de Nero aos primeiros filhos do cristianismo e obriga o Santo Padre, não sem peso no coração, a reconhecer que "o tempo dos mártires não acabou". É a tragédia anunciada da primavera árabe, que se ergue em sangue e fogo contra aqueles que consideram seus inimigos. Milhares de cristãos mortos e templos profanados são o saldo até o presente momento da aventada libertação. E enquanto o morticínio caminha sem freios nas areias do Oriente Médio, no novo mundo o silêncio cínico da classe falante mantém-se inquebrantável e logo confirma a frase do tantas vezes caluniado - por essas mesmas pessoas, importante frisar - Pio XII: "Nada se perde com a paz, tudo se perde com a guerra".

A intelligentsia modernista, ávida a cumprir o projeto gramsciano de dominação, cujos princípios se aglutinam à estratégia de infiltração da Igreja e esvaziamento de seu conteúdo espiritual tradicional, a fim de transformá-la num palanque político, não poupa esforços no trabalho de corrupção de valores e distorção de palavras. Cospem todo tipo de bobagens, mesquinharias e intrigas, ora se fazendo de amigos, ora ladrando como verdadeiros cães de briga, sobretudo quando a eles se contrapõe à objetividade e à clareza do Magistério dos Papas. Da boca de um deles, a confissão reveladora: "Zombaremos de Jesus, mas não de Maomé".



E se fora dos muros da Igreja prossegue o colapso, dentro dela não é diferente. De repente, os mais ferrenhos inimigos do papado e da Sã Doutrina se convertem nos mais profícuos papistas, pontificando novos dogmas e teorias que nem de longe se assemelham ao pensamento do Sumo Pontífice. Ao mesmo tempo, pululam os oráculos da verdade que, cheios de certeza, imputam a dúvida a qualquer gesto e palavra de Roma, menos às suas próprias ideias e concepções que, para eles, são a genuína expressão do catolicismo e, portanto, questioná-las seria flertar com a heresia. Assim, tencionam objeções entre um e outro Papa, como se estes fossem antagonistas e não sucessores do mesmo Apóstolo e Chefe da Igreja. Louvam a pobreza, mas continuam ricos, exaltam a humildade, mas vivem na soberba, sempre teorizando suas análises de conjuntura e deleitando-se com a crítica impiedosa, cuja base verifica-se mais nas cartilhas ideológicas marxistas e liberais do que no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Essas sombras perturbadoras às quais Paulo VI se referiu como "fumaça de Satanás" fragilizam a fé de inúmeros católicos e provocam a incerteza. Sobra alguma chance para a Boa Nova de Cristo? É preciso dizer que sim. Se a Barca de Pedro "parece uma barca que está para afundar, uma barca que mete água por todos os lados"01e ameaça ruir sob os golpes simultâneos tanto dos de fora, quanto dos de dentro, no extremo oposto, há quem permaneça fiel à promessa irrevogável de Cristo de que "as portas do inferno não prevalecerão", como permaneceram todos os santos ao longo desses dois mil anos. E se há aqueles que propagam o desânimo e a moleza, há também aqueles que ainda ousam fazer guerra ao inferno com a Palavra de Deus.

Foi o enfrentamento bárbaro contra as heresias que obrigou a Igreja, no decurso de sua peregrinação nesta terra, a sair do comodismo e do estado de letargia no qual ameaçava cair de tempos em tempos. Desse processo de renovação, sempre emergiu uma espiritualidade nova, radicada na fidelidade e na disciplina, cuja sensibilidade pastoral se revelava ainda mais penetrante que no passado. Pode-se dizer, assim, que as palavras de São Paulo se confirmam em todas essas circunstâncias: "É necessário que entre vós haja partidos para que possam manifestar-se os que são realmente virtuosos" (Cf. I Cor 11, 19). Este é, para desgraça dos hereges e, por conseguinte, do diabo, o paradoxo de uma instituição guiada pelo Espírito Santo: não importa o número de cruzes, pois ao terceiro dia, sempre haverá a ressurreição!


Anistia Internacional pede que governo tome medidas que garantam segurança dos cristãos coptos


A Anistia Internacional pediu nesta terça-feira às autoridades egípcias, que tomem “medidas imediatas” para garantir a segurança dos cristãos coptos no Egito, diante de um “aumento sem precedentes” da violência sectária em todo o país.

“É uma negligência grandiosa que as forças de segurança egípcias tenham fracassado na hora de evitar estes ataques sectários e em proteger os cristãos coptos”, afirmou hoje o Diretor Adjunto do Programa da Anistia Internacional para o Oriente Médio e África do Norte, Hassiba Hadja Sahraui.

A organização pediu que os ataques contra os cristãos coptos no Egito sejam investigados e que os responsáveis sejam levados diante de um tribunal. Os ataques começaram após os enfrentamentos ocorridos na quarta-feira passada entre o exército egípcio e manifestantes da irmandade Muçulmana favoráveis ao deposto Presidente Morsi.

“Na atual situação política, tanto as autoridades egípcias como as lideranças da Irmandade Muçulmana fracassaram de maneira vergonhosa na hora de evitar e conter os ataques indiscriminados contra os cristãos coptos”, observou Sahraui.



Segundo o responsável da Anistia Internacional, “condenar a violência não é suficiente” e os “trágicos ataques não surpreenderam, dada a linguagem sectária e incendiária usada por alguns simpatizantes do deposto Presidente Mohamed Morsi”. “Os ataques contra os cristãos coptos devem ser investigados e os responsáveis devem ser levados à justiça”, defendeu.

A comunidade copta sofreu agressões no Egito desde o início dos distúrbios no Cairo, em 14 de agosto passado. Alguns cristãos foram assassinados e igrejas, mosteiros, hospitais, casas e negócios foram atacados e queimados.



Segundo a Anistia internacional, 38 igrejas foram incendiadas e 23 sofreram danos parciais em todo o país. Também dezenas de casas e negócios foram saqueados ou queimados. Somente na Província de Minya, onde a situação é “especialmente desesperadora”, foram registrados mais de 20 ataques contra igrejas enquanto outros aconteceram em Alexandria, na Província de Assiut, na cidade de Beni Suef, Fayum, Gida, Norte do Sinai e Suez. (JE)
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Cristãos vivem dias de terror, depois de onda de violência da semana passada no Egito


É imensa a lista de igrejas, casas e lojas de cristãos que foram alvo de ataques, na semana passada, instigados pela Irmandade Muçulmana que acusa a comunidade cristã de ser responsável pelo afastamento do presidente Mohammed Mursi pelos militares. 

Segundo o padre Rafic Greiche, porta-voz da Igreja Católica no Egipto, há pelo menos 49 igrejas queimadas (ortodoxas, católicas e protestantes) – número que pode crescer, consoante os relatos, até a cerca de uma centena – e dezenas de assaltos confirmados a instituições, mosteiros, escolas e lojas de cristãos, desde o Suez, a Minya e de Sohag a Assuit.

Para já, e apesar de uma relativa acalmia, segundo o Bispo copta-católico Kyrillos William, de Assiut, “os cristãos continuam fechados em casa, receosos do que lhes possa acontecer”.

Em declarações à Fundação AIS, D. William acusa os países ocidentais de ignorarem os ataques de que a comunidade cristã tem vindo a ser alvo. “Os governos ocidentais não vêem a realidade que se está a passar aqui”, sublinhando que “um grupo de terroristas usou armas contra nós. [Os governos ocidentais] não deveriam apoiar isto”.

E acrescentou: “Os [Irmãos Muçulmanos] pensam que os Cristãos são a causa do afastamento de Mursi. Mas os Cristãos não estavam sozinhos. 35 milhões de pessoas saíram para as ruas para se manifestarem contra Mursi…” E conclui, afirmando que, neste momento, “os Cristãos estão a ser castigados” e transformaram-se no “bode-expiatório” de toda esta situação, destacando, porém, o apoio verificado pela maioria da população muçulmana, assim como das autoridades.

Ontem, o Patriarca Copta-Católico Ibrahim Sidrak, de Alexandria, emitiu um comunicado apelando “aos esforços de todos na protecção da nossa pátria”.


Também D. William sublinhou a necessidade de não se confundir a população muçulmana moderada com os radicais islâmicos. “O nosso povo é próximo dos Muçulmanos moderados. Quando os fundamentalistas vieram em perseguição dos Cristãos na parte antiga da cidade [de Assiut], os Muçulmanos afastaram-nos recorrendo às armas. Noutras cidades, Cristãos e Muçulmanos vieram proteger as igrejas e aí ficaram durante todo o dia”.


Por sua vez, o Bispo de Giza, Aziz Muna, em declarações à Rádio Vaticano, não teve dúvida em afirmar que os ataques contra a comunidade cristã foram perpetrados pela Irmandade Muçulmana e que este movimento político está ligado à organização terrorista Al Qaeda e ao Hamas.

Segundo este prelado, os Irmãos Muçulmanos acreditavam que, “atacando as igrejas, os Cristãos entrariam em conflito com o Governo e o Exército, e que assim explodiria a desordem em todo o país”.

D. William reconhece que os ataques eram de alguma forma previsíveis, “mas não a este nível de brutalidade”. “Em Luxor, no dia 16 - recorda o Bispo D. Joannes Zakaria, à Fundação à AIS -, um protesto islâmico assumiu proporções assustadoras quando os extremistas tentaram forçar a entrada na residência episcopal e incendiá-la, mas as forças armadas intervieram “e salvaram-nos, graças a Deus”. Neste momento, todas as igrejas estão fechadas. “Eu, os sacerdotes, as religiosas e os leigos não podemos deslocar-nos. Ficamos em casa para evitar qualquer espécie de violência.”


O Bispo D. Zakaria apelou, também através da Fundação AIS, às orações dos cristãos de todo o mundo. “Precisamos da oração de todos para resolvermos os nossos problemas. É o futuro das nossas crianças que nos preocupa, para que bons Cristãos e Muçulmanos possam viver juntos.”
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'Renunciei porque Deus me disse', disse Bento XVI


Talvez ele precisasse de respirar um ar diferente daquele dos Jardins do Vaticano, ou, ao terminar o verão, ele quisesse rever a casa onde passou oito verões e apreciar a vista do Lago Albano. O fato é que Bento XVI se permitiu uma curta viagem até Castel Gandolfo, vila que é a residência de verão dos papas desde o papa Urbano VIII, onde passou os primeiros dois meses após a renúncia do ministério petrino.

O papa emérito - de acordo com relatos de fontes do Vaticano - passou cerca de três horas na cidade, caminhou nos jardins do palácio, recitou o rosário e assistiu a um concerto de piano. Retornou à noite para o mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, onde decidiu viver "escondido do mundo" após a decisão histórica de 11 de Fevereiro.

Acompanharam Bento XVI seus “anjos da guarda": as memores domini, Loredana, Carmela, Cristina e Manuela, quatro leigas consagradas, do movimento Comunhão e Libertação, que cuidavam do apartamento, da capela e do guarda-roupa de Ratzinger nos anos de seu pontificado, e continuam a ajudá-lo, mesmo agora, após a renúncia.

Papa Francisco teria"cedido" o lugar ao predecessor, convidando-o para passar o verão, nas colinas Albani, já que ele ficaria em Roma por "compromissos de trabalho". O papa emérito recusou o convite, evitando assim o possível rumor de uma transferência e mantendo o perfil discreto.

Cerca de seis meses após o anúncio que chocou o mundo, a decisão de Ratzinger de viver uma vida oculta ainda suscita reflexões e questionamentos. Alguns tiveram o privilégio de ouvir dos lábios do papa emérito as razões desta escolha. Apesar da vida de clausura, Ratzinger concede, esporadicamente, e apenas em certas ocasiões, algumas visitas muito particulares no Mater Ecclesiae. Durante estes encontros, o ex-pontífice não revela segredos, não faz declarações que podem pesar como "as palavras do outro papa”, e mantém a discrição que sempre o caracterizou.

No máximo observa com satisfação as maravilhas que o Espírito Santo está fazendo com o seu sucessor, ou fala sobre si mesmo, de como a escolha de renunciar foi inspiração de Deus.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Carta ao Papa Francisco


Precisamos de um Papa disposto ao martírio para salvar 
os cristãos perseguidos no mundo, e não entregue à busca 
de popularidade mesmo entre os fãs de futebol.


Muito amado Papa Francisco,

Estou escrevendo para você de uma maneira tão familiar, porque neste momento eu estou convencido de que você gosta de ser uma pessoa comum, sem enfeites, sem jóias e sem capa de arminho, uma pessoa comum, como muitas outras, uma pessoa comum como muitos vêem o futebol, uma pessoa comum como muitos falam tão agradavelmente no avião, uma pessoa comum como várias outras pessoas, nós precisamos de um papa!

Desculpe-me querido Papa Francisco, vou chamá-lo de Santidade, eu acho que você é uma pessoa maravilhosa, o vizinho perfeito, mas nós precisamos de um Papa! Os cristãos estão sendo mortos como cachorros, Santidade, entre um jogo de futebol e outro, entre um beijo em uma criança com deficiência e outra, poderia fazer algo para combinar mais com o seu papel? Somente nas últimas horas já queimaram 10 igrejas no Egito. Você poderia fazer alguma coisa? 

Você pode obter o seu enfeite, as suas jóias e capa de arminho, que não são entulhos, Santidade, mas são símbolos de 2000 anos de história, e com estas vestes ir para o Egito em vez de assistir ao futebol? Há apenas Balotelli, que quer tanto falar com você, eles também são os pastores da Igreja Católica na Nigéria, que têm algo a dizer àqueles que sobreviveram. Quero dizer, para aqueles que morreram eu não tenho nada a dizer.


Numa época em que o Cristianismo está sob ataque como nunca antes, nós, Vossa Santidade, nós precisamos de um papa. Precisamos de alguém como o primeiro problema, em nome da Páscoa dos cristãos mortos na Nigéria e cristãos massacrados no Paquistão, porque os mortos, Santidade, eram homens e porque, em seu martírio também morre a liberdade e a dignidade do homem. 

Santidade, eu não pretendo lhe ensinar o ofício, eu entendo que você é um profissional no que diz respeito ao Cristianismo e eu sou apenas um amador, mas às vezes acontece que os amadores julgam com mais clareza. Por exemplo, a arca de Noé foi construída e pilotada por um amador, enquanto o Titanic foi construído e dirigido por profissionais. Eu não quero dar azar e fazer esta comparação, mas tenho a impressão de que o Cristianismo é como o Titanic. O iceberg é o chamado Islam. Você disse que é muito bom e espiritual, e se o disse você que é um especialista, seja assim. Porém, também foi um especialista, e um dos melhores, o capitão do Titanic. Por sua vez, São Pedro era um pescador amador até a metade de sua vida, sem nenhum estudo teológico, um patinho feio quando comparado a você. 

Para os romanos, São Pedro disse que, como seres humanos, eram irmãos, filhos do mesmo Deus, mas que sua religião era falsa. Sua tarefa era convertê-los ou morrer tentando convertê-los para a verdadeira fé, e não encontrar qualidades em uma falsa fé, pois que aqueles que nasceram dentro desse barco nunca mais o abandonaram. Ele morreu na tentativa, mas finalmente os converteu. Esse não deveria ser o seu papel: converter ao Cristianismo ou morrer tentando?

Em Lampedusa, você deve pronunciar uma única frase:
“Trago o amor de Deus”.

Durante todo o Alcorão a palavra amor não aparece sequer uma vez. Seria o suficiente!

Em Lampedusa, você inclinou-se para a "espiritualidade" do Ramadã, você se curvou diante do Islã, e você representa Cristo. Quem representa Cristo não se curva a ninguém.

Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

Eu sou o caminho, a verdade e a vida, mas não importa que você apele para a evangelização, ou melhor, para fazer prosélitos, como se todas as religiões fossem iguais? Santidade, no meu Evangelho não está escrito isso. Ou você tem um evangelho diferente ou há um excesso de profissionalismo esmagador.

Para os romanos, São Pedro disse certamente que eles eram irmãos, mas a sua religião era falsa. Preferiu morrer a deixar de afirmar isto.

Santidade, as pessoas estão morrendo, pessoas morrem assassinadas cruelmente enquanto você vai assistir ao futebol.

Nós precisamos de um papa. Alguém que seja o herdeiro de Jesus Cristo e São Pedro, alguém que está disposto a ser odiado. Porque aqui está o cerne da questão: Jesus foi morto por pessoas que o odiavam. Quem luta por uma causa será odiado! Foram odiados também Martin Luther King e Gandhi, tão odiados que eles foram mortos. Certamente os profetas foram líderes desarmados e intolerantes. Quem tolera tudo e ao contrário de tudo, com um sorriso alegre no rosto, é conivente. Nós não podemos ser amados por todos, se lutarmos por algo. Se bem me lembro, também está escrito nos Evangelhos: “Não temais os que vos odeiam”. Seu antecessor foi muito odiado. Inclusive ele foi condenado à morte, com uma fatwa, depois do discurso de Ratisbona. Osama Bin Laden declarou sua morte.

Você é amado por todos, Santidade. Tens a certeza que isso é uma virtude? Eu acho que é hora de ser odiado. Coloque todos os seus adornos e símbolos com mais de 2000 anos de história, que não são entulhos, e com todo o peso desses 2000 anos, vá para o Cairo, e no Cairo lute por todos os cristãos coptas e chore por suas igrejas queimadas e, em seguida, vá para a Síria e o Paquistão. Então, se você tiver tempo, você pode até mesmo ir ao jogo de futebol, porém, não creio que o tempo o permita. Este é o momento mais sombrio do Cristianismo desde o início dos tempos. Nós precisamos de um papa.


Silvana de Mari 
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Tradução para o português com ajuda do google tradutor.
Disponível em: Espada Catolica


Ex-evangélico explica porque retornou ao Catolicismo


Eu, que por muitos anos frequentei igrejas evangélicas de diversas denominações, e por muito tempo fui enganado e explorado pelos seus pastores, dedico este testemunho a todos aqueles que se declaram “ex-católicos”, sem nunca terem sido católicos de fato, mas sobem aos púlpitos protestantes “evangélicos”, que eles, por pura ignorância, chamam de “altar” – Se não há sacrifício não é e nem pode ser altar: só existe Altar na Igreja Católica -  para induzirem ao erro seus irmãos mais ingênuos.

Não creio que um dia tenham sido católicos os que depõem seus falsos testemunhos dizendo que encontraram a salvação em alguma “igreja evangélica”, porque os verdadeiros católicos já encontraram Jesus e a Salvação na Igreja que Ele mesmo nos deu, e não podem abandonar a Comunhão com Deus, seu Criador e Salvador, a não ser que nunca tenham comungado, de fato, com o Senhor Jesus Cristo.

Enumero abaixo Algumas razões porque deixei o protestantismo e retornei à primeira e única Igreja de Jesus Cristo.

1) O princípio “só a Bíblia” (Sola Scriptura)


Nada mais falso do que esse princípio. Os cristãos do primeiro século não dispunham de Bíblia. E nem os cristãos dos séculos seguintes. Na verdade, os cristãos só puderam contar com a Bíblia para consulta, como hoje, muitos anos depois da invenção da imprensa, que só aconteceu no ano de 1455. Então, será que o Senhor Jesus esperaria mais de um século e meio para revelar sua verdadeira doutrina para o mundo? Se assim fosse, Ele teria mentido, pois disse antes de partir para o martírio que estaria com a sua Igreja até o fim do mundo (conf. Mateus 28, 19-20).

Além disso, para que a Bíblia fosse a única fonte de revelação, seria no mínimo necessário que ela mesmo se proclamasse assim; e não é o caso, pelo contrário. A Bíblia diz que a Igreja é a coluna e o sustentáculo da verdade (1 Tim 3, 15), e não as Escrituras. Nela, Jesus Cristo diz ainda: “Vocês examinam as Escrituras, buscando nelas a vida eterna. Pois elas testemunham de Mim, e vocês não querem vir a Mim, para que tenham a Vida!”(João 5, 39-40).

Sim, a Bíblia diz que as Escrituras são ÚTEIS para instruir, mas nunca diz, em versículo algum, que somenteas Escrituras instruem, ou que só o que as Escrituras dizem é que vale como base para a fé. Isso é uma invenção humana sem nenhum fundamento. E a Bíblia também diz que devemos guardar a Tradição (conf. 2 Tessalonicenses 2, 15 e 2 Tessalonicenses 3, 6, entre outros).

Contrariando a Bíblia, os “evangélicos” rejeitam a Tradição

2) O princípio “Só a fé salva”

A mesma Bíblia ensina que a fé sem obras é morta, na Epístola de Tiago (2, 14-26). A mesma Bíblia ensina que o cristão deve perseverar até o fim para ser salvo (Mt 24, 13). E ainda acrescenta que seremos julgados,todos, por nossas ações boas ou más. Existem várias passagens que dão conta de um julgamento futuro e, sendo assim, é falso que alguém aqui na terra já esteja salvo só porque “aceitou Jesus”. Não basta ir à frente de uma assembleia e dizer “Aceito Jesus como meu Senhor e Salvador” para ganhar o Céu. Não, não. É preciso muito mais do que isso. Conversão não é da boca para fora: é preciso que cada um tome a sua cruz e siga o Senhor, que, aliás, nunca prometeu prosperidade para quem o seguisse.

Portanto, é totalmente mentirosa a afirmação de que basta ter fé para ser salvo. Ora, os demônios também creem (Tiago 2, 19)…

3) Lutero

Foi Martinho Lutero quem começou com as “igrejas” protestantes, que deram origem às “igrejas evangélicas” de hoje. Mas o que ele pensava é seguido apenas em parte pelos “evangélicos” de hoje. Eles seguem somente os princípios “Só a Bíblia” e “Só a Fé”. Embora Lutero seja o fundador de todas as igrejas evangélicas que existem hoje, por que não são todos luteranos? Na verdade, isso seria bem menos pior…

Por outro lado, se reconhecem que Lutero é um homem falível, como é possível a um “evangélico” ter tanta certeza de que os princípios que ele inventou sejam dignos de confiança absoluta? Mais do que o que ensina a única Igreja que tem 2.000 anos e foi instituída diretamente por Jesus Cristo?

Mais: o próprio Lutero contestou o Papa e decretou que não se deve confiar num sacerdote. Mas ele mesmo era um ex-sacerdote católico. Então, se ele mesmo se descarta como pessoa confiável, quem é tolo o suficiente para dar crédito ao que ele disse ou escreveu?

4) Subjetivismo religioso I

Uma denominação evangélica não é igual a outra em matéria de fé. Isso é fato pois:
Umas batizam crianças, outras não;
Umas admitem o divórcio, outras o repudiam;
Umas aceitam mulheres como “pastoras”, outras não;
Umas praticam a “santa ceia”, outras não;
Umas ensinam que devemos guardar o sábado, outras não;
Algumas ensinam a teologia da prosperidade, outras a repudiam;

Por aí vai… Tem “bispo evangélico” por aí defendendo até o aborto, só porque a Igreja Católica é (claro) contra! É comum ouvirmos frases como estas: “Nesta ‘igreja’ está o verdadeiro caminho”, ou “Deus levantou este ministério” ou ainda “a tua vitória está aqui”. Mais comum ainda é os “pastores” dizerem que as igrejas deles são “ungidas”…

Ora, se todas essas igrejas ditas “evangélicas” são tão diferentes entre si, e a Verdade é uma só, como é possível um “evangélico” ter certeza que está na caminho certo, ou que o seu “pastor” está pregando a “Verdade”, se existem tantos outros “pastores” (que também dizem seguir a Bíblia e afirmam que são “ungidos”) que discordam dele?

5) Subjetivismo religioso II

Cada “crente” pode interpretar a Bíblia do jeito que quiser, segundo a tese protestante de Lutero. Mas todos nós sabemos que um “crente” não concorda com outro em todas as coisas. Muitas vezes divergem entre si mais do que convergem. Se cada qual interpreta a Bíblia do seu jeito, e nem poderia ser diferente, então, como é possível um “evangélico” ter a certeza de que está certo na sua interpretação? E por que, meu Deus, por que apenas a interpretação da Igreja Católica é que está totalmente errada, em tudo?

Essa é a mais cruel de todas as incoerências das “igrejas” ditas “evangélicas”:

praticamente todas elas se reservam o direito de criticar umas às outras, mas todas são unânimes em criticar a Igreja Católica! O mais incrível é não percebem que, agindo assim, estão cumprindo as profecias bíblicas do próprio Senhor Jesus Cristo: “Sereis odiados de todos por causa do meu Nome” (Lucas 21, 17); “Bem aventurados sereis quando, mentindo, disserem toda espécie de mal contra vós, por amor ao meu Nome” (Mateus 5, 11-12)…

Os pastores se ajoelham e se prostram diante de réplicas da Arca da Antiga Aliança, mas eles não chamam esses pastores de “idólatras”. Só os católicos são chamados assim. Eles idolatram até lencinhos embebidos no suor de alguns pastores mas não acham que isso é idolatria… Em algumas denominações, acontece a distribuição de lembrancinhas, sabonetinhos para espantar “olho gordo”, vidrinhos de óleo “ungido”, “rosas consagradas”, etc, etc… Mas nada disso, para eles, é idolatria. Somente os católicos é que são idólatras. Todos pensam assim, porque todos sofreram a mesma lavagem cerebral, que é muito difícil de reverter.

6) Subjetivismo religioso III

A interpretação pessoal da Bíblia por cada “crente” e “pastor” afronta claramente a Bíblia. De acordo com a santa Palavra de Deus, interpretação alguma é de caráter individual. Examinar a Bíblia não é o mesmo interpretá-la. Posso examinar uma pessoa e lhe informar que encontrei uma mancha na sua pele. Mas o diagnóstico deve ser feito pelo médico, e não por mim, que sou leigo.

7) “Igreja não importa” e “igreja não salva”…

Todo “crente” diz em alto e bom som: “Igreja não salva ninguém”. Ora, se igreja não salva ninguém e cada um pode interpretar a Bíblia pessoalmente, para quê frequentar alguma denominação? Quando ocorre algum escândalo envolvendo algum “pastor”, o crente também diz: “Olha para Jesus e não para o pregador”. Mas se o pregador ensina tolices e princípios contrários ao verdadeiro cristianismo, por que eu deveria ouvir o que ele diz? Não é possível “olhar para Jesus” assim. Pelo contrário, isso só vai colocar em risco a minha alma! Se cada crente pode interpretar pessoalmente a Bíblia, se “igreja” não salva ninguém e o pastor não é confiável (ele é só um homem falível), então por que os “evangélicos” continuam dando tanto crédito aos pregadores?

8- Evangelização ou PROSELITISMO ?

E se cada um de fato pode interpretar a Bíblia a partir da sua leitura pessoal, que conta com a assistência do Espírito Santo, por que ao invés de pregar não se imprimem Bíblias e se distribui à população? Ora, se basta ter fé para ser salvo e se cada um pode ser o próprio intérprete da Bíblia, para que servem as denominações, os cultos, os “pastores”, as pregações, livros, CDs e DVDs? Ao invés dos milhões em dízimos e ofertas, que sustentam toda uma estrutura que é desnecessária (afinal todos os que crerem já estão salvos…), por que não reunir esses recursos e construir gráficas e mais gráficas para a impressão de Bíblias e distribuí-las para todos aqueles que não conhecem Jesus?

Eu digo porquê: porque os “pastores” se encarregam de passar a sua interpretação pessoal da Bíblia aos ingênuos que os seguem. E essa interpretação é deturpada e não tem nada a ver com a Mensagem original nos Evangelhos. Os “evangélicos” pensam que entendem a Bíblia, mas na verdade tudo o que eles conhecem é a interpretação pessoal deste ou daquele “pastor”.

Se nem o pregador é digno de confiança, razão pela qual o crente deve confrontar o seu entendimento pessoal da Palavra com a pregação do palestrante, por que razão alguém deveria dar crédito a um desconhecido que lhe vem falar como porta-voz de Jesus?

9) Interpretação bíblica

Agora, se cada um pode interpretar a Bíblia e se todas as interpretações estão corretas, mesmo que sejam todas diferentes entre si, por quê só a interpretação católica está errada? A Bíblia só pode ser interpretada se a pessoa está sob o rótulo de “evangélico”? Nesse caso, o que salva não é a fé, é o rótulo. E se for assim, ao contrário do que eles afirmam, a placa da igreja ou o rótulo de “evangélico” é que salva.

Pela visão protestante, milhares e milhares de denominações estão corretas nas suas interpretações bíblicas, mesmo que sejam diferentes entre si. Todas elas estão certas e apenas uma está errada, que seria a Igreja Católica. Justamente a primeira igreja que existiu é que não conta com a assistência do Espírito Santo. Nesse caso, Jesus mentiu quando disse que os portais do inferno não prevaleceriam contra a Igreja (Mat 16, 18) pois o inferno teria triunfado contra a Igreja Católica, e também quando disse que estaria com a sua Igreja até o fim do mundo: ele só se faz presente para quem carrega o rótulo de “evangélico”…

10) O Pai Nosso

A oração é bíblica. Foi ensinada pelo Senhor Jesus. O “evangélico” a repudia. Por quê? Para não parecer católico!

O “crente” jura defender a Bíblia, mas é o primeiro a não obedecê-la…
Ele decidiu que não irá recitar o Pai Nosso e fim de papo. E pior. Quem o faz está errado, ainda que esteja obedecendo à Bíblia. O crente se acha melhor do que Jesus. Jesus fez a oração do Pai Nosso, mas o “evangélico” não tem que fazê-la…

11) Maria

Isabel, que ficou cheia do Espírito Santo com a visita de Maria, chamou-a de “mãe do meu Senhor”. O crente a chama de “mulher como outra qualquer”…

Isabel, recebeu o Espírito Santo com a chegada de Maria, grávida de Jesus Cristo, Deus Todo-Poderoso. O “evangélico” fica cheio de ira quando se menciona o nome de Maria…

João Batista estremece no ventre de Isabel ao ouvir a voz de Maria. O crente se enfurece quando ouve o nome Maria…

A Bíblia diz que Maria será chamada de bem aventurada por toda as gerações. O crente a chama de mulher pecadora como qualquer outra.

O protestante rasga os Textos Sagrados. E jura defender a Bíblia. Seguem o que querem e desprezam o que não lhes interessa!

12) Confissão

A Bíblia é clara: aos Apóstolos foi dado o poder de reter e perdoar pecados (Lucas 20, 21-23). Como é possível reter ou perdoar se alguém não lhes confessa? Desnecessário falar mais a respeito.

13) Fundação de “igrejas”

A Bíblia não faz qualquer referência à milhares de “igrejas” diferentes e separadas, mundo afora. Mas para fundarem suas denominações, os “evangélicos” não fazem questão da tal da base bíblica de que tanto falam. A Bíblia diz que devemos ser um só corpo. Eles fazem o contrário. Dividem-se, subdividem-se, de novo e de novo. Se uma igreja não está agradando, procuram outra mais ao seu gosto, e os mais espertos fundam as suas próprias igrejas, do jeito que acham mais certo (ou do jeito que dá mais lucro, em muitos casos), segundo sua própria interpretação da Bíblia. E todos dizem que estão sendo guiados por Deus. Existe um Deus ou muitos deuses? Se é um só Deus, como tantas igrejas podem ensinar coisas diferentes, e todas estão certas, menos a católica?

Eles fragmentam o Corpo e pulverizam a mensagem do Evangelho.

Fazem o contrário do que o Senhor ordenou! Basta um crente discordar do outro, – e isso é a coisa mais fácil de acontecer, – que já surge uma nova denominação. Seus líderes podem ter “visões” para fundarem novas denominações. Mas somente as revelações católicas aprovadas pela Santa Igreja é que são refutadas…

O crente acredita no que deseja. E rejeita tudo que é católico. Sempre dois pesos e duas medidas.
O pastor falou que teve uma visão e todo mundo engole. Nessa hora o “biblicamente” ou “a Palavra de Deus” não tem qualquer importância.


Testemunho de A. Silva
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Disponível em: Compartilhando a Graça


A Fé infusa


Para se ter fé não basta o trabalho irmanado da inteligência e da vontade; deverá, sobretudo, vir auxílio do alto. Verificamos por vezes que uma alma de boa vontade estuda as provas da religião e lhes percebe a força. Aceita, em consequência, a veracidade do cristianismo. Pode-se declarar em certo sentido que tem fé, pois tal aceitação se funda, não já sobre a evidência extrínseca. Todavia esta fé é meramente humana, natural, como a fé que podemos ter num acontecimento que não presenciamos, mas que conhecemos por testemunhas bem acreditadas.

Embora seja religiosa por seu objeto, ainda não é sobrenatural por sua índole; de que carece pois? – do influxo da graça.

Encontramo-lo evidenciado na obra em que uma intelectual inglesa, Miss Anstice Baker, narrou sua peregrinação “em demanda da morada da luz”. Desdobra-se esse itinerário sobre o plano puramente especulativo; o espírito da heroína atravessou múltiplas e variadíssimas filosofias, sem se aquietar. Por fim veio ter o catolicismo. Mais o estudava, mais verdadeiro lhe parecia. Contudo, faltava-lhe ainda a fé sobrenatural. Acreditava no catolicismo, mas como numa religião humana. Eis que um dia, porém, na igreja de S. Agostinho em Paris, ouviu um sermão sobre o acordo entre a razão a fé. E prossegue na narrativa: ”O sermão, que eu saiba, nada de novo me ensinou. Apenas, as verdades já conhecidas chegavam-me com precisão inteiramente nova... parecia arrancar de mim mesma tudo quanto eu havia aprendido, tudo quanto eu cria, para me apresentar com nova força. Seguiu-se a benção. Fora apenas exposto o Santíssimo Sacramento, e verdadeira transformação operou-se em mim: apareceu-me a Igreja como a meta à qual todos os esforços de minh´alma haviam inconscientemente tendido, como a solução de todos os meus problemas, a resposta a todas as minhas dúvidas... até então eu não tinha convicções; naquela hora Deus dava-me a fé” (B. A. Baker. Vers La Maison de lumiere. Paris, Gabalda, 1917,p.239  et sec.)


A fé encontra-se acima de qualquer esforço humano; é dom de Deus (Ef 2,8). Já no ano de 529, o segundo Concílio de Orange definia que não apenas o aumento, senão o mesmo início da fé, a piedosa propensão a crer, não vem da natureza mas antes é obra da graça (Denz., n.178). E em 1870 o Concílio Vaticano I, retomando as palavras do seu antecessor, decretava: ”Embora o assentimento da fé não seja de todo cego movimento da mente, entretanto, ninguém pode aderir à pregação evangélica do modo necessário para chegar à salvação, sem a iluminação e inspiração do Espírito Santo, que a todos dá suavidade na aquiescência e na crença na verdade. Donde a fé em si – ainda quando não atuada na caridade – é um dom de Deus, e seu ato é obra que pertence à salvação. Por ele o homem livremente se submete a Deus, consentindo e cooperando à sua graça, à qual poderia resistir” (Denz., n.1791).

Para entender bem a doutrina, basta ponderar que a Revelação é o invisível, o sobrenatural, que se nos oferece; a verdade incriada que penetra em nossa inteligência para fazê-la viver, por antecipação, na eternidade. Crer é aderir vitalmente ao espírito de Deus. A fim de poder acolher, aceitar, esse dom transcendente, necessário é que nosso espírito seja elevado ao nível divino, sintonize a realidade sobrenatural à qual se reunirá. Qualquer esforço humano estaria fora de proporção. Caberá, pois, a Deus tomar a iniciativa, fazer brotar em nós o sobre-humano conhecimento, tornar-nos capazes de olhar o mistério, mover-nos a crer. ”Ninguém pode vir a mim, ensina Jesus, se o Pai que me enviou não o trouxer”, e um pouco além: “Há alguns dentre vós que não crêem... por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim se não lhe for concedido por meu Pai” (Jo 6, 44.66). Para vermos as coisas como Deus as vê, precisamos receber novos olhos, sobre-humanos.

Ponderamos ademais a obscuridade dos mistérios, mortificação perene para a razão; sobre a atmosfera intelectual empestada por heresias ou sofismas de toda sorte; sobre as exigências morais duríssimas que leva consigo uma existência norteada pela fé, e compreenderemos que à mais sólida e brilhante apologética faleceria eficácia, não fosse ela sustentada pela graça, e que a vontade se perderia em veleidades, não fosse ela movida pelo Espírito Santo.

Como nos sentiríamos incitados a nos entregar ao sobrenatural, se o próprio autor da ordem sobrenatural não atuasse sobre nós? É como uma inspiração interior que nos convida a crer; aviva-se-nos a luz intelectual – “iluminando os olhos de nosso entendimento” (Ef 1,18) – para que mais facilmente possa perceber a força das razões de crer, discernir os sinais da presença do sobrenatural, entrever a beleza da verdade cristã: Cristo ”abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lc 24,45). A fé nos dá nova maneira de ver: pelos olhos de Deus.

Ao mesmo tempo a vontade se nos testifica e inclina, solicitada que é pelo atrativo da verdade cristã, convidada a aderir ao bem divino que é nosso bem. O Espírito Santo nos incita a dizer ”sim” à voz de Deus, suscitando em nós uma inclinação à vida eterna, que nos faz ceder à solicitação divina.

Virtude unitiva de espírito a espírito, a fé diviniza deveras a inteligência humana.”Quem conheceu o pensamento do Senhor, para que o possa instruir? Nós, porém, temos o pensamento de Cristo” (1Cor 2,16). O Verbo que é luz – não apenas fria claridade senão também vida (Jo 1,4) – esse Verbo veio luzir aos olhos de todos. Porém sua luz só alumia, de fato, os olhos dos que nela crêem (Jo 12,36); só estes tem em si a “luz da vida”(Jo 8,12). Seres intelectuais e membros do Verbo encarnado, essa dupla qualidade por força há de se refletir antes de tudo na ordem de conhecimento. Os fiéis terão assim o saber sobrenatural que convém aos membros: pela união à divina Cabeça, diviniza-se-lhes o espírito ao ponto de receber uma irradiação ou comunicação do conhecimento d´Aquele que é o pensamento do Pai. A fé é, pois, em última análise, o Verbo-luz misticamente presente à nossa inteligência, nela continuando a sua vida.


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Pe. Penido. Iniciação Teológica. Vol. 1. O Mistério da Igreja. Ed. Vozes,1956. pp 25-28
Disponível em: Decor Carmeli

Feliz aquela que acreditou!


A celebração da Assunção de Nossa Senhora ao céu, no Ano da Fé, mostra-nos a Mãe de Jesus e da Igreja como a mulher de fé, que alcançou plenamente o prêmio da fé.

Unida estreitamente a Deus pela fé, durante esta vida, ela se entregou inteiramente ao seu desígnio: “eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). E sua vida esteve intimamente unida, pela fé, ao Filho de Deus, que por meio dela nasceu para este mundo, como nosso Salvador.

Da anunciação do Anjo Gabriel até à morte de Jesus na cruz, ela o acompanhou e fez um caminho de fé, que não esteve isento de cruzes e “espadas” de dor. Maria creu firmemente e, por isso, foi louvada por Isabel sua prima: “feliz é tu, que acreditaste que se cumpriria o que da parte do Senhor foi dito” (cf Lc 1,48).


Maria crê e agrada a Deus: “encontraste graça diante de Deus”, disse-lhe o anjo (cf Lc 1,30). Sem a fé, é impossível agradar a Deus (cf Hb 11,6). E ela ensina o que deve ser feito para agradar a Deus: “fazei tudo o que Ele vos disser” (cf Jo 25).

Maria crê e reconhece as maravilhas que Deus realiza nela e, por meio dela, em favor de toda a humanidade: “a minha alma engrandece o Senhor, porque fez grandes coisas em mim o Onipotente, seu nome é santo!” (cf Lc 1,47). A fé salva e faz alcançar a plenitude da vida, por obra e graça de Deus.

Olhar para Maria, elevada ao céu, nos faz pensar que vale muito a pena crer em Deus, com firmeza e confiança. A fé faz alcançar a vida plena. Fé, neste caso, significa adesão e sintonia plena com Deus e seu desígnio de salvação. Fé não pode ser apenas a aceitação de algumas “verdades”, mas é a aceitação de Deus mesmo!

Olhando para Maria, elevada ao céu em corpo e alma, nos alegramos, pois já vemos realizado nela aquilo que para nós ainda é promessa divina; ela nos dá a certeza de que nossa aspiração à vida plena e nossa esperança não são sonhos vãos. Deus promete e cumpre! Olhando para Maria, assunta ao céu, a Igreja se alegra, pois já vê antecipado nela aquilo que é a meta da peregrinação de toda comunidade eclesial nesta vida: a casa do Pai, a vida eterna.

Maria, glorificada no céu em corpo e alma, é sinal de esperança segura para todos nós. Fé e esperança estão sempre entrelaçadas; a esperança decorre de uma fé firme, como foi a de Maria, “peregrina na fé e na esperança”. É interessante como o papa Francisco, no Ano da Fé, convida constantemente à esperança e o faz com três apelos diversos: não percam a esperança; não deixem que lhes tirem a esperança; não roubem a esperança dos outros...

Recentemente, apareceu num grande jornal da Cidade um artigo, em que o autor expressava a opinião que “Maria divide os cristãos”. Trazia as já conhecidas alegações de que nós, católicos, colocamos Maria no lugar de Jesus e de Deus. Não é isso que nós fazemos; nem é verdade que Maria seja causa de divisão entre os irmãos de Jesus; ela os convida a estarem estreitamente unidos em Cristo. Pode a mãe divir os filhos? Só por algum grande e infeliz mal-entendido!


Nós damos a Maria o reconhecimento que ela merece e a honramos como a Mãe do Salvador; ela foi dada como mãe também a nós, no alto da cruz, quando Jesus entregava a vida pela salvação da humanidade. Não tenhamos, pois, medo de gostar daquela, que agradou ao próprio Deus. E ela nos dirá, sempre de novo: “fazei tudo o que o Senhor vos disser”.


Cardal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo