domingo, 8 de setembro de 2013

Papa pede continuidade na oração e nas obras de paz


ANGELUS
Praça São Pedro – Vaticano
Domingo, 8 de setembro de 2013


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

No Evangelho de hoje, Jesus insiste nas condições para ser seus discípulos: não antepor nada ao amor por Ele, levar a própria cruz e segui-Lo. Muita gente, de fato, se aproximava de Jesus, queria entrar entre os seus seguidores; e isto acontecia especialmente depois de algum sinal prodigioso, que o acreditava como o Messias, o Rei de Israel. Mas Jesus não quer iludir ninguém. Ele sabe bem o que o espera em Jerusalém, qual é o caminho que o Pai o pede para percorrer: é o caminho da cruz, do sacrifício de si mesmo para o perdão dos nossos pecados. Seguir Jesus não significa participar de um cortejo triunfal! Significa partilhar o seu amor misericordioso, entrar na sua grande obra de misericórdia para cada homem e para todos os homens. A obra de Jesus é justamente uma obra de misericórdia, de perdão, de amor! Jesus é tão misericordioso! E este perdão universal, esta misericórdia, passa através da cruz. Jesus não quer cumprir esta obra sozinho: quer envolver também nós na missão que o Pai lhe confiou. Depois da ressurreição dirá aos seus discípulos: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio… Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados” (Jo 20, 21.22). O discípulo de Jesus renuncia a todo o bem porque encontrou Nele o Bem maior, no qual todo outro bem recebe o seu pleno valor e significado: os laços familiares, as outras relações, o trabalho, os bens culturais e econômicos e assim vai… O cristão se destaca de tudo e reencontra tudo na lógica do Evangelho, a lógica do amor e do serviço.


Para explicar esta necessidade, Jesus usa duas parábolas: aquela da torre a construir e aquela do rei que vai à guerra. Esta segunda parábola diz assim: “Ou qual é o rei que, estando para guerrear com outro rei, não se senta primeiro para considerar se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, quando o outro ainda está longe, envia-lhe embaixadores para tratar da paz” (Lc 14, 31-32). Aqui, Jesus não quer lidar com o tema da guerra, é somente uma parábola. Porém, neste momento em que estamos fortemente rezando pela paz, esta Palavra do Senhor nos toca vivamente, e em essência nos diz: há uma guerra mais profunda que devemos combater, todos! É a forte e corajosa decisão de renunciar ao mal e às suas seduções e de escolher o bem, prontos para pagar pessoalmente: eis o seguir Cristo, eis o tomar a própria cruz! Esta guerra profunda contra o mal! De que serve fazer tantas guerras, se você não é capaz de fazer esta guerra profunda contra o mal? Não serve de nada! Não serve… Isto envolve, entre outros, esta guerra contra o mal envolve dizer não ao ódio fratricida e às mentiras de que se serve; dizer não à violência em todas as suas formas; dizer não à proliferação de armas e ao seu comércio ilegal. E há tanto! Há tanto! E sempre permanece a dúvida: esta guerra aqui, esta outra de lá – porque em toda parte há guerras – é realmente uma guerra por problemas ou é uma guerra comercial para vender estas armas no comércio ilegal? Estes são os inimigos a combater, unidos e com coerência, não seguindo outros interesses se não aqueles da paz e do bem comum.


Queridos irmãos, hoje recordamos também a Natividade da Virgem Maria, festa particularmente querida pelas Igrejas Orientais. E todos nós, agora, possamos enviar uma bela saudação a todos os irmãos, irmãs, bispos, monges, monjas das Igrejas Orientais, Ortodoxas e Católicas: uma bela saudação! Jesus é o sol, Maria é a aurora que preanuncia o seu nascente.  Ontem à noite fizemos a vigília confiando à sua intercessão a nossa oração pela paz no mundo, especialmente na Síria e em todo o Oriente Médio. Nós a invocamos agora como Rainha da Paz. Rainha da Paz, rogai por nós! Rainha da Paz, rogai por nós!
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Fonte: Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

Papa agradece participação na vigília pela Síria

Além do agradecimento, Francisco lembrou
que a oração e as obras de paz devem continuar

Após rezar o Angelus neste domingo, 8, Papa Francisco agradeceu a todos que participaram, de alguma forma, do dia de jejum e oração pela paz na Síria, neste sábado, 7. Ele se referiu às autoridades civis, membros de outras comunidades cristãs e de outras religiões e todos os homens e mulheres de boa vontade que viveram este momento.

Porém, Francisco recordou que o empenho pela paz seve prosseguir. Ele convidou todos a continuarem rezando para que cesse imediatamente a violência e a devastação na Síria e que se trabalhe com renovado empenho para uma solução justa ao conflito entre irmãos.



“Rezemos também pelos outros países do Médio Oriente, particularmente pelo Líbano, para que encontre a desejada estabilidade e continue a ser um modelo de convivência; pelo Iraque, para que a violência sectária dê lugar à reconciliação; e pelo processo de paz entre israelenses e palestinos, para que progrida com decisão e coragem. E rezemos pelo Egito, para que todos os egípcios, muçulmanos e cristãos, se empenhem em construir conjuntamente a sociedade para o bem de toda a população. A busca pela paz é longa e requer paciência e perseverança. Sigamos adiante com a oração!”, disse.
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A «Rosa de Sarom» é a Esposa/Maria

Maria, cujas excelências e virtudes
canta profeticamente o Cântico dos Cânticos

No Brasil existe um grupo musical católico que se intitula «Rosa de Sarom». Para estes e outros as informações que se seguirão poderão ajudar melhor na compreensão e servir de formação e orientação para uma adequada aplicação do título.

Alguns sites católicos procuram identificar a «Rosa/Flor de Sarom» a Cristo. Ora, o texto no livro do Cântico dos Cânticos 2,1-2 (Ct) onde menciona em uma única vez demonstra que tal referência se aplica a Esposa do Ct e não ao Esposo/Cristo.

O texto diz o seguinte, segundo a Bíblia de Jerusalém: “Sou um narciso de Sarom, uma açucena dos vales. Como açucena entre espinhos é minha amada entre as donzelas”.

Embora muitos especialistas não consigam identificar que “Rosa/Flor” seja esta, deduzem que seja de uma espécie floral própria da planície do Sarom, próximo ao Monte Carmelo. Vale dizer que as traduções mais antigas da Bíblia não dão uma característica desta flor. A “Bíblia Vulgata” chama «Flor dos campos»; a “Bíblia Ecumênica”, de «Narciso»; a “Bíblia de Almeida”, de «Rosa».

Na história da patrística muitos autores aplicam a figura da Esposa à Igreja e outros à Virgem Maria.


Maria como esposa do Ct na tradição da Igreja.

Para entendermos a relação entre a Rosa/Flor de Sarom e a Esposa/Maria convém conhecermos a intenção de muitos Autores que quiseram interpretar em perspectiva mariana muitos textos do Antigo Testamento. Dentre tais textos, surge o livro do Cântico dos Cânticos, interpretado pelo abade beneditino Ruperto de Deutz († 1130), direcionando-o à pessoa de Maria, porque, segundo ele: “Maria é a mãe-virgem do futuro Salvador, a quem dará a luz o povo de Deus, na qualidade de Esposa de Yahwé. Maria é a parte ótima deste povo e sua representante, cujas excelências e virtudes canta profeticamente o Cântico dos Cânticos”.

Segue-o neste caminho interpretativo outros autores medievais: Honório de Autun (séc. XII), Filipe de Harveng († 1183), Tomás de Perseigne († fins do séc. XII) e Alano de Lilla († 1203).

Já encontramos, em autores anteriores a Ruperto, alguns elementos marianos em textos particularizados do Ct, tais autores são: Hipólito de Roma († c. 235), Origenes († 284), Efrém Siro († 373), Ambrósio de Milão († 397), Epifânio de Salamina († 403), Jerônimo († 410), Pedro Crisólogo († 450), Sofrônio de Jerusalém († 638), Apônio (séc. VII), Germano de Constantinopla († 740), João Damasceno († 750c.), Ambrósio Autperto († 781), Pedro Damião († 1072), Amadeu de Lausanna († 1159) e João de Ford († ca. 1214).

A Esposa/Maria está desde o princípio unida ao Esposo/Cristo e segue-o, pois ela é suaamiga, “pela graça e pelas obras” (Alano de Lila † 1203).

O livro do Cântico dos Cânticos oferece-nos diversas figuras simbólicas, que muitos autores interpretaram de modo livre a respeito da Virgem Mãe de Deus. Identificam-na com a imagem do pescoço, aquela que une a cabeça ao corpo místico de Cristo [Dimitrio de Rostov († 1709)]; e para demonstrar sua força, este pescoço é como uma torre (cf. Ct 4,4;7,5): [Hermano de Tournai ca. 1147]; quando falam de sua beleza imaculada vêem a imagem dapomba/rolinha, simples e casta (cf. Ct 4,1): [Cirilo de Alexandria († 444)]; chamando-a deamiga (cf. Ct 4,7): [Teodoro Studita]; e sua beleza imaculada é comparada com aaurora/lua/sol (cf. Ct 6,10): [Germano de Constantinopla († 733)]; quando sua virgindade perpétua é exaltada, usam a imagem do jardim fechado (cf. Ct 4,12): [Esiquio de Jerusalém († 451)]; quando se dirige à amada chama-a de irmã (cf. Ct 4,9-10) [Teodo Studita]; proteção e refúgio, a imagem do muro (cf. Ct 8,10): [Dimitrio de Rostov], enfim,  é figura da Mãe do Senhor.

Tais interpretações poéticas e metafóricas oferecem uma visão simbólica-teológica que podem parecer exageradas e ricas de sentimentalismo, mas revelam, por parte dos Autores, uma convicção e sentido teológico do texto Sagrado, a fim de demonstrar uma interdependência da mãe com o filho.

Cristo ressuscitado, centro de nossa redenção, associa sua Virgem Mãe ao mistério da salvação, da sua encarnação à sua paixão, mas também na alegria/consolação de sua ressurreição.

A riqueza com que os Padres e Autores sagrados utilizaram a Sagrada Escritura, para iluminar de modo representativo a pessoa de Maria e de seu papel ao lado da missão do Filho, encanta-nos e oferece-nos elementos sugestivos de culto mariano bem aprofundado.

Na linha exegética dos Padres, o Ct serve como modelo tipológico de Maria e da Igreja. S. Ambrósio de Milão († 397) já dizia: “Quanto são belos também todos aqueles símbolos com os quais a Escritura, sob a figura da Igreja, profetizaram sobre Maria!”.

Em várias aparições marianas, Nossa Senhora traz como adorno, seja nas vestes como adorno pessoal, elementos florais: Caravaggio em 1482 (Itália), Guadalupe em 1531 (México), Aparecida em 1717 (Brasil), Lourdes em 1858 (França), Knock em 1879 (Irlanda) e outras.

Portanto, a Rosa/Flor fica como símbolo mariano.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

BERTETTO, D. La sposa del Cantico dei Cantici, in Maria nel dogmma cattolico. Trattatodi mariologia. Torino: Società Editrice Internazionale, 1950². p. 82-91.

CASAGRANDE, D. EnchirindionMarianumBiblicumPatristicum. Romae: «Cor Unum», 1974. p. 1976.

GHARIB, G. – TONIOLO, E. – GAMBERO, L. – DI NOLA, G. (a cura di), Testi Mariani del Primo Millennio. Padri e altri autori latini, vol. 3. Roma: Città Nuova, 1988. p. 175.


PEINADOR, M. Mariologia de Ruperto de Deutz, in Ephefemerides Mariologicae 17 (1967) 140.
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Fonte: ZENIT

Exorcista Amorth: "Os que querem a guerra na Síria são instrumentos do diabo"

Padre Gabriele Amorth /Foto: Grupo ACI

O famoso sacerdote exorcista da Diocese de Roma e do Vaticano, Gabriele Amorth, assegurou que aqueles que apoiam a intervenção militar contra a Síria, estão sendo instrumentos do Diabo para semear o mal no mundo.

"Estes que querem a guerra na Síria são instrumentos do diabo", assinalou o Pe. Amorth em 4 de setembro em declarações ao blog Stanze Vaticano, do canal de televisão italiano Tgcom24.

"O Senhor é um Deus de paz, quer a paz, quer o amor entre os homens, quer a solidariedade e a ajuda, de modo que o rico ajude o pobre. E Satanás é quem quer a morte e a guerra", afirmou.


Em relação ao dia de jejum e oração assim como à vigília convocadas pelo Papa Francisco para pedir a paz na Síria e no mundo no próximo sábado 7 de setembro, o exorcista disse que sem dúvida "incomodará o diabo, e não só a ele". "Prefiro não dar nomes", acrescentou.

"O Papa tem o objetivo de influir. De que modo? Como um Papa, orando pela ajuda de Deus, este é o modo de atuar dos cristãos. Não com bombas para rebater outras bombas, mas com a oração para rebater as bombas", disse.

O sacerdote, de 88 anos de idade, explicou que a intervenção armada na Síria que algumas potências mundiais defendem, não solucionaria a ameaça do uso de armas químicas no país, imerso em uma guerra civil há mais de dois anos.

Até o momento o regime de Bashar Al Assad e os insurgentes não chegaram a nenhum acordo de paz e, além disso, os jornais especializados no tema assinalam que entre os insurretos haveria participação de movimentos extremistas islâmicos pagos por petroleiras no Qatar e Arábia Saudita.


A intervenção armada "não está justificada, porque tenho presente a frase que disse o Papa Pio XII para evitar a segunda guerra mundial: ‘Tudo está perdido com a guerra, tudo se pode salvar com a paz’. Todos os sistemas violentos deveriam ser condenados", concluiu o Pe. Amorth.
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Nota sobre as dívidas da JMJ Rio2013


O Instituto Jornada Mundial da Juventude (IJMJ), responsável pela organização da JMJ Rio2013 e consciente de suas responsabilidades diante de todos que, de algum modo, contribuíram para a realização do evento, garante que vai honrar com todos os compromissos assumidos e apresentará o balanço financeiro. Para isso, conta com o serviço de auditoria da Ernst&Young. O Instituto trabalha com recursos próprios, obtidos por meio de patrocínios, inscrições de peregrinos, doações e vendas de produtos licenciados. Estas duas últimas ações ainda continuam em curso. Diferente do que foi publicado, não houve injeção direta de verba pública na construção do evento.

Ao longo da preparação da JMJ, o Instituto trabalhou com uma margem de segurança orçamentária, a qual, em virtude de determinados fatores, veio a ser utilizada e mesmo ultrapassada. Entre estes fatores, destacam-se a já mencionada mudança dos dois últimos Atos Centrais de Guaratiba para Copacabana – Vigília e Missa de Envio, a redução do número de peregrinos inscritos, em comparação com outras Jornadas; em especial de peregrinos europeus, cujos países enfrentam crises financeiras; além de imprevistos, surpresas e emergências em nível acima do usualmente previstos para eventos do porte da JMJ.



Com isso, a organização precisou reestruturar seu planejamento financeiro inicial, reorganizando prazos. Para ajudar a saldar suas dívidas, o IJMJ lançou a primeira etapa da campanha de arrecadação de recursos. Doações para esta finalidade devem ser depositadas na Conta 80.002-3, agência 0814 do Bradesco.
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sábado, 7 de setembro de 2013

Perdão e reconciliação é o caminho da paz, afirma Papa em Vigília


HOMILIA
Palavras do Papa Francisco na Vigília de Oração pela Paz
Praça de São Pedro, no Vaticano

Sábado, 7 de setembro de 2013


«Deus viu que isso era bom» (Gn 1,12.18.21.25). A narração bíblica da origem do mundo e da humanidade nos fala de Deus que olha a criação, quase a contemplando, e repete uma e outra vez: isso é bom. Isso nos permite entrar no coração de Deus e recebermos a sua mensagem que procede precisamente do seu íntimo. Podemos nos perguntar: qual é o significado desta mensagem? O que diz esta mensagem para mim, para ti, para todos nós?

Simplesmente nos diz que o nosso mundo, no coração e na mente de Deus, é “casa de harmonia e de paz” e espaço onde todos podem encontrar o seu lugar e sentir-se “em casa”, porque é “isso é bom”. Toda a criação constitui um conjunto harmonioso, bom, mas os seres humanos em particular, criados à imagem e semelhança de Deus, formam uma única família, em que as relações estão marcadas por uma fraternidade real e não simplesmente de palavra: o outro e a outra são o irmão e a irmã que devemos amar, e a relação com Deus, que é amor, fidelidade, bondade, se reflete em todas as relações humanas e dá harmonia para toda a criação. O mundo de Deus é um mundo onde cada um se sente responsável pelo outro, pelo bem do outro. Esta noite, na reflexão, no jejum, na oração, cada um de nós, todos nós pensamos no profundo de nós mesmos: não é este o mundo que eu desejo? Não é este o mundo que todos levamos no coração? O mundo que queremos não é um mundo de harmonia e de paz, em nós mesmos, nas relações com os outros, nas famílias, nas cidades, nas e entre as nações? E a verdadeira liberdade para escolher entre os caminhos a serem percorridos neste mundo, não é precisamente aquela que está orientada pelo bem de todos e guiada pelo amor?

Mas perguntemo-nos agora: é este o mundo em que vivemos? A criação conserva a sua beleza que nos enche de admiração; ela continua a ser uma obra boa. Mas há também “violência, divisão, confronto, guerra”. Isto acontece quando o homem, vértice da criação, perde de vista o horizonte da bondade e da beleza, e se fecha no seu próprio egoísmo.


Quando o homem pensa só em si mesmo, nos seus próprios interesses e se coloca no centro, quando se deixa fascinar pelos ídolos do domínio e do poder, quando se coloca no lugar de Deus, então deteriora todas as relações, arruína tudo; e abre a porta à violência, à indiferença, ao conflito. É justamente isso o que nos quer explicar o trecho do Gênesis em que se narra o pecado do ser humano: o homem entra em conflito consigo mesmo, percebe que está nu e se esconde porque sente medo (Gn 3, 10); sente medo do olhar de Deus; acusa a mulher, aquela que é carne da sua carne (v. 12); quebra a harmonia com a criação, chega a levantar a mão contra o seu irmão para matá-lo. Podemos dizer que da harmonia se passa à desarmonia? Não. Não existe a “desarmonia”: ou existe harmonia ou se cai no caos, onde há violência, desavença, confronto, medo…

È justamente nesse caos que Deus pergunta à consciência do homem: «Onde está o teu irmão Abel?». E Caim responde «Não sei. Acaso sou o guarda do meu irmão?» (Gn 4, 9). Esta pergunta também se dirige a nós, assim que também a nós fará bem perguntar:


- Acaso sou o guarda do meu irmão? Sim, tu és o guarda do teu irmão! Ser pessoa significa sermos guardas uns dos outros! Contudo, quando se quebra a harmonia, se produz uma metamorfose: o irmão que devíamos guardar e amar se transforma em adversário a combater, a suprimir. Quanta violência surge a partir deste momento, quantos conflitos, quantas guerras marcaram a nossa história! Basta ver o sofrimento de tantos irmãos e irmãs. Não se trata de algo conjuntural, mas a verdade é esta: em toda violência e em toda guerra fazemos Caim renascer. Todos nós! E ainda hoje prolongamos esta história de confronto entre irmãos, ainda hoje levantamos a mão contra quem é nosso irmão. Ainda hoje nos deixamos guiar pelos ídolos, pelo egoísmo, pelos nossos interesses; e esta atitude se faz mais aguda: aperfeiçoamos nossas armas, nossa consciência adormeceu, tornamos mais sutis as nossas razões para nos justificar. Como fosse uma coisa normal, continuamos a semear destruição, dor, morte! A violência e a guerra trazem somente morte, falam de morte! A violência e a guerra têm a linguagem da morte!

3. Neste ponto, me pergunto: É possível percorrer outro caminho? Podemos sair desta espiral de dor e de morte? Podemos aprender de novo a caminhar e percorrer o caminho da paz? Invocando a ajuda de Deus, sob o olhar materno da Salus Populi romani, Rainha da paz, quero responder: Sim, é possível para todos! Esta noite queria que de todos os cantos da terra gritássemos: Sim, é possível para todos! E mais ainda, queria que cada um de nós, desde o menor até o maior, inclusive aqueles que estão chamados a governar as nações, respondesse: – Sim queremos! A minha fé cristã me leva a olhar para a Cruz. Como eu queria que, por um momento, todos os homens e mulheres de boa vontade olhassem para a Cruz! Na cruz podemos ver a resposta de Deus: ali à violência não se respondeu com violência, à morte não se respondeu com a linguagem da morte. No silêncio da Cruz se cala o fragor das armas e fala a linguagem da reconciliação, do perdão, do diálogo, da paz. Queria pedir ao Senhor, nesta noite, que nós cristãos, os irmãos de outras religiões, todos os homens e mulheres de boa vontade gritassem com força: a violência e a guerra nunca são o caminho da paz! Que cada um olhe dentro da própria consciência e escute a palavra que diz: sai dos teus interesses que atrofiam o teu coração, supera a indiferença para com o outro que torna o teu coração insensível, vence as tuas razões de morte e abre-te ao diálogo, à reconciliação: olha a dor do teu irmão e não acrescentes mais dor, segura a tua mão, reconstrói a harmonia perdida; e isso não com o confronto, mas com o encontro! Que acabe o barulho das armas! A guerra sempre significa o fracasso da paz, é sempre uma derrota para a humanidade. Ressoem mais uma vez as palavras de Paulo VI: «Nunca mais uns contra os outros, não mais, nunca mais… Nunca mais a guerra, nunca mais a guerra! (Discurso às Nações Unidas, 4 de outubro de 1965: ASS 57 [1965], 881). «A paz se afirma somente com a paz; e a paz não separada dos deveres da justiça, mas alimentada pelo próprio sacrifício, pela clemência, pela misericórdia, pela caridade» (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, de 1976: ASS 67 [1975], 671). Perdão, diálogo, reconciliação são as palavras da paz: na amada nação síria, no Oriente Médio, em todo o mundo! Rezemos pela reconciliação e pela paz, e nos tornemos todos, em todos os ambientes, em homens e mulheres de reconciliação e de paz. Amém.

Comitê Nobel do Parlamento da Noruega pedirá para retirar Nobel da Paz de Obama


O Comitê Nobel do Parlamento da Noruega solicitará que se retire do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o Prêmio Nobel da Paz 2009 devido a sua intenção de realizar uma intervenção militar na Síria, apesar da oposição internacional.

Através de um comunicado, difundido pela agência Ria Novosti, o organismo assinalou que a decisão se baseia em que "as políticas seguidas pelo presidente Obama, tanto no referente à política externa, especialmente no Oriente Médio e Norte da África, como o inaceitável recorte em liberdades dos cidadãos de seu país e do resto do mundo, com a utilização de programas de espionagem como PRISM, a manutenção da prisão de Guantánamo, etc. fazem que considere totalmente inadequado que ostente este galardão, sendo que não é merecedor do mesmo".


No comunicado, o Comitê Nobel do Parlamento recordou que "este prêmio é dado à pessoa que tenha trabalhado mais ou melhor em favor da fraternidade entre as nações, da abolição ou redução dos exércitos existentes e da celebração e promoção de processos de paz", tal e como aparece no testamento de Alfred Nobel.


Na segunda-feira passada, o Nobel de Física e vice-presidente da Academia de Ciências da Rússia, Zhorés Alfiórov, disse que seria justo que os laureados com o "Nobel da Paz" iniciassem um processo para privar Obama deste prêmio. "Fiquei surpreendido quando Obama foi galardoado com este prêmio (em 2009). Não o podia compreender. Ele não merece o Prêmio Nobel da Paz, não tinham que tê-lo concedido", assinalou Alfiórov.
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Mensagem às Comunidades por ocasião da Vigília de Oração pela Paz


MENSAGEM PELO DIA DE JEJUM 
E ORAÇÃO PELA PAZ


Estamos em jejum e em oração na busca da paz. Paz especialmente na Síria, no Oriente Médio. O pedido de Santo Padre Francisco para que hoje seja um dia de jejum e oração, nos desperta para a responsabilidade da convivência humana mundial. Os conflitos geram destruição, ceifam vidas, fazem surgir a pobreza, deixam órfãos e viúvas, desenraizam as pessoas, aumentam o número de refugiados, destroem a cultura e as relações, fragilizam a convivência benéfica entre as religiões.

O jejum é essencialmente esvaziamento, abertura para uma vida nova, para novas relações. O jejum tem um toque sagrado de despojamento, de entrar na esfera do não saber, de possibilitar o surgimento da liberdade. O jejum devolve a temperatura ideal do diálogo, do respeito, da diferença. Ele é a confirmação de que a perda das forças físicas fortalece o coração para a presença do outro, da diferença e, por isso, na busca da paz.


A oração, uma vigília de oração, nos coloca na escuta que cria a sensibilidade de que não manteremos a paz a partir de nossas forças, de nossas ideologias, de nossas imposições, de nossas estruturas de domínio e dominação. Buscamos o Senhor (Dominus) porque ele é a casa (domus) que deixa tudo e todos se sentirem em casa. A guerra é a certeza de que posso determinar o que e como deve ser. Quando, em oração, nos deixamos medir pela medida desmedida d’Aquele que cuida desveladamente de todo o universo, a Ele recorremos para que todos os seus filhos e filhas deponham as armas e se deixem tomar pela justiça que conduz à paz.

“Renovo o convite a toda a Igreja para viver intensamente este dia e, desde já, expresso reconhecimento aos outros irmãos cristãos, irmãos de outras religiões e aos homens e mulheres de boa vontade que quiserem se unir a este momento. Exorto em especial os fiéis romanos e os peregrinos a participarem da vigília de oração, aqui na Praça S. Pedro, às 19h, para invocar do Senhor o grande dom da paz. Que se eleve forte em toda a terra o grito da paz! ” (Papa Francisco)

Com o Santo Padre elevemos com o jejum e a oração o grito pela paz!




+ Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB