terça-feira, 17 de dezembro de 2013

"Festival Promessas" faz audiência da Globo cair; Programa perde 60%


O “Festival Promessas”, show evangélico promovido pela Globo desde 2011, não chamou a atenção do público na tarde deste domingo (15).

A atração, que foi gravada no último dia 30 de novembro, em Brasília, teve como atrações Aline Barros, Jonas Vilar, Bruna Karla, Thalles e bandas Oficina G3 e Diante do Trono.

Porém, mesmo com músicos consagrados e conhecidos no cenário gospel, a programa não chamou a atenção em números do Ibope. Segundo dados prévios, o show marcou 8,3 pontos de média, contra 7,5 do SBT, que apresentava “Eliana” e 4,9 da Record, que mostrou a parte final do “Domingo da Gente” e o começo do “O Melhor do Brasil”, de Rodrigo Faro.


Se comparando a versões anteriores, o “Festival Promessas” teve desempenho bem abaixo. O Ibope de sua primeira exibição, em 2011, foi de 15 pontos e de sua segunda, em 2012, foi de 13 pontos. Ou seja, os números conquistados representam uma queda de 60% em relação à 2011 e de 40% em relação à 2012.

Os números podem sofrer alterações no consolidado e refletem a preferência de um seleto grupo de telespectadores na Grande São Paulo.
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Fonte: UOL

O fundamento da alegria cristã é a fidelidade de Deus, disse o Papa


ANGELUS
Praça São Pedro – Vaticano
3º Domingo do Advento, “Gaudete”
15 de dezembro de 2013


Obrigado!

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje é o terceiro domingo do Advento, dito também domingo Gaudete, isso é, domingo da alegria. Na liturgia, ressoa várias vezes o convite à alegria, a alegrar-se, por que? Porque o Senhor está próximo. O Natal está próximo. A mensagem cristã se chama “evangelho”, isso é, “boa notícia”, um anúncio de alegria para todo o povo; a Igreja não é um refúgio para o povo triste, a Igreja é a casa da alegria! E aqueles que estão tristes encontram nessa a alegria, encontram nessa a verdadeira alegria!

Mas aquela do Evangelho não é uma alegria qualquer. Encontra a sua razão no saber-se acolhido e amado por Deus. Como nos recorda hoje o profeta Isaías (cfr 35, 1-6.8ª.10), Deus é aquele que vem para nos salvar, e presta socorro especialmente aos desanimados de coração. A sua vinda em meio a nós nos fortalece, torna sãos, dá coragem, faz exultar e florir o deserto e o estepe, isso é, a nossa vida quando se torna árida. E quando a nossa vida se torna árida? Quando está sem a água da Palavra de Deus e do seu Espírito de amor. Por mais que sejam grandes os nossos limites e os nossos desânimos, não nos é permitido sermos fracos e vacilantes diante das dificuldades e das nossas próprias fraquezas. Ao contrário, somos convidados a robustecer as mãos, a firmar os joelhos, a ter coragem e não temer, porque o nosso Deus nos mostra sempre a grandeza da sua misericórdia. Ele nos dá a força para seguir adiante. Ele está sempre conosco para nos ajudar a seguir adiante. É um Deus que nos quer tanto bem, nos ama e por isto está conosco, para nos ajudar, para nos robustecer e seguir adiante. Coragem! Sempre avante! Graças à sua ajuda nós podemos sempre começar de novo. Como? Começar de novo? Alguém pode me dizer: “Não, padre, eu fiz tantas coisas…Sou um grande pecador, uma grande pecadora…Eu não posso recomeçar!”. Você está errado! Você pode recomeçar! Por que? Porque Ele te espera, Ele está próximo a você, Ele te ama, Ele é misericordioso, Ele te perdoa, Ele te dá a força de recomeçar! A todos! Então somos capazes de reabrir os olhos, de superar tristeza e choro e entoar um canto novo. E esta alegria verdadeira permanece também na prova, também no sofrimento, porque não é uma alegria superficial, mas desce no profundo da pessoa que se confia a Deus e confia Nele.


A alegria cristã, como a esperança, tem o seu fundamento na fidelidade de Deus, na certeza de que Ele mantém sempre as suas promessas. O profeta Isaías exorta aqueles que perderam o caminho e estão no desânimo a terem confiança na fidelidade do Senhor, porque a sua salvação não tardará a irromper nas suas vidas. Quantos encontraram Jesus ao longo do caminho, experimentam no coração uma serenidade e uma alegria da qual nada e ninguém poderá privá-los. A nossa alegria é Jesus Cristo, o seu amor fiel e inesgotável! Por isso, quando um cristão se torna triste, quer dizer que se afastou de Jesus. Mas então não é preciso deixá-lo sozinho! Devemos rezar por ele e fazê-lo sentir o calor da comunidade.

A Virgem Maria nos ajude a apressar o passo rumo a Belém, para encontrar o Menino que nasceu para nós, para a salvação e a alegria de todos os homens. A ela o Anjo disse: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1, 28). Ela nos ajude a viver a alegria do Evangelho na família, no trabalho, na paróquia e em todo lugar. Uma alegria íntima, feita de admiração e ternura. Aquela que experimenta uma mãe quando olha para a sua criança recém-nascida e sente que é um dom de Deus, um milagre pelo qual só agradecer!
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Fonte: Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

''Nunca tenham medo da ternura''. Entrevista do Papa Francisco ao jornal La Stampa


"O Natal para mim é esperança e ternura...". Francisco relata ao La Stampa o seu primeiro Natal como bispo de Roma.

Casa Santa Marta, terça-feira, 10 de dezembro, 12h50min. O papa nos acolhe em uma sala ao lado do refeitório. O encontro duraria uma hora e meia. Por duas vezes, durante a conversa, desaparece do rosto de Francisco a serenidade que todo o mundo aprendeu a conhecer, quando ele se refere ao sofrimento inocente das crianças e fala da tragédia da fome no mundo.

Na entrevista, o papa também fala das relações com as outras confissões cristãs e do "ecumenismo de sangue" que as une na perseguição. Ele se refere às questões do casamento e da família que serão abordadas pelo próximo Sínodo, responde aos que o criticaram nos EUA definindo-o como "um marxista" e fala da relação entre Igreja e política.

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no jornal La Stampa, 15-12-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.


O que significa o Natal para o senhor?

É o encontro com Jesus. Deus sempre procurou o seu povo, conduziu-o, conservou-o, prometeu estar sempre perto dele. No livro do Deuteronômio, lemos que Deus caminha conosco, nos conduz pela mão como um pai faz com o filho. Isso é bonito. O Natal é o encontro de Deus com o seu povo. E é também uma consolação, um mistério de consolação. Muitas vezes, depois da missa da meia-noite, eu passei algumas horas sozinho, na capela, antes de celebrar a missa da aurora. Com esse sentimento de profunda consolação e paz. Lembro uma vez aqui em Roma, acho que era o Natal de 1974, uma noite de oração depois da missa na residência do Centro Astalli. Para mim, o Natal sempre foi isto: contemplar a visita de Deus ao seu povo.

O que o Natal diz ao homem de hoje?

Ele nos fala da ternura e da esperança. Deus, encontrando-nos, nos diz duas coisas. A primeira é: tenham esperança. Deus sempre abre as portas, nunca as fecha. Ele é o pai que abre as portas. Segundo: não tenham medo da ternura. Quando os cristãos se esquecem da esperança e da ternura, tornam-se uma Igreja fria, que não sabe para onde ir e se refreia nas ideologias, nas atitudes mundanas. Enquanto a simplicidade de Deus te diz: segue em frente, eu sou um Pai que te acaricia. Tenho medo quando os cristãos perdem a esperança e a capacidade de abraçar e acariciar. Talvez por isso, olhando para o futuro, eu falo muitas vezes das crianças e dos idosos, isto é, dos mais indefesos. Na minha vida de padre, indo à paróquia, eu sempre tentei transmitir essa ternura, especialmente às crianças e aos idosos. Me faz bem e me faz pensar na ternura que Deus tem por nós.

Como se pode acreditar que Deus, considerado pelas religiões como infinito e onipotente, se faz tão pequeno?

Os Padres gregos chamavam isso de synkatabasis, condescendência divina. Deus que desce e está conosco. É um dos mistérios de Deus. Em Belém, no ano 2000, João Paulo II disse que Deus se tornou uma criança totalmente dependente dos cuidados de um pai e de uma mãe. Por isso, o Natal nos dá tanta alegria. Não nos sentimos mais sozinhos, Deus desceu para estar conosco. Jesus se fez um de nós e sofreu por nós na cruz, o fim mais horrível, o de um criminoso.

O Natal é apresentado muitas vezes como uma fábula açucarada. Mas Deus nasce em um mundo onde há também muito sofrimento e miséria.

O que lemos nos Evangelhos é um anúncio de alegria. Os evangelistas descreveram uma alegria. Não se fazem considerações sobre o mundo injusto, sobre como Deus faz para nascer em um mundo assim. Tudo isso é fruto de uma contemplação nossa: os pobres, a criança que deve nascer na precariedade. O Natal não foi a denúncia da desigualdade social, da pobreza, mas sim um anúncio de alegria. Todo o resto são consequências que nós tiramos. Algumas certas, algumas menos certas, outras ainda ideologizadas. O Natal é alegria, alegria religiosa, alegria de Deus, interior, de luz e de paz. Quando não se tem a capacidade ou se está em uma situação humana que não permite compreender essa alegria, vive-se a festa com a alegria mundana. Mas, entre a alegria profunda e a alegria mundana, há diferença.

É o seu primeiro Natal [como papa], em um mundo onde não faltam conflitos e guerras...

Deus nunca dá um dom a quem não é capaz de recebê-lo. Se Ele nos oferece o dom do Natal é porque todos nós temos a capacidade de compreendê-lo e recebê-lo. Todos, desde o mais santo ao mais pecador, do mais limpo ao mais corrupto. O corrupto também tem essa capacidade: pobrezinho, talvez a tenha um pouco enferrujada, mas a tem. O Natal, neste tempo de conflitos, é um chamado de Deus, que nos dá esse dom. Queremos recebê-lo ou preferimos outros presentes? Este Natal, em um mundo conturbado pelas guerras, me faz pensar na paciência de Deus. A principal virtude de Deus explicitada na Bíblia é que Ele é amor. Ele nos espera, nunca se cansa de nos esperar. Ele dá o dom e depois nos espera. Isso também acontece na vida de cada um de nós. Há aqueles que o ignoram. Mas Deus é paciente, e a paz, a serenidade da noite de Natal é um reflexo da paciência de Deus conosco.

Em janeiro, serão 50 anos da histórica viagem de Paulo VI à Terra Santa. O senhor também irá?

O Natal sempre nos faz pensar em Belém, e Belém está um ponto preciso, na Terra Santa, onde Jesus viveu. Na noite de Natal, eu penso acima de tudo nos cristãos que vivem lá, naqueles que têm dificuldades, em muitos deles que tiveram de deixar aquela terra por vários problemas. Mas Belém continua sendo Belém. Deus veio em um ponto determinado, em uma terra determinada, lá apareceu a ternura de Deus, a graça de Deus. Não podemos pensar no Natal sem pensar na Terra Santa. Cinquenta anos atrás, Paulo VI teve a coragem de sair para ir lá, e assim começou a época das viagens papais. Eu também desejo ir até lá, para encontrar o meu irmão Bartolomeu, patriarca de Constantinopla, e com ele comemorar esse cinquentenário, renovando o abraço entre o Papa Montini e Atenágoras, ocorrido em Jerusalém em 1964. Estamos nos preparando para isso.

O senhor encontrou-se várias vezes com crianças gravemente doentes. O que se pode dizer diante desse sofrimento inocente?

Um mestre de vida para mim foi Dostoiévski, e aquela sua pergunta, explícita e implícita, sempre girou no meu coração: por que as crianças sofrem? Não há explicação. Vem-me esta imagem: em um certo ponto da sua vida, a criança se "desperta", não entende muitas coisas, se sente ameaçada, começa a fazer perguntas ao pai ou à mãe. É a idade dos "porquês". Mas, quando o filho pergunta, ele não ouve tudo o que você tem a dizer. Ele logo pressiona você com novos "porquês". O que ele busca, mais do que a explicação, é o olhar do pai que dá segurança. Diante de uma criança sofredora, a única oração que me vem é a oração do porquê. "Senhor, por quê?" Ele não me explica nada. Mas eu sinto que Ele me olha. E assim eu posso dizer: "Tu sabes o porquê, eu não sei, e Tu não me o dizes. Mas Tu me olhas, e eu confio em Ti, Senhor, confio no teu olhar".

Falando do sofrimento das crianças, não podemos esquecer a tragédia daqueles que passam fome.

Com a comida que sobra e jogamos fora, poderíamos dar de comer a muitos. Se conseguíssemos não desperdiçar, reciclar a comida, a fome no mundo diminuiria muito. Fiquei impressionado ao ler uma estatística que fala de 10 mil crianças mortas de fome a cada dia no mundo. Há muitas crianças que choram porque têm fome.

Outro dia, na audiência da quarta-feira, atrás de uma barreira, havia uma jovem mãe com o seu bebê de poucos meses. Quando eu passei, a criança chorava muito. A mãe o acariciava. Eu lhe disse: "Senhora, acho que o pequeno tem fome". Ela respondeu: "Sim, já está na hora"... Eu respondi: "Mas dê-lhe de comer, por favor!" Ela tinha pudor, não queria amamentá-lo em público, enquanto o papa passava. Eis, eu gostaria de dizer o mesmo para a humanidade: deem de comer! Aquela mulher tinha leite para o seu bebê. No mundo, temos comida suficiente para saciar a todos. Se trabalharmos com as organizações humanitárias e conseguirmos estar todos de acordo em não desperdiçar comida, fazendo com que ela chegue a quem dela precisa, daremos uma grande contribuição para resolver a tragédia da fome no mundo. Gostaria de repetir à humanidade o que eu disse àquela mãe: deem de comer a quem tem fome! Que a esperança e a ternura do Natal do Senhor nos sacudam da indiferença.

Alguns trechos da Evangelii gaudium atraíram-lhe as acusações dos ultraconservadores norte-americanos. Qual é a sensação de um papa ao ouvir que é definido como "marxista"?

A ideologia marxista é equivocada. Mas, na minha vida, eu conheci muitos marxistas bons como pessoas, e por isso eu não me sinto ofendido.

As palavras que mais chamaram a atenção são aquelas sobre a economia que "mata"...

Na exortação, não há nada que não se encontre na Doutrina Social da Igreja. Eu não falei de um ponto de vista técnico. Eu tentei apresentar uma fotografia do que acontece. A única citação específica foi sobre as teorias da "recaída favorável", segundo as quais todo crescimento econômico, favorecido pelo livre mercado, consegue produzir por si só uma maior equidade e inclusão social no mundo. Havia a promessa de que, quando o copo estivesse cheio, ele transbordaria, e os pobres seriam beneficiados com isso. O que acontece, ao invés, é que, quando está cheio, o copo magicamente se engrandece, e assim nunca sai nada para os pobres. Essa foi a única referência a uma teoria específica. Repito, eu não falei como técnico, mas segundo a doutrina social da Igreja. E isso não significa ser marxista.

O senhor anunciou uma "conversão do papado". Os encontros com os patriarcas ortodoxos lhe sugeriram algum caminho concreto?

João Paulo II falara de modo ainda mais explícito de uma forma de exercício do primado que se abra a uma situação nova. Mas não só do ponto de vista das relações ecumênicas, mas também nas relações com a Cúria e com as Igrejas locais. Nesses primeiros nove meses, eu recebi a visita de muitos irmãos ortodoxos, Bartolomeu, Hilarion, o teólogo Zizioulas, o copta Tawadros: este último é um místico, entrava na capela, tirava os sapatos e ia rezar. Senti-me seu irmão. Eles têm a sucessão apostólica. Eu os recebi como irmãos bispos. É uma dor ainda não poder celebrar a Eucaristia juntos, mas a amizade existe. Acredito que o caminho é este: amizade, trabalho comum e rezar pela unidade. Abençoamo-nos uns aos outros, um irmão abençoa o outro, um irmão se chama Pedro, e o outro se chama André, Marcos, Tomás...

A unidade dos cristãos é uma prioridade para o senhor?

Sim, para mim o ecumenismo é prioritário. Hoje, existe o ecumenismo do sangue. Em alguns países, matam os cristãos porque carregam uma cruz ou têm uma Bíblia, e, antes de matá-los, não lhes perguntam se são anglicanos, luteranos, católicos ou ortodoxos. O sangue é misturado. Para aqueles que matam, somos cristãos. Unidos no sangue, embora entre nós ainda não consigamos dar os passos necessários rumo à unidade, e talvez o tempo ainda não chegou. A unidade é uma graça, que deve ser pedida. Eu conhecia um pároco em Hamburgo que acompanhava a causa de beatificação de um padre católico guilhotinado pelos nazistas porque ensinava o catecismo às crianças. Depois dele, nas filas dos condenados, havia um pastor luterano, morto pelo mesmo motivo. O sangue deles se misturou. Aquele pároco me contava que tinha ido ao encontro do bispo e lhe dissera: "Eu continuo acompanhando a causa, mas de todos os dois, e não só do católico". Esse é o ecumenismo do sangue. Ele também existe hoje, basta ler os jornais. Aqueles que matam os cristãos não pedem para você a carteira de identidade para saber em qual Igreja você foi batizado. Devemos levar em consideração essa realidade.

Na exortação, o senhor convidou a escolhas pastorais prudentes e audazes com relação aos sacramentos. A que o senhor se referia?

Quando eu falo de prudência, não penso em uma atitude paralisante, mas sim em uma virtude de quem governa. A prudência é uma virtude de governo. A audácia também é. Deve-se governar com audácia e com prudência. Eu falei do batismo e da comunhão como alimento espiritual para seguir em frente, a serem considerados como um remédio, e não como um prêmio. Alguns logo pensaram nos sacramentos para os divorciados em segunda união, mas eu não entrei em casos particulares: eu só queria indicar um princípio. Devemos buscar facilitar a fé das pessoas, mais do que controlá-la. No ano passado, na Argentina, eu havia denunciado a atitude de alguns padres que não batizavam os filhos das mães solteiras. É uma mentalidade doente.

E quanto aos divorciados em segunda união?

A exclusão da comunhão para os divorciados que vivem uma segunda união não é uma sanção. É bom lembrar disso. Mas eu não falei disso na exortação.

O próximo Sínodo dos Bispos irá tratar disso?

A sinodalidade na Igreja é importante: falaremos sobre o matrimônio em seu conjunto nas reuniões do consistório em fevereiro. Depois, o tema será abordado no Sínodo Extraordinário de outubro de 2014 e, novamente, durante o Sínodo Ordinário do ano seguinte. Nesses âmbitos, muitas coisas serão aprofundadas e se esclarecerão.

Como procede o trabalho dos seus oito "conselheiros" para a reforma da Cúria?

O trabalho é longo. Quem queria fazer propostas ou enviar ideias o fez. O cardeal Bertello recolheu os pareceres de todos os dicastérios vaticanos. Recebemos sugestões dos bispos de todo o mundo. Na última reunião, os oito cardeais disseram que chegamos ao momento de fazer propostas concretas, e no próximo encontro, em fevereiro, eles me entregarão as suas primeiras sugestões. Eu sempre estou presente nos encontros, exceto na manhã da quarta-feira, por causa da audiência. Mas eu não falo, apenas ouço, e isso me faz bem. Um cardeal idoso, há alguns meses, me disse: "O senhor já começou a reforma da Cúria com a missa cotidiana em Santa Marta". Isso me fez pensar: a reforma começa sempre com iniciativas espirituais e pastorais, antes que com mudanças estruturais.

Qual é a relação certa entre a Igreja e a política?

A relação deve ser ao mesmo tempo paralela e convergente. Paralela, porque cada um tem o seu caminho e as suas diversas tarefas. Convergente, apenas em ajudar o povo. Quando as relações convergem primeiro, sem o povo, ou não se importando com o povo, começa aquele conúbio com o poder político que acaba apodrecendo a Igreja: os negócios, os compromissos... É preciso prosseguir paralelamente, cada um com o seu próprio método, as suas próprias tarefas, a sua própria vocação. Convergentes só no bem comum. A política é nobre, é uma das formas mais altas de caridade, como dizia Paulo VI. Nós a sujamos quando a usamos para os negócios. A  relação entre a Igreja e o poder político também pode ser corrupta, se não converge no bem comum.

Posso perguntar-lhe se teremos mulheres cardeais?

É uma brincadeira que saiu não sei de onde. As mulheres na Igreja devem ser valorizadas, e não "clericalizadas". Quem pensa nas mulheres cardeais sofre um pouco de clericalismo.

Como está o trabalho de limpeza do IOR?

As comissões referentes estão trabalhando bem. O Moneyval nos deu um relatório bom, estamos no caminho certo. Sobre o futuro do IOR, veremos. Por exemplo, o "banco central" do Vaticano seria a APSA [Administração do Patrimônio da Sé Apostólica]. O IOR foi instituído para ajudar as obras de religião, missões, as Igrejas pobres. Depois se tornou como é agora.

Há um ano, o senhor podia imaginar que celebraria o Natal de 2013 em São Pedro?

Absolutamente não.

Esperava ser eleito?


Não esperava. Eu não perdi a paz enquanto os votos aumentavam. Permaneci tranquilo. E essa paz ainda existe agora, eu a considero um dom do Senhor. Terminado o último escrutínio, levaram-me ao centro da Capela Sistina e me perguntaram se eu aceitava. Eu respondi que sim, disse que me chamaria Francisco. Apenas então me afastei. Eles me levaram para a sala adjacente para trocar de hábito. Depois, pouco antes de me assomar, me ajoelhei para rezar por alguns minutos, juntamente com os cardeais Vallini e Hummes, na Capela Paulina.
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Fonte: Instituto Humanitas Unisinos

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Os dois senhores!



“Ninguém pode servir a dois senhores. 
Com efeito, ou odiará um e amará o outro,
ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo.
Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24).

Dois senhores: deus e o dinheiro, digamos Jesus e o mundo.

Chegamos a um momento muito importante de nossa caminhada e convido você, jovem, a compreender a fundo o mistério de amor e de pecado no qual estamos envolvidos. Mais do que nunca você precisa da graça de Deus, da luz do Espírito Santo para capturar a realidade envolvente do pecado e a força transformadora do amor, a fim de decidir-se por um caminho.

Com muita humildade, recolha-se num grande silêncio, e com profunda confiança peça ao Senhor a graça de conhecer os enganos e falsidades das promessas do mundo e a verdadeira vida que Jesus promete. Peça com insistência, porque somente pela graça de Deus pode-se compreender a proposta de Jesus.

A proposta do mundo, que tem por trás o pai da mentira (Satanás), apresenta-se com um grande atrativo e exerce sobre as pessoas um verdadeiro fascínio, promete a vida e felicidade. Mas é tudo engano, falsidade, fumaça nos olhos. Esteja agora bem atento à sua experiência pessoal e à sua observação das pessoas e da realidade que o envolve e verifique se é verdade ou não o modo como somos envolvidos pela proposta do mundo.

Inicialmente todos são atraídos pelo desejo de riquezas e felicidade, porque a riqueza abre as portas a todos os prazeres da vida: conforto, viagens, sexo, comidas e bebidas finas, espetáculos, mordomias, etc. Além disso, a riqueza confere status: a pessoa é considerada, bajulada e elogiada, sua opinião tem peso, suas decisões têm autoridade. Segue-se a ambição pelo poder, a ocupar um cargo de comando na política para que seus interesses, (que nesse caso pretendem ser também os interesses do povo), sejam definidos. E finalmente através desse processo a pessoa chega a um grande orgulho, à auto-suficiência, considerando-se o centro e a norma de tudo, julgando-se incapaz de errar, não aceitando a menor crítica, porque é incapaz de amar verdadeiramente: manipula, engana, escraviza, elimina as pessoas do seu caminho, porque não se interessa por ninguém, só se interessa por si mesma.

O fascínio dessa proposta, contudo, se exerce sobre todos: os pobres sonham com ganhar numa loteria, os jovens sonham com uma carreira que leve, não a ajudar e servir os pobres, mas à propaganda desse projeto que é assimilado tranquilamente, sem espírito crítico.

Os tormentos do Inferno por Santa Faustina


O Senhor quer de nós no dia de hoje uma conversão sincera, que possa abalar até mesmo o mais profundo de nossa alma. Ele quer irradiar em nós a sua misericórdia, de tal modo que possamos anunciá-la a todo o mundo na forma do amor, esse sentimento que Jesus nos deixou como mandamento para a vida eterna.

E, no dia em que celebramos a festa da Divina Misericórdia, a sua luz quer entrar em nosso coração. È preciso dizer “Abbá, Pai, sim, Senhor, eu quero essa misericórdia, eu quero viver esse amor que o Senhor tem pra me dar”. Santa Faustina, quando foi chamada a viver essa misericórdia, recebeu de Deus revelações incríveis e que precisam ser anunciadas a todo o mundo como uma forma de alertar aqueles que não crêem na existência do inferno, ou do céu, ou até mesmo de Deus. É a você hoje que essa mensagem quer chegar. Madre Faustina teve a graça – ou diria “infelicidade” – de contemplar o inferno e teve uma visão sobre ele. Digo graça porque isso levou muitas pessoas finalmente a crerem nessa “fornalha ardente” e a se converterem à fé.

A visão que Santa Faustina teve foi – diria – assustadora e, ao mesmo tempo, triste e comovente. Os relatos dela estão contidos no site Igreja Online e são importantes para exercício da nossa fé.

Hoje, conduzida por um Anjo, fui levada às profundezas do Inferno um lugar de grande castigo, e como é grande a sua extensão. Tipos de tormentos que vi:

1. Primeiro tormento que constitui o Inferno é a perda de Deus;

2. O segundo, o contínuo remorso de consciência;

3. O terceiro o de que esse destino já não mudará nunca;

4. O quarto tormento é o fogo que atravessa a alma, mas não a destrói; é um tormento terrível, é um fogo puramente espiritual, aceso pela ira de Deus;

5. O quinto é a contínua escuridão, o terrível cheiro sufocante e, embora haja escuridão, os demônios e as almas condenadas vêem-se mutuamente e vêem todo o mal dos outros e o seu.

6. O sexto é a continua companhia do demônio;

7. O sétimo tormento, o terrível desespero, ódio a Deus, maldições, blasfêmias.

São tormentos que todos os condenados sofrem juntos, mas não é o fim dos tormentos. Existem tormentos especiais para as almas, os tormentos dos sentidos. Cada alma é atormentada com o que pecou, de maneira horrível e indescritível. Existem terríveis prisões subterrâneas, abismos de castigo, onde um tormento se distingue do outro. Eu teria morrido vendo esses terríveis tormentos, se não me sustentasse a onipotência de Deus.

Que o pecador saiba que será atormentado com o sentido com que pecou, por toda a eternidade.

Estou escrevendo por ordem de Deus, para que nenhuma alma se escuse dizendo que não há inferno ou que ninguém esteve “lá e não sabe como é”.


Eu, Irmã Faustina, por ordem de Deus, estive nos abismos para falar às almas e testemunhar que o Inferno existe. Sobre isso não posso falar agora, tenho ordem de Deus para deixar isso por escrito. Os demônios tinham grande ódio contra mim, mas, por ordem de Deus, tinham que me obedecer. O que eu escrevi dá apenas uma pálida imagem das coisas que vi. Percebi, no entanto, uma coisa: o maior número das almas que lá estão é justamente daqueles que não acreditavam que o Inferno existisse. Quando voltei a mim, não podia me refazer do terror de ver como as almas sofrem terrivelmente ali e, por isso, rezo com mais fervor ainda pela conversão dos pecadores; incessantemente, peço a misericórdia de Deus para eles. “Ó, meu Jesus, prefiro agonizar até o fim do mundo nos maiores suplícios a ter que vos ofender com o menor pecado que seja.”

Consequências da alma ao ir ao inferno segundo Santa Faustina

1) A perda de Deus

Então Ele dirá aos que estiverem à Sua esquerda: “Malditos, apartem-se de Mim” (Mt 25,41).

Aqueles serão punidos de uma perda eterna, afastados da face do Senhor e da glória da Sua força (2 Ts 1,9).

2) O remordimento da consciência

O seu verme não morrerá (Mc,48).

3) O destino dos condenados nunca cambiará

“E estes irão para o castigo eterno” (Mt 25,46).

4) O fogo

“Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno” (Mt 25,41).

5) As trevas

Lancem-no para fora, nas trevas (Mt 22,13; Mt 25,30).

6) A companhia de Satã

“Então Ele dirá aos que estiverem à Sua esquerda: ‘Malditos, apartem-se de Mim para o fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos.” (Mt 25,41).

7) O desespero

Ali haverá choro e ranger de dentes (Mt 22,13)

As palavras de Santa Faustina são duras e merecem uma reflexão. As oportunidades que Deus nos dá de conhecer a verdade, para que possamos ser libertados, são muitas. Precisamos conservá-las em nosso coração de modo que mudemos de vida e tenhamos um compromisso maior com Deus. É preciso que tomemos consciência de que Deus está sempre a nos chamar à santidade e é só com ela que podemos ingressar no céu. Para isso, devemos crer em Deus e ter boas atitudes perante Ele.

O inferno é uma verdade de fé e crer nele não é motivo de temor, mas de ação. Afinal, disse Santa Faustina, o maior número das almas que lá estão é justamente daqueles que não acreditavam que o Inferno existisse. Só resta-nos dizer: Mãe Maria, rogai por nós pecadores.

Jesus, eu confio em vós!

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Fonte: Católicos Tradicionais
Disponível em: O Segredo do Rosário

Adiada votação de projeto sobre homofobia


A votação pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do substitutivo do senador Paulo Paim (PT-RS) ao projeto que torna crime a discriminação ou o preconceito pela orientação sexual e identidade de gênero (PLC 122/2006) foi adiada devido a apresentação de pedido de vista coletiva. A votação foi acompanhada por ativistas e entidades de defesa dos direitos dos homossexuais e de representantes de igrejas, que lotaram a sala da comissão.  A reunião foi conduzida pela senadora Ana Rita (PT-ES).

O substitutivo inclui o combate a todo tipo de preconceito, para evitar críticas de que a futura lei só buscaria acabar com a discriminação contra a orientação sexual. Conforme o texto, poderá ser preso aquele que praticar crime de racismo, de discriminação contra idoso, contra deficiente, contra índios e em função da orientação sexual.

- Cuidamos de elaborar uma regulação de convivência que contemple duas máximas milenares: a liberdade de arbítrio e o respeito ao próximo. É certo que as condutas criminalizadas não tratarão da esfera da consciência, mas da esfera da convivência, definindo apenas comportamentos que impliquem lesão a direito alheio – disse Paim.

Para atender a demandas dos grupos religiosos e viabilizar a votação, o senador promoveu ao todo seis alterações. Ele modificou, por exemplo, o artigo que torna crime “impedir ou restringir a manifestação de afetividade de qualquer pessoa em local público ou privado aberto ao público”, incluindo ressalva para que seja “resguardado o respeito devido aos espaços e eventos religiosos”. Na versão anterior, a ressalva dizia respeito apenas aos templos e demais sedes de entidades religiosas.


O relator observou ainda que o texto é resultado de intensas negociações com todos os setores da sociedade e com o governo. Paim reiterou que o texto “não entra na polêmica” da definição de homofobia.

- Ouvimos a todos na busca de um texto que, embora saibamos que não é o ideal, fica próximo à vontade das partes envolvidas nesse debate. Nos preocupamos em elaborar uma Lei que combata aquilo que consideramos ser unanimidade, combata o ódio, a intolerância e a violência de um ser humano contra o outro – disse Paim, que lembrou no relatório a luta de Nelson Mandela contra todo tipo de preconceito.

Após diversas discussões, Paim também retirou do relatório mudanças no artigo 140 do Código Penal, sobre crimes de injúria. O texto anterior previa detenção, de um a seis meses, ou multa para injúria em razão de sexo, orientação sexual, identidade de gênero”.

- Pediu-se que o projeto não fosse remetido ao Código Penal Brasileiro e seguisse na linha de combate ao ódio, à intolerância e ao preconceito contra todas as pessoas, em respeito aos princípios da dignidade da pessoa humana e da indivisibilidade dos direitos humanos – explicou Paim.


O projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 2006 e desde então aguarda exame no Senado. A versão da CDH muda a lei que define os crimes resultantes de preconceito (Lei nº 7.716/1989). De acordo com a proposta, também pode ser punido com até cinco anos de reclusão quem por razões de preconceito de gênero ou de orientação sexual impedir a promoção de um funcionário. Após passar pela Comissão de Direitos Humanos o projeto ainda será examinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

Rodrigo Baptista
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Fonte: Senado Federal - portal de notícias.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O cansaço do papa solitário!


Uma tontura de cabeça, um encontro cancelado, um comentário brusco sobre as escolhas do novo pontífice. Quarta-feira passada, no arco de poucas horas, soou um sinal de alerta pelo Papa Bergoglio.

Depois da audiência geral na Praça de São Pedro – a temperatura estava fria – Francisco sentiu sua cabeça girar, e o leve mal-estar o obrigou a ir logo repousar, renunciando ao encontro com o cardeal Angelo Scola, que veio especialmente de Milão a lhe falar sobre uma futura visita à Expo 2015. 

Não é pouca coisa. Scola foi o principal antagonista de Bergoglio no conclave: não por motivos pessoais, naturalmente, mas como expoente de outra plataforma. Scola ainda é uma das personalidades mais renomadas entre os bispos italianos, e uma boa relação com ele é decisiva para orientar a Conferência Episcopal Italiana na linha de reforma que o papa tem em mente. 

Na realidade, Francisco está explorando exageradamente as suas forças. Aos 76 anos e com a responsabilidade de uma organização de mais de 1,1 bilhão de adeptos, o papa argentino não tirou um minuto de férias neste verão europeu. Ao contrário de João Paulo II, ele não se restaura com pequenas "fugas" na natureza e, ao contrário de Bento XVI, não se concede regularmente todos os dias uma hora de caminhada pelos jardins vaticanos. 

Aos jovens da paróquia de San Cirillo, em Roma, ele disse no domingo passado que tira apenas meia hora de repouso depois do almoço e, depois, "de novo ao trabalho, até a noite". Francisco espera muito das suas forças. Há um motivo. Bergoglio sente que não tem muito tempo à disposição. Uma dezena de anos, antes de decidir, provavelmente também ele, passar o bastão. E dez anos na história da Igreja são muito poucos. 

Na maré de elogios e de aplausos que o rodeia, o papa argentino está sozinho, muito solitário. Se ele se limitasse ao programa que muitos cardeais eleitores esperavam, não haveria problemas. Reorganizar o IOR e agilizar a Cúria são questões técnicas de uma realização nada difícil. Consultar os bispos mais frequentemente – como era pedido ao futuro pontífice durante as reuniões gerais antes do conclave – podia ser realizado com reuniões plenárias do Colégio Cardinalício mais frequentes e com uma ordem do dia precisa. 


Mas Francisco está fazendo muito mais do que muitos dos seus eleitores imaginavam. (Isso aconteceu com João XXIII). Ele quer remodelar a Cúria desde os fundamentos, reorganizar o Sínodo dos Bispos, dar forma a uma nova abordagem às temáticas sexuais, levar o clero a abandonar atitudes burocráticas e autorreferenciais, mudar o estilo do poder episcopal, inserir as mulheres em postos de governo, imprimir com uma nova comissão (anunciada nessa quinta-feira) um novo impulso à luta contra a pedofilia, protegendo as vítimas e dando indicação aos episcopados. 

Há uma pergunta que paira sobre o Palácio Apostólico: quem apoia Francisco? Com quais forças ele pode contar? A resposta é que um "partido" ou um "movimento" ativo entre clero e bispos pró-Francisco não existe. Não se reforma um aparato corpulento como o eclesiástico – milhares de bispos, centenas de milhares de padres e religiosos, uma rede de centros de poder grandes e pequenos – sem uma forte fileira de seguidores fiéis e comprometidos. 

Na Cúria, uma equipe bergogliana ainda não existe. O novo secretário de Estado, Dom Parolin, é o homem certo (também pela sua forte marca sacerdotal) para trabalhar com Bergoglio, mas a maioria dos cargos curiais são provisórios. 

Até agora, não se vê nos dicastérios curiais e no episcopado mundial uma patrulha compacta de cardeais, bispos e padres prontos para lutar pelas suas reformas como podiam ser os defensores da reforma gregoriana na Idade Média ou da reviravolta do Concílio de Trento. Os episcopados nacionais estão inertes. Muitos assistem passivamente às externalizações de Francisco. Muitos conservadores esperam em silêncio um passo em falso seu. Nas grandes organizações, o aparato sabe que é feito de borracha. 

Nesse clima, as declarações do secretário de Ratzinger, Dom Gänswein, ao semanário alemão Zeit, espalharam inquietação. A revista, embora não entre aspas, escreveu que, para o braço-direito de Bento XVI, a decisão de Francisco de não morar nos apartamentos papais foi sentida como uma "afronta". Além disso, Gänswein, embora reconhecendo que o papa é apenas um, exclama, desconsolado, textualmente: "A cada dia, eu espero de novo o que será diferente (do que antes)". 


Mais do que um encorajamento, uma rejeição ao novo curso. Francisco está sozinho, mesmo que o coração dos fiéis bata por ele.
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Autor: Marco Politi
Fonte: Il Fatto Quotidiano
Tradução: Moisés Sbardelotto.
Disponível em: Instituto Humanitas Unisinos