sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ofensiva de Israel matou mais de 730 palestinos em Gaza


A ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza matou 84 palestinos na quarta-feira e manhã desta quinta, elevando a mais de 730 o número de óbitos no território - a maioria civis - em 17 dias de ataques, informaram os serviços locais de segurança.

O conflito, iniciado no dia 8 de julho, também matou 34 israelenses, sendo 32 militares em combates e dois civis vítimas de um foguete disparado da Faixa de Gaza.

Em Gaza, o porta-voz dos serviços de emergência, Achraf al-Qodra, informou 66 mortes na quarta-feira e outras 18 na madrugada e manhã desta quinta devido aos ataques israelenses.

Em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, seis palestinos de uma mesma família, incluindo duas crianças, foram mortos na manhã desta quinta em um bombardeio israelense.

"Seis membros da família Al-Aftal, incluindo uma menina de cinco anos e um menino de três, estão mortos", disse Achraf al-Qodra.

Muitas crianças estão entre as vítimas dos ataques aéreos e disparos de artilharia do Exército hebreu contra diversos setores da Faixa de Gaza, destacou o porta-voz.

Dois seminaristas cristãos iraquianos são forçados a abandonar os estudos

Eles faziam um curso que prepararia o clero iraquiano
para dar atendimento pastoral aos cristãos traumatizados
pela guerra e pela perseguição.

Em meio a números espantosos, como o dos 5.500 civis assassinados só nos primeiros seis meses de 2014, e notícias estarrecedoras como a da expulsão em massa dos cristãos de Mossul, o nível de sofrimento dos cristãos iraquianos é quase inimaginável.
O arcebispo Warda, de Erbil, no Iraque, declarou recentemente que “há milhares de exemplos do sofrimento dilacerante dos cristãos iraquianos; milhares de exemplos dessa dor sem sentido e assassina. A dor e a tristeza em nossas comunidades são palpáveis. Desde 2003, não há mais nenhuma pessoa que não tenha sido atingida pela tragédia”.
Inúmeros cristãos iraquianos perderam familiares e amigos e estão traumatizados pelos anos de guerra e de instabilidade. Mesmo antes da invasão do EI (Estado Islâmico), eles já eram ameaçados persistentemente pela existência de artefatos explosivos ainda não detonados e pela opressão praticada por uma parte dos vizinhos muçulmanos.

Ajudar essas pessoas a se recuperar emocionalmente de mais de uma década de terror e de perdas é um desafio monumental. Viver em condições desse tipo desencadeia incontáveis outros problemas emocionais e psicológicos, como a profunda apatia entre os jovens sem esperança no futuro, o escapismo via drogas e vício em pornografia e a violência contra membros da própria família.

Estas necessidades não satisfeitas foram identificadas pela Fundação SALT, uma ONG sediada na Holanda e focada em ajudar os cristãos de toda a Mesopotâmia. A fundação tem conseguido oferecer aos cristãos iraquianos ajuda humanitária, projetos de desenvolvimento socioeconômico, programas de capacitação profissional e até mesmo o pagamento de cirurgias, entre outros esforços.
Para proporcionar aos cristãos iraquianos um cuidado pastoral que abranja a vastidão de problemas descrita acima, a SALT também fechou parceria com o Instituto norte-americano de Ciências Psicológicas (IPS, na sigla em inglês), que ministra cursos de pós-graduação em psicologia.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Mulher condenada à morte por se tornar cristã deixa Sudão e é recebida pelo papa


Uma mulher sudanesa que foi poupada de uma sentença de morte por se converter do islamismo para o cristianismo, mas estava proibida de deixar o Sudão, voou para Roma nesta quinta-feira em um avião do governo italiano.

Mariam Yahya Ibrahim, cuja sentença e prisão desencadearam uma comoção internacional, saiu da aeronave com seu bebê no colo e foi saudada pelo primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi.

Horas depois, ela, o marido e os dois filhos foram recebidos pelo papa Francisco em um encontro privado, no Vaticano. "O papa a agradeceu por seu testemunho de fé", disse o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.

Não foram divulgados detalhes sobre o que levou à saída da jovem de 27 anos do país, após um mês com a situação indefinida em Cartum, mas um alto funcionário sudanês disse que sua partida havia sido liberada pelo governo.

“As autoridades não evitaram a saída dela, que era conhecida e foi aprovada com antecedência”, disse o funcionário à Reuters sob condição de anonimato.

Mariam foi acompanhada no avião pelo vice-ministro de Relações Exteriores da Itália, Lapo Pistelli. Ele disse a jornalistas no aeroporto Ciampino, em Roma, que a Itália estava em “constante diálogo” com o Sudão, mas não deu mais detalhes sobre o papel de Roma na remoção da mulher do país africano.

Ele publicou uma fotografia em sua página no Facebook dele com Mariam e seus dois filhos no avião, com a legenda: “A alguns minutos de distância de Roma. Missão cumprida”.

Cristãos impedem que o Governo chinês retire uma cruz de uma igreja


Um grupo de cristãos chineses impediu nesta segunda-feira que a polícia retire a cruz de uma igreja no condado de Pingyang, na província de Zhejiang (China), entretanto, durante os fatos vários fiéis ficaram feridos.

Segundo as testemunhas, as brigas começaram às duas da manhã e duraram duas horas. Os fiéis rodearam o templo para evitar que a cruz fosse retirada, embora as autoridades chinesas tenham conseguido fechar a igreja depois de agredir os cristãos.


Esta atitude, que foi qualificada como “inaceitável” pelas testemunhas, deixou várias pessoas feridas, por isso algumas tiveram que ser levadas para o hospital.


Os manifestantes conseguiram subir as fotos à rede Weibo e enviá-las pelo WeChat, mostrando os resultados da intervenção governamental.

Projeto para reformar o sistema eleitoral brasileiro é uma armadilha


Em um artigo recentemente publicado, e disponível na internet, um procurador regional eleitoral trata do “abuso do poder religioso”, e propõe a necessidade de “desincompatibilização” de ministros religiosos que venham a candidatar-se a cargos públicos. Nesse artigo, o procurador faz uma analogia entre, por um lado, a necessidade de reprimir o abuso do poder político, econômico e mesmo sindical para a lisura das eleições, a fim de evitar constrangimentos intoleráveis à liberdade dos eleitores, e, por outro, determinados abusos que são cometidos por líderes religiosos e seitas, que se valem do carisma pessoal e do apelo ao sobrenatural para promover seus candidatos junto a fiéis não somente pouco esclarecidos como espiritualmente desarmados em razão da ascendência natural que líderes religiosos têm sobre seus seguidores.

De fato, há notícias, nos corredores do Ministério Público Eleitoral, de candidatos que se apresentam em templos religiosos com desrespeito a limitações de prazo e lugar para campanhas eleitorais, em meio a névoas artificiais e luzes feéricas, e são apresentados aos fiéis como verdadeiros “enviados de Deus” em quem todos devem votar, supostamente por ordem dos céus.

Como católico, não pude deixar de alegrar-me por acreditar que a Igreja Católica não age assim. Como membro do Ministério Público, tenho um impedimento constitucional para a vida partidária, e sei que há um impedimento um tanto similar para os sacerdotes católicos no Código Canônico. Documentos magisteriais como a Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” consagram a distinção entre as realidades temporais, cuja ordenação cabe legitimamente aos leigos, mormente naquilo que está no âmbito do opinável, e as questões de fé e de moral, as quais todo leigo deve submeter ao juízo da Igreja. Não se pode deixar de louvar a sabedoria do Magistério católico – que promove a distinção das esferas sem separá-las - ao reconhecer que a vida temporal tem uma legítima autonomia que impede que o sacerdócio católico se transforme numa casta teocrática através do mundo. A Igreja deve ser a casa de todos os católicos que abraçam alguma dentre as diversas opções ideológicas possíveis, daquelas que legitimamente se apresentam nas diversas sociedades e culturas. É o que ensina a Nota Doutrinal sobre Algumas Questões Relativas à Participação e Comportamento dos Católicos na Vida Política, publicada pela Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano:

“Não cabe à Igreja formular soluções concretas – e muito menos soluções únicas – para questões temporais, que Deus deixou ao juízo livre e responsável de cada um, embora seja seu direito e dever pronunciar juízos morais sobre realidades temporais, quando a fé ou a lei moral o exijam.”

A Heresia Anti-litúrgica


A Heresia Anti-litúrgica
Servo de Deus Dom Prosper Louis Paschal Guéranger, OSB
Abade de Solesmes*

Para se dar uma ideia dos estragos da seita anti-litúrgica, parece-nos necessário resumir a marcha dos pretensos reformadores do cristianismo ao longo de três séculos, e apresentar o conjunto de suas ações e de sua doutrina sobre a purificação do culto divino. Não há espetáculo mais instrutivo e mais apropriado para se fazer compreender as causas da rápida propagação do protestantismo. Certamente aí se verá a obra de uma sabedoria diabólica agindo e levando infalivelmente a vastos resultados.

I. A primeira característica da heresia anti-litúrgica é o ódio pela Tradição nas fórmulas do culto divino. Não se pode negar esta característica especial em todos os hereges, desde Vigilâncio até Calvino, e a razão é fácil de se explicar. Todo sectário, querendo introduzir uma nova doutrina, encontra-se inevitavelmente na presença da Liturgia, que é a tradição em seu mais alto poder, e não consegue encontrar repouso até ter feito calar esta voz, até estarem rasgadas as páginas que contêm a fé dos séculos passados. Com efeito, como se estabeleceram e se mantiveram em meio às massas o luteranismo, o calvinismo e o anglicanismo? Tudo se consumou através da substituição dos livros e fórmulas antigos por livros e fórmulas novos. Nada mais incomodaria os novos doutores; poderiam pregar à vontade: a fé das gentes estava doravante sem defesas. Lutero cumpriu esta doutrina com uma sagacidade digna de nossos jansenistas, dado que no primeiro período de suas inovações, à época em que se via obrigado ainda a guardar uma parte das formas exteriores do culto latino, estabeleceu o seguinte regulamento para a Missa reformada:

Nós aprovamos e conservamos os intróitos dos domingos e das Festas de Jesus Cristo, a saber, da Páscoa, de Pentecostes e de Natal. Nós preferiríamos de bom grado os salmos inteiros de que são tirados estes intróitos, como se fazia outrora, mas queremos bem nos conformar ao uso presente. Nem mesmo culpamos aqueles que desejam reter os intróitos dos Apóstolos, da Virgem e dos outros Santos, desde que estes três intróitos sejam tirados dos Salmos ou de outras passagens da Escritura”.

Ele tinha grande ódio dos cânticos sacros compostos pela própria Igreja para expressão pública da fé. Neles ele sentia pesado o vigor da Tradição que ele desejava banir. Reconhecendo à Igreja o direito de unir sua voz, nas santas assembleias, aos oráculos das Escrituras, ele se exporia a ouvir milhões de bocas a anatematizar os seus novos dogmas. Portanto, ódio a tudo que, na Liturgia, não era exclusivamente extraído das Sagradas Escrituras.

II. Com efeito, é o segundo princípio da seita anti-litúrgica a substituição das fórmulas de estilo eclesiástico pelas leituras da Sagrada Escritura. Ela aí encontra duas vantagens: a primeira, a de fazer calar a voz da Tradição que ela sempre teme; em seguida, um meio de propagar e de apoiar os seus dogmas, pela via da negação ou da afirmação. Pela via da negação, passando em silêncio, através de escolhas astutas, os textos que exprimem a doutrina oposta aos erros que eles querem fazer prevalecer; pela via da afirmação, pondo à luz passagens cortadas que só apresentam um lado da verdade, escondendo o outro dos olhos dos mais simples. Sabe-se, desde muitos séculos, que a preferência dada, por todos os hereges, às Sagradas Escrituras sobre as definições eclesiásticas, não tem outra razão que a facilidade que eles têm de fazer dizer pela Palavra de Deus tudo o que quiserem, apresentando-a segundo o que lhes convém. (...) Quanto aos protestantes, eles quase reduziram a Liturgia inteira à leitura da Escritura, acompanhada de discursos nos quais ela é interpretada pela razão. Quanto à escolha e à determinação dos livros canônicos, acabaram por cair no capricho do reformador, que, como último recurso, decide não somente o sentido da palavra de Deus, mas se esta palavra é verdadeira ou não. Assim, Martinho Lutero conclui, em seu sistema panteísta, que a inutilidade das obras e a suficiência da fé são dogmas a serem estabelecidos e a partir daí declara que a Carta de São Tiago é uma carta de palha, e não uma carta canônica, somente pelo fato de aí se ensinar a necessidade das obras para a salvação. Em todos os tempos e sob todas as formas, funcionará sempre do mesmo jeito: nada de fórmulas eclesiásticas, somente a Escritura, mas interpretada, escolhida e apresentada por aquele ou por aqueles que sabem tirar proveito para a inovação. A armadilha é perigosa para os simples, e somente depois de um longo tempo é que se percebe o engano em que se caiu, e que a palavra de Deus, esta espada de dois gumes, como diz o Apóstolo, abriu grandes feridas, pois foi manuseada pelos filhos da perdição.

III. O terceiro princípio dos hereges acerca da reforma da Liturgia é, digamos, depois de ter expulsado as fórmulas eclesiásticas e proclamado a necessidade absoluta de se empregar apenas as palavras da Escritura no serviço divino, visto que a Escritura nem sempre se dobra, como eles gostariam, a todas as suas vontades, fabricar e introduzir fórmulas novas, cheias de perfídia, pelas quais as pessoas sejam mais solidamente ainda acorrentadas ao erro, e todo o edifício da ímpia reforma venha a se consolidar pelos séculos.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Iraque: o último êxodo dos cristãos de Mossul


Os últimos cristãos que deixaram Mossul depois do ultimato dirigido a eles pelos jihadistas do autoproclamado Califado Islâmico (Estado Islâmico - EI) são quase três mil.

Um número muito elevado em relação às estimativas aproximativas até agora feitas, segundo as quais somente poucas centenas de batizados permaneceram em Mossul depois de que a segunda cidade iraquiana foi ocupada pelos insurgentes sunitas.


Foi o que confirmou à Agência Fides o médico Marzio Babille, responsável pelo Unicef no Iraque.


A maioria dos cristãos – afirmou o médico – dirigiu-se para o norte, rumo às cidades de Tilkif, Batnaya e Alqosh.

Cerca de 40 famílias se moveram para o leste, rumo Qaraqosh. E cerca de outras 30 foram acolhidas na Província de Dohuk. 20 famílias chegaram a Erbil, capital da região autônoma do Curdistão iraquiano, onde foi criando um pequeno centro de acolhimento com a arquidiocese caldeia.

Iraque: em Mossul "limpeza étnica"


Cada vez mais dramática a situação dos cristãos no Iraque, forçados a fugir da violência do Estado islâmico: um êxodo de três mil pessoas, segundo o UNICEF. Particularmente grave é a situação em Mosul onde jiihadistas ocuparam igrejas e conventos, queimaram a sede do arcepispado sírio-católico e imposto aos cristãos ou a proteção ou a conversão. Papa Francisco continua a sentir a sua proximidade, como confirma o telefonema do último domingo, ao Patriarca de Antioquia dos sírio-católicos, Ignatius Youssef III Younan, e a audiência desta terça-feira ao Núncio Apostólico no Iraque e Jordânia, Dom Giorgio Lingua. “Agora precisamos de solidariedade concreta e corajosa da parte de todos”, afirmam os bispos iraquianos reunidos em Bagdá. O apelo está contido nas palavras de Dom Amel Shamon Nona, Arcebispo caldeu de Mossul, entrevistado pela Rádio Vaticano:

R. - Fizemos um apelo ao mundo explicando o que aconteceu aos cristãos de Mossul: um crime contra a humanidade. Também pedimos três coisas muito importantes: a proteção para nós e para todas as outras minorias; de apoiar as famílias que fugiram da cidade de Mossul; e de encontrar casas e escolas para essas famílias que deixaram tudo.

P. - Portanto, um apelo à comunidade internacional e à comunidade local ...

R. - A todos os homens do Iraque e de todo o mundo para encontrar uma saída e, especialmente, para a cidade de Mossul, onde há um patrimônio de igrejas e manuscritos importantes para a nossa história, patrimônio de toda a humanidade.

P. – É de algumas horas atrás a notícia que o Conselho de Segurança da ONU condenou as perseguições. Talvez isto ajudará?

R. - Com certeza vai nos ajudar, mas precisamos de coisas reais. Ouvimos tantas declarações, tantos apelos mas o nosso povo precisa de segurança, porque os cristãos em todo o Iraque têm muito medo.