terça-feira, 12 de abril de 2016

São Júlio I


Na Igreja temos pelo menos nove santos com o nome de Júlio, mas hoje celebramos Júlio Primeiro, Papa que dirigiu a Igreja desde 337 até 352.

Júlio era de origem romana, filho de um certo cidadão chamado Rústico. Viveu no período em que a Igreja respirava a liberdade religiosa concedida pelo imperador Constantino. Esta liberdade oferecia ao cristianismo melhores condições de vida e expansão da religião. Por outro lado surgiram as primeiras heresias: donatismo, que pregava que somente santos podiam estar na igreja e o arianismo, que negava a divindade de Cristo.

Com a morte de Constantino, o arianismo começou a crescer rapidamente. O Papa Júlio I, indo contra os poderosos que defendiam esta heresia, tomou a defesa e hospedou Atanásio, o grande doutor da Igreja, aquele que era contra os hereges arianos, incentivando a fim desta heresia.

O Papa Júlio I construiu várias igrejas em Roma: a dos Santos Apóstolos, a da Santíssima Maria de Trastéveres, e mandou construir as igrejas de são Valentim, de São Calixto e de São Félix. Cuidou da organização eclesiástica, e da catequese dos adultos e velhos.

Ele morreu em 352, após quinze anos de pontificado. Foi sepultado no cemitério de Calepódio, na via Aurélia, numa igreja que ele também havia mandado edificar e sua veneração começou entre os fiéis a partir do século sétimo.  


Deus eterno e todo-poderoso, quiseste que São Júlio I governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Combatendo o bom combate


Enquanto combatemos o bom combate da fé, Deus, seus anjos e o próprio Cristo nos contemplam. Que glória imensa e que felicidade lutarmos na presença de Deus e sermos coroados por Cristo Juiz!

Armemo-nos, queridos irmãos, de coragem e fortaleza, e preparemo-nos para a luta com pureza de espírito, fé inquebrantável e generosa confiança. Avance o exército de Deus para a batalha que nos foi proposta. O santo Apóstolo ensina como nos devemos armar e preparar: Cingi os vossos rins com a verdade, revesti-vos com a couraça da justiça e calçai os vossos pés com a prontidão em anunciar o evangelho da paz. Tomai o escudo da fé, o qual vos permitirá apagar todas as flechas ardentes do Maligno. Tomai, enfim, o capacete da salvação e o gládio do espírito, isto é, a Palavra de Deus (Ef 6,14-17).

Tomemos estas armas, protejamo-nos com estas defesas espirituais e celestes, para podermos resistir e vencer os assaltos do demônio no dia do combate.

Revistamo-nos com a couraça da justiça. Com ela nosso peito estará protegido e seguro contra as flechas do inimigo. Estejam nossos pés calçados e guarnecidos com a doutrina evangélica. Assim, quando pisarmos e esmagarmos a serpente, não seremos mordidos nem vencidos. 

Seguremos com firmeza o escudo da fé, para que nele seja destruído tudo quanto o inimigo lançar contra esta proteção.

Tomemos também o capacete espiritual para proteger nossa cabeça; com ele, os ouvidos não escutarão os anúncios da maldade, os olhos não verão as imagens detestáveis, a fronte conservará incólume o sinal de Deus e a boca proclamará vitoriosamente a Cristo, seu Senhor.

Armemos finalmente nossa mão direita com a espada espiritual para rejeitar com determinação os sacrifícios infames; e, lembrando-nos da eucaristia, recebamos o corpo do Senhor e vivamos em união com ele, esperando receber mais tarde, das mãos do mesmo Senhor, o prêmio das coroas celestes.

Que estas realidades, queridos irmãos, fiquem bem gravadas em vossos corações. Se o dia da perseguição nos encontrar nestes pensamentos e meditações,o soldado de Cristo, instruído por suas ordens e preceitos, não temerá o combate, mas estará pronto para a coroa.


Das Cartas de São Cipriano, bispo e mártir
(Ep.58,8-9.11: CSEL 3, 663-666)     (Séc. III)

Geração escolhida, sacerdócio real


Vós sois geração escolhida, sacerdócio real. Este elogio, dado outrora por Moisés ao povo antigo de Deus, aplica-o agora o apóstolo Pedro, e com razão, aos gentios, porque acreditaram em Cristo, o qual, como pedra angular, reuniu todos os povos na mesma salvação que Israel tinha tido para si.

Chama-os geração escolhida, por causa da sua fé, para os distinguir daqueles que, rejeitando a pedra viva, acabaram por serem eles mesmos rejeitados. Chama-os também sacerdócio real, porque se encontram unidos ao Corpo d’Aquele que é o supremo rei e verdadeiro sacerdote; como rei, torna-os participantes do seu reino e, como pontífice, purifica-os dos pecados pelo sacrifício do seu Sangue. Chama-os sacerdócio real, para que se lembrem de esperar o reino eterno e de oferecer continuamente a Deus o sacrifício de uma conduta irrepreensível.

São chamados também nação santa e povo resgatado, em conformidade com o que diz o apóstolo Paulo, ao comentar uma passagem do Profeta: O meu justo vive pela fé; mas se dela se afastar, não agradará à minha alma. Nós, porém, não somos dos que se afastam da fé para sua perdição, mas dos que a conservam para salvar a alma. E nos Atos dos Apóstolos: O Espírito Santo vos constituiu bispos, para regerdes a Igreja do Senhor, que Ele adquiriu com o seu Sangue.

Assim, portanto, o Sangue do nosso Redentor fez de nós um povo resgatado, como outrora o sangue do cordeiro libertara do Egito o povo de Israel. Por isso, no versículo seguinte, ao recordar-se do sentido misterioso da antiga narração, ensina Pedro que ela deve ser realizada plenamente no novo povo de Deus, dizendo: Para anunciardes as suas grandezas.    

Efetivamente, assim como os que foram libertados da escravidão do Egito por Moisés entoaram ao Senhor um cântico triunfal, depois de terem passado o Mar Vermelho e de ter sido submergido o exército de Faraó, assim também nós, depois de termos recebido no Batismo o perdão dos pecados, devemos agradecer dignamente os benefícios celestes.

De fato, os Egípcios que afligiam o povo de Deus, e por isso eram símbolo das trevas e tribulações, representam bem os pecados que nos acompanhavam, mas que foram lavados pelas águas do Batismo.

A libertação dos filhos de Israel e a sua caminhada para a pátria outrora prometida, adapta-se ao mistério da nossa redenção, pela qual nos dirigimos para os esplendores da morada celeste, sendo nossa luz e guia a graça de Cristo. Esta luz da graça foi também prefigurada por aquela nuvem e coluna de fogo que, durante toda aquela viagem, os defendeu das trevas da noite e os conduziu, por caminho inefável, para a pátria prometida.



Do Comentário de São Beda Venerável, presbítero, sobre a Primeira Epístola de S. Pedro (Cap. 2: PL 93, 50-51) (Sec. VIII)

Magia e religião: qual é a diferença?


Há pessoas que consideram que rezar é um absurdo. Por outro lado, também existem aquelas que acham que a oração pode consertar todas as coisas, como curar doenças ou solucionar um casamento.

Em geral, a verdade e a falsidade andam juntas e, por isso, podemos adiantar uma conclusão: é mentira que rezar é um absurdo; mas é verdade que rezar não cura doenças nem soluciona casamentos. O mais interessante disso tudo é que a falsidade de ambas as posições tem a mesma tese como fundamento.

Esta tese comum pode ser observada claramente na diferenciação feita pela antropologia cultural clássica entre magia e religião.

Malinowski, um desses antropólogos, conta que alguns nativos das ilhas do Pacífico, quando saíam para pescar com suas canoas em alto mar, realizavam ritos religiosos de oferendas e súplicas. Pelo visto, para eles, o mar era o que não podiam dominar, o que ia além de qualquer um dos seus poderes e habilidades.

Malinowski observou, no entanto, que estes ritos não eram realizados quando os nativos pescavam – também em canoas – em um lado interior. Então, deduziu que o núcleo do assunto não residia na atividade em si, ou seja, na pesca, mas na compreensão que tinham da realidade.

Acudia-se à divindade quando uma aura de mistério e impotência excedia as possibilidades dos homens: ninguém podia saber que desventuras ocorreriam em alto mar, mas, no lago, tudo estava sob controle. 

Santa Gema Galgani


Gema, nome que significa jóia, foi a primeira das cinco filhas do casal Galgani. Nasceu em 1878, numa família rica e profundamente religiosa.

Gema Galgani teve uma infância feliz, cercada de atenção da mãe que lhe ensinava as orações e o catecismo com alegria. Ela aprendeu tão bem que não se cansava de recitá-lo e pedia constantemente à mãe que lhe contasse as histórias da vida de Jesus.

Mas esta felicidade caseira terminou aos sete anos. Sua mãe morreu muito cedo e sua ausência também causou o falecimento do pai. Órfã, caiu doente e só suplantou a grave enfermidade graças ao abrigo encontrado no seio de uma família de Luca, também muito católica, que a adotou e cuidou de sua formação.

Com a morte dos pais, Gema apegou-se ainda mais a religião. Recebeu a Primeira Eucaristia antes mesmo do tempo marcado para as outras meninas e levava tão a sério os conceitos de caridade que dividia a própria merenda com os pobres.

Demonstrava sempre vontade de se tornar freira e tentou fazê-lo logo depois que Nossa Senhora lhe apareceu, em sonho. Pediu a entrada no convento da Ordem das Passionistas, mas a resposta foi negativa. Conservou seu estado leigo com entrega total ao amor de Jesus.

Conta a história que Gema conversava com anjos e recebia a visita de São Gabriel. Recebeu também os estigmas de Cristo, que lhe trouxeram terríveis sofrimentos, mas ela os suportou com alegria e paciência.

Entretanto, fisicamente fraca, os estigmas e as penitências que se auto-infligia acabaram por consumir sua vida. Gema Galgani morreu muito doente, aos vinte e cinco anos.

Imediatamente começou a devoção e veneração à "Virgem de Luca" como passou a ser conhecida. O Papa Pio XII a declarou modelo para a juventude da Igreja. segundo consideram autoridades em matéria de espiritualidade, passou por todos os nove graus clássicos do crescimento na vida de santidade. 



Ó Deus, que transformastes Santa Gema em retrato vivo do vosso Filho, concedei-nos por sua intercessão que, associarmo-nos a paixão de Cristo e participar de sua glória. Isso vos pedimos por Cristo Nosso Senhor. Amém!

domingo, 10 de abril de 2016

54ª Assembleia Geral da CNBB

 
A Conferência Nacional do Bispos do Brasil – CNBB – está reunida entre os dias 06 e 15 de abril, em Aparecida, São Paulo. A Assembleia Geral é o órgão supremo da CNBB e uma expressão de colegialidade e corresponsabilidade dos bispos da Igreja no Brasil. É uma oportunidade para conhecer os colegas bispos e para partilhar as alegrias, projetos e preocupações. 

Na Assembleia são tratados prioritariamente assuntos pastorais que envolvem a evangelização. Estuda-se temas referentes a missão da Igreja, análise da conjuntura religiosa e outros que necessitem de esclarecimentos e aprofundamentos. O tema central deste ano reflete sobre a missão do cristão leigo na Igreja e na sociedade. Deste estudo resultará um documento para subsidiar a Igreja.

Os cristãos católicos que formam a Igreja estão no mundo e vivem concretamente num país. A vivência da religião é influenciada pela situação social, política e econômica onde os fiéis vivem. Quando lemos o Evangelho fica claro, em tantos textos, o contexto do tempo de Jesus. Por isso que na Assembleia da CNBB também entra o estudo e o debate da situação atual. Constantemente os bispos são perguntados e questionados sobre o seu posicionamento diante de questões sociais, econômicas e políticas. A Assembleia Geral da CNBB deste ano reúne em torno de 360 bispos vindos de todos os Estados e regiões do país. O contato direto que cada bispo tem com as pessoas, das mais diferentes classes sociais e econômicas, possibilita fazer uma boa leitura da realidade brasileira. Além de informações que cada um traz, também testemunha o que é vivido em cada região. 

A celebração da Eucaristia


A ninguém é permitido participar da Eucaristia, a não ser àquele que, admitindo como verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo batismo para a remissão dos pecados e a regeneração, leve uma vida como Cristo ensinou. 

Pois não é pão ou vinho comum o que recebemos. Com efeito, do mesmo modo como Jesus Cristo, nosso salvador, se fez homem pela Palavra de Deus e assumiu a carne e o sangue para a nossa salvação, também nos foi ensinado que o alimento sobre o qual foi pronunciada a ação de graças com as mesmas palavras de Cristo e, depois de transformado, nutre nossa carne e nosso sangue, é a própria carne e o sangue de Jesus que se encarnou.

Os apóstolos, em suas memórias que chamamos evangelhos, nos transmitiram a recomendação que Jesus lhes fizera. Tendo ele tomado o pão e dado graças, disse: Fazei isto em memória de mim. Isto é o meu corpo (Lc 22,19; Mc 14,22); e tomando igualmente o cálice e dando graças, disse: Este é o meu sangue (Mc 14,24), e os deu somente a eles. Desde então, nunca mais deixamos de recordar estas coisas entre nós. Como que possuímos, socorremos a todos os necessitados e estamos sempre unidos uns aos outros. E por todas as coisas com que nos alimentamos, bendizemos o Criador do universo, por seu Filho Jesus Cristo e pelo Espírito Santo.

No chamado dia do Sol, reúnem-se em um mesmo lugar todos os que moram nas cidades ou nos campos. Leem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, na medida em que o tempo permite.

Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos.

Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos as nossas preces; como já dissemos acima, ao acabarmos de rezar, apresentam-se pão, vinho e água.Então o que preside eleva ao céu, com todo o seu fervor, preces e ações de graças, e o povo aclama: Amém. Em seguida, faz-se entre os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos que foram eucaristizados, que são também enviados aos ausentes por meio dos diáconos.

Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que se recolhe é colocado à disposição do que preside. Este socorre os órfãos, as viúvas e os que, por doença ou qualquer outro motivo se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros e os hóspedes que chegam de viagem; numa palavra, ele assume o encargo de todos os necessitados.

Reunimo-nos todos no dia do Sol, não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque neste mesmo dia Jesus Cristo, nosso salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na véspera do dia de Saturno; e no dia seguinte a este, ou seja, no dia do Sol,aparecendo aos seus apóstolos e discípulos, ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de consideração.



Da Primeira Apologia a favor dos cristãos, de São Justino, mártir
(Cap.66-67: PG 6,427-431)     (Séc.I)

Por que na missa não se diz “amém”, no final do Pai-Nosso?


A palavra “amém”, um dos vocábulos mais utilizados pelos cristãos, é dificilmente traduzível em seu sentido mais profundo (por isso é mantida em hebraico, o idioma original), e utilizada sempre em relação a Deus.

Pronunciar esta palavra é proclamar que se tem por verdadeiro o que se acaba de dizer, com o objetivo de ratificar uma proposição, unir-se a ela ou a uma oração.

Por isso, expressar em forma grupal no âmbito do serviço divino ou ofício religioso também significa “estar de acordo” com o que foi dito.

A palavra “amém” é utilizada para concluir as orações. No entanto, a oração por excelência, o Pai-Nosso, quando rezado dentro da missa, não é acompanhado pelo “amém” no final. Fora da missa, o “amém” é dito normalmente.

Cabe ressaltar que o Pai-Nosso é a única oração da Igreja que está integrada na liturgia da missa.

Mas qual é a explicação para a ausência do “amém” no Pai-Nosso da missa? É simples: não se diz “amém” porque a oração ainda não terminou.

Depois de todos rezarem o Pai-Nosso até o “… mas livrai-nos do mal”, ao invés de dizer “amém”, o sacerdote continua a oração sozinho. A liturgia chama isso de “embolismo”, ou seja, essa oração que o padre reza sozinho é uma oração que recolhe e desenvolve a oração precedente.