A gente sente mesmo quando a dor não é nossa. Sente
o aperto e a aflição daqueles que choram pelo seu ente querido. Pelo vendaval
que vem e entra de repente levando aos poucos ou rapidamente alguém querido. Um
amigo, um colega, um familiar ou um conhecido. Aquele vizinho que víamos passar
na rua e nem sabíamos seu nome.
Tudo acontece sem escolher o dia e a hora. Chega e
bate na porta deixando tudo escuro e o coração às lagrimas. Tentamos entender
mesmo querendo não acreditar, parece um pesadelo irreal.
Tudo é confuso, a medicina, o abraço e as palavras
dadas para confortar. Nada é favorável, nem o silencio e nem o grito, nada muda
ou refaz o fôlego voltar. Sentimos como crianças perdidas, com medo, frágeis e
queremos colo. Acolhemo-nos e analisamos tudo e todos e a música fúnebre nos
toca.
O corpo sente, vem dor de cabeça, insônia,
angústia, depressão e dores da alma. Tentamos refazer cada segundo e parece que
a estrutura acaba ali, o fim é esse. As flores, tudo preparado para o funeral,
e a despedida não são agradáveis e aceitáveis. Choramos, as coisas ficam sem
significado e palavras não mudam nada.
Tudo fica cinza, horrível, a dor será a companhia
de meses. Só Deus e o tempo aliviarão as feridas e aceitação de caminhar sem o
outro. Mas jamais nos permitirá esquecer e apagar os momentos vivenciados.