sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Não dê um smartphone ao seu filho


Depois de passar quatro dias em um encontro de combate à exploração sexual, na cidade de Houston, no Texas, minha mente está exausta. Assistimos a palestras sobre neurociência, tráfico humano, abuso sexual, exploração infantil e muito mais. Também assistimos a muitas, muitas palestras, sobre o veneno que tem se infiltrado em todos os lugares, alimentando o estupro, destruindo relacionamentos, debilitando os homens e obliterando a infância: a pornografia.

Ainda escreverei muito mais sobre o que aprendi, mas, por enquanto, gostaria de fazer aos pais um breve apelo, que praticamente todos os palestrantes fizeram e eu faço questão de repetir: não dê um smartphone ao seu filho.

Parece loucura imaginar que, uma década atrás, smartphones eram incomuns. Muitas pessoas sequer tinham um celular em mãos. Agora, de acordo com a premiada jornalista e escritora Nancy Jo Sales — autora de American Girls: Social Media and the Secret Lives of Teenagers —, praticamente todas as interações sociais (e sexuais) dos adolescentes foram canalizadas para os pequenos e frenéticos aparelhos que eles carregam consigo para onde quer que vão. Isso tem feito crescerem o cyberbullying, o consumo e a produção de pornografia e até mesmo o suicídio e a exploração sexual entre jovens. Adolescentes — e crianças — são puxados para dentro das redes sociais, do Facebook ao Instagram, do Snapchat a outra meia dúzia de aplicativos desconhecidos, onde as interações e os conteúdos são selecionados apenas pelas crianças que os acessam, livres de qualquer supervisão dos pais ou adultos.

Os adolescentes sabem que isso está tornando as suas vidas miseráveis. As meninas com quem conversou a jornalista Nancy Sales também lhe contaram isso. Mas elas também revelaram não ter saída. Como hoje a maior parte da vida das pessoas se passa online, optar por sair é como escolher o isolamento voluntário. As "moedas de troca" geralmente envolvem imagens de nudez, sexo explícito ou "selfies" — e, cada vez mais, também isso deixou de ser opcional.

Os pais são incapazes de controlar esse novo mundo dos adolescentes. Em muitos casos, eles sequer conseguem penetrar o seu interior. É por isso que um pai ficou tão perplexo quando sua filha se enforcou depois de um adolescente cruelmente publicar um vídeo seu tomando banho no Snapchat — aquela tinha sido, na verdade, a primeira vez em que o pai, desolado, ouviu falar de "Snapchat". Para os pais que desejam resgatar os seus filhos da "selva da Internet" ou poupá-los do sofrimento que está devastando milhões de pessoas, há algumas alternativas. Diálogo honesto e conversas francas. Fiscalização atenta do uso das redes sociais. Programas especiais e filtros de Internet em todos os aparelhos de tecnologia.

Mas, por hoje, eu gostaria de indicar apenas uma coisa: não dê um smartphone ao seu filho.

São João Diego Cuauhtlatoatzin


Juan Diego era um índio asteca nascido em 1474 na atual Cidade do México. Era pobre e dedicava-se ao difícil trabalho no campo e à fabricação de esteiras. Possuía um pedaço de terra, onde vivia feliz com a esposa. Atraído pela doutrina dos padres franciscanos, converteu-se e foi batizado. Costumava caminhar de sua vila à Cidade do México, a catorze milhas de distância, para aprender a Palavra de Cristo. 

Juan Diego ficou viúvo e então passou a dedicar-se ainda mais a religião. Um dia, voltando da igreja, no dia 09 de dezembro de 1531, o jovem índio presenciou a primeira aparição de Nossa Senhora de Guadalupe, que o chamou em sua língua nativa, dizendo: "Joãozinho meu queridinho". A Virgem pediu a Juan que procurasse o bispo e pedisse que fosse construída uma Igreja naquele local. O Bispo, incrédulo, pediu provas concretas da aparição. 

Na terça feira, 12 de dezembro, João Diego estava indo à cidade, quando a Virgem apareceu e o consolou. Em seguida pediu que ele colhesse flores. Apesar do frio inverno, ele encontrou lindas flores. Ela disse que as entregasse ao Bispo como prova da aparição. Diante do Bispo ele abriu sua túnica, as flores caíram e no tecido apareceu impressa a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe. 

Juan Diego faleceu no dia 30 de maio de 1548, aos setenta e quatro anos, de morte natural.



Ditoso Juan Diego, índio bondoso e cristão, nós te suplicamos que acompanhes a Igreja peregrina, para que seja cada dia mais evangelizadora e missionária. Encoraja os Bispos, sustenta os presbíteros, suscita novas e santas vocações, ajuda todas as pessoas que entregam a sua própria vida pela causa de Cristo e pela difusão do seu Reino.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Ex-satanista: “Eu fazia rituais satânicos dentro de clínicas de aborto”.


Garoto normal de um bairro americano, criado em um lar evangélico batista, Zachary começou a praticar magia aos 10 anos, juntou-se a uma seita satânica aos 13 e, com 15, já havia quebrado todos os Dez Mandamentos. Dos seus anos de juventude até a idade adulta, ele trabalhou o seu caminho até se tornar "sumo sacerdote" da seita e praticou ativamente a agenda satânica, incluindo rituais de aborto. Atualmente, Zachary está escrevendo sobre suas experiências em um novo livro, intitulado Abortion is a Satanic Sacrifice ["Aborto é um Sacrifício Satânico"].

Zac, você tem uma longa história para contar. Poderia nos dar uma ideia geral de como você foi cair no satanismo?

Tudo começou com uma forte curiosidade, em que eu me perguntava se a magia era algo real. Isso veio depois que assisti a filmes sobre feiticeiros e bruxos, na década de 1970, quando eu cresci. Nós tínhamos um jogo na escola chamado Bloody Mary, ou I Hate You, Bloody Mary, no qual você ia ao banheiro e recitava essas frases um certo número de vezes com as luzes apagadas. Todas as vezes que o meu grupo fazia isso, sempre víamos um rosto demoníaco no espelho. Não fazíamos ideia do que era aquilo que estávamos encarando, apenas que, de repente, aparecia aquela coisa assustadora no espelho e todos corriam para fora do banheiro, morrendo de medo... exceto eu. Eu sempre achava aquilo bem legal. Então, na mesma época em que eu fazia isso, também jogava torneios de Dungeons and Dragons todo fim de semana, e eu sempre era o mago ou o feiticeiro do jogo. Eventualmente, eu me perguntava se podia fazer magia de verdade e tentei um par de feitiços para ganhar dinheiro. Ambos funcionaram, mas, como poderia ter sido apenas uma coincidência, eu tentei fazer uma terceira vez e, na terceira vez em que fiz isso, joguei o feitiço em frente ao demônio do banheiro e achei que pudesse aumentar um pouco o valor do lance para ver o que acontecia. Consegui 1.000 dólares no dia seguinte. A partir de então, fiquei convencido de que magia era real.

Quando eu tinha cerca de 12, um amigo me apresentou a um grupo que jogava Dungeons and Dragons e que também acreditava que magia era real. Aquele grupo acabou se revelando uma seita satânica. Muitas pessoas me perguntam: "Você não correu e se escondeu a essa altura?" Eu lembro a elas que cresci nos anos 70, quando seitas satânicas na TV eram realmente assustadoras, mas... eu adorava fliperama, video games, ficção científica, como Jornada nas Estrelas e Guerra nas Estrelas, e aqueles rapazes tinham quase todos os filmes de ficção científica e de fantasia que eu sempre quis assistir. Eles tinham fliperama, uma piscina, uma grande churrasqueira, e era como um clube de meninos e meninas, tudo muito divertido. Deixem-me colocar deste modo: eles sabiam como recrutar, sabiam tudo o que uma criança queria fazer. Então, foi assim que eu me envolvi com isso.

Aquele foi o meu primeiro grupo. Fiquei lá dentro até os meus 18 anos, quando me juntei à Igreja Mundial de Satanás, que é um grupo muito maior, internacional. A posição que eu atingi é chamada de high wizard (uma espécie de "sumo sacerdote"). Em uma seita satânica maior, eles são as pessoas que fazem a magia pelo grupo. Poderia haver somente um ou até dez deles, mas o número geral variava de 2 a 5, e o nosso trabalho era viajar ao redor do mundo fazendo quaisquer feitiços que as pessoas quisessem que fizéssemos. Quando eu digo "pessoas", falo de estrelas do rock, astros de filmes, personalidades políticas, pessoas ricas... Não há limites para quem quer um feitiço e para o valor que eles estão dispostos a pagar. 

Por que a Virgem Maria foi concebida sem pecado?


A Imaculada Conceição da Virgem Maria – é este o mistério que neste dia celebramos. Hoje, a Virgem foi concebida no ventre de Ana, sua mãe. Mas, que tem isso de mistério? É verdade que toda vida que brota é um mistério; é verdade que todo feto, desde o primeiro momento de sua existência, seja são ou defeituoso, é já uma vida humana e, portanto, um milagre de Deus, um sorriso de Deus, um presente de Deus – apesar dos monstros de hoje, dessa humanidade desalmada e sem Deus, desejarem tanto negar a dignidade da vida humana desde o seu primeiro momento... Sobre isto, basta pensar em alguns ministros do Supremo Tribunal Federal, que podem ter até alguma ciência, mas certamente, pouquíssima consciência, pelo menos consciência realmente humana – se é que outro tipo de consciência possa existir...

Se é assim, se cada concepção neste mundo é um mistério, o que tem de extraordinário a concepção daquela que será a Mãe do Cristo-Deus?

Eis o mistério, eis a novidade, eis o extraordinário: no momento mesmo em que Ana, idosa e estéril, concebeu a Virgem Santa, ela, por ser destinada a ser a Mãe do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, foi preservada da mancha do pecado original. Em outras palavras: a Virgem Maria, desde o primeiro momento de sua existência no ventre materno, foi preservada daquela marca negativa, de fechamento e desarmonia, que mancha e fere a nossa natureza humana. Portanto, a ela, e só a ela, o Senhor pode exclamar, com as palavras do Cântico dos Cânticos: “Como és bela, Minha amada, como és bela! És toda bela, Minha amada, e não tens um só defeito!” (4,1.7).

Que o Senhor Deus exclame assim!
Que a Mãe Igreja cante assim!
Que a humanidade exulte assim!

A Igreja desde muito cedo foi compreendendo sempre mais este mistério da Imaculada Concepção de Nossa Senhora: ela, a Virgem, fora preservada do pecado graças aos méritos do Cristo, que com Sua paixão, morte e ressurreição nos libertou do pecado.

Como diz São Paulo aos Romanos: “Todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus e são justificados gratuitamente por Sua graça, em virtude da redenção realizada em Cristo Jesus” (3,23s). Com efeito, sem Jesus, sem a cruz que Deus já sabia que aconteceria, a Virgem seria tão pecadora, tão perdida quanto todo o resto da humanidade! Mas, a mesma cruz de Cristo que nos arrancou da lama, sequer permitiu que a Mãe do Cordeiro Imaculado pela lama fosse tocada! Que grande providência de Deus! Que amorosa sabedoria! Nossa Senhora, mais que todos nós, pode e deve cantar as palavras do Profeta: “Com grande alegria rejubilo-me no Senhor, e minha alma exultará no meu Deus, pois me revestiu de justiça e salvação, como a noiva ornada de suas jóias!” (Is 61,10). Nossa Senhora, de sorriso escancarado, pode erguer o olhar para o Senhor e exclamar: “Eu Vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes, e não deixastes rir de mim meus inimigos!” (Sl 29,2) Em Maria começou a manifestar-se a vitória de Cristo contra o Inimigo da nossa raça humana... 

Arquidiocese de Belo Horizonte nega adesão à Ideologia de Gênero nas Diretrizes Pastorais


A Arquidiocese de Belo Horizonte, em um comunicado enviado à nossa redação negou que assumiu a ideologia de gênero em suas diretrizes pastorais e disse que o documento "Projeto de Evangelização Proclamar a Palavra" foi mal interpretado. 

A Arquidiocese esclareceu que as informações contidas na matéria publicada inicialmente no site InfoCatólica e posteriormente traduzidas e publicadas no site † iCatolica.com não condizem com as orientações do Projeto de Evangelização Proclamar a Palavra e que os “trechos destacados estão descontextualizados, interpretados de modo a não traduzir o que realmente estabelece o Projeto de Evangelização”.

A nota afirrma ainda que “a Arquidiocese de Belo Horizonte partilha a convicção de que o Matrimônio é a união entre homem e mulher”, e que, conforme orientação do Papa Francisco, “busca acolher e acompanhar, sem exclusões e julgamentos, dando testemunho da misericórdia de Deus”.

Disse ainda estar “à disposição para apresentar, de modo devidamente contextualizado, o Projeto de Evangelização Proclamar a Palavra”, em seguida, mencionou alguns artigos de dom Walmor que contestam a chamada ideologia de gênero que podem ser lidos a seguir:




Confira abaixo a nota na íntegra: 

Vaticano reafirma que os homossexuais não devem ser ordenados padres


Em um novo documento sobre o sacerdócio, a Congregação do Vaticano para o Clero tem reiterado que os homens com "tendências homossexuais profundamente enraizadas" não devem ser admitidos aos seminários católicos e, portanto, não devem se tornar padres católicos. Muitas outras coisas são também encontradas no novo documento.

Essa posição foi inicialmente indicada pela Congregação para a Educação Católica, em 2005, mas foi reafirmada em um documento divulgado na quarta-feira.

O novo documento, no entanto, não é restrito à questão dos padres homossexuais. Trata-se de muito mais, a partir do valor das vocações indígenas e de imigrantes para a importância da admissão de futuros sacerdotes contra a infecção por "clericalismo".

O novo texto, intitulado “O Dom da vocação sacerdotal”, foi datado de quinta-feira, 8 dezembro, festa da Imaculada Conceição, e feriado na Itália. O texto completo pode ser encontrado aqui.

A seção sobre os homens que aceitam que experimentam atração pelo mesmo sexo atrai a maioria do seu conteúdo a partir de uma Instrução sobre os critérios de discernimento vocacional acerca das pessoas com tendências homossexuais e da sua admissão ao Seminário e às Ordens Sacras, lançado pela Congregação para a Educação Católica, em 2005, logo após a eleição do Papa emérito Bento XVI.

"Se um candidato pratica a homossexualidade ou apresenta tendências homossexuais profundamente arraigadas, seu diretor espiritual, bem como o seu confessor têm o dever de dissuadi-lo na consciência de desistir a prosseguir no sentido de ordenação", o documento divulgado esta semana, diz, em uma citação direta do texto de onze anos atrás.

Assim como o anterior documento foi aprovado por Bento XVI, aquele divulgado esta semana foi aprovado pelo Papa Francisco. No entanto, em nenhum dos casos foram os documentos assinados pelo pontífice, mas pelos chefes de departamento do Vaticano por trás dele.

Neste caso foi o cardeal italiano Benamino Stella, prefeito da congregação, Dom Joel Mercier, Dom Jorge Carlos Patron Wong e o monsenhor Antonio Neri.

O documento diz que quando se trata de homens homossexuais que querem entrar no seminário, ou descobrem que têm "tendências homossexuais" durante os anos de formação, a Igreja "embora respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode admitir ao Seminário e às Ordens sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada 'cultura gay'".

Ele também diz que a Igreja não pode ignorar as "consequências negativas que podem derivar da ordenação de pessoas com tendências homossexuais profundamente arraigadas".

O documento, de novo, tomando muito do seu conteúdo daquele emitido em 2005, faz uma exceção para os casos em que as "tendências homossexuais" são apenas "a expressão de um problema transitório - por exemplo, o de uma adolescência ainda não superados".

Em qualquer caso, no entanto, as normas indicam que tais tendências devem ser superadas, pelo menos, três anos antes da Ordenação diaconal.

Como o documento de 2005, que estipula que os homens com "tendências profundamente homossexuais” não são elegíveis para o sacerdócio, muitos seminários e programas de formação nas ordens religiosas têm interpretado a sua linguagem para excluir apenas os candidatos incapazes de celibato ou profundamente comprometidos com o ativismo dos direitos homossexuais, ao invés de uma proibição geral de todos os candidatos homossexuais.

Resta saber como serão aplicadas as orientações recentemente publicadas. 

Advento: o que você está esperando?


Quem não se comove ao ver uma mãe abraçando seu filho recém-nascido? A gravidez é motivo de grande alegria. Cada criança que nasce é um verdadeiro milagre. Amor semeado, cresce, cresce, cresce. E quando nasce, Deus fica feliz. Dá gargalhadas de alegria: “- Luz! Luz! Luz!”, grita Ele sorridente. -“Luz para iluminar o mundo!” Quem espera um bebê pode ter muitos medos mas o amor cobre uma multidão de temores e a ansiedade de ver chegar a criança não cabe no peito.

E essa espera da mãe? De nove meses, semana após semana, contando os dias, as horas, sofrendo as dores de parto, esperando aquele momento único de abraçar o fruto do seu ventre? Noites em vigília. Quantas vezes deve ter ouvido o título deste texto: “o que você está esperando?” E lá se iniciava o relato da história de uma vida. Quanta esperança renasce nos lares após o nascimento de um bebê.

E se essa criança for o Salvador? Esse evento natalício não só alegra a mãe, o pai, mas toda a humanidade. Sim, Ele já nasceu entre nós. Deus de Deus. Luz da luz. Jesus Cristo, 100% homem, igual a nós em tudo, menos no pecado, não é apenas um personagem que dividiu a história ou um profeta que fez muitos milagres em vida. O que já seria algo esplêndido. Jesus, o bebê que nasceu no ventre da Virgem Maria em Nazaré é 100% Deus.

E o advento é o tempo litúrgico onde relembramos e celebramos o nascimento de Nosso Salvador Jesus Cristo, a chegada do Messias entre nós. Conforme escreveu Romano Guardini, “a nossa salvação baseia-se numa vinda”. E é uma dupla espera, porque ao passo que queremos celebrar e fazer memória de algo tão importante para toda a humanidade, continuamos esperando a sua segunda vinda gloriosa. Essa espera continua. E ficar esperando não pode significar apatia. Inércia. Precisamos estar vigilantes, como sentinelas da manhã. Bem disse o poeta Cassiano Ricardo,”sei que é preciso prestigiar a esperança, numa sala de espera. Mas sei também que espera significa luta e não, apenas, esperança sentada. Não abdicação diante da vida. A esperança nunca é a forma burguesa, sentada e tranquila da espera. Nunca é figura de mulher do quadro antigo. Sentada, dando milho aos pombos”.

Não dá pra ficar parado deixando a vida passar em nossa frente como numa pracinha. Tudo em nosso tempo é fast. A comida. Fast food, os relacionamentos. Fast love. Tudo é rápido demais, passageiro, descartável. O tempo passa, o tempo voa e no ritmo da pós- modernidade, caminhamos apressados com tudo o que fazemos. Há pressa na fila do banco, na mesa de casa, no trânsito, até na hora de ir à missa. Seguimos cantando a música do homem fragmentado, que vive aos pedaços. Nos distanciamos de nossa inteireza e valores. É preciso parar um pouco. Olhar pra si mesmo. Olhar para o lado. Olhar para os outros. 

Ó Virgem, pela tua bênção é abençoada toda a criatura


O céu, as estrelas, a terra, os rios, o dia e a noite, e tudo quanto está sujeito ao poder ou ao serviço dos homens se alegram, Senhora, porque, tendo perdido a sua antiga nobreza, foram em certo modo ressuscitados por meio de Ti e dotados de uma graça nova e inefável. Todas as coisas se encontravam como mortas, por terem perdido a sua dignidade original de servir o domínio e o uso daqueles que louvam a Deus, para que tinham sido criadas; encontravam-se esmagadas pela opressão e desfiguradas pelo abuso que delas faziam os servos dos ídolos, para os quais não tinham sido criadas. Agora, porém, como que ressuscitadas, felicitam a Maria, ao verem-se governadas pelo domínio e honradas pelo uso daqueles que louvam o Senhor. 

Perante esta nova e inestimável graça, todas as coisas exultam de alegria, ao sentir que Deus, seu Criador, não só as governa invisivelmente, lá do alto, mas também está visivelmente presente no meio delas e as santifica com o uso que delas faz. Tão grandes bens procedem do fruto bendito do ventre sagrado da Virgem Maria. Pela plenitude da tua graça, o que estava cativo na região dos mortos exulta de alegria ao ver-se libertado, e o que estava ainda no mundo regozija-se ao sentir-se renovado. Pelo poder do Filho glorioso da tua gloriosa virgindade, os justos, que morreram antes da sua morte vivificadora, alegram-se ao ver destruído o seu cativeiro, e os Anjos regozijam-se ao ver restaurada a sua cidade quase em ruínas. 

Ó Mulher cheia de graça, superabundante de graça, a tua plenitude transborda para a criação inteira e a faz reverdescer. Virgem bendita, entre todas as coisas bendita, pela tua bênção é abençoada toda a natureza, não só a criatura pelo Criador, mas também o Criador pela criatura.Deus entregou a Maria o seu próprio Filho, o seu Filho Unigénito, igual a Si, a quem amava de todo o coração como a Si mesmo. 

No seio de Maria, Deus formou o Filho, não distinto, mas o mesmo, para que realmente fosse um e o mesmo o Filho de Deus e de Maria. Tudo o que nasce é criatura de Deus, e Deus nasce de Maria. Deus criou todas as coisas, e Maria gerou a Deus. Deus, que criou todas as coisas, fez-Se a Si mesmo por meio de Maria. E deste modo refez tudo o que tinha feito. Ele, que pôde fazer todas as coisas do nada, não quis refazer sem Maria o que tinha sido arruinado. Por esta razão, Deus é o Pai das coisas criadas, e Maria a mãe das coisas recriadas. Deus é o Pai a quem se deve a constituição do mundo, e Maria a mãe a quem se deve a sua restauração. Pois Deus gerou Aquele por quem tudo foi feito, e Maria deu à luz Aquele por quem tudo foi salvo. Deus gerou Aquele fora do qual nada existe, e Maria deu à luz Aquele sem o qual nada subsiste. Verdadeiramente o Senhor está contigo, pois quis que toda a criatura reconhecesse que deve a Ti, com Ele, tão grande benefício.


Das Meditações de Santo Anselmo, bispo
(Oratio 52: PL 158, 955-956) (Sec. XII)