A mídia
vive, em grande parte, da desgraça alheia em todos os níveis e a sua máxima
expressão parece ser, com frequência, os programas que servem como indicadores
da pobreza cultural de uma sociedade.
Esses
programas procuram na exploração emocional e dos instintos um poder de atração
que se sustenta num princípio tão simples quanto eficaz: com sensacionalismo e
baixo nível intelectual, a audiência é garantida porque, habituado, o grande
público tende a não pensar nem questionar, especialmente quando não conta com
opções diversificadas. E o hábito é uma força poderosa que a mídia procura
consolidar: com espectadores acostumados ao lixo, ela pode gerar conteúdo
abundante com o mínimo esforço e custo. É daí que vem a sua rentabilidade.
Acontece
que, assim como o ouvido humano se “adapta” ao barulho, mas vai perdendo com
isto a capacidade auditiva, assim também a alma humana vai perdendo a
sensibilidade ao contato permanente com a banalização da tragédia e da miséria
humana.
Há 4 grandes
fórmulas de “sucesso” que constituem armadilhas para fisgar o telespectador.
Saiba reconhecê-las:
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Primeira armadilha: Explorar a miséria humana como se
fosse “notícia”
Para muitos
repórteres e apresentadores, tentar crescer na carreira é desculpa suficiente
para insistir em matérias que atropelam a dignidade de qualquer pessoa. Eles se
digladiam para ser os primeiros a explorar o divórcio de uma celebridade, a
divulgar aos quatro ventos a intimidade do famoso esportista e sua namorada, o
vício de Fulano, o artista que “saiu do armário”… Tudo o que é relacionado com escândalo
pode dar dinheiro.
Para maior
impacto, não falta quem adicione comentários maldosos que recorrem ao
dissimulo, à dubiedade, à ironia e, descaradamente, à mentira pura e simples.
Com astúcia, brincam com a sensibilidade do grande público alterando a sua
percepção dos fatos: tanto são capazes de vender a imagem “boa e inocente” de
um sequestrador quanto de destruir a imagem de algum funcionário público que
esteja perturbando interesses partidaristas.
O chamado
“quarto poder” é capaz de impor os seus critérios sobre o que seria
“relevante”, sem se importar se isso leva ou não à dissolução das virtudes
sociais e, por consequência, da própria sociedade. Um triste exemplo é o dos
países com alto índice de fracasso escolar e baixo índice de leitura, nos quais
a superficialidade das relações pessoais e a obsessão pelo sexo são muito mais
rentáveis do que a educação das novas gerações.
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