A menos de 20 dias para o Carnaval, a Unidos de Vila Maria está
com quase tudo pronto para cruzar o sambódromo do Anhembi com um desfile em
homenagem a Nossa Senhora Aparecida. A agremiação tem a bênção da Igreja
Católica, que acompanhou o desenvolvimento do enredo, pediu alguns ajustes
"para respeitar a fé das pessoas" e deu apoio na pesquisa
histórica. O aval da igreja, no entanto, desagrada alguns grupos de
fiéis, que organizam protestos para tentar impedir que a imagem da santa seja
usada no desfile, o que consideram uma profanação.
No último sábado (4), o grupo Terço Público na Sé -- que se
reúne todo primeiro sábado do mês em frente à Catedral -- fez um ato de
desagravo contra o que consideram uma desonra à padroeira do Brasil. A presença
da imagem da santa no desfile foi autorizada pelos cardeais Dom Odilo
Scherer, arcebispo de São Paulo, e Dom Raymundo Damasceno, que deixou a
arquidiocese de Aparecida no dia 13 de janeiro. Este foi o segundo ato
contra o desfile da Vila Maria.
“Estamos em defesa da igreja e da Virgem Maria. Podemos fazer um
ato de reprimenda a qualquer autoridade, quando a Sé está em perigo e permite
uma profanação como essa”, diz a assistente administrativa, Andrea Fiorentino
Costa, que lidera o grupo. Ela é irmã da apresentadora Isabella Fiorentino,
que, embora já tenha participado de ações do Terço Público, não participa do
ato contra o desfile de Carnaval.
Grupo Terço Público na Sé é contra a presença da imagem da santa no desfile. "Estamos em defesa da igreja e da Virgem Maria", diz Andrea Fiorentino |
Em maio do ano passado, Andrea começou um abaixo-assinado
on-line entre amigos e conseguiu recolher 2.038 assinaturas para a causa. “Eu
não queira divulgar isso, dar projeção, mas agora percebi que precisava me
manifestar. É uma forma de mostrar amor à igreja, a Jesus e à Virgem Maria”,
explica.
Após uma missa, Andrea Fiorentino
chegou a procurar Dom Odilo para conversar. E teria ouvido do arcebispo que o
Carnaval era também um modo de evangelizar. “Como evangelizar no meio de
pessoas seminuas? Eu propus a ele ir para a porta do sambódromo, fazer um altar
para Nossa Senhora e ficar lá de joelhos. Isso é evangelizar”, enfatiza.
O Instituto Plínio Corrêa de
Oliveira, com sede no bairro de Higienópolis, também faz campanha contra a
homenagem à padroeira no Anhembi, a qual considera uma blasfêmia. Na internet,
um abaixo-assinado já tem mais de 6 mil apoiadores. “Ao contrário de uma
homenagem, colocar em um desfile de Carnaval os símbolos católicos, juntamente
com os símbolos mais flagrantes de imoralidade e neopaganismo, constitui em
grave ofensa à Nossa Rainha e Padroeira”, contém o trecho da carta endereçada a
Dom Raymundo Damasceno.