Salmo 44(45)
=2 Transborda um poema do meu coração; †
vou cantar-vos, ó Rei, esta minha canção; *
minha língua é qual pena de um ágil escriba.
=3 Sois tão belo, o mais belo entre os filhos dos homens! †
Vossos lábios espalham a graça, o encanto, *
porque Deus, para sempre, vos deu sua bênção.
–4 Levai vossa espada de glória no flanco, *
herói valoroso, no vosso esplendor;
–5 saí para a luta no caro de guerra *
em defesa da fé, da justiça e verdade!
= Vossa mão vos ensine valentes proezas, †
6 vossas flechas agudas abatam os povos *
e firam no seu coração o inimigo!
=7 Vosso trono, ó Deus, é eterno, é sem fim; †
vosso cetro real é sinal de justiça: *
8 Vós amais a justiça e odiais a maldade.
= É por isso que Deus vos ungiu com seu óleo, †
deu-vos mais alegria que aos vossos amigos. *
9 Vossas vestes exalam preciosos perfumes.
– De ebúrneos palácios os sons vos deleitam. *
10 As filhas de reis vêm ao vosso encontro,
– e à vossa direita se encontra a rainha *
com veste esplendente de ouro de Ofir.
1. A divina fundação da Igreja e o fundamento de seu poder
Quase todos os dias lemos nas redes sociais e na internet em geral pessoas de todos os credos citando as palavras de Jesus no Evangelho de São Mateus: “Não julgueis…” (cf. Mt 7,1) opondo o julgamento da ação de outrem ao amor e levando a crer que o julgamento é oposto ao amor cristão no mesmo mandamento de Jesus: “amarás o próximo como a si mesmo” (cf. Mc 12,31). Em primeiro lugar é preciso dizer o óbvio: Jesus, a sabedoria encarnada, não iria dar aos seus discípulos um mandamento que anulasse outro dado por ele mesmo. Assim, julgar não se opõe a amar. Esclarecido o princípio de não contradição nos mandamentos de Nosso Senhor, demos um passo adiante.
A Igreja não se cansa de afirmar: Jesus Cristo é a luz dos povos. A Igreja é seu Corpo (cf. Cl 1,18). “A cabeça deste corpo é Cristo. Ele é a imagem do Deus invisível e n ‘Ele foram criadas todas as coisas. Ele existe antes de todas as coisas e todas n’Ele subsistem. Ele é a cabeça do corpo que a Igreja é. É o princípio, o primogênito de entre os mortos, de modo que em todas as coisas tenha o primado (cf. Col. 1, 15-18). Pela grandeza do Seu poder domina em todas as coisas celestes e terrestres e, devido à Sua supereminente perfeição e acção, enche todo o corpo das riquezas da Sua glória (cf. Ef. 1, 18-23)” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, n. 7).
“Porque aprouve a Deus fazer habitar Nele toda a plenitude e por seu intermédio reconciliar consigo todas as criaturas” (Col1,19). Santo Agostinho (354-430), meditando o Mistério Cristo-Igreja, se referia a Ele como o “Christus totus”, o “Cristo total”, a Igreja una com Cristo. E dizia aos fiéis:
“Alegremo-nos, portanto, e demos graças por nos termos tornado não somente cristãos, mas o próprio Cristo. Compreendeis, irmãos, a graça que Deus nos concedeu ao dar-nos Cristo como Cabeça? Admirai e rejubilai, nós nos tornamos Cristo. Com efeito, uma vez que Ele é a Cabeça e nós somos os membros, o homem inteiro é constituído por Ele e por nós. A plenitude de Cristo é, portanto, a Cabeça e os membros; que significa isto: a Cabeça e os membros? Cristo e a Igreja” (CIC nº 795).
A condição para se participar na vida do Corpo é estar ligado à Cabeça “da qual todo o corpo, pela união das junturas e articulações, se alimenta e cresce com o crescimento dado por Deus” (Col 2,19). Desta verdade podemos ver também a importância de estarmos ligados e submissos ao Papa, que é a Cabeça visível do corpo de Cristo. São Gregório Magno (540-604), assim exprimiu esse mistério: “Nosso Redentor mostrou-se como uma só pessoa com a Santa Igreja que Ele assumiu”. São Tomás de Aquino disse o mesmo: “Cabeça e membros são como que uma só pessoa mística”. Santo Inácio de Antioquia ( 110), bispo e mártir do primeiro século, dizia que: “Onde está Cristo Jesus, está a Igreja Católica”. (Prof. Felipe Aquino. Link aqui.)
O Senhor Jesus fundou sua Igreja sobre o alicerce dos Apóstolos (cf. Ap 21,14; Mt 16,18-19) e a Pedro, o primeiro (cf. Mt 10,1), ele deu o poder de ligar e desligar: “também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu – κἀγὼ δέ σοι λέγω ὅτι σὺ εἶ Πέτρος, καὶ ἐπὶ ταύτῃ τῇ πέτρᾳ οἰκοδομήσω μου τὴν ἐκκλησίαν, καὶ πύλαι ᾅδου* οὐ κατισχύσουσιν αὐτῆς” (Mt 16,18-19). Em Jo 20,22-23 o Senhor Jesus confirma aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados ou de reter a absolvição e no capítulo seguinte dá a Pedro o poder de apascentar as ovelhas do seu rebanho (cf. Jo 21,15-19). Esta é a tarefa de Pedro: confirmar os seus irmãos na fé em Cristo (cf. Lc 22,31-32), por isso ele é o primeiro e o fundamento do ministério apostólico fundado pelo próprio Cristo.
Nesta Igreja de Cristo, o Romano Pontífice, como sucessor de Pedro, a quem o mesmo Cristo mandou que apascentasse as suas ovelhas e os seus cordeiros, está revestido, por instituição divina, de poder supremo, pleno, imediato e universal, em ordem à cura das almas. Por isso, tendo sido enviado como pastor de todos os fiéis para promover o bem comum da Igreja universal e o de cada uma das igrejas particulares, ele tem a supremacia do poder ordinário sobre todas as igrejas.
Por outro lado, porém, também os Bispos, constituídos pelo Espírito Santo, sucedem aos Apóstolos como pastores das almas, e, juntamente com o Sumo Pontífice e sob a sua autoridade, foram enviados a perpetuar a obra de Cristo, pastor eterno. Na verdade, Cristo deu aos Apóstolos e aos seus sucessores o mandato e o poder de ensinar todas as gentes, de santificar os homens na verdade e de os apascentar. Por isso, foram os Bispos constituídos, pelo Espírito Santo que lhes foi dado, verdadeiros e autênticos mestres, pontífices e pastores. (Decreto Christus Dominus, n. 2)