quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O amor que devemos ter pela cruz de Jesus.


A tentação de apresentar um cristianismo sem cruz revela-se, aos poucos, decepcionante, porque é somente na cruz que se descobre o amor de Deus. A cruz possui um significado inegociável para o cristianismo. É somente por meio do Cristo crucificado que se pode compreender “o poder de Deus” – (1Cor 1, 24) e a sua ação salvífica entre os homens. Por isso, na pregação evangélica de Jesus, tudo se resume a esta exortação: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” – (Mt 16, 24). Não se trata de mera retórica, mas da apresentação de um dado incontestável: Não há redenção sem Cruz. O homem que quiser se salvar, deverá, necessariamente, apegar-se às cruzes do dia a dia, renunciando-se a si mesmo, tal qual o Filho do Homem fez no lenho da salvação. A Igreja deve seguir o caminho do Esposo. Renegar a cruz seria como que um adultério. A tentação de apresentar um cristianismo sem cruz, no intuito de satisfazer o gosto da clientela, aos poucos, mostra-se frustrante. Sem o Cristo crucificado se perde o dom gratuito do Pai que, amando o mundo de tal maneira, entrega Seu Filho único em holocausto. É nisto que conhecemos o amor. Não há mensagem mais urgente, mais necessária, mais imprescindível para o homem que a mensagem do amor de Deus. Nenhum esforço humano, nenhuma sabedoria humana, nenhuma teologia da “libertação” ou da “prosperidade” é realmente capaz de libertar o homem e fazer com que ele progrida na santidade. É Cristo crucificado que nos traz a redenção, porque foi para isto que Ele se manifestou: “para destruir as obras do demônio”– (1 Jo 3, 8). É, portanto, na morte crucificada, que se encontra a verdadeira vida.

Publico abaixo, um texto de Santo Afonso Maria de Ligório, em que ele faz uma reflexão da Paixão de Jesus sob a perspectiva da Cruz. As palavras da Tradição da Igreja são sempre importantes quando falamos dos mistérios da nossa fé, ainda mais desse nobre doutor da Igreja, Santo Afonso! Ele expõe de maneira clara nesse texto, o amor que todo cristão deve ter pela Cruz de Jesus. Diz o Santo:

Jesus Cristo quis morrer crucificado para nos livrar do amor ao mundo perverso. Tendo-nos chamado ao seu amor, quer que nos coloquemos acima das promessas e ameaças do mundo. Quer que não façamos caso nem das censuras do mundo nem das suas aprovações, e nos alegremos por sermos odiados e perseguidos como o próprio Jesus. Para alcançarmos um fim tão elevado, habituemo-nos a prever já de manhã as contrariedades e os desprezos que nos possam vir do correr do dia, e preparemo-nos para os sofrer com paciência. Quem ama a Jesus Cristo com amor verdadeiro, alegra-se quando se ve tratado pelo mundo assim como foi tratado Jesus Cristo, que por ele foi odiado, vituperado e perseguido até morrer de dor, suspenso num patíbulo infame. – O mundo é diametralmente oposto a Jesus Cristo: e por isso, odiando a Jesus, odeia a todos os que o servem. Pelo que o Senhor animava os seus discípulos a sofrerem com paz as perseguições, dizendo-lhes que, já que tinham abandonado o mundo, não podiam deixar de ser dele odiados – (Io. 15, 19). Ora, como as almas amantes de Deus são para o mundo objeto de ódio, assim o mundo deve ser objeto de ódio para quem ama a Deus. Dizia São Paulo: “Esteja longe de mim o gloriar-me senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo“. O mundo abominava o Apóstolo, assim como se abomina um homem condenado e morto na cruz; mas de igual maneira São Paulo abominava o mundo. Jesus quis morrer crucificado pelos nossos pecados, para livrar-nos do amor ao mundo perverso – (Gal. 1, 4). Já que Jesus nos chamou ao seu amor, quer que nos coloquemos acima das promessas e das ameaças do mundo. Quer que não façamos mais caso nem de suas censuras, nem de suas aprovações. A fim de chegarmos ali, representemo-nos, na nossa meditação, todos os desprezos, contrariedades e perseguições que nos possam sobrevir, e ofereçamo-nos com grande coragem a sofrê-los por amor de Jesus Cristo, não somente em paz, mas também com alegria de espírito. Procedendo desta maneira, estaremos na ocasião mais dispostos a aceitá-los. Mas sobretudo devemos pedir a Deus, que nos faça esquecer inteiramente o mundo, e alegrarmo-nos quando nos virmos rejeitados pelo mundo. Para que sejamos inteiramente de Deus, não basta que nós abandonemos o mundo; é além disso mister desejarmos que o mundo nos abandone e nos esqueça de todo. Alguns abandonam o mundo, mas não deixam de querer ser por ele louvados, ainda que seja só pelo terem abandonado. Alimentado este desejo de serem estimados pelo mundo, fazem com que o mundo ainda viva neles. Como o mundo odeia os servos de Deus, e odeia por isso os seus bons exemplos e máximas santas, assim nós devemos odiar todas as máximas do mundo, como sejam: bem-aventurado o rico; bem-aventurado o que não sofre e se diverte, infeliz o que é maltratado e perseguido dos outros! Numa palavra, se desejamos agradar a Deus só, devemos viver em contínua desavença com o mundo, que, na palavra do Apóstolo, não pode deixar de ser inimigo de Deus – (Rom. 8, 7). Oh! Como a vista de Jesus crucificado afugenta de nossas mentes todos os desejos de honras mundanas, das riquezas da terra e dos prazeres dos sentidos! Daquela cruz emana uma vibração celeste, que docemente nos desprende dos objetos terrenos e acende em nós um santo desejo de sofrer e morrer por amor daquele que quis sofrer tanto e morrer por amor de nós. Que vergonha para nós. Quantas tenras virgenzinhas renunciaram a casamentos principescos, riquezas reais e todas as delícias terrenas e voluntariamente sacrificaram sua vida para testemunhar qualquer gratidão pelo amor que lhes demonstrou este Deus crucificado. Sim, meu Jesus crucificado e morto por mim, só a Vós quero agradar. Que mundo, que riquezas, que dignidades! Quero que Vós, meu Redentor, sejais todo o meu tesouro; a minha riqueza é o amar-Vos. Se me quereis pobre, quero ser pobre; se me quereis humilhado, enfermo e desprezado de todos, aceito tudo de vossas mãos; a vossa vontade será sempre a minha única consolação. Mas eis aqui a graça que Vos peço: fazei que em tudo quanto me acontecer, eu me não afaste, nem sequer uma linha, da vossa santa vontade, e Vos ame de todo o meu coração. Sei que não mereço esta graça depois de Vos ter virado tantas vezes as costas pelo amor das criaturas, mas, meu Senhor, Vós dissestes que não sabeis desprezar um coração contrito e humilhado, e eu arrependo-me de todo o coração e quisera morrer de dor. – Atendei-me, meu Jesus, fazei que nunca me afaste da vossa santa vontade e Vos ame de todo o coração. Esta mesma graça vos peço, ó grande Mãe de Deus e minha Mãe, Maria (II 282) – (Fonte: Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II – Santo Afonso Maria de Ligório).

São Deodato, papa


O santo de hoje, cujo nome significa “dado por Deus”, foi por quarenta anos Padre em Roma antes de suceder ao Papa Bonifácio IV a 19 de outubro de 615. Em Roma, o Papa não era somente o Bispo e o Pai espiritual, mas também o guia civil, o juiz, o supremo magistrado, a garantia da ordem. Com a morte de cada pontífice, os romanos se sentiam privados de proteção, expostos às invasões dos bárbaros nórdicos ou às reivindicações do império do Oriente. A teoria dos dois únicos, Papa e imperador, que deviam governar unidos o mundo cristão, não encontrava grandes adesões em Constantinopla.

O Papa Deodato, entretanto, buscou o diálogo junto ao imperador intercedendo pelas necessidades de seu povo e, apesar do imperador mostrar-se pouco solícito para o bem do povo, enviou o exarca Eleutério para acabar com as revoltas de Ravena e de Nápoles. Foi a única vez que o Papa Deodato, ocupado em aliviar os desconfortos da população da cidade, nas calamidades acima referidas, teve um contato, se bem que indireto, com o imperador.

Foi inserido no Martirológio Romano, um episódio que revalidaria a fama de santidade que circundava este pontífice que guiou os cristãos em épocas tão difíceis: durante uma das suas frequentes visitas aos doentes, os mais abandonados, os que era atingidos pela lepra, teria curado um desses infelizes, após havê-lo amavelmente abraçado e beijado.

São Deodato morreu em novembro do ano 618, amado e chorado pelos romanos que tiveram a oportunidade de apreciar seu bom coração durante as grandes calamidades que se abateram sobre Roma nos seus três anos de Pontificado (inclusive um terremoto, que deu golpe de graça aos edifícios de mármore dos Foros, já devastados por sucessivas invasões bárbaras e horríveis epidemia).


Deus eterno e todo poderoso, quisestes que São Deodato governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação eterna. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.


São Deodato, rogai por nós!

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Prefeita de Saboeiro culpa Nossa Senhora da Purificação por falência do município


A prefeita de Saboeiro, Micheline Pinheiro (PSD), disse que a falência do município, sem dinheiro algum para os serviços públicos é culpa de Nossa Senhora da Purificação, padroeira da cidade, a quem chamou de amaldiçoada.

Ela se refere à imagem da santa que foi inaugurada ainda na gestão do ex-prefeito Marcondes Ferraz em 2016.

Segundo a prefeita, todos os recursos municipais foram destinados à construção da estátua para incentivar o turismo religioso.

Homem é preso acusado de se masturbar dentro da Catedral de Brasília


Um homem de 36 anos foi preso acusado de se masturbar na Catedral de Brasília. Segundo a Polícia Militar, o suspeito afirmou que é médico veterinário e usuário de crack. Ainda de acordo com a corporação, ele acrescentou que o vício o fez chegar “ao fundo do poço” e, hoje, vive nas ruas. A prisão ocorreu neste domingo (5/11).

Que seja Ela Exaltada


Ergue Tua Cruz Jesus! Deixa que Ela fique lá no alto, onde todos podem ver, onde todos podem se questionar, sobre Ela e sobre Ti, sobre si mesmos, e sobre tudo.

Ergue Tua Cruz Jesus, porque dissestes que quando fosses elevado atrairia todos a Ti, e dessa atração somos necessitados, deste sinal que nos arrasta somos dependentes.

Ergue Tua Cruz Jesus, porque Nela está a contradição que traz a mais perfeita harmonia à vida humana. Nela está a loucura extrema que traz a completa serenidade e paz a todo aquele que crê.

Ergue Tua Cruz Jesus, e mostra que a dinâmica da vida é contrária ao esconder-se, ao poupar-se, ao proteger-se. Mostra a liberdade e a libertação contidas Nela, contidas no Teu corpo unido a Ela.

Ergue Tua Cruz Jesus, e seja mais uma vez sinal de novo tempo, sinal de princípio, sinal de eternidade, nesse rompimento com limites e contingências do que calculamos como ontem, hoje e amanhã.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Quando nos afastamos da vida de oração, como retornar?


Lembra da parábola do Pai Misericordioso? Por que o filho mais novo decidiu voltar? Além da indigência na qual se encontrava, ele lembrou que tinha um pai e, arrependido da besteira que tinha feito, pôs-se a caminho. Antes de chegar em casa, foi surpreendido pelo único amor capaz de restaurar a imagem de filhos que perdemos quando nos afastamos de Deus.
Então, o segredo é pôr-se a caminho.

1. Torne-se amigo de Jesus: lectio divina, adoração, humildade, caridade fraterna, serviço aos necessitados, terço, etc. Tudo isso porque oração é vida.

2. Não perca tempo: procure viver em estado de graça. Recorra sempre aos Sacramentos.

São Nuno de Santa Maria


Nuno Álvares Pereira nasceu em Portugal a 24 de Junho de 1360, e recebeu a educação cavalheiresca típica dos filhos das famílias nobres do seu tempo.

Aos treze anos torna-se pajem da rainha D. Leonor, tendo sido bem recebido na Corte e acabando por ser pouco depois cavaleiro. Aos dezesseis anos casa-se, por vontade de seu pai, com uma jovem e rica viúva, D. Leonor de Alvim.

Da sua união nascem três filhos, dois do sexo masculino, que morrem em tenra idade, e uma do sexo feminino, Beatriz, a qual mais tarde viria a desposar o filho do rei D. João I, D. Afonso, primeiro duque de Bragança.

Quando o rei D. Fernando I morreu a 22 de Outubro de 1383 sem ter deixado filhos varões, o seu irmão D. João, Mestre de Avis, viu-se envolvido na luta pela coroa lusitana, que lhe era disputada pelo rei de Castela por ter desposado a filha do falecido rei.

Nuno tomou o partido de D. João, o qual o nomeou Condestável, isto é, comandante supremo do exército. Nuno conduziu o exército português repetidas vezes à vitória, até se ter consagrado na batalha de Aljubarrota (14 de Agosto de 1385), a qual acaba por determinar à resolução do conflito.

Os dotes militares de Nuno eram no entanto acompanhados por uma espiritualidade sincera e profunda. O amor pela Eucaristia e pela Virgem Maria são os alicerces da sua vida interior.

O estandarte que elegeu como insígnia pessoal traz as imagens do Crucificado, de Maria e dos cavaleiros S. Tiago e S. Jorge. Fez ainda construir às suas próprias custas numerosas igrejas e mosteiros, entre os quais se contam o Carmo de Lisboa e a Igreja de S. Maria da Vitória, na Batalha.

Com a morte da esposa, em 1387, Nuno recusa contrair novas núpcias, tornando-se um modelo de pureza de vida. Quando finalmente alcançou a paz, distribui grande parte dos seus bens entre os seus companheiros, antigos combatentes, e acaba por se desfazer totalmente daqueles em 1423, quando decide entrar no convento carmelita por ele fundado, tomando então o nome de frei Nuno de Santa Maria.

Impelido pelo amor, abandona as armas e o poder para revestir-se da armadura do Espírito recomendada pela Regra do Carmo: era a opção por uma mudança radical de vida em que sela o percurso da fé autêntica que sempre o tinha norteado.

O Condestável do rei de Portugal, o comandante supremo do exército e seu guia vitorioso, o fundador e benfeitor da comunidade carmelita, ao entrar no convento recusa todos os privilégios e assume como própria a condição mais humilde, a de frade Donato, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor, de Maria — a sua terna Padroeira que sempre venerou—, e dos pobres, nos quais reconhece o rosto de Jesus.

Significativo foi o dia da morte de frei Nuno de Santa Maria, aos 71 anos de idade. Era o Domingo de Páscoa, dia 1 de Abril de 1431. Após sua morte, passou imediatamente a ser reputado de “santo” pelo povo, que desde então o começa a chamar “Santo Condestável”.

Nuno Álvares Pereira foi beatificado em 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV através do Decreto “Clementíssimus Deus” e foi consagrado o dia 6 de Novembro ao, então, beato.

O Santo Padre, Papa Bento XVI, durante o Consistório de 21 de Fevereiro de 2009 determina que o Beato Nuno seja inscrito no álbum dos Santos no dia 26 de Abril de 2009.


Pai Santo, em Jesus Cristo mostrastes a São Nuno de Santa Maria o valor supremo do vosso Reino. Para o conquistar, ele exercitou-se com as armas da fé, do amor a Cristo e à Igreja, da Palavra de Deus, da Eucaristia, da oração, da confiança em Maria, da caridade, do jejum, da castidade, da fortaleza, do serviço, da retidão de espírito e da justiça. Para vos servir de modo mais total como único Senhor, e a Maria Santíssima, Senhora do Carmo, a quem se consagrou na vida religiosa carmelita, de tudo se despojou. Concedei-nos, por sua intercessão, a graça... (nomeá-la), para que sem obstáculos da alma e do corpo possamos nós também viver sempre ao vosso serviço e, combatendo o bom combate da fé, mereçamos tomar parte no Banquete do Reino dos Céus. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.


São Nuno de Santa Maria, rogai por nós!

domingo, 5 de novembro de 2017

Teólogo renuncia a comitê do Episcopado dos EUA após publicar carta ao Papa Francisco


Um influente teólogo renunciou ao Comitê de Doutrina da Conferência Episcopal dos Estados Unidos após publicar uma carta que dirigiu ao Papa Francisco na qual critica alguns aspectos de seu pontificado.

O franciscano capuchinho membro da Comissão Teológica Internacional, Pe. Thomas Weinandy, que servia até a última quarta-feira como consultor do Secretariado para Doutrina do Episcopado norte-americano, enviou sua carta ao Santo Padre no dia 31 de julho, texto que foi divulgado no dia 1º de novembro, através do portal norte-americano Crux e do blog Settimo Cielo, do vaticanista italiano Sandro Magister.

Em uma declaração de 1º de novembro, James Roger, chefe do Escritório de Comunicações da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB, na sigla em inglês), informou que a renúncia do sacerdote a seu cargo no Comitê de Doutrina “se fazia efetiva imediatamente”.

Embora o Pe. Weinandy seja muito crítico em sua carta ao Papa, também expressa ao iniciar o texto seu “amor pela Igreja e sincero respeito para com seu ministério” e considera que “todos os católicos, clero e leigos igualmente, devem se dirigir ao senhor com lealdade filial e obediência fundamentadas na verdade”.

Na missiva, o presbítero assinala que o pontificado do Papa Francisco gerou “confusão” entre os fiéis, diminuiu a importância da doutrina da Igreja, nomeou bispos que não são adequados, suscitou o silêncio entre os prelados do mundo para não criticá-lo e fez os fiéis perderem a confiança no papado.