sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Administrador Apostólico de Jerusalém: decisão de Trump torna paz distante


O Administrador Apostólico de Jerusalém dos Latinos, o arcebispo Pierbattista Pizzaballa, encontrou os jornalistas esta quarta-feira para uma coletiva de imprensa por ocasião do Natal.

Inicialmente, o arcebispo católico e biblista italiano dos Frades Menores, fez um balanço dos eventos que marcaram a vida eclesial na Terra Santa no decorrer de 2017, traçando a seguir um panorama mais amplo sobre a realidade social e política do contexto em que a Igreja atua.

A recente decisão de Trump de transferir a embaixada EUA em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, esteve no foco de sua análise:

“Há poucos dias – declarou – todos assistimos à declaração do Presidente dos Estados Unidos, cujas consequências são conhecidas e ainda não cessaram totalmente”.

“A posição da Igreja Católica a este respeito é clara e foi reiterada pelo próprio Santo Padre: respeitar o status quo da cidade, em conformidade com as pertinentes Resoluções das Nações Unidas”.

“Em nosso comunicado – completou - consideramos que qualquer solução unilateral não pode ser considerada uma solução. Decisões unilaterais não trarão a paz, antes pelo contrário, a tornarão distante”.

“Jerusalém é um tesouro de toda a humanidade. Qualquer reivindicação de exclusividade – quer política ou religiosa – é contrária à própria lógica da cidade”.

Papa: Cúria fechada em si mesma está condenada à destruição


ENCONTRO COM OS MEMBROS DA CÚRIA ROMANA 
PARA A APRESENTAÇÃO DOS VOTOS NATALÍCIOS

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO

Sala Clementina
Quinta-feira, 21 de dezembro de 2017


Amados irmãos e irmãs!

O Natal é a festa da fé no Filho de Deus que Se fez homem, para devolver ao homem a dignidade filial que perdera por causa do pecado e da desobediência. O Natal é a festa da fé nos corações que se transformam em manjedoura para O receber, nas almas que permitem a Deus fazer brotar do tronco de sua pobreza o rebento de esperança, caridade e fé.

O dia de hoje proporciona-nos uma nova ocasião para trocarmos os votos natalícios e desejar a todos vós, aos vossos colaboradores, aos Representantes pontifícios, a todas as pessoas que prestam serviço na Cúria e a todos os vossos entes queridos um santo e jubiloso Natal e um feliz Ano Novo. Que este Natal nos abra os olhos para abandonarmos o supérfluo, o falso, o malévolo e o fictício, e vermos o essencial, o verdadeiro, o bom e o autêntico. Sinceros votos de todo o bem.

Amados irmãos!

Tendo falado anteriormente sobre a Cúria Romana ad intra, desejo este ano partilhar convosco algumas reflexões sobre a realidade da Curia ad extra, nomeadamente a relação da Cúria com as nações, com as Igrejas particulares, com as Igrejas Orientais, com o diálogo ecuménico, com o Judaísmo, com o Islamismo e as outras religiões, isto é, com o mundo externo.

As minhas reflexões baseiam-se certamente nos princípios basilares e canónicos da Cúria, na própria história da Cúria, mas também na visão pessoal que procurei partilhar convosco nos discursos dos últimos anos, no contexto da atual reforma em curso.

E, a propósito da reforma, vem-me à mente a frase simpática e significativa de Mons. Frédéric-François-Xavier de Mérode: «Fazer as reformas em Roma é como limpar a Esfinge do Egito com uma escova de dentes».[1] Nela se ressalta a grande paciência, dedicação e delicadeza que são necessárias para se alcançar tal objetivo, dado que a Cúria é uma instituição antiga, complexa, venerável, composta por pessoas de diferente cultura, língua e mentalidade, e que estruturalmente, desde sempre, está ligada à função primacial do Bispo de Roma na Igreja, ou seja, ao «sacro» ministério querido pelo próprio Cristo Senhor para bem de todo o corpo da Igreja (ad bonum totius corporis).[2]

Assim, a universalidade do serviço da Cúria deriva e brota da catolicidade do Ministério Petrino. Uma Cúria fechada em si mesma trairia o objetivo da sua existência e cairia na autorreferencialidade, condenando-se à autodestruição. Por sua natureza, a Cúria está projetada ad extra, enquanto ligada ao Ministério Petrino, ao serviço da Palavra e do anúncio da Boa Nova: o Deus Emanuel, que nasce entre os homens, que Se faz homem para mostrar a cada homem a sua íntima proximidade, o seu amor sem limites e o seu desejo de que todos os homens sejam salvos e cheguem a gozar da beatitude celeste (cf. 1 Tim 2, 4); o Deus que faz despontar o seu sol sobre bons e maus (cf. Mt 5, 45); o Deus que não veio para ser servido, mas para servir (cf. Mt 20, 28); o Deus que constituiu a Igreja para estar no mundo sem ser do mundo, e para ser instrumento de salvação e de serviço.

Pensando precisamente nesta finalidade ministerial, petrina e curial, ou seja, de serviço, na saudação que recentemente dirigi aos Padres e Chefes das Igrejas Orientais Católicas,[3] empreguei a expressão «primado diaconal», associando-a imediatamente com a imagem cara a São Gregório Magno de Servus servorum Dei. Na sua dimensão cristológica, esta definição expressa, antes de mais nada, a firme vontade de imitar a Cristo, que assumiu a forma de servo (cf. Flp 2, 7). Bento XVI, quando falou sobre esta frase, disse que, nos lábios de Gregório, não era «uma fórmula piedosa, mas a verdadeira manifestação do seu modo de viver e agir. Sensibilizava-o intimamente a humildade de Deus, que em Cristo Se fez nosso servo, nos lavou e lava os pés sujos».[4]

Idêntica atitude diaconal deve caraterizar também aqueles que, a vário título, trabalham na área da Cúria Romana, a qual – como lembra o próprio Código de Direito Canónico – «desempenha o seu múnus em nome e por autoridade [do Sumo Pontífice] para o bem e serviço das Igrejas» (cân. 360; cf. CCEO cân. 46).

Primado diaconal «em referência ao Papa»[5] e, em consequência, é igualmente diaconal o trabalho que se realiza dentro da Cúria Romana (ad intra) e fora (ad extra). Este tema da diaconia ministerial e curial faz-me remontar a um antigo texto, presente na Didascalia Apostolorum, onde se recomenda que o «diácono seja o ouvido e a boca do Bispo, o seu coração e a sua alma»,[6] pois desta concórdia depende a comunhão, a harmonia e a paz na Igreja, já que o diácono é o guardião do serviço na Igreja.[7] Creio que não é casual o facto de o ouvido ser o órgão da audição mas também do equilíbrio; e a boca, o órgão para provar mas também para falar.

Outro texto antigo acrescenta que os diáconos são chamados a ser como que os olhos do Bispo.[8] Os olhos veem para transmitir as imagens à mente, ajudando-a a tomar as decisões e a encaminhar para o bem todo o corpo.

A relação que se pode deduzir destas imagens é a de comunhão e obediência filial para servir o povo santo de Deus. Não há dúvida que a mesma relação deve existir também entre todos aqueles que trabalham na Cúria Romana, desde os Chefes de Dicastério e Superiores até aos oficiais e restante pessoal. A comunhão com Pedro fortalece e revigora a comunhão entre todos os membros.

Deste ponto de vista, a evocação dos sentidos do organismo humano ajuda a perceber o significado da extroversão, da atenção ao que existe fora. Com efeito, no organismo humano, os sentidos são a nossa primeira ligação com o mundo ad extra, são como que uma ponte para ele; são a nossa possibilidade de nos relacionarmos. Os sentidos ajudam-nos a apreender o real e, de igual modo, a situar-nos no real. Não é por acaso que São Inácio de Loyola faz recurso aos sentidos na contemplação dos Mistérios de Cristo e da verdade.[9]

Isto é muito importante para superar aquela lógica desequilibrada e degenerada de conluios ou de pequenos clubes que realmente representam – não obstante todas as suas justificações e boas intenções – um câncer que leva à autorreferencialidade, que se infiltra também nos organismos eclesiásticos como tais e, de modo particular, nas pessoas que lá trabalham. Mas, quando isto acontece, perde-se a alegria do Evangelho, a alegria de comunicar Cristo e de estar em comunhão com Ele; perde-se a generosidade da nossa consagração (cf. At 20, 35; 2 Cor 9, 7).

Permiti-me aqui uma palavra sobre outro perigo: o dos traidores da confiança ou os que se aproveitam da maternidade da Igreja, isto é, as pessoas que são cuidadosamente selecionadas para dar maior vigor ao corpo e à reforma, mas – não compreendendo a alçada da sua responsabilidade – deixam-se corromper pela ambição ou a vanglória e, quando delicadamente são afastadas, autodeclaram-se falsamente mártires do sistema, do «Papa desinformado», da «velha guarda»... em vez de recitar o «mea culpa». A par destas pessoas, há ainda outras que continuam a trabalhar na Cúria e às quais se concede todo o tempo para retomar o caminho certo, com a esperança de que encontrem na paciência da Igreja uma oportunidade para se converter e não para se aproveitar. Isto naturalmente sem esquecer a esmagadora maioria de pessoas fiéis que nela trabalham com louvável empenho, fidelidade, competência, dedicação e também com grande santidade.

Assim é oportuno, voltando à imagem do corpo, destacar a necessidade de que estes «sentidos institucionais» – a que poderemos, de alguma forma, comparar os Dicastérios da Cúria romana – devem agir de maneira conforme à sua natureza e finalidade: em nome e com a autoridade do Sumo Pontífice e sempre para o bem e ao serviço das Igrejas.[10] Os Dicastérios estão chamados a ser na Igreja como que antenas sensíveis fiéis: emissoras e recetoras.

Antenas «emissoras» enquanto habilitadas a transmitir fielmente a vontade do Papa e dos Superiores. A palavra «fidelidade»,[11] para aqueles que trabalham na Santa Sé, «assume um caráter particular, já que colocam ao serviço do Sucessor de Pedro boa parte das suas energias, do seu tempo e do seu ministério diário. É uma responsabilidade séria, mas também um dom especial, que, com o passar do tempo, vai desenvolvendo um vínculo afetivo com o Papa, feito de íntima confidência, um natural idem sentire, bem expresso precisamente pela palavra “fidelidade”».[12]

A imagem da antena alude igualmente ao outro movimento, inverso, de «recetor». Trata-se de apreender as solicitações, as perguntas, os pedidos, os gritos, as alegrias e as lágrimas das Igrejas e do mundo, para os transmitir ao Bispo de Roma a fim de lhe permitir desempenhar mais eficazmente a sua tarefa e missão de «princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão».[13] Com tal recebimento, que é mais importante do que o aspeto preceituoso, os Dicastérios da Cúria romana entram generosamente naquele processo de escuta e sinodalidade de que já tenho falado.[14]

Jerusalém: Acendem árvores de Natal na terra onde Jesus Cristo nasceu


Como preparação para a celebração do nascimento de Jesus Cristo, os cristãos da Terra Santa participaram das festas da iluminação das árvores de Natal em Belém e em Jerusalém.

Segundo informou a Custódia da Terra em um comunicado, em Jerusalém a árvore foi acesa em 14 de dezembro ao lado da Porta Nova. Destacaram que “é uma tradição consolidada e uma celebração” não só para os cristãos, mas também “para os habitantes de outras religiões que vivem na Cidade Santa”.

Entretanto, este ano não haverá fogos de artifício nem o desfile dos scout “como sinal de protesto” ante a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de transferir a embaixada do seu país de Tel Aviv a Jerusalém. A resolução do presidente provocou confrontos entre palestinos e israelenses e a região vive um clima de tensão.

Iraque: Reconstroem a primeira igreja na Planície de Nínive após expulsão do ISIS

Missa de abertura da Igreja de São Jorge em Teleskuf (Iraque) / Foto: SOS Chrétiens d'Orien

O Bispo católico caldeu de Alqosh (Iraque), Dom Mikha Pola Maqdassi, presidiu a Missa de inauguração da Igreja de São Jorge na aldeia de Teleskuf, primeiro templo católico da Planície de Nínive reconstruído após a expulsão do Estado Islâmico (ISIS) da região em outubro de 2016.

Eucaristia em 8 de dezembro foi concelebrada pelo Pe. Salar Boudagh, sacerdote nascido em Teleskuf. Também estiveram presentes o Arcebispo caldeu de Erbil, Dom Bashar Warda, e o Bispo sírio-ortodoxo de Mossul, Mar Nicodemo Daoud Matti Sharaf.

O ISIS pretendia nos eliminar. Entretanto, o ISIS desapareceu e nós voltamos para Teleskuf. A reabertura da igreja é e será um símbolo poderoso para todas as outras aldeias e nos fortalecerá em nossos esforços para reconstruí-las”, afirmou Dom Warda em declarações à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).

Na informação enviada ao Grupo ACI, a ACN indicou que os terroristas danificaram e saquearam a igreja de São Jorge. Para reconstruir o templo, conseguiram arrecadar 100 mil euros. A organização francesa SOS Chrétiens d'Orient também colaborou com esta obra.

Fiquei comovido, porque a igreja de São Jorge não só foi reaberta, mas reconstruída com mais beleza e mais glória do que antes. É assim a providência de Deus”, expressou Dom Warda à ACN.

IURD nega acusações de tráfico de crianças portuguesas

Netos de Edir Macedo juram em vídeo:"Nós não fomos raptados"

IURD fala em "campanha difamatória e mentirosa". 

Num comunicado divulgado no Brasil, a igreja brasileira afirmou que a investigação realizada pelos repórteres da estação portuguesa de televisão TVI baseia-se no depoimento falso de um ex-bispo chamado Alfredo Paulo, que teria sido expulso da igreja por conduta imprópria.

A IURD acrescenta que "os seus membros, em Portugal e fora do país europeu, apresentarão inúmeras ações contra a TVI em Portugal e no exterior".

Num vídeo divulgado pela Igreja Universal num canal oficial do Youtube dois jovens chamados Vera de Andrade e Louis Carlos de Andrade, netos de Edir Macedo, que foram adotados no lar mantido pela igreja em Lisboa, pronunciaram-se alegando que a reportagem da TVI fez acusações que não são verdadeiras.

"A TVI está a dizer coisas a nosso respeito que não são verdadeiras. Estão a dizer que fomos raptados pela cúpula da Igreja Universal. Nós não fomos raptados, fomos adotados de forma legal por uma família americana e vivemos até os nossos 20 anos com esta família nos Estados Unidos", disse Louis Carlos.


Na noite de segunda-feira (11), a TVI iniciou a exibição de uma série de reportagens denominada "O Segredo dos Deuses", na qual noticia que a IURD esteve alegadamente relacionada o rapto e o tráfico de crianças nascidas em Portugal.

Os supostos crimes teriam acontecido na década de 1990 com crianças levadas para um lar em Lisboa, que teria alimentado um esquema de adoções ilegais em benefício de famílias ligadas à IURD que moravam no Brasil e nos Estados Unidos.

Entretanto, o Ministério Público português abriu um inquérito sobre esta alegada rede de adoções ilegais de crianças portuguesas ligadas à IURD, disse segunda-feira à Lusa a Procuradoria-Geral da República.

"Existe um inquérito relacionado com essa matéria, tendo o mesmo sido remetido ao DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa] para investigação", adiantou a Procuradoria-Geral da República numa resposta enviada à Lusa.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Portugal: Aliança Evangélica manifesta "veemente repúdio" por práticas da IURD


A Aliança Evangélica Portuguesa acusa a IURD de não respeitar os valores e princípios da organização. 

Em reação à investigação da TVI "O Segredo dos Deuses", diz que " a serem verdade" os casos denunciados, as práticas daquela igreja merecem o seu "mais veemente repúdio".

Em comunicado, a Aliança Evangélica Portuguesa lembra que a Igreja Universal do Reino de Deus não é sua filiada e afirma que "dificilmente virá a sê-lo" devido à sua doutrina e práticas.

A organização, que reúne as igrejas evangélicas e pertence tanto à Aliança Europeia como mundial dos evangélicos, manifesta também "a mais profunda solidariedade com as vítimas" da IURD.

Confira o comunicado na íntegra: 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é aprovada como padroeira de Mato Grosso do Sul

Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Campo Grande (MS)
(Foto: Juliana Aguiar/G1 MS/Arquivo - adaptado)

O projeto de lei, que institui Nossa Senhora do Perpétuo Socorro como padroeira de Mato Grosso do Sul, causou uma discussão e polêmica entre deputados evangélicos e católicos, mas foi aprovado em primeira votação na sessão desta quarta-feira (20).

A discussão começou depois que o deputado Herculano Borges (SD), evangélico, pediu vistas ao projeto, mas teve sua solicitação derrotada em plenário, por 12 votos a 10, o que manteve o projeto em pauta.

Herculano justificou que o Estado é formado por católicos, evangélicos, espíritas e pessoas ‘sem fé’, e que o projeto não poderia ser aprovado em detrimento da questão religiosa das pessoas que não professam a fé católica.

Os deputados Zé Teixeira (DEM) e Cabo Almi (PT) argumentaram que o projeto deveria ser colocado em votação, e que o plenário deveria decidir sobre a instituição ou não da padroeira do Estado.

“Deputado Herculano isso aqui não é questão de brincadeira. Respeito vossa excelência e vossa excelência tem que me respeitar também”, disparou o petista.

Paulo Siufi (PMDB), autor do projeto, disse que considerava ‘desnecessário’ o acirramento da discussão. “Esse acirramento é desnecessário. Tenho minha religião respeito as outras e tenho que defender o projeto. Ele não é inconstitucional, teve o parecer da Procuradoria e também da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça)”.
  
Além de Herculano, os deputados Lídio Lopes (PEN), Maurício Picarelli (PSDB) e Rinaldo Modesto (PSDB), todos evangélicos, foram contrários ao projeto.

Missão de Natal: recolocar Jesus na manjedoura


O anjo do Senhor, encarregado de dar aos pastores a alegre notícia do nascimento de Jesus, em Belém, assim se expressou: “eu vos anuncio uma grande alegria: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lc 2,10-11). 

Quando os pastores chegaram à Gruta de Belém, viram este sinal: um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura (Lc 2,7). Jesus veio ao mundo sem um lugar para nascer e viver. Nasceu numa gruta improvisada. Foi acolhido, de improviso, numa manjedoura. E de lá encantou, provocou, redimiu e salvou o mundo. Deus, em Belém, quebrou o silêncio do universo e preencheu o vazio da existência humana. Assim como a Estrela de Belém é maior do que todas as outras estrelas, a manjedoura de Belém é também maior do que todas as manjedouras do mundo. Ela é o hi fi das redes sociais de Deus. A manjedoura que acolheu Jesus, seu primeiro berço, hoje está vazia, como vazia está a vida humana. Há um esvaziamento muito grande na vida, na mente e no coração de muitas pessoas. Consequentemente, há um progressivo esvaziamento do espírito do Natal.

Em tempo passado, era politicamente correto cantar: 

“Tudo está no seu lugar, graças a Deus” (Benito de Paula). Hoje não é nem político e nem correto. Tudo ou quase tudo no Brasil está fora de lugar. A sociedade brasileira está doente, dando sinais inequívocos de morte: a política e a economia não estão nos seus lugares. Os traficantes, de todas as matizes, estão fora de lugar. A violência e a corrupção estão fora de lugar. Os crimes organizados estão fora de lugar. A discriminação e o preconceito estão fora de lugar. Os revolucionários, os reacionários e os conservadores estão fora de lugar. A agende da ideologia de gênero está fora de lugar, ao desconstruir os conceitos de pessoa e de família. Papai Noel não está no seu lugar. O Natal não está no seu lugar. Jesus não está no seu lugar. Tudo, enfim, está fora de lugar.