No final da oração do Angelus neste domingo, o
Papa exortou a evitar “a sombra da inimizade”, referindo-se às tensões que
estão atravessando várias regiões do mundo.O papa Francisco exprimiu ainda a
sua preocupação com o que está ocorrendo em algumas partes do mundo com a
crescente tensão que se teme possa levar a uma escalada da violência. No final
da oração mariana do angelus deste domingo, o Pontífice recordou que a guerra
traz destruição e que é necessário trabalhar para favorecer o diálogo entre as
partes.
“Em tantas partes do mundo se sente um
terrível ar de tensão. A guerra traz apenas morte e destruição. Convido todas
as partes a manterem acesa a chama do diálogo e do autocontrole e a evitarem a
sombra da inimizade. Rezemos em silêncio para que o Senhor nos dê esta graça”.
A situação entre os EUA e o Irã
A tensão entre os Estados Unidos e o Irã se
elevaram depois do assassinato, nos dias passados, do general iraniano Qassem
Soleimani, num ataque dos EUA em Bagdá. O Alto Representante da União Europeia
para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell,
interveio no assunto, expressando “profunda preocupação com o aumento dos
confrontos no Iraque” e exortando à moderação para evitar uma nova escalada de
violência. Borrell convidou o ministro das Relações Exteriores iraniano
Mohammad Javad Zarif para ir a Bruxelas.
Entretanto, continuam as acusações recíprocas
entre Washington e Teerã. O Irã pede a evacuação das bases militares dos EUA na
região, prometendo vingança se isso não ocorrer e afirmando que já identificou
35 alvos a serem atingidos. Não seriam descartados ataques no Estreito de
Hormuz, através do qual passa cerca de 20% do tráfego mundial de petróleo por
mar. A ameaça foi imediatamente levada a sério por Londres, que dispôs escolta
militar para os navios com a bandeira britânica. Por sua vez, o presidente dos
EUA, Trump, declarou que no caso de um ataque iraniano, os EUA estão prontos
para a ação contra 52 locais importantes para a cultura iraniana, 52 como os
reféns estadunidenses sequestrados por Teerã em 1979. No twitter, o ministro
iraniano das Relações Exteriores, Zarif, escreveu que “atingir locais culturais
seria um crime de guerra”.
O patriarca da Igreja católica caldeia, Louis
Raphael Sako, neste contexto, fez um forte apelo: “Os iraquianos – disse -,
ainda estão chocados com o que aconteceu na semana passada. Eles temem que o
Iraque se torne um campo de batalha, em vez de ser uma nação soberana capaz de
proteger seus cidadãos e suas riquezas. Em circunstâncias tão críticas e
tensas, é sábio realizar um encontro em que todas as partes envolvidas se
sentem em torno de uma mesa para um diálogo sensato e civilizado que poupará
consequências inesperadas para o Iraque. Nós imploramos a Deus Todo-Poderoso –
concluiu Sako -, que garanta ao Iraque e à região uma “vida normal, pacífica,
estável e segura, à qual aspiramos”.