Imagem dos personagens entre chamas e os
dizeres em letras garrafais “Netflix e a maior blasfêmia do século” iniciam o vídeo do Sheik iraniano Qodi sobre
o especial de Natal, gravado pelo grupo humorístico brasileiro Porta dos
Fundos.
O jornalista Leonardo Coutinho avalia o
posicionamento do líder Muçulmano como “algo preocupante e potencialmente
perigoso”. “Qomi ressalta que a violência não deve ser aplicada contra o Porta
dos Fundos. Fala em ações ‘racionais’. Mas sugere como exemplo a fatwa (decreto
religioso) que o aiatolá Khomeini contra
Salman Rushdie.
O caso aconteceu no final da década de 80
quando o escritor britânico Rushdie
recebeu a sentença de morte do aitolá devido ao livro “Versos Satânicos”. O
escritor foi acusado de ridicularizar O Corão e Maomé. Por meio deste decreto, o imã pediu que “todos os muçulmanos zelosos”
tentassem matar o autor do livro, extingui a
editora e “aqueles que conhecem o conteúdo” do romance, “de forma que
ninguém possa insultar as santidades islâmicas”. Uma recompensa alta foi
oferecida pela cabeça do escritor na ocasião.
O Sheik
explica no vídeo que no Irã, ofensas contra os profetas são
classificadas como blasfêmia, um crime que prescreve penalidades como a fatha.
Quomi relembra que após o episódio de Rushdie, ninguém mais se atreveu a
escrever contra o profeta Maomé. O líder considerou esse fato de extrema
violência como exemplo.
Qomi orienta que os muçulmanos reajam ao filme
do Porta dos Fundos. “Amamos o santíssimo Jesus de todo coração. Amamos a ele,
amamos à Santíssima Virgem Maria. Por isso não admitimos que alguém venha a
faltar com respeito a essas pessoas tão importantes. Não permitimos que alguém
insulte, blasfemem ou difamem estas pessoas santas”.
Coutinho descreve para seus seguidores quem é
o iraniano em questão. “Minhas fontes explicam que Qomi é o sucessor de Rabbani
no comando da expansão das operações ‘culturais e religiosas’ do Irã na América
Latina”. Mohsen Rabbani é pai da esposa
de Qomi, que é acusado de ser o arquiteto dos atentados contra a sede da AMIA [
Associação Mutual Israelita Argentina], em 1994, com um saldo de 85 mortos.
O líder muçulmano fala no vídeo que é preciso
uma reação inteligente, não violenta e não emocional. Também se deve evitar a
indiferença, para não cair no perigo
“perder a sensibilidade da fé”. “Não vamos insultar, não vamos atacar,
para que os protagonistas deste filme não se
sintam oprimidos e saiam como heróis. Não, não, isso, não”.
Qomi acredita que cristãos e muçulmanos devem
se unir a partir do amor que têm a Jesus. O segundo passo segundo o líder é tomar
medidas legais de acordo com as leis do país. O cancelamento da Netflix também
foi orientado pelo líder como uma atitude concreta para os crentes.