domingo, 6 de dezembro de 2020
Bélgica: Bispos pedem ao governo a retomada das Missas públicas, suspensas até o próximo ano
1ª Pregação do Advento 2020: "Ensina-nos a contar os nossos dias para que nosso coração a sabedoria alcance" (Sl 90,12).
“ENSINA-NOS A CONTAR OS NOSSOS DIAS,PARA QUE NOSSO CORAÇÃO A SABEDORIA ALCANCE(Sl 90,12).
Primeira Pregação do Advento de 2020
Um de nossos poetas, Giuseppe Ungaretti, descreve o estado de espírito
dos soldados nas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial com um poema
composto de apenas nove palavras:
Nós ficamos como no outono nas árvores as folhas.
Hoje é toda a humanidade que experimenta essa sensação de precariedade e
caducidade por conta da pandemia. “O Senhor – escreveu São Gregório Magno – ora
por palavras, ora por fatos nos adverte”[1]. No ano marcado pelo grande e
terrível “fato” do corona vírus, esforcemo-nos em captar o ensinamento que daí
cada um de nós pode tirar para a própria vida pessoal e espiritual. São
reflexões que podemos fazer apenas entre nós, fiéis, e que talvez seria pouco
prudente propor, neste momento, indistintamente a todos, para não aumentar a perplexidade
que a pandemia provoca em alguns no que se refere à fé.
As verdades eternas sobre as quais queremos refletir são: primeiro, que
todos somos mortais e “não temos aqui cidade permanente”; segundo, que a vida
do fiel não termina com a morte porque nos aguarda a vida eterna; terceiro, que
não estamos sós no pequeno barco do nosso planeta, porque a “Palavra se fez
carne e veio morar entre nós”. A primeira dessas verdades é um objeto de
experiência, as outras duas são objetos de fé e esperança “Memento mori!”
Iniciemos meditando hoje sobre a primeira destas “máximas eternas”: a
morte. Ela está resumida na antiga sentença que os monges Trapistas escolheram
como lema de sua Ordem, “Memento mori”: lembra-te de que morrerás.
Da morte, pode-se falar de duas maneiras diversas: ou em chave
kerigmática, ou em chave sapiencial. O primeiro modo consiste em proclamar que
Cristo venceu a morte; que ela não é mais um muro contra o qual tudo se quebra,
mas uma ponte rumo à vida eterna. O modo sapiencial ou existencial consiste, ao
invés, em refletir sobre a realidade da morte tal como ela se apresenta à
experiência humana, com o objetivo de trazer daí lições para bem viver. É a
perspectiva em que nos colocamos nesta meditação.
Este último é o modo em que se fala da morte no Antigo Testamento e, em
particular, nos livros sapienciais: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para
que nosso coração a sabedoria alcance”, pede a Deus o salmista (Sl 90,12). Tal
maneira de olhar a morte não termina com o Antigo Testamento, mas continua
também no Evangelho de Cristo. Recordemos sua admoestação: “Vigiai, portanto,
pois não sabeis o dia, nem a hora” (Mt 25,13), a conclusão da parábola do rico
que projetava construir celeiros maiores para a sua colheita: “Insensato! Ainda
nesta noite vão tomar a tua vida. E o que acumulaste, para quem será?” (Lc
12,20), e, ainda, sua frase: “Que adianta a alguém ganhar o mundo inteiro, mas
arruinar a sua vida?” (cf. Mt 16,26).
A tradição da Igreja se apropriou deste ensinamento. Os Padres do
deserto cultivavam o pensamento da morte, até fazer disso uma prática constante
e mantê-lo vivo com todos os meios. Um deles, que trabalhava tecendo fio de lã,
tinha tomado o hábito de deixar o fuso cair, de vez em quando, e “de pôr a
morte diante dos próprios olhos antes de pegá-lo novamente”[2]. “Pela manhã –
exorta a Imitação de Cristo – pensa que não chegarás à noite,
e à noite, não te prometas o dia seguinte” (I,23). Santo Afonso Maria de
Ligório escreve um tratado intitulado Preparação para a morte, que
tem sido, por séculos, um clássico da espiritualidade católica.
Tal modo sapiencial de falar da morte se encontra em todas as culturas,
não apenas na Bíblia e no cristianismo. Está presente, secularizado, também no
pensamento moderno, e vale a pena acenar brevemente às conclusões a que
chegaram dois pensadores, cuja influência ainda é forte em nossa cultura.
O primeiro é Jean-Paul Sartre. Ele inverteu a relação clássica entre
essência e existência, afirmando que a existência vem antes e é mais importante
da essência. Traduzido em termos simples, isso quer dizer que não existe uma
ordem e uma escala de valores objetivos e anteriores a tudo – Deus, o bem, os
valores, a lei natural – à qual o homem deve conformar-se, mas que tudo deve
partir da própria existência individual e da própria liberdade. Cada pessoa
deve inventar e realizar o seu destino como o rio, que, avançando, cava sozinho
o próprio leito. A vida é um projeto que não está escrito em nenhuma parte, mas
é decidido pelas próprias e livres escolhas.
Este modo de conceber a existência ignora completamente o dado da morte
e, por isso, é confutado pela realidade mesma da existência que se quer
afirmar. O que pode projetar o homem, se não sabe, nem depende dele, se amanhã
ainda estará vivo? A sua tentativa se assemelha ao de um prisioneiro que passa
todo o tempo a projetar o melhor itinerário a seguir para passar de uma parede
à outra de sua cela.
Mais crível, sobre este ponto, é o pensamento de um outro filósofo,
Martin Heidegger, que também parte de premissas análogas e se move no mesmo
viés do existencialismo. Definindo o homem como um “um-ser-para-a-morte”[3],
ele faz da morte não um incidente que põe fim à vida, mas a substância mesma da
vida, aquilo de que é feita. Viver é morrer. O homem não pode viver sem queimar
e encurtar a vida. Cada minuto que passa é subtraído da vida e dado à morte,
como, percorrendo de carro uma estrada, vemos casas e árvores desaparecendo
rapidamente atrás de nós. Viver para a morte significa que a morte não é
só o fim, mas também o objetivo da vida. Nasce-se
para morrer, não para outra coisa.
Qual é, então, – pergunta-se o filósofo – aquele “núcleo sólido, certo e
intransponível”, ao qual a consciência chama o homem e sobre o qual se deve
fundar a sua existência, se quiser ser “autêntica”? Resposta: O seu nada! Todas
as possibilidades humanas são, na realidade, impossibilidades. Toda tentativa
de projetar-se e de elevar-se é um salto que parte do nada e termina no
nada[4]. Resta resignar-se, fazer - como dizem - uma virtude da necessidade e
até amar o próprio destino. Uma versão moderna do “amor Fati” dos
estóicos.
Santo Agostinho também antecipara esta intuição do pensamento moderno
sobre a morte, mas para daí tirar uma conclusão totalmente diversa: não o
niilismo, mas fé na vida eterna.
Quando nasce um homem – escrevia – fazem-se tantas hipóteses: talvez
será belo, talvez será feio; talvez será rico, talvez será pobre; talvez viverá
muito, talvez não... Mas de nenhum se diz: talvez morrerá, talvez não morrerá.
Esta é a única coisa absolutamente certa da vida. Quando sabemos que alguém
está doente de hidropisia (à época, esta doença era incurável, hoje são
outras), dizemos: “Coitado, deverá morrer; está condenado, não há remédio”. Mas
não deveríamos dizer a mesma coisa sobre alguém que nasce? “Coitado, deverá
morrer, não há remédio, está condenado!”. Que diferença há se em um tempo mais
ou menos longo ou breve? A morte é a doença mortal que se contrai ao nascer[5].
Dante Alighieri condensou em apenas um verso esta visão agostiniana,
definindo a vida humana sobre a terra “um viver que é um correr à morte”[6].
Nota em solidariedade a Dom Alberto Taveira
Carta aberta do Arcebispo Carlo Maria Viganò ao Presidente Trump
Nos meses recentes temos testemunhado a formação de dois lados opostos que eu chamaria bíblicos: os filhos da luz e os filhos das trevas. Os filhos da luz constituem a parte mais evidente da humanidade, enquanto que os filhos das trevas representam uma absoluta minoria. E, no entanto, os primeiros são objeto de uma espécie de discriminação que os coloca numa situação de inferioridade moral relativamente a seus adversários, que frequentemente mantêm posições estratégicas no governo, na política, na economia e na mídia. De um modo aparentemente inexplicável, os bons são feitos reféns pelos maus e por aqueles que os ajudam, seja por interesse, seja por medo.
sábado, 5 de dezembro de 2020
Carta Aberta de Dom Alberto Taveira aos fiéis católicos perante fatos que assolam o seu ministério e a Igreja Católica.
terça-feira, 24 de novembro de 2020
Perseguição aos cristãos no mundo é denunciada nesta Quarta-Feira Vermelha
A AIS celebra nesta quarta-feira, 25, a Red Wednesday (Quarta vermelha) – uma ação simbólica que ilumina em vermelho igrejas, edifícios públicos e monumentos em todo o mundo, como o Cristo Redentor, com o intuito de chamar a atenção para a situação dos cristãos perseguidos. A data marca também o lançamento do relatório Presos em Nome da Fé. A AIS (ACN) é o acrônimo do nome em inglês “Aid to the Church in Need”, que mantém o significado da missão recebida desde sua fundação: Ajuda à Igreja que Sofre.
Apesar da pandemia do coronavírus, a Red Wednesday 2020, campanha iniciada para chamar a atenção à perseguição aos cristãos em todo o mundo, ainda ocorrerá este ano no dia 25 de novembro. “A covid-19 pode ter trazido muitas mudanças, mas os cristãos continuam a ser a comunidade religiosa mais perseguida no mundo.
A fim de aumentar a conscientização sobre esse fato doloroso, catedrais, igrejas e edifícios públicos serão iluminados com luz vermelha em muitos países em quatro continentes”, confirmou Thomas Heine-Geldern, Presidente Executivo da AIS. Ele explicou que a iniciativa representa um forte sinal de apoio a todos aqueles que sofrem discriminação, mas não podem falar abertamente sobre isso e esperam que outros levantem suas vozes em seu lugar.
Uma ideia que nasceu no Brasil
A ideia de iluminar edifícios emblemáticos em vermelho foi iniciada pela AIS Brasil em 2015, no Cristo Redentor – Rio de Janeiro. É uma forma de criar um sinal marcante e visível para protestar contra a discriminação religiosa, já que a cor vermelha representa o martírio de tantos que vivem sua fé até o extremo da morte. Desde então, a ação se estabeleceu em muitos lugares e tornou-se a Red Wednesday.
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
Esta é a oração para a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023
Nesta prece, os jovens se dirigem a Nossa Senhora da Visitação, pedindo à Virgem para que a JMJ “seja ocasião de testemunho e partilha, convivência e ação de graças”.
Nas redes sociais oficiais da JMJ Lisboa 2023, incentivam os jovens a rezar esta oração “a caminho da escola, da faculdade, do trabalho, em casa, em família, com amigos ou na catequese”.
“Somos todos convidados a fazer caminho com Maria. Partimos sem demora, serenos e alegres, ao encontro de Jesus. Ajuda-nos Nossa Senhora da Visitação a levar Cristo a todos!”, completam.
Ainda na caminhada rumo à JMJ que acontecerá em Lisboa em 2023, no último domingo, Solenidade de Cristo Rei do Universo, jovens portugueses receberam de representantes do Panamá a Cruz peregrina e do ícone da Salus Populi Romani (Protetora do Povo Romano).
A entrega aconteceu durante Missa presidida pelo Papa Francisco na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Na ocasião, o Pontífice assinalou que este “é um passo importante na peregrinação que nos levará a Lisboa, em 2023”.
CNBB cria grupo de trabalho sobre o Pacto pela Vida e pelo Brasil e nomeia 5 bispos como membros
Segundo o bispo de Lages (SC) e presidente do GT, dom Guilherme Antônio Werlang, o Pacto pela Vida e Pelo Brasil preocupa-se com a defesa de toda a vida, não apenas com a vida humana, mas também com a vida do planeta (água, terra e biomas).
O presidente do GT aponta que o Pacto assume um compromisso público com as políticas públicas, garantidas pela Constituição, que estão sendo desmontadas no Brasil, especialmente na área ambiental que tem como resultado as queimadas na Amazônia e no Pantanal.
“Nós somos convocados a enfrentar e a confrontar a grande cultura de morte que existe há muito tempo e que vem se acentuando. Esta cultura da morte se expressa em todos os campos da vida social (pelo modelo econômico neoliberal, uma política econômica que mata e coloca o lucro acima da vida). Em nome deste modelo econômico, mata-se a nossa Casa Comum, mata-se as pessoas. Temos todos os anos recordes de produção de alimentos no Brasil e no mundo e, no entanto, cresce todos os anos o número de famintos e pessoas que passam fome. Alguma coisa está errada”, disse.
Segundo dom Guilherme, a Igreja Católica e os cristãos católicos, a partir do Evangelho e dos exemplos de Jesus Cristo, não podem ficar de braços cruzados e calados frente à esta realidade. “Nós somos desafiados pelo Evangelho e conclamados por Jesus Cristo a tomarmos posições corajosas, necessárias e urgentíssimas”, disse.
Motivadas pelo contexto da pandemia do novo Coronavírus, as entidades signatárias do Pacto pela Vida e pelo Brasil buscaram uma ação propositiva para a “grave crise” enfrentada pelo Brasil – sanitária, econômica, social e política. O Pacto afirma que a realidade exige de todos, especialmente de governantes e representantes do povo, o exercício de uma cidadania guiada pelos princípios da solidariedade e da dignidade humana, assentada no diálogo maduro, corresponsável, na busca de soluções conjuntas para o bem comum, particularmente dos mais pobres e vulneráveis.
O documento propõe ainda que entre em cena no Brasil “o coro dos lúcidos, fazendo valer a opção por escolhas científicas, políticas e modelos sociais que coloquem o mundo e a nossa sociedade em um tempo, de fato, novo”. O Pacto foi assumido inicialmente por quatro organizações e assinado por mais de 100 organizações brasileiras. Confira a íntegra do Pacto pela Vida e pelo Brasil aqui.
“Somos conclamados a dar passos significativos de uma nova cultura: a cultura da proteção, promoção e defesa da vida em todos os sentidos. Temos que nos conscientizar que a vida humana não pode existir sem a proteção da vida das águas, sem a vida da terra, sem a vida dos micro e macro organismos. Se continuarmos matando a terra, estaremos nos condenando a morte, a nós mesmos”, afirmou.