segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Espanha: padre se inscreve no programa Big Brother


Juan Antonio Molina Sanz, 40, vive em Barcelona e se declara amante de motos, academias de musculação e heavy metal. Sua decisão não agradou nem sequer à sua família, de acordo com os meios de comunicação. Além de sacerdote, Molina também é professor.

O decreto publicado no site do arcebispado de Barcelona tem data de 19 de dezembro de 2011 e é assinado pelo superior geral dos Missionários do Sagrado Coração, Pe. Mark McDonald, e pelo secretário geral, Pe. Luis Carlos Araujo Moraes, que afirmam que, "depois de constatar que o Pe. Juan Antonio Molina Sanz expressou a vontade de participar do programa televisivo Gran Hermano contrariando uma ordem explícita do seu provincial, o Pe. Wifredo Arribas Sancho, e depois de informar ao Pe. Juan Molina por meio do seu provincial e diretamente por correio eletrônico sobre os efeitos negativos que essa participação poderia ter para ele próprio, para a congregação e para a Igreja, o abaixo assinado superior geral da congregação dos Missionários do Sagrado Coração, com o consentimento do Conselho Geral, reunido em 19 de dezembro de 2011, em Roma, declara o Pe. Juan Antonio Molina Sanz suspenso a divinis".


O decreto detalha que esta punição "proíbe ao sacerdote todo trabalho pastoral com os fiéis, a celebração pública da Eucaristia e a pregação aos fiéis, e ouvir a confissão dos fiéis".

"Esta pena", prossegue o texto, "terá efeito a partir do momento em que o Pe. Juan Molina desobedecer à ordem do seu provincial e participar do programa televisivo".

Trata-se de "uma sanção temporária, que tem como finalidade suscitar no Pe. Molina um desejo sincero de mudança e de conversão. Durará até a sua oficial revogação por decreto contrário".

O Pe. Molina, de acordo com o mesmo documento, foi informado de que "os efeitos desta pena ficam suspensos toda vez que vier a ser preciso atender fiéis em perigo de morte, segundo o cânon 1335".

O texto pede "às autoridades eclesiásticas, em particular aos bispos mais envolvidos no caso, que velem para que o Pe. Molina respeite este decreto no espírito em que foi emitido, isto é, visando a proteção dos fiéis e a sua própria conversão".

[Tradução colaboradores Zenit]

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Big Brother


Aristóteles  (384 a, C. – 322 a. C), havia proposto que a felicidade é o bem sempre desejado pelo ser humano e que a prática das virtudes, capitaneadas pelas virtudes cardiais  - Prudência, Temperança, Fortaleza e Justiça - ,  é o único meio de construir uma sociedade onde a felicidade seja possível . E ensinou também que as virtudes deviam ser a primeira preocupação da sociedade na educação das crianças. A Tradição cristã-católica, especialmente através de Tomás de Aquino, assumiu preciosos elementos da ética Aristotélica, percebendo que a proposta de Aristóteles oferecia uma visão antropológica que ajudava a entender, por via racional, a revelação cristã como oferta de um caminho de verdade para o desejo mais profundo do ser humano: ser feliz. Tendo como horizonte de vida as virtudes cardiais, a tradição cristã procurou sistematizar também a compreensão do mal moral, propondo que os pecados todos têm como raiz, os chamados vícios(pecados) capitais: Soberba ( orgulho desejo de poder, vaidade, sucesso...), Inveja, Cólera (ira, raiva...), Preguiça, Avareza (cobiça...), Gula e Luxúria. Não vejo nunca o Big Brother, mas ouço sua propaganda e leio as notícias e as opiniões de muitas pessoas sobre. Depois da suspeita de estupro no BB Brasil, em cena de sexo regado a cerveja, entrei no Google e li que na Inglaterra, “depois de umas grades de cerveja e de umas caixas de vinhos, os 14 concorrentes ficaram tão desinibidos que resolveram promover uma festa pelados na piscina.”


Mais: “Os produtores do Big Brother não acreditaram quando viram que triângulos amorosos começaram a surgir em cada quarto da casa, segundo o jornal Daily Star”. Eis aí, prezado(a) leitor(a),como o que há de pior em nossa sociedade (a droga do álcool e a luxúria juntos, pecados contra a virtude da temperança)  se torna meio de ganhar dinheiro (avareza). A Soberba se encarrega de transformar em coisa linda a degradação do que há de mais nobre no ser humano: o amor.  É o amor que dá sentido a todas as relações que estabelecemos com os outros. A Soberba, na reflexão cristã, está presente toda a vez que o ser humano mente para si mesmo, fazendo soar como verdadeira a negação da verdade. Assume-se o lugar de Deus, o Supremo Legislador, que nos deu os mandamentos para apontar-nos o caminho que conduz a pessoa e a sociedade ao verdadeiro bem (a Paz).

Santo Tomás, ao falar dos pecados capitais, afirma que estes “são sumamente atraentes, tanto que por eles o ser humano comete muitos outros pecados”. São desvios do grande desejo do Bem, colocado por Deus nas profundezas do ser humano. Santo Agostinho experimentou esta verdade até à exaustão: “...mas eu caminhava em meio às trevas, por um caminho escorregadio, procurando a Ti fora de mim, e não achava, pois tu és o Deus do coração. E então cheguei ao fundo, desprovido de esperança, já perdida em mim a fé de ver a verdade face a face” (As Confissões,Liv. 6).

A Soberba está presente na luxúria e na gula (a voracidade do prazer da comida, da bebida e do sexo) quando se promove à dignidade de bem o que vilipendia o ser humano e ofende a divina sabedoria e o verdadeiro amor. Toda tentativa de justificar o pecado é violência à verdade e ao testemunho da própria consciência. É assim que a miséria moral, apelidada de amor, se torna linda, conforme soube que afirmou Pedro Bial comentando cena recente (estupro?) do BB brasileiro. Ora, uma afirmação como esta no contexto do BB – “o amor é lindo” - traduz exatamente o esforço em transformar em beleza o mau gosto e o vazio de valores de uma cultura que corre atrás do sucesso e do dinheiro fácil. Big Brother é um escárnio - uma espécie de vômito - contra tudo o que ainda existe de eticamente saudável na sociedade. É atentado violento ao pudor, colocado na vitrine midiática, ao alcance de todos. Usa-se a justificativa de que o Big Brother retrata a sociedade.

Aqui é necessária uma correção: “retrata o que de pior há em nossa sociedade” para satisfazer a gula doentia que, estimulada, salta para fora e passa a fazer parte da normalidade cultural. O(a) leitor(a) que quiser ter uma amostra do que está acontecendo em nossa sociedade, pesquise no GOOGLE “bebida e sexo entre adolescentes” e encontrará farto material sobre o assunto.  Assim: “Jovens fazem festa com sexo e bebida na Quinta da Boa Vista” e, em seguida: “A Dcav (Delegacia da Criança e Adolescente Vítima) está dando uma olhada em imagens onde aparecem jovens de uniforme, ou seja, matando aula, consumindo bebidas alcoólicas, além de casais se ‘embolando’ e camisinhas jogadas pelo gramado do parque”. O BB estimula esse tipo de comportamento ao conseguir empolgar telespectadores e envolvê-los nesse jogo sujo. Uma coisa é retratar a realidade doentia na cultura de modo a produzir rejeição e outra, oposta, é retratá-la travestida de beleza.

Dom Eduardo Benes
Arcebispo de Sorocaba (SP)

sábado, 14 de janeiro de 2012

Novo Governo Provincial escolhe os Padres que assumirão trabalhos pastorais no próximo triênio.

“Estai sempre prontos a dar a razão da vossa Esperança"
(1Pd 3,15)

Irmãos e irmãs, paz e bem!

Com a realização do Capítulo Provincial dos Frades Capuchinhos (MA-PA-AP) realizado de 12 a 16 de dezembro de 2011 em Belém-PA, em que foi eleito o novo governo da província para o próximo triênio (2012-2014), os frades elegeram por maioria de votos:

Provincial: Frei Deusivan dos Santos Conceição;

1° Definidor: Frei José Antônio Macapuna;

2° Definidor: Frei Luís Rota;

3° Definidor: Frei Eldi Pereira Silva;

4° Definidor: Frei José Lázaro Oliveira Nunes.



Em seguida, feita a visita pastoral do novo governo eleito, realizada de 20 de dezembro de 2011 a 10 de janeiro de 2012 a todos os frades do Regional Barra do Corda, de Imperatriz, de São Luís e de Belém e, depois de ter consultado os frades de cada regional, ficaram assim nomeados e distribuídos os cargos e funções dos frades que assumirão a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de 2012 a 2014.:

Pároco: Frei Luís Spelgatti;

Superior: Frei Hugo César;

Vigário: Frei Antonio Gildo.

Informamos também que será celebrada uma Missa em ação de graças pelos frades que trabalharam em nossa paróquia entre 2009 e 2011, agradecendo a Deus pelos serviços prestados em nossas comunidades na quinta-feira, dia 26 de janeiro, às 19h na Igreja Matriz. Esta missa será organizada pela Equipe Litúrgica da Matriz, e todas as comunidades da paróquia devem se fazer presentes nesta celebração.

O futuro pároco de nossa paróquia, que atualmente é pároco da Igreja Catedral de Grajaú, deverá chegar ainda nesta semana e será apresentado pelo pároco atual às comunidades.

Após a chegada dos novos padres em nossa paróquia, será agendado com o Arcebispo Metropolitano de São Luís, dom José Belisário da Silva, a missa na qual acontecerá a posse do novo pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

Frei Luís Carlos assumirá a Paróquia São Francisco de Assis em Açailândia (MA) e o frei Ronaldo Melo assumirá a Paróquia Nossa Senhora da Conceição em Marabá (PA).

Preparemos o nosso coração e as nossas comunidades para que recebam e acolham com muita alegria e entusiasmo os frades que agora farão parte da nossa comunidade local.

Conheça mais os futuros frades que farão parte da nossa paróquia:

Frei Luigi Spelgatti

Data de Nascimento: 23/04/1951

Cidade/Estado:
Solto Collina-BG

Pais:
Antonio e Paris Letizia

Prof. Temporária:
04/10/1969

Prof. Perpétua:
04/10/1975

Ord. Presbiteral:
25/06/1977

Atividade atual:
Pároco da Catedral de Grajaú.

_______________________________________________
 Frei Antonio Gildo Pereira de Sousa

Data de Nascimento: 10/09/1978

Cidade/Estado: Imperatriz-MA

Pais: Gaspar Pereira de Sousa e Antonia de Jesus Pereira de Sousa

Prof. Temporária: 19/01/2003

Prof. Perpétua: 15/08/2008

Ord. Presbiteral: 19/12/2009

Atividade atual: Vigário Paroquial na Fraternidade Nossa Senhora da Conceição - Anil.

Prepare-se: o mundo vai acabar!


Agora é oficial: finalmente, depois de ter sido anunciado pela milionésima vez, o mundo vai terminar no dia 21 de dezembro de 2012. O jeito é preparar-se e... ver para crer!

Desta vez, quem faz a profecia são os maias – mas há “estudiosos” que a atribuem aos astecas – os primeiros habitantes do México. De acordo com a sua cosmologia, desde o seu início, o planeta foi percorrendo cinco grandes ciclos, cada um com 5.125 anos. Quatro já passaram, e acabaram sempre em destruição. O próximo vai terminar no dia 21 de dezembro de 2012. E o que desencadeará o fim do mundo? De acordo com os “entendidos” – os leitores percebem logo que não é o meu caso! – naquele dia, o sol do solstício vai se alinhar com o centro da Via Láctea – o que acontece a cada 26.000 anos!

Ao mesmo tempo – sempre segundo as profecias – ocorrerá outro raro fenômeno, que é a mudança do eixo da terra em relação à esfera celeste. A inversão dos polos ocasionará uma avalanche de terremotos, tsunamis e vulcões, que acabarão em poucos instantes com a raça humana.

Mas, para não assustar ninguém com profecias que, de tão costumeiras, perdem cada mais a sua força, entra em cena a ciência para garantir que o mundo vai acabar, sim; não, porém, em 2012, mas daqui a um bilhão de anos, quando as temperaturas serão tão escaldantes, que nenhuma vida conseguirá resistir.


Se já agora, há pessoas que acham o calor insustentável, imagine-se o que acontecerá então! E quem é o culpado de tudo isso? Graças a Deus, por esta vez não é o homem, mas o sol que, como qualquer outro ser “vivo”, caminha, ele também, para a velhice e a morte. É o que afirma, entre inúmeros outros colegas, Gustavo Rojas, astrofísico da Universidade Federal de São Carlos: «Quando o hidrogênio de seu núcleo vai acabando, a conseqüência é a estrela aumentar. Isso interfere em seu brilho e na energia que chega à terra».

O sol é um amontoado de gás incandescente. Seu “combustível” não dura para sempre, e a substituição do hidrogênio pelo hélio fará com que suas camadas externas se expandam. Seu tamanho aumentará aproximadamente 200 vezes, o suficiente para atrair a si – e fazê-los desaparecer! – vários planetas, como Mercúrio, Vênus e, talvez, a própria terra. O calor se espalhará por toda a sua extensão, e ele acabará transformado numa bola gigante, cada vez mais fria e avermelhada.

As condições de vida na terra, porém, se deteriorarão muito antes. «Daqui a um bilhão de anos, com o aumento do brilho do sol, os oceanos já terão evaporado. Até as rochas derreterão. A vida já terá acabado», garante Carolina Chavero, do Observatório Nacional do Rio de Janeiro. Se ela estiver certa, será mais fácil a humanidade desaparecer da face da terra por um desastre que ela mesma produziu do que por um fenômeno astronômico.

Assim sendo, haverá ainda muito tempo e lugar para que os “profetas” continuem sua tarefa de anunciarem o fim do mundo...

Mas – já que perguntar não ofende – valerá a pena perder tempo em conjeturas que não levam a nada, quando o próprio Jesus afirmou que «quanto a esse dia e a essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do céu, nem o Filho do homem, mas somente o Pai» (Mt 24,36)?

Muito mais simples e inteligente é fazer nossa a recomendação que São Pedro dava aos primeiros cristãos: «Há uma coisa que vocês, amados, não deveriam esquecer: para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos são como um dia. O Senhor não demora para cumprir o que prometeu, como alguns pensam, achando que há demora; é que Deus tem paciência com vocês, porque não quer que ninguém se perca, mas que todos cheguem a se converter. O Dia do Senhor chegará como um ladrão, e então os céus se dissolverão com estrondo, os elementos se derreterão, devorados pelas chamas, e a terra desaparecerá com tudo o que nela se faz. Em vista dessa desintegração universal, qual não devem ser a santidade de vida e a piedade de vocês, enquanto esperam e apressam a vinda do Dia de Deus? Nesse dia, ardendo em chamas, os seus se dissolverão e os elementos se fundirão consumidos pelo fogo. O que nós esperamos, conforme a promessa dele, são novos céus e nova terra, onde habitará a justiça» (2Pd 3,8-13).

Dom Dom Redovino Rizzardo
Bispo de Dourados (MS)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Migrações e Nova Evangelização - 15 de janeiro


Queridos Irmãos e Irmãs!

Anunciar Jesus Cristo, único Salvador do mundo, «constitui a missão essencial da Igreja, tarefa e missão, que as amplas e profundas mudanças da sociedade atual tornam ainda mais urgentes» (Exort. apost. Evangelii nuntiandi, 14). Aliás, hoje, sentimos a urgência de promover, com novo vigor e novas modalidades, a obra de evangelização num mundo onde a queda das fronteiras e os novos processos de globalização deixaram as pessoas e os povos ainda mais próximos, tanto pela expansão dos meios de comunicação, como pela frequência e a facilidade com que indivíduos e grupos se podem deslocar. Nesta nova situação, devemos despertar em cada um de nós o entusiasmo e a coragem que impeliram as primeiras comunidades cristãs a ser intrépidas anunciadoras da novidade evangélica, fazendo ressoar no nosso coração as palavras de São Paulo: «Se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, é antes uma obrigação que me foi imposta: ai de mim, se eu não evangelizar!» (1 Cor 9,16).

O tema, que escolhi para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado em 2012 – «Migrações e nova evangelização» –, nasce desta realidade. De fato, a hora presente chama a Igreja a realizar uma nova evangelização inclusive no vasto e complexo fenômeno da mobilidade humana, intensificando a ação missionária tanto nas regiões de primeiro anúncio, como nos países de tradição cristã.

O Beato João Paulo II convidava-nos a «alimentar-nos da Palavra para sermos “servos da Palavra” no trabalho da evangelização... numa situação que se vai tornando cada vez mais variada e difícil com a progressiva mistura de povos e culturas que caracteriza o novo contexto da globalização» (Carta apost. Novo millennio ineunte, 40). Com efeito, as migrações dentro ou para fora da nação, como solução para a busca de melhores condições de vida ou para fugir de eventuais perseguições, guerras, violência, fome e catástrofes naturais, produziram uma mistura de pessoas e de povos sem precedentes, com novas problemáticas do ponto de vista não só humano, mas também ético, religioso e espiritual.


As atuais e palpáveis consequências da secularização, a aparição de novos movimentos sectários, uma difundida insensibilidade à fé cristã, uma acentuada tendência à fragmentação, tornam difícil focalizar uma referência unificadora que encoraje a formação de «uma só família de irmãos e irmãs em sociedades que se tornam cada vez mais multiétnicas e interculturais, onde também as pessoas de várias religiões são estimuladas ao diálogo, para que se possa encontrar uma serena e frutuosa convivência no respeito das legítimas diferenças», como eu escrevia na Mensagem do ano passado para este Dia Mundial. O nosso tempo está marcado por tentativas de cancelar Deus e a doutrina da Igreja do horizonte da vida, enquanto ganham terreno a dúvida, o cepticismo e a indiferença, que gostariam de eliminar todo e qualquer referimento social e simbólico da fé cristã.

Em tal contexto, sucede frequentemente que os migrantes que conheceram Cristo e O aceitaram se sintam impelidos a considerá-Lo como não relevante na própria vida, a perder o sentido da fé, a deixar de se reconhecerem como parte da Igreja, acabando muitas vezes por viverem uma existência que já não é caracterizada por Cristo e pelo seu Evangelho. Cresceram no seio de povos marcados pela fé cristã, mas depois com frequência emigram para países onde os cristãos são uma minoria ou a antiga tradição de fé já não é convicção pessoal, nem confissão comunitária, mas está reduzida a um fato cultural. Aqui a Igreja enfrenta o desafio de ajudar os migrantes a manterem firme a fé, mesmo quando falta o apoio cultural que existia no país de origem, lançando mão inclusive de novas estratégias pastorais, assim como de métodos e linguagens para um acolhimento vivo da Palavra de Deus. Em alguns casos, trata-se duma ocasião para proclamar que, em Jesus Cristo, a humanidade se torna participante do mistério de Deus e da sua vida de amor, abrindo-se a um horizonte de esperança e de paz através, nomeadamente, do diálogo respeitoso e do testemunho concreto da solidariedade, enquanto, noutros casos, há a possibilidade de despertar a consciência cristã adormecida, através dum renovado anúncio da Boa Nova e duma vida cristã mais coerente para fazer descobrir a beleza do encontro com Cristo, que chama o cristão à santidade em todo o lado, mesmo em terra estrangeira.

Mas o atual fenômeno migratório é também uma oportunidade providencial para o anúncio do Evangelho no mundo contemporâneo. Homens e mulheres provenientes das mais diversas regiões da terra, que ainda não encontraram Jesus Cristo ou que O conhecem só de maneira parcial, pedem para ser acolhidos em países de antiga tradição cristã. Em relação a eles, é necessário encontrar modalidades adequadas para que possam encontrar e conhecer Jesus Cristo e experimentar o dom inestimável da salvação, que para todos é fonte de «vida em abundância» (cf. Jo 10,10); os próprios migrantes desempenham um papel precioso a este respeito, porque podem, por sua vez, tornar-se «anunciadores da Palavra de Deus e testemunhas do Senhor Ressuscitado, esperança do mundo» (Exort. apost. Verbum Domini, 105).

No exigente itinerário da nova evangelização em âmbito migratório, assumem um papel decisivo os agentes pastorais – sacerdotes, religiosos/as e leigos/as – que se encontram a trabalhar num contexto cada vez mais pluralista; em comunhão com os seus Bispos, inspirando-se no Magistério da Igreja, convido-os a procurar caminhos de partilha fraterna e anúncio respeitoso, superando contrastes e nacionalismos. Por sua vez, as Igrejas tanto de proveniência, como de trânsito e de acolhimento dos fluxos migratórios saibam intensificar a sua cooperação em benefício tanto dos que partem como daqueles que chegam e, em todo o caso, de quantos têm necessidade de encontrar no seu caminho o rosto misericordioso de Cristo no acolhimento do próximo. Para uma frutuosa pastoral de comunhão, poderá ser útil atualizar as tradicionais estruturas que atendem os migrantes e os refugiados, dotando-as de modelos que correspondam melhor às novas situações em que aparecem diferentes culturas e povos a interagir.

Os refugiados que pedem asilo, fugindo de perseguições, violências e situações que põem em perigo a sua vida, têm necessidade da nossa compreensão e acolhimento, do respeito pela sua dignidade humana e seus direitos, assim como da consciência dos seus deveres. O seu sofrimento reclama dos diversos Estados e da comunidade internacional que haja atitudes de mútuo acolhimento, superando temores e evitando formas de discriminação e que se procure tornar concreta a solidariedade também mediante adequadas estruturas de hospitalidade e programas de reinserção. Tudo isto exige uma ajuda recíproca entre as regiões que sofrem e aquelas que, anos após anos, acolhem um grande número de pessoas em fuga e também uma maior partilha de responsabilidades entre os Estados.

A imprensa e os outros meios de comunicação desempenham um papel importante para fazer conhecer, com imparcialidade, objetividade e honestidade, a situação de quantos foram forçados a deixar a sua pátria e os seus afetos e desejam começar a construir uma nova existência.

As comunidades cristãs reservem particular atenção aos trabalhadores migrantes e suas famílias, acompanhando-os com a oração, a solidariedade e a caridade cristã; valorizando aquilo que enriquece reciprocamente e promovendo novos projetos políticos, econômicos e sociais, que favoreçam o respeito pela dignidade de cada pessoa, a tutela da família, o acesso a uma habitação condigna, ao trabalho e à assistência.

Sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos e, sobretudo, os jovens e as jovens, mostrem-se sensíveis e ajudem incontáveis irmãs e irmãos que, tendo fugido da violência, se devem confrontar com novos estilos de vida e com dificuldades de integração. O anúncio da salvação em Jesus Cristo será fonte de alívio, esperança e «alegria completa» (cf. Jo 15,11).

Por fim, desejo recordar a situação de numerosos estudantes vindos de outros países que enfrentam problemas de inserção, dificuldades burocráticas, aflições na busca de alojamento e de estruturas de acolhimento. De modo particular, as comunidades cristãs mostrem-se sensíveis com tantos jovens que, além do crescimento cultural, têm necessidade – precisamente devido à sua tenra idade – de pontos de referência, cultivando no seu coração uma profunda sede de verdade e o desejo de encontrar Deus. De modo especial, as Universidades de inspiração cristã sejam lugares de testemunho e de irradiação da nova evangelização, aparecendo seriamente comprometidas, no ambiente acadêmico, não só em cooperar para o progresso social, cultural e humano, mas também em promover o diálogo entre as culturas, valorizando a contribuição que podem dar os estudantes estrangeiros. Estes sentir-se-ão impelidos a tornar-se, eles mesmos, protagonistas da nova evangelização, se encontrarem testemunhas autênticas do Evangelho e modelos de vida cristã.

Queridos amigos, invoquemos a intercessão de «Nossa Senhora do Caminho», para que o anúncio jubiloso da salvação de Jesus Cristo infunda esperança no coração daqueles que se encontram, em condições de mobilidade, pelas estradas do mundo. A todos asseguro a minha oração e concedo a Bênção Apostólica.
Vaticano, 21 de Setembro de 2011.
Benedictus PP. XVI

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

NOTA DA CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ- O Ano da Fé


Indicações

“Eu sei em quem pus a minha fé” (2 Tm 1, 12): esta palavra de São Paulo nos ajuda a compreender que “antes de mais, a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo, e inseparavelmente, é o assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus”. A fé como confiança pessoal no Senhor e a fé que professamos no Credo são inseparáveis, se atraem e se exigem reciprocamente. Existe uma ligação profunda entre a fé vivida e os seus conteúdos: a fé das testemunhas e dos confessores é também a fé dos apóstolos e dos doutores da Igreja.

Neste sentido, as seguintes indicações para o Ano da Fé desejam favorecer tanto o encontro com Cristo por meio de autênticas testemunhas da fé, quanto o conhecimento sempre maior dos seus conteúdos. Trata-se de propostas que visam solicitar, de maneira exemplificativa, a pronta responsabilidade eclesial diante do convite do Santo Padre a viver em plenitude este Ano como um especial “tempo de graça”. A redescoberta alegre da fé poderá contribuir também a consolidar a unidade e a comunhão entre as diversas realidades que compõem a grande família da Igreja.


I. Em nível da Igreja universal

1. O principal evento eclesial no começo do Ano da Fé será a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocada pelo Papa Bento XVI para o mês de outubro de 2012 e dedicada à Nova evangelização para a transmissão da fé cristã. Durante este Sínodo, no dia 11 de outubro de 2012, acontecerá uma celebração solene de inauguração do Ano da Fé, recordando o qüinquagésimo aniversário de abertura do Concílio Vaticano II.

2. No Ano da Fé devem-se encorajar as romarias dos fiéis à Sé de Pedro, para ali professarem a fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, unindo-se àquele que é chamado hoje a confirmar seus irmãos na fé (cf. Lc 22, 32). Será importante favorecer também as romarias à Terra Santa, lugar que por primeiro viu a presença de Jesus, o Salvador, e de Maria, sua mãe.

3. No decorrer deste Ano será útil convidar os fiéis a se dirigirem com devoção especial a Maria, figura da Igreja, que “reúne em si e reflete os imperativos mais altos da nossa fé”. Assim pois deve-se encorajar qualquer iniciativa que ajude os fiéis a reconhecer o papel especial de Maria no mistério da salvação, a amá-la filialmente e a seguir a sua fé e as suas virtudes. A tal fim será muito conveniente organizar romarias, celebrações e encontros junto dos maiores Santuários.

4. A próxima Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013 oferecerá uma ocasião privilegiada aos jovens para experimentar a alegria que provém da fé no Senhor Jesus e da comunhão com o Santo Padre, na grande família da Igreja.

5. Deseja-se que sejam organizados simpósios, congressos e encontros de grande porte, também a nível internacional, que favoreçam o encontro com autênticos testemunhos da fé e o conhecimento dos conteúdos da doutrina católica. Demonstrando como também hoje a Palavra de Deus continua a crescer e a se difundir, será importante dar testemunho de que em Jesus Cristo “encontra plena realização toda a ânsia e anélito do coração humano” e que a fé “se torna um novo critério de entendimento e de ação que muda toda a vida do homem”. Alguns congressos serão dedicados à redescoberta dos ensinamentos do Concílio Vaticano II.

6. Para todos os crentes, o Ano da Fé oferecerá uma ocasião favorável para aprofundar o conhecimento dos principais Documentos do Concílio Vaticano II e o estudo do Catecismo da Igreja Católica. Isto vale de modo particular para os candidatos ao sacerdócio, sobretudo durante o ano propedêutico ou nos primeiros anos dos estudos teológicos, para as noviças e os noviços dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica, bem como para aqueles que vivem um período de prova para incorporar-se a uma Associação ou a um Movimento eclesial.

7. Este Ano será a ocasião propícia para acolher com maior atenção as homilias, as catequeses, os discursos e as outras intervenções do Santo Padre. Os Pastores, as pessoas consagradas e os fiéis leigos serão convidados a um empenho renovado de efetiva e cordial adesão ao ensinamento do Sucessor de Pedro.

8. Durante o Ano da Fé, se deseja que haja várias iniciativas ecumênicas, em colaboração com o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, com o fim de invocar e favorecer “a restauração da unidade entre todos os cristãos” que é “um dos principais propósitos do sagrado Concílio Ecumênico Vaticano II”. Em particular, acontecerá uma solene celebração ecumênica a fim de reafirmar a fé em Cristo por parte de todos os batizados.

9. Junto ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização será instituída uma Secretaria especial para coordenar as diversas iniciativas relativas ao Ano da Fé, promovidas pelos vários Dicastérios da Santa Sé ou que tenham relevância para a Igreja universal. Será conveniente informar com tempo esta Secretaria sobre os principais eventos organizados: ela também poderá sugerir iniciativas oportunas a respeito. A Secretaria abrirá para tanto um site internet com a finalidade de oferecer todas as informações úteis para viver de modo eficaz o Ano da Fé.

10. Por ocasião da conclusão deste Ano, na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, acontecerá uma Eucaristia celebrada pelo Santo Padre, na qual se renovará solenemente a profissão de fé.

II. Em nível das Conferências Episcopais

1. As Conferências Episcopais poderão dedicar uma jornada de estudo ao tema da fé, do seu testemunho pessoal e da sua transmissão às novas gerações, na consciência da missão específica dos Bispos como mestres e “arautos da fé”.

2. Será útil favorecer a republicação dos Documentos do Concílio Vaticano II, do Catecismo da Igreja Católica e do seu Compêndio, também em edições de bolso e econômicas, e a sua maior difusão possível com a ajuda dos meios eletrônicos e das tecnologias modernas.
3. Deseja-se um esforço renovado para traduzir os Documentos do Concílio Vaticano II e o Catecismo da Igreja Católica nas línguas em que ainda não existem. Encorajam-se as iniciativas de sustento caritativo para tais traduções nas línguas locais dos Países em terra de missão, onde as Igrejas particulares não podem arcar com as despesas. Tudo isto seja feito sob a guia da Congregação para a Evangelização dos Povos.

4. Os Pastores, haurindo das novas linguagens de comunicação, devem se empenhar para promover transmissões televisivas ou radiofônicas, filmes e publicações, também em nível popular e acessíveis a um grande público, sobre o tema da fé, dos seus princípios e conteúdos, como também sobre o significado eclesial do Concílio Vaticano II.

5. Os Santos e os Beatos são as autênticas testemunhas da fé. Portanto será oportuno que as Conferências Episcopais se empenhem para difundir o conhecimento dos Santos do próprio território, utilizando também os modernos meios de comunicação social.

6. O mundo contemporâneo é sensível à relação entre fé e arte. Neste sentido, se aconselha às Conferências Episcopais a valorizar adequadamente, em função catequética e eventualmente em colaboração ecumênica, o patrimônio das obras de arte presentes nos lugares confiados à sua cura pastoral.

7. Os docentes nos Centros de estudos teológicos, nos Seminários e nas Universidades católicas são convidados a verificar a relevância, no exercício do próprio magistério, dos conteúdos do Catecismo da Igreja Católica e das implicações que daí derivam para as respectivas disciplinas.
8. Será útil preparar, com a ajuda de teólogos e autores competentes, subsídios de divulgação com caráter apologético (cf. 1 Pd 3, 15). Assim cada fiel poderá responder melhor às perguntas que se fazem nos diversos âmbitos culturais, ora no tocante aos desafios das seitas, ora aos problemas ligados ao secularismo e ao relativismo, ora “a uma série de interrogativos, que provêm duma diversa mentalidade que, hoje de uma forma particular, reduz o âmbito das certezas racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas”, como também a outras dificuldades específicas.

9. Deseja-se um controle dos catecismos locais e dos vários subsídios catequéticos em uso nas Igrejas particulares, para garantir a sua conformidade plena com o Catecismo da Igreja Católica. No caso em que alguns catecismos ou subsídios não estejam em plena sintonia com o Catecismo, ou revelem algumas lacunas, poder-se-á encetar a elaboração de novos, eventualmente segundo o exemplo e a ajuda de outras Conferências Episcopais que já providenciaram à sua redação.

10. Será oportuna, em colaboração com a competente Congregação para a Educação Católica, um controle da presença dos conteúdos do Catecismo da Igreja Católica na Ratio da formação dos futuros sacerdotes e no Curriculum dos seus estudos teológicos.

III. Em nível diocesano

1. Deseja-se uma celebração de abertura do Ano da Fé e uma solene conclusão do mesmo a nível de cada Igreja particular, ocasião para “confessar a fé no Senhor Ressuscitado nas nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro”.

2. Será oportuno organizar em cada Diocese do mundo uma jornada sobre o Catecismo da Igreja Católica, convidando especialmente os sacerdotes, as pessoas consagradas e os catequistas. Nesta ocasião, por exemplo, as Eparquias orientais católicas poderiam preparar um encontro com os sacerdotes para testemunhar a sensibilidade específica e a tradição litúrgica próprias ao interno da única fé em Cristo; assim as jovens Igrejas particulares nas terras de missão poderão ser convidadas a oferecer um testemunho renovado daquela alegria na fé que tanto as caracterizam.

3. Cada Bispo poderá dedicar uma sua Carta pastoral ao tema da fé, recordando a importância do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica levando em conta as circunstâncias pastorais específicas da porção de fiéis a ele confiada.

4. Deseja-se que em cada Diocese, sob a responsabilidade do Bispo, sejam organizados momentos de catequese, destinados aos jovens e àqueles que estão em busca de um sentido para a vida, com a finalidade de descobrir a beleza da fé eclesial, e que sejam promovidos encontros com as testemunhas significativas da mesma.

5. Será oportuno controlar a assimilação (receptio) do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica na vida e na missão de cada Igreja particular, especialmente em âmbito catequético. Neste sentido se deseja um empenho renovado por parte dos Ofícios catequéticos das Dioceses, os quais – com o apoio das Comissões para a Catequese das Conferências Episcopais ; têm o dever de providenciar à formação dos catequistas no que diz respeito aos conteúdos da fé.

6. A formação permanente do clero poderá ser concentrada, especialmente neste Ano da Fé, nos Documentos do Concílio Vaticano II e no Catecismo da Igreja Católica, tratando, por exemplo, de temas como “o anúncio do Cristo ressuscitado”, “a Igreja, sacramento de salvação”, “a missão evangelizadora no mundo de hoje”, “fé e incredulidade”, “fé, ecumenismo e diálogo interreligioso”, “fé e vida eterna”, “a hermenêutica da reforma na continuidade”, “o Catecismo na preocupação pastoral ordinária”.

7. Os Bispos são convidados a organizar, especialmente no período da quaresma, celebrações penitenciais nas quais se peça perdão a Deus, também e particularmente, pelos pecados contra a fé. Este Ano será também um tempo favorável para se aproximar com maior fé e maior freqüência do sacramento da Penitência.

8. Deseja-se um envolvimento do mundo acadêmico e da cultura por uma renovada ocasião de diálogo criativo entre fé e razão por meio de simpósios, congressos e jornadas de estudo, especialmente nas Universidades católicas, mostrando “que não é possível haver qualquer conflito entre fé e ciência autêntica, porque ambas, embora por caminhos diferentes, tendem para a verdade.
9. Será importante promover encontros com pessoas que, “embora não reconhecendo em si mesmas o dom da fé, todavia vivem uma busca sincera do sentido último e da verdade definitiva acerca da sua existência e do mundo”, inspirando-se também nos diálogos do Pátio dos Gentios, organizados sob a guia do Conselho Pontifício para a Cultura.

10. O Ano da Fé poderá ser uma ocasião para prestar uma maior atenção às Escolas católicas, lugares próprios para oferecer aos alunos um testemunho vivo do Senhor e para cultivar a sua fé com uma referência oportuna à utilização de bons instrumentos catequéticos, como por exemplo, o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica ou como o Youcat.

IV. Em nível das paróquias / comunidades / associações / movimentos

1. Em preparação para o Ano da Fé, todos os fiéis são convidados a ler e meditar atentamente a Carta apostólica Porta fidei do Santo Padre Bento XVI.

2. O Ano da Fé “será uma ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia”. Na Eucaristia, mistério da fé e fonte da nova evangelização, a fé da Igreja é proclamada, celebrada e fortalecida. Todos os fiéis são convidados a participar dela conscientemente, ativamente e frutuosamente, a fim de serem testemunhas autênticas do Senhor.

3. Os sacerdotes poderão dedicar maior atenção ao estudo dos Documentos do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica, tirando daí fruto para a pastoral paroquial – a catequese, a pregação, a preparação aos sacramentos – e propondo ciclos de homilias sobre a fé ou sobre alguns dos seus aspectos específicos, como por exemplo “o encontro com Cristo”, “os conteúdos fundamentais do Credo”, “a fé e a Igreja”.

4. Os catequistas poderão haurir sobremaneira da riqueza doutrinal do Catecismo da Igreja Católica e guiar, sob a responsabilidade dos respectivos párocos, grupos de fiéis à leitura e ao aprofundimento deste precioso instrumento, a fim de criar pequenas comunidades de fé e de testemunho do Senhor Jesus.

5. Deseja-se que nas paróquias haja um empenho renovado na difusão e na distribuição do Catecismo da Igreja Católica ou de outros subsídios adequados às famílias, que são autênticas igrejas domésticas e primeiro lugar da transmissão da fé, como por exemplo no contexto das bênçãos das casas, dos Batismos dos adultos, das Crismas, dos Matrimônios. Isto poderá contribuir para a confissão e aprofundimento da doutrina católica “nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre”.

6. Será oportuno promover missões populares e outras iniciativas nas paróquias e nos lugares de trabalho para ajudar os fiéis a redescobrir o dom da fé batismal e a responsabilidade do seu testemunho, na consciência de que a vocação cristã “é também, por sua própria natureza, vocação ao apostolado”.

7. Neste tempo, os membros dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica são solicitados a se empenhar na nova evangelização, com uma adesão renovada ao Senhor Jesus, pela contribuição dos próprios carismas e na fidelidade ao Santo Padre e à sã doutrina.

8. As Comunidades contemplativas durante o Ano da Fé dedicarão uma intenção de oração especial para a renovação da fé no Povo de Deus e para um novo impulso na sua transmissão às jovens gerações.

9. As Associações e os Movimentos eclesiais são convidados a serem promotores de iniciativas específicas, as quais, pela contribuição do próprio carisma e em colaboração com os Pastores locais, sejam inseridas no grande evento do Ano da Fé. As novas Comunidades e os Movimentos eclesiais, de modo criativo e generoso, saberão encontrar os modos mais adequados para oferecer o próprio testemunho de fé ao serviço da Igreja.

10. Todos os fiéis, chamados a reavivar o dom da fé, tentarão comunicar a própria experiência de fé e de caridade dialogando com os seus irmãos e irmãs, também com os das outras confissões cristãs, com os seguidores de outras religiões e com aqueles que não crêem ou são indiferentes. Deste modo se deseja que todo o povo cristão comece uma espécie de missão endereçada aqueles com os quais vive e trabalha, com consciência de ter recebido “a mensagem da salvação para a comunicar a todos”.

Conclusão

A fé “é companheira de vida, que permite perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus realiza por nós. Solícita a identificar os sinais dos tempos no hoje da história, a fé obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo”. A fé é um ato pessoal e ao mesmo tempo comunitário: é um dom de Deus que deve ser vivenciado na grande comunhão da Igreja e deve ser comunicado ao mundo. Cada iniciativa para o Ano da Fé quer favorecer a alegre redescoberta e o testemunho renovado da fé. As indicações aqui oferecidas têm o fim de convidar todos os membros da Igreja ao empenho a fim de que este Ano seja a ocasião privilegiada para partilhar aquilo que o cristão tem de mais caro: Cristo Jesus, Redentor do homem, Rei do Universo, “autor e consumador da fé” (Heb 12, 2).

Roma, da Sede da Congregação para a Doutrina da Fé, aos 6 de janeiro de 2012, Solenidade da Epifania do Senhor.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Assembléia Pastoral Paroquial Ordinária


A Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro convoca todos os coordenadores e vice-coordenadores:

- do Conselho Pastoral Paroquial;

- das 14 comunidades da paróquia;

- das pastorais;

- dos movimentos;

- dos serviços;

- das comunidades religiosas.



Local: Casa das Irmãs Capuchinhas de Madre Rubatto - IV conj. Cohab-Anil.

Dia 13 de janeiro das 19:30 às 22h

- avaliação dos setores I, II, III e IV;

Dia 14 de janeiro das 13 às 22h

- aprovação das prioridades para 2012 conforme a XXII Assembléia Arquidiocesana de Pastoral;

- calendarização das atividades de 2012;

OBS.: propostas e sugestões devem ser feitas por escrito e entregues até o dia 10 de janeiro na secretaria da paróquia;

- a ficha de inscrição (que está disponível na secretaria da paróquia para os coordenadores) deve ser entregue na secretaria paroquial até o dia 12 de janeiro.

Só os amados são capazes de amar. Mas, por quê?


Tenhamos bem presente isso: "Nós fomos feitos a imagem e semelhança de Deus" (Gn 1,26s). E como nos fala João em sua carta que diz: "Deus é amor" (1Jo 4,16). Sendo assim nós fomos feitos a imagem e semelhança do amor. Isso significa então que fomos feitos para amar. E amar entre tantos gestos que o amor nos inspira é sair de si, isto é, do seu fechamento, isolamento. Em outras palavras morrer ao egoísmo.

Uma vez que o pecado quando entrou no mundo, a pessoa humana se fechou em si mesma, se isolando de tudo e de todos. Quebra-se o elo que havia entre o ser humano e tudo que tem vida alem do próprio ser humano. Mas esse enfraquecimento se deu devido o mesmo por sua vez ter quebrado sua comunhão e unidade com aquele que o amava desde sempre.

A partir de então tudo ao seu redor é visto sob sua medida. E quando algo foge a essa sua medida seja lá o que for será excluído de seu raio de atenção. Passando a não mais gozar de seu beneplácito.

Como foi falado antes, tal atitude é fruto de quem se fechou em si mesmo. E tal atitude, portanto, é fruto de quem não é amado. E pessoas assim suas ações são movidas por iras e ressentimentos. E toda pessoa ressentida é carente de ser amada. Necessita de ser amada.
Portanto, para que possa amar e vital que se permita ser amado. E como a arte de amar não é próprio da natureza humana em razão da ferida que nela se abriu profundamente. Ferida essa que vem gerando rancor e descontentamento para consigo mesmo.

Ela, a pessoa humana, se tornou vítima de seu próprio ódio. E assim escravizado não permite a mais ninguém venha ter situação de diferente da sua. Daí vem à inveja de não poder suportar ninguém feliz e realizado na vida. Somos na maioria assim. Por isso Ele que é amor quis assumir a nossa natureza escravizada e dominada pelo desamor. Veio nos curar em nossa estranha. Restabelecendo a comunhão de vida entre a criatura e o Criador. Entre o amado e quem ama.

Ao se encarnar nos mergulha nas nascentes viva do amor. E aí mergulhados somos restaurados e remodelados a imagem do Amor. E conseqüentemente cessa todo clima de desamor presente entre nós. Passa-se alimentar de um clima de paz e de reconciliação com Deus consigo mesmo e conseqüentemente com os outros seja quem for justamente porque o amor me amou. E com isso, me ensina a amar porque um dia se experimentou a grandeza de ser amado.

E todo evangelho fala desse amor que se manifestou na pratica de vida de Jesus. Nele então toda comunidade trinitária nos amou: O Filho nos lava os pés, o Pai nos acolhe em seus braços e o Espírito Santo derrama o orvalho da regeneração da vida. E assim nos amando nos acolheu em seu ventre, nos tornando assim participante de sua vida que é só amor.
 
Frei José Salomão, OFMCap.
Capelão das irmãs Clarissas e responsável da Comunidade São francisco de Assis.