terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Perguntas Frequentes: Conclave



O que é um Conclave?

O Conclave, que vem do latim cum clave (fechado), foi instituído apenas em 1271 pelo Papa Gregório X e a obrigação do voto secreto só surgiu a partir de 1621. A obrigação do segredo dos Cardeais durante e após o Conclave veio apenas com o papado de Pio X, e que incluía também a obrigatoriedade da conservação da documentação em arquivos. Em 1922, um Motu Próprio de Pio XI determinou a espera de 15 dias para iniciar o Conclave, a fim de aguardar a chegada dos cardeais de todo o mundo. A Constituição Apostólica Vacantis Apostolicae Sedis, de 8 de dezembro de 1945, do Papa Pio XII, determinou a maioria de 2/3 mais 1 dos votos dos Cardeais. O Motu Próprio Summi Pontificis electio, de João XXIII teve por objetivo uma simplificação do processo eleitoral. As listas das votações deveriam ser conservadas em um arquivo e consultadas somente com a autorização de um Papa. As anotações dos cardeais também deveriam ser conservadas e não queimadas como no tempo de Pio XII e por fim, deveriam ser queimadas somente as cédulas eleitorais.

Foi o Papa João Paulo II quem fixou que o Conclave deveria ser realizado na Capela Sistina. Paulo VI dizia que ‘normalmente’ os Conclaves deveriam ser ali realizados, enquanto que ao longo da história, se dizia que o Conclave deveria ser realizado no local onde o pontífice viesse a morrer. Conclaves foram realizados no Palácio Quirinale, antiga residência dos Papas, em quatro oportunidades. Também foi João Paulo II que definiu a Casa Santa Marta como local de acolhida dos Cardeais durante o Conclave. João Paulo II também aboliu as formas de eleição ‘por aclamação’ ou ‘por compromisso’, mantendo apenas a forma ‘por escrutínio’. 

Como será o Conclave que vai eleger o sucessor de Bento XVI?

Está previsto para começar entre 15 e 20 de março, mas seu início poderá ser antecipado. A Constituição ‘Universi Domini Gregis’ prevê um tempo de espera para a chegada dos Cardeais a Roma. Como todos sabem que em 28 de fevereiro a Santa Sé fica Vacante, não faz sentido esperar todo este tempo para iniciar o Conclave, uma vez que todos os Cardeais já podem ter chegado a Roma. Bento XVI estuda a possibilidade de publicar um Motu Proprio nos próximos dias, obviamente antes da Sé Vacante, para precisar alguns pontos particulares da Constituição Apostólica sobre o Conclave que nos últimos anos foram apresentadas.

Bento XVI vai participar do Conclave para eleger seu sucessor?

Não. Bento XVI não vai participar do Conclave para eleger o seu sucessor e nem fará parte do Colégio Cardinalício.

Quem são os cardeais?

São os mais elevados assessores do Papa para os assuntos da Igreja. Eles são nomeados pelo Papa em Consistório. O Cardeal Decano preside o Colégio de Cardeais, e entre suas prerrogativas está a de perguntar ao eleito, no Conclave, se ele aceita ou não a missão. Também é o Cardeal Decano quem faz a consagração episcopal do papa eleito, caso este ainda não o seja. O Cardeal Vigário é o único que representa o Papa no governo da Diocese de Roma.
Em 1958, João XXIII excedeu o limite de 70 cardeais, e estabeleceu que a todas as três ordens de cardeais (diácono, presbítero e bispo) deve ser dada a dignidade episcopal. 

De acordo com o Código de Direito Canônico (cân. 349) as funções do Colégio de Cardeais são essencialmente três:

- Eleição, de forma colegial, do Romano Pontífice;

- Aconselhar o Papa no Consistório em assuntos de maior importância;

- Ajudar os cardeais, como indivíduos, e ao Romano Pontífice no cuidado diário da Igreja universal. Somente cardeais ocupam os seguintes cargos ocupados na Cúria Romana: Presidente da Secretaria de Estado; membros das Congregações romanas e prefeitos; os membros do Conselho de Administração; Presidente da Prefeitura para os negócios econômicos; presidente da Penitenciaria Apostólica.

A ação colegiada dos cardeais como conselheiros do Papa ocorre principalmente no Consistório, que se reune sob a presidência deste. No entanto, o Papa pode reunir os cardeais em sessão plenária, mesmo que isso toma a forma do Consistório.

Quais as regras do funcionamento do Colégio de Cardeais?

O Colégio dos Cardeais é dividido em três ordens: a ordem episcopal, que pertencem os Cardeais a quem o Romano Pontífice atribui o título de uma Igreja suburbicária, e os Patriarcas orientais que são membros do Colégio de Cardeais; a ordem de sacerdotes e a ordem diaconal, a quem é atribuído o título de uma paróquia romana. 

O Cardeal Decano tem o título da diocese de Óstia, juntamente com a outra igreja de que era o título anterior. Por uma escolha feita em Consistório e aprovada pelo Sumo Pontífice, os Cardeais da ordem sacerdotal, respeitando a prioridade de ordem e promoção, podem se mover para um outro título; os cardeais que tiverem permanecido na ordem diaconal por uma década inteira, pode ser elevados à ordem presbiteral.

Quem pode ser cardeal?

Pelo Cânon 351, podem receber este título homens livremente escolhidos pelo Romano Pontífice, que são, no mínimo, sacerdotes, com excepcional conhecimento em doutrina, virtude, piedade e prudência em questões práticas. Os que não são bispos devem receber a consagração episcopal . Os cardeais são criados por um decreto do Papa.

Como funciona o Consistório?

Em um Consistório ordinário, todos os Cardeais são convocados, pelo menos aqueles que estão em Roma para consulta sobre certos assuntos graves. No caso de um Consistório extraordinário, quando é sugerido pelas necessidades peculiares da Igreja ou o tratamento de assuntos sérios, são convocados todos os cardeais.

Apenas um Consistório ordinário pode ser público, isto é, quando, além dos Cardeais, são permitidos prelados, representantes da sociedade civil e outros que são convidados.

Quantos cardeais votarão no Conclave?

Estão aptos a votar 117, dos quais 67 criados por Bento XVI. Também os Cardeais que cumprirão 80 anos no mês de março (como Kasper e Poletto) participarão do Conclave. O limite previsto, para o voto, é para quem já atingiu esta idade até o primeiro dia da Sé Vacante.

Onde os cardeais eleitores ficarão acomodados?

Os cardeais eleitores ficarão alojados no Vaticano, na Domus Sanctae Marthae, a partir de 1º de março. O Cardeal decano do Colégio cardinalício é o Cardeal Angelo Sodano, que tem mais de 80 anos de idade. A ele diz respeito todas as funções que as normas atribuem ao decano até o momento em que os cardeais entram no Conclave. Após o início do Conclave, quando estarão reunidos somente os bispos eleitores, o decano passa a ser o Cardeal Giovanni Battista Re, baseado na sua idade e por pertencer à ordem mais elevada dos bispos. (É o cardeal-bispo mais idoso).

Porque apenas os cardeais votam no Conclave?

O Papa é chefe da Igreja Universal, mas também bispo de Roma. Em função desta estreita ligação, cada Cardeal, independente do país de origem, é titular de uma paróquia em Roma.

Quem pode alterar as regras do Conclave?

Somente um pontífice pode alterar as regras que regem um Conclave.

Bento XVI mudou as regras para a eleição de um Papa nas últimas semanas?

Não. Bento XVI não mudou recentemente as regras para a eleição de um Papa. Em 2007, ele fez uma pequena alteração para mudar o sistema de votação. Essa modificação de 2007 estabelece que é necessário uma maioria de dois terços na votação realizada no Conclave. O resto das normas vigentes continua a ser as da Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis.

Quantos Conclaves já foram realizados?

O próximo, a ser realizado em março, será o 75º Conclave da história.

Por que foi preciso publicar o Motu Proprio"Normas nonnullas" com o qual se substituem algumas normas presentes na Constituição Universi Dominici gregis, promulgada em 1996 por João Paulo II?

Resposta do vice-camerlengo:, Dom Pierluigi Celata: "A intenção geral que impeliu o Santo Padre é por ele mesmo claramente indicada: considerada a importância da matéria, assegurar o melhor desenvolvimento do que concerne à eleição do Romano Pontífice, em particular uma melhor interpretação e aplicação de algumas disposições da própria Constituição."

O que o Motu Próprio "Normas nonnullas" destaca sobre a eleição do novo Papa?


Em particular, para uma válida eleição do Pontífice é sempre exigida ao menos a maioria dos dois terços dos votos dos cardeais eleitores e votantes. Nenhum cardeal eleitor poderá ser excluído da eleição por nenhum motivo ou pretexto. Permanece confirmado o período de espera de 15 dias antes do início do Conclave.

O Motu Próprio "Normas nonnullas"abriu portas para que o Conclave seja antecipado?

O Colégio dos cardeais, se consta a presença de todos os cardeais eleitores, tem a faculdade de antecipar o início do Conclave. A abertura pode também ser adiada em caso de motivos graves. Mas transcorridos ao máximo vinte dias do início da Sé Vacante, todos os cardeais eleitores devem iniciar a eleição.

Quando começam os encontros dos cardeais chamados de “Congregações”?

Reponde Pe. Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé: "É claro que não poder ter início antes de 1º de março. E por que não podem se encontrar antes de 1º de março? é preciso que sejam convocados para a primeira congregação geral e, provavelmente, não é exatamente na primeira congregação geral que decidem algo dessa natureza. Portanto, creio que devemos ainda esperar alguns dos primeiros dias de março para termos a decisão formal."
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As respostas às perguntas a seguir são fornecidas pela Rádio Vaticano (www.radiovaticana.va) e Agência Zenit (www.zenit.org)

Fonte: CNBB.

Reminiscências de um Papa



Diante da pessoa de Josef Ratzinger sempre houve um grupo de apreciadores que reconheciam seus dotes, quase únicos, de inteligência, de retidão, de fé e de coragem. Entre estes, “cum granu salis” eu me incluo. Mas também sempre teve, a certa distância, um grupo poderoso, de adversários ( alguns até inimigos)  figadais.  Tais organizações em tudo encontravam motivos para discordar, repreender e mostrar outras direções a serem palmilhadas. “Levantou-se grande perseguição à Igreja” (At 8,1) continua em pleno vigor hoje. Mas uma vez que a mudança de manejo do leme, da nau de Pedro, é fato consumado, quero dar alguns traços, que ficarão para sempre em mim, sobre essa rica personalidade. 

De tantas vezes que com ele me encontrei (antes de ele ser Papa e depois), uma característica evidente era a sua bondade, a atenção plena e a sua conversa agradável. A descrição de homem de briga, de pessoa impositiva, é completamente imerecida.  Os seus escritos (mais de 600), são de uma clareza ofuscante, para quem os sabe ler. Atualmente é o maior teólogo cristão vivo. E o que é mais importante, seus ensinamentos são confiáveis, por ser um grande conhecedor de toda a Teologia, e ser plenamente ortodoxo e afinado com a tradição católica. Impediu, com seu profundo conhecimento, que as orientações do Concílio Vaticano II fossem desviadas de seus verdadeiros objetivos. Uma intervenção sua, de radical clareza, e repetindo apenas os ensinamentos do Concílio, foi a exortação Dominus Iesus que impediu a Igreja de entrar num caminho de relativismo e de esquecimento dos ensinamentos milenares da Igreja. O seu diálogo com o mundo moderno, especialmente com a classe pensante, foi de um brilho nunca visto. A aproximação com os judeus foi a melhor da História. Como homem de larga visão tentou resolver o grande problema dos católicos, manipulados pelo governo comunista da China. Tentou, talvez de maneira frustrante, reaproximar os católicos lefebrianos, facilitando-lhes a liturgia de João XXIII. O Brasil lembra com saudades a sua visita ao país, e por ter escolhido a nossa pátria para ser sede da Jornada Mundial da Juventude. “No meio da Igreja o Senhor o fez  falar” ( Eclo 15,5). 

Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)

O Ateísmo - parte IV



O ateísmo e a dúvida sobre Deus é um fenômeno complexo, resultado na cultura atual de uma série de fatores. Há uma  forma de ateismo que tem sua origem na exaltação do ser humano e de sua responsabilidade exclusiva pela sua vida e pela história: “alguns, exaltam de tal modo o homem, que a fé em Deus perde toda a força, e parecem mais inclinados a afirmar o homem do que a negar Deus”( GS 19).

Freud, em “O Futuro de uma Ilusão” – a ilusão é a religião – afirmou a urgência de fundamentar a moral a partir exclusivamente da experiência humana liberta do medo e da insegurança próprias de uma fase infantil da história. Sartre pensou que a ideia de Deus transfere para um outro o peso da responsabilidade de ser livre e de ter construir, a partir da subjetividade, a própria vida. Assim: “Se Deus não existe, não encontramos diante de nós valores ou imposições que nos legitimem o comportamento”. O homem deve criar os valores. Daí deriva uma imensa responsabilidade, carregada de solidão e marcada pela angústia.


Segundo Sartre o ser humano não seria totalmente livre e totalmente responsável. Deus o eximiria da responsabilidade de decidir por si mesmo o caminho de sua vida e, consequentemente, o caminho da vida da humanidade. “...Estamos agora em um plano em que há somente homens. Dostoiewski escreveu: Se Deus não existe, tudo é permitido. Aí se situa o ponto de partida do existencialismo. Com efeito tudo é permitido se DEUS   não existe; fica o homem, por conseguinte, abandonado, já que não encontra em si, uma possibilidade a que se apegue. Antes de mais nada não há desculpas para ele”. Note bem o(a) leitor(a) que Sartre não prega a libertinagem, ele quer acentuar a responsabilidade do ser humano ao fazer suas escolhas.

Ao fazer sua escolha o indivíduo está apontando um caminho para toda a humanidade. Outros escritores, com perspectivas diferentes, partilham a ideia de que, sem Deus, o ser humano é mais livre e mais responsável. “Que fazer com uma alma quando não há mais Deus nem Cristo”? “É necessário encontrar agora a harmonia entre o homem e seu pensamento, sem sujeitar o homem a um pensamento dado ‘a priori’ ”(André Malraux). .  “...A consciência metafísica e ética morre quando toca o absoluto”( Merleau Ponty).

Um escritor muito inetressante, Albert Camus, diante da impossibilidade de compor Deus com o absurdo da existência humana, opta pela ‘revolta’ em que se procura superar o absurdo – a lógica levaria ao suicídio – pela solidariedade com os seres humanos, uma espécie de compaixão diante do vazio inscrito na existência. É dele a afirmação: “o único problema concreto que hoje me preocupa é saber se o homem pode tornar-se santo sem Deus...Como viver sem a graça é o problema do séc. XX”. Importa observar que esses pensadores sofreram as repercussões de duas estúpidas guerras.

Lembro-me que Bento XVI diante do campo de concentração de Treblinka levantou a pergunta: "Onde estava Deus quando esse horror aconteceu?” Essa pergunta habitou por anos a fio o coração de judeus, muitos também cristãos. Em uma das obras de Albert Camus uma exclamação diante de uma criança morta em um bombardeio, surge espontânea e dolorosa “Vês! E o céu não responde”. Pergunta semelhante brotou dos lábios de Cristo pregado na Cruz: “Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonastes?” Jesus experimentou a ausência do Pai, tomado que estava pelo pecado da humanidade. Mas logo depois, no final do salmo 22 (21), vem a descrição da confiança em Deus.

A mensagem desses pensadores pode assim ser traduzida: “Cuidemos do mundo porque Deus - se existe – não virá preencher os vazios de nossa omissões e nem impedir os sofrimentos causados pelos nossos crimes”. Nós, exclusivamente nós, somos os responsáveis pelos males nascidos de nossas escolhas. Devemos trabalhar incansávelmente para encontrar os caminhos da justiça e da paz para nosso mundo.

A fé em Deus não pode se transformar em um tranqüilizante que nos anestesia diante dos males que afligem a humanidade. Pelo contrário, o Deus no qual cremos, ao se fazer homem, assumiu nossos pecados e nossas enfermidades, e ensinou-nos que Ele deve ser encontrado no outro, sobretudo no que sofre. Mas, é preciso dizer: Deus estava nos campos de concentração nazista. Basta conhecer a história de Maximiliano Kolbe, Edith Stein, Viktor Frankl, Pe. José Kentenich e outros que lá souberam encontrar sentido para suas vidas e ajudar os companheiros de sofrimento.

Viktor Frankl, que experimentou a violência dos campos de concentração nazista nos deixou um brilhante pensamento:“O que é, então, um ser humano? É o ser que sempre decide o que ele é. É o ser que inventou as câmaras de gás; mas é também aquele ser que entrou nas câmaras de gás, de pé, com uma oração nos lábios.” Assim foi com a Santa Edith Stein.

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo de Sorocaba (SP)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Bento XVI deixa aos cardeais a faculdade de antecipar o Conclave



Foi publicada nesta segunda-feira, 25 de fevereiro, a Carta Apostólica de Bento XVI em forma de Motu Proprio "Normas nonnullas", sobre algumas modificações nas regras relativas à eleição do Romano Pontífice. No documento, Bento XVI faz algumas alterações nas normativas precedentes para "garantir o melhor desempenho de respeito, mesmo com ênfase diferente, da eleição do Sumo Pontífice, e de uma mais correta interpretação e aplicação de algumas disposições.

"Nenhum cardeal eleitor poderá ser excluído tanto da eleição ativa quanto da passiva por nenhum motivo ou pretexto, exceto conforme previsto nos números 40 e 75 da Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis", afirma Bento XVI. Foi estabelecido que a partir do momento em que a Sé Apostólica estiver legitimamente vacante, espera-se quinze dias para ter início o Conclave. 

O Papa deixa ao Colégio Cardinalício a faculdade de antecipar o início do Conclave se consta da presença de todos os cardeais eleitores, como também a faculdade de prolongar, se existirem motivos graves, o início da eleição por alguns outros dias. Passados ao máximo vinte dias do início da Sé Vacante, todos os cardeais eleitores presentes devem proceder à eleição.

Especificam-se as normas para o sigilo do Conclave: "Todo o território da Cidade do Vaticano e também a atividade ordinária dos escritórios dentro de seu âmbito deverão ser regulados, no dito período, a fim de garantir a discrição e o desempenho livre de todas as operações ligadas à eleição do Sumo Pontífice. Em particular deverá ser previsto, com a ajuda de prelados clérigos, que ninguém se aproxime dos cardeais eleitores durante o percurso da Casa Santa Marta ao Palácio Apostólico Vaticano.

Todas as pessoas que por qualquer motivo e em qualquer tempo ficarem sabendo do que diretamente ou indiretamente concerne aos atos relativos à eleição, sobretudo em relação às cédulas na própria eleição, são obrigadas ao segredo absoluto com qualquer pessoa que não faça parte do Colégio dos Cardeais eleitores. Para esse objetivo, antes do início das eleições, eles deverão fazer juramento segundo modalidades precisas na consciência de que uma sua infiltração levará a excomunhão "latae sententiae", reservada à Sé Apostólica.

Foram abolidas as eleições por aclamação e por compromisso. A única forma reconhecida de eleição do Romano Pontífice é a de voto secreto.

"Se as votações das quais nos números 72, 73 e 74 da Constituição Apostólica Universi Dominici gregis não terão êxito, ficou estabelecido que se dedique um dia de oração, reflexão e diálogo. Nas votações sucessivas, "terão voz passiva somente os dois nomes que na votação precedente obtiveram o maior número de votos, nem poderá retirar-se da disposição que para a eleição válida, mesmo nestes votos, é exigida a maioria qualificada de pelo menos dois terços dos votos dos cardeais do presentes e votantes. Nessas votações, os dois nomes que têm voz passiva não têm voz ativa".

"Realizada canonicamente a eleição, o último dos Cardeais diáconos chama na sala da eleição o secretário do Colégio Cardinalício, o mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e dois Mestres de Cerimônias; então o Cardeal Decano, ou o primeiro dos cardeais por ordem e idade, em nome de todo o Colégio dos eleitores pede o consenso do eleito com as seguintes palavras: Aceita a sua eleição canônica como Sumo Pontífice? E apenas recebido o consenso ele pergunta: Como gostaria de ser chamado? Então o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, atuando como tabelião e as tendo como testemunhas dois Mestres de Cerimônias, redige um documento sobre a aceitação do novo Papa e o nome tomado por ele".
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Fonte: CNBB.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Perguntas frequentes: Bento XVI



Por que Bento XVI escolheu as 20h do dia 28 de fevereiro para terminar o seu ministério como Papa?

Porque é a hora em que ele normalmente termina o seu dia de trabalho.

Quem vai assessorar Bento XVI após a renúncia?

Quer em Castel Gandolfo, quer no Mosteiro ‘Mater Ecclesia’, Bento XVI será acompanhado por Dom Georg Gaenswein, seu secretário particular, que permanece no cargo de Prefeito da Casa Pontifícia.

Quais serão os últimos compromissos públicos de Bento XVI?

No sábado, 23 de fevereiro, pela manhã, se concluirá o retiro com as palavras proferidas pelo Papa. Às 11h30 de Roma, Bento XVI se reunirá com o presidente italiano, Giorgio Napolitano. No domingo, 24, ao meio-dia, Bento XVI conduzirá o último Ângelus de seu pontificado com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro. Na quarta-feira, 27, a última audiência geral se realizará na Praça São Pedro. Na quinta-feira, 28 de fevereiro, às 11h locais os cardeais saudarão o Papa na Sala Clementina, no Vaticano. 

Bento XVI vai aparecer ao público após a renúncia?

Não estão previstas aparições após 28 de fevereiro. Ele deverá deixar o Vaticano de helicóptero às 17 horas do dia 28. Cerca de 15 minutos depois, chegará a Castel Gandolfo onde deverá saudar os vizinhos e visitantes do balcão da fachada principal. Deverá ser a sua última aparição pública.

Bento XVI tem alguma doença grave?

Não, Bento XVI não tem nenhuma doença grave.

É verdade que Bento XVI tem um marcapasso?

Sim, é verdade que Bento XVI tem um marcapasso. Ele tem desde que era Cardeal-Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Há algumas semanas atrás trocaram as baterias do marcapasso.

Qual será o nome do Papa após deixar o cargo em 28 de fevereiro: continuará a se chamar Bento XVI?

“Seguramente será bispo emérito de Roma”, afirma o diretor da Sala de Imprensa, padre Federico Lombardi. Ainda não existe uma regra oficial. No Anuário Pontifício "Bento XVI" continuará a ser o nome oficial utilizado.

Como ele deverá se vestir?

Não se sabe ainda como Bento XVI se vestirá.

Onde Bento XVI vai morar após a renúncia?

Bento XVI residirá em Castel Gandolfo de 28 de fevereiro até o final de abril ou início de maio. Poderá residir no habitual aposento pontifício, pois este não foi lacrado, como ocorre quando morre um Papa. Depois de Castel Gandolfo, Bento XVI residirá no Mosteiro ‘Mater Ecclesia’, no Vaticano. Até outubro de 2012 residiam ali as Irmãs de Clausura visitandinas. Os trabalhos de reforma foram iniciados em novembro de 2012 e serão concluídos nos próximos meses. Bento XVI encontrou as Irmãs visitandinas em duas ocasiões: celebrou a Missa no Mosteiro em 14 de dezembro de 2010, por ocasião da celebração do 4º centenário da fundação da Ordem da Visitação. E posteriormente recebeu as religiosas na Residência Apostólica em 14 de outubro de 2012, uma semana antes de deixarem o Vaticano.

Onde fica Castel Gandolfo?

Fica a 30 km ao sul de Roma, à beira do lago de Albano. A residência foi mandada construir em 1626 pelo Papa Urbano VIII como residência de campo para passar o verão. Desde a sua construção, a Igreja já teve 31 papas, sendo que apenas 15 fizeram uso da residência em algum momento. Bento XVI, nos seus quase oito anos de pontificado, passou longas temporadas neste belo local, onde escreveu parte da trilogia 'Jesus de Nazaré'.

Durante a II Guerra Mundial, os aposentos onde ficará Bento XVI foram transformados numa maternidade, onde nasceram 50 crianças, filhos de italianos que ali se refugiavam. Os pais das crianças, como forma de agradecimento ao Papa Pio XII (Eugenio Pacelli), colocaram o nome das crianças de Eugenio ou Pio.

A Residência Apostólica de Castel Gandolfo e os jardins ao seu redor ocupam 55 hectares, área maior que o Estado do Vaticano. Os jardins, com espaços projetados por Bernini, além das centenas de árvores, tem um espaço especial dedicado à Virgem Maria. Nas três vilas que formam o complexo (a Residência Papal, a Vila Barberini e outra destinada à administração), trabalham 55 pessoas, sendo que muitas vivem no local com suas famílias. O complexo também conta com exploração leiteira, produzindo cerca de 600 litros/dia, vendidos no supermercado Vaticano ou em leiterias locais. Ali também são criadas galinhas e produzidas verduras. A Residência Apostólica não possui grandes obras de arte, destacando apenas a beleza de algumas tapeçarias. A beleza do lugar e do lago de origem vulcânica suprem o que falta no interior da residência.

Quem vai morar com Bento XVI no mosteiro Mater Ecclesia, dentro do Vaticano, após a sua aposentadoria?

Os Memores (grupo de mulheres consagradas, membros da família pontifícia, que auxiliam o papa nas necessidades regulares de casa) e seu secretário pessoal, monsenhor Georg Gänswein.

Qual o balanço das audiências gerais realizadas no pontificado de Bento XVI?

Em 27 de fevereiro será a última Audiência Geral de Bento XVI. Em 27 de abril de 2005, por sua vez, foi realizada a primeira. Em quase 8 anos de pontificado, Bento XVI presidiu 348 Audiências Gerais, das quais participaram 4.982.600 fiéis (dados até dezembro de 2012). A maior participação foi em 2006, quando, das 45 audiências, participaram 1.031.500 fiéis.

A seguir, os dados de cada ano:

Em 2005, 32 Audiências Gerais, 810.000 fiéis
Em 2006, 45 Audiências Gerais, 1.031.500 fiéis
Em 2007, 44 Audiências Gerais, 729.100 fiéis
Em 2008 , 42 Audiências Gerais, 534.500 fiéis
Em 2009, 44 Audiências Gerais, 537.500 fiéis
Em 2010, 45 Audiências Gerais, 493.000 fiéis
Em 2011, 45 Audiências Gerais, 400.000 fiéis
Em 2012, 43 Audiências Gerais, 447.000 fiéis
Em 2013, 8 Audiências Gerais (sem dados)


É verdade que Bento XVI decidiu demitir-se durante sua viagem apostólica ao México?

Durante sua viagem apostólica ao México e Cuba, Bento XVI amadureceu o tema de sua renúncia como uma etapa a mais no seu longo processo de reflexão e discernimento. Além disso, a viagem não teve qualquer relevância a este respeito.

Por que Bento XVI decidiu ficar, depois de dois meses em Castel Gandolfo, num mosteiro no Vaticano e não retornar à Baviera, sua terra natal?

Bento XVI não mencionou claramente, mas a presença e oração de Bento XVI no Vaticano dá uma continuidade espiritual ao papado. Além disso, Bento XVI mora no Vaticano há mais de três décadas.

Quais são as razões exatas dadas por Bento XVI para a sua renúncia?

Na segunda-feira 11 de fevereiro, o Papa Bento XVI afirmou explicitamente que chegou “à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino” e também mencionou que, para governar a Igreja e anunciar o Evangelho, é necessário “o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado”.
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Fonte: CNBB.

As respostas às perguntas foram fornecidas pela Rádio Vaticano (www.radiovaticana.va) e Agência Zenit (www.zenit.org).


Bento XVI no último Angelus : “Não abandono a Igreja”



“Não abandono a Igreja, pelo contrário. Continuarei a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor”: palavras de Bento XVI pronunciadas em seu último Angelus como Pontífice, neste domingo, 24 de fevereiro.
              
O Senhor me chama a "subir o monte”, para me dedicar ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja, ao contrário, se Deus me pede isso é precisamente para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com o qual eu fiz até agora, mas de um modo mais adequado à minha idade e às minhas forças.

A Praça S. Pedro estava lotada este domingo para este evento histórico. Faixas e cartazes em várias línguas demonstraram o carinho dos fiéis. A Praça desde as primeiras horas da manhã aos poucos foi sendo tomada por religiosas, sacerdotes, turistas, mas principalmente por famílias com crianças e muitos jovens.

Ao meio-dia, assim que a cortina da janela de seus aposentos se abriu, Bento XVI foi aclamado pela multidão.


Comentando o Evangelho da Transfiguração do Senhor, o evangelista Lucas ressalta o fato de que Jesus se transfigurou enquanto rezava: a sua é uma experiência profunda de relacionamento com o Pai durante uma espécie de retiro espiritual que Jesus vive sobre um alto monte na companhia de Pedro, Tiago e João.

Meditando sobre esta passagem do Evangelho, explicou o Pontífice, podemos tirar um ensinamento muito importante. Antes de tudo, a primazia da oração, sem a qual todo o trabalho de apostolado e de caridade se reduz ao ativismo. Na Quaresma, aprendemos a dar o justo tempo à oração, pessoal e comunitária, que dá fôlego à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é um isolar-se do mundo e de suas contradições.

A existência cristã – disse o Papa, citando sua Mensagem para a Quaresma –, consiste num contínuo subir o monte do encontro com Deus, para depois descer trazendo o amor e a força que dele derivam, a fim de servir nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor de Deus.

“Queridos irmãos e irmãs, esta Palavra de Deus eu a sinto de modo particular dirigida a mim, neste momento da minha vida. O Senhor me chama a "subir o monte”, para me dedicar ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja, ao contrário. Se Deus me pede isso, é precisamente para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com o qual eu fiz até agora, mas de um modo mais adequado à minha idade e às minhas forças.”

Na saudação em várias línguas, Bento XVI falou também em português: “Queridos peregrinos de língua portuguesa que viestes rezar comigo o Angelus: obrigado pela vossa presença e todas as manifestações de afeto e solidariedade, em particular pelas orações com que me estais acompanhando nestes dias. Que o bom Deus vos cumule de todas as bênçãos”.
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Fonte: CNBB.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

A Igreja e a mídia



Lamentável o papel dos meios de comunicação quando cobrem notícias sobre a Igreja! Lamentável que alguns site e blogs ditos católicos se prestem a ecoar o lixo que se divulga por aí...

A Cúria Romana não é um covil de ladrões nem um antro de amorais. O Papa não era um isolado dentro da Cúria e pela Cúria. Ele mesmo disse isto várias vezes.

Como toda cúria, como todo pessoal burocrático do mundo, o pessoal da Cúria Romana tem suas fraquezas e falhas. Mas daí a querer fazer da Cúria um antro vai uma distância muito grande. Conheci sacerdotes dedicados que deram a vida no trabalho generoso pela Igreja precisamente na burocracia da Cúria.

Mas, para a mídia, é necessário criar casos, levantar suspeitas, fazer ilações... 

O triste é constatar católicos que engolem esse tipo de coisa... Na eleição de Bento XVI foi assim; agora de novo!

Peço aos católicos: concentremo-nos no essencial: o Santo Padre renunciou livre e conscientemente; deu-nos seus motivos, com a simplicidade, sinceridade e clareza de sempre. Preparemo-nos pela oração para acompanhar a escolha do novo Sucessor de Pedro.

Candidatos? Bobagem! Deixemos isso para o mundo e para a imprensa que não compreende nada da lógica do Evangelho. Vi um monte de lista de papáveis: cada uma mais tola e ingênua que a outra! Os critérios e preocupações dos cardeais são muito diversos dos da mídia!

Católicos, rezemos e, reverentemente aguardemos a eleição do novo Sucessor de Pedro!

Dom Henrique Soares da Costa
Bispo auxiliar de Aracajú/SE
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Disponível em: Movimento da Transfiguração.

Circulam informações “que não correspondem à realidade”, diz Pe. Lombardi.



O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, realizou mais uma coletiva na manhã deste sábado. Ele falou inicialmente do encontro, de cerca de meia-hora, de Bento XVI com o Presidente italiano, Giorgio Napolitano – “um encontro comovente e intenso”.

Em especial, o sacerdote jesuíta ressaltou o Comunicado da Secretaria de Estado sobre a qualidade da informação. “Trata-se de tomar uma posição, dar um sinal diante daquilo que está acontecendo e como a mídia está se expressando acerca dos problemas da Igreja e da Cúria Romana. É um convite a ter cuidado.”


Para o Pe. Lombardi, estamos num período delicado e circulam muitas informações diferentes, algumas extremamente negativas, “que não correspondem à realidade”. “Muitas vezes é feita uma descrição da Igreja da Cúria Romana negativa, e isso cria um sentido de confusão e de desorientação que não permite aquele clima sereno com o qual a Igreja deve se aproximar para o momento do Conclave.”

Alguns meios de comunicação, afirmou o sacerdote, divulgaram notícias inverídicas e podem exercitar pressões, colocando em condição de intranquilidade o serviço que o Colégio dos cardeais pretende e deve fazer.
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Fonte: CNBB