terça-feira, 12 de março de 2013

Primeiro dia de Conclave termina sem escolha do novo Papa.



A primeira votação do conclave, realizada na tarde desta terça-feira (12), terminou sem a escolha do novo papa. Às 15h41 (horário de Brasília) a chaminé da capela Sistina soltou fumaça de cor preta, indicando que os cardeais não chegaram a um consenso sobre o próximo líder da Igreja Católica Apostólica Romana.

Amanhã os cardeais voltam a se reunir para realizar outras quatro votações --duas pela amanhã e duas à tarde. A fumaça (negra ou branca) deverá sair por volta de 12h (7h em Brasília) ou 19h (14h em Brasília). Se o nome do novo papa for escolhido, a fumaça que sairá da chaminé será a de cor branca, e os sinos da basílica de São Pedro tocarão para reforçar o anúncio do novo sumo pontífice.


Iniciado 12 dias após a renúncia de Bento 16, o processo de escolha do novo papa é realizada por 115 cardeais, sendo cinco brasileiros: dom Raymundo Damasceno Assis, 76; dom Odilo Scherer, 63; dom Geraldo Majella Agnelo, 79; dom Cláudio Hummes, 78; e dom João Braz de Aviz, 64.

São aptos a votar apenas os cardeais com menos de 80 anos. A presença deles, segundo o Vaticano, é obrigatória. No entanto, dois eleitores conseguiram a dispensa necessária para não participarem da votação, um por motivo de saúde (cardeal indonésio Julius Darmaatjadja) e outro que renunciou ao cargo (cardeal britânico Keith O'Brien).

Os processos para a escolha de um novo papa são marcados pelo sigilo e imprevisibilidade, mas se depender do palpite dos apostadores britânicos, o cardeal brasileiro Odilo Scherer chega ao primeiro dia do conclave como o segundo mais cotado para a escolha.

Tempo de duração do conclave

Se seguir o tempo médio dos conclaves dos séculos 20 e 21, a eleição do sucessor de Bento 16 deve durar até quatro dias e ser resolvida em até sete votações.

Entre 1903 e 2005 --quando foi realizado o último conclave que elegeu o então papa emérito--, nove pontífice foram eleitos. As eleições de Pio 10º e Pio 11 foram as mais longas do período, com duração de cinco dias.

A mais curta foi a de Pio 12, que conseguiu ser concluída em apenas três votações e dois dias. Bento 16 também foi eleito em dois dias, mas com quatro votações.

Regras e rituais

Durante o conclave, todos os eleitores ficam confinados na Capela Sistina. Na hora da votação, cada cardeal escreve o nome do candidato escolhido em uma cédula sob a frase "Escolho como sumo pontífice" e deposita seu voto em uma urna.

Os nomes escritos nas cédulas são lidos em voz alta pelo cardeal camerlengo, Tarcisio Berto, e seus três assistentes.

Será declarado papa aquele que obtiver dois terços mais um dos votos. Com um Colégio de Cardeais de 115 eleitores, o próximo pontífice terá de receber ao menos 77 votos.

Se nenhum cardeal receber essa quantidade de votos, as cédulas serão queimadas e a votação será retomada. Caso não haja um consenso até o quarto dia de votação, é feita uma pausa para oração e diálogo entre os eleitores. A votação reinicia no sexto dia e vai até o 12º. Outras pausas são feitas no sétimo e décimo dia.

Após 12 dias e 34 votações, o sistema muda e a escolha passa a ser entre os dois mais votados no 34º turno. No entanto, permanece o quórum de dois terços. Após a escolha, o novo papa é apresentado aos fiéis com a frase "Habemus Papam!".
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Fonte: uol.com

Homilia do Cardeal Angelo Sodano – Decano do Colégio Cardinalício



Santa Missa “pro eligendo Summo Pontifice”
Basílica de São Pedro, 12 de março de 2013


Queridos Concelebrantes, distintas Autoridades,
Irmãos e Irmãs no Senhor!

“Cantarei, eternamente, as bondades do Senhor” é o canto que mais uma vez ressoou junto ao túmulo do Apóstolo Pedro nesta hora importante da história da Santa Igreja de Cristo. São as palavras do Salmo 88 que afloraram em nossos lábios para adorar, agradecer e suplicar ao Pai que está nos Céus. “Misericordias Domini in aeternum cantabo”: é o bonito texto latino, que nos introduziu na contemplação d’Aquele que sempre vela com amor a sua Igreja, sustentado-a em seu caminho ao longo dos séculos e vivificando-a com o seu Espírito Santo.

Também nós hoje com tal atitude interior queremos oferecer-nos com Cristo ao Pai que está nos Céus para agradecer-lhe pela amorosa assistência que sempre reserva à sua Santa Igreja e em particular pelo luminoso Pontificado que nos concedeu com a vida e as obras do 265º Sucessor de Pedro, o amado e venerado Pontífice Bento XVI, ao qual neste momento renovamos toda a nossa gratidão.

Ao mesmo tempo hoje queremos implorar do Senhor que mediante a solicitude pastoral dos Padres Cardeais queira em breve conceder outro Bom Pastor à sua Santa Igreja. Certamente, auxilia-nos nesta hora a fé na promessa de Cristo sobre o caráter indefectível da sua Igreja. De fato, Jesus disse a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (cfr. Mt 16,18).

Meus irmãos, as leituras da Palavra de Deus que acabamos de ouvir podem nos ajudar a compreender melhor a missão que Cristo confiou a Pedro e a seus Sucessores.

1. A mensagem do amor

A primeira leitura repropôs-nos um célebre oráculo messiânico da segunda parte do livro de Isaías, aquela parte que é chamada “o Livro da consolação” (Is 40-66). É uma profecia dirigida ao povo de Israel destinado ao exílio na Babilônia. Deus anuncia para o povo de Israel o envio de um Messias cheio de misericórdia, um Messias que poderá dizer: “O espírito do Senhor repousa sobre mim… enviou-me a levar a boa nova aos humildes, curar os corações doloridos, anunciar aos cativos a redenção, aos prisioneiros a liberdade, proclamar um ano de graças da parte do Senhor” (Is 61,1-3).

O cumprimento de tal profecia realizou-se plenamente em Jesus, vindo ao mundo para tornar presente o amo do Pai pelos homens. É um amor que se faz notar particularmente no contato com o sofrimento, a injustiça, a pobreza, com todas as fragilidades do homem, tanto físicas quanto morais. É conhecida, a esse propósito, a célebre Encíclica do Papa João Paulo II “Dives in misericordia”, que acrescentava: “o modo e o âmbito em que se manifesta o amor são chamados na linguagem bíblica «misericórdia» (Ibidem, n. 3).

Esta missão de misericórdia foi confiada por Cristo aos Pastores da sua Igreja. É uma missão que empenha todo sacerdote e bispo, mas empenha ainda mais o Bispo de Roma, Pastor da Igreja universal. De fato, Jesus disse a Pedro: “Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?… Apascenta os meus cordeiros” (Jo 21,15). É conhecido o comentário de S. Agostinho a essas palavras de Jesus: “seja, portanto, missão do amor apascentar o rebanho do Senhor”; “sit amoris officium pascere dominicum gregem” (In Iohannis Evangelium, 123, 5; PL 35, 1967).

Na realidade, é este amor que impele os Pastores da Igreja a realizar a sua missão de serviço aos homens de todos os tempos, do serviço caritativo mais imediato até o serviço mais alto, o serviço de oferecer aos homens a luz do Evangelho e a força da graça.

Assim o indicou Bento XVI na Mensagem para a Quaresma deste ano (cfr. N. 3). De fato, lemos em tal mensagem: “De fato, por vezes tende-se a circunscrever a palavra «caridade» à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o «serviço da Palavra». Não há ação mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum progressio, o anúncio de Cristo é o primeiro e principal fator de desenvolvimento (cf. n. 16)”.

2. A mensagem da unidade

A segunda leitura é extraída da Carta aos Efésios, escrita pelo Apóstolo Paulo justamente nesta cidade de Roma durante a sua primeira prisão (anos 62-63 d.C.).

É uma leitura sublime na qual Paulo apresenta o mistério de Cristo e da Igreja. Enquanto a primeira parte é mais doutrinal (cap. 1-3), a segunda, onde se insere o texto que ouvimos, é de tom mais pastoral (cap. 4-6). Nesta parte Paulo ensina as conseqüências práticas da doutrina apresentada antes e começa com um forte apelo à unidade eclesial: “Exorto-vos, pois – prisioneiro que sou pela causa do Senhor – que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados, com toda a humildade, mansidão, e paciência. Suportai-vos caridosamente uns aos outros. Esforçai-vos por conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz (Ef 4,1-3)”.

S. Paulo explica em seguida que na unidade da Igreja existe uma diversidade de dons, segundo a multiforme graça de Cristo, mas essa diversidade está em função da edificação do único corpo de Cristo: “A uns ele constituiu apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, visando o aperfeiçoamento dos cristãos, e o trabalho na obra da construção do corpo de Cristo” (cfr. 4,11-12).

É justamente para a unidade do seu Corpo Místico que Cristo em seguida enviou o seu Espírito Santo e, ao mesmo tempo, estabeleceu os seus Apóstolos, entre os quais Pedro tem a primazia como o fundamento visível da unidade da Igreja.

Em nosso texto São Paulo ensina-nos que também todos nós devemos colaborar para edificar a unidade da Igreja, porque para realizá-la é necessária “a colaboração de cada conexão, segundo a energia própria de cada membro” (Ef 4,16). Todos nós, portanto, somos chamados a cooperar com o Sucessor de Pedro, fundamento visível de tal unidade eclesial.

3. A missão do Papa

Irmãos e irmãs no Senhor, o Evangelho de hoje reconduz-nos à última ceia, quando o Senhor disse aos seus Apóstolos: “Este é o meu mandamento: que vós ameis uns aos outros, com eu vos amei” (Jo 15,12). O texto se une assim também à primeira leitura do profeta Isaías sobre o agir do Messias, para recordar-nos que a atitude fundamental dos Pastores da Igreja é o amor. É aquele amor que nos impele a oferecer a própria vida pelos irmãos. De fato, Jesus nos diz: “ninguém tem um amor maior do que este: dar a vida pelos próprios amigos” (Jo 15,12).

A atitude fundamental de todo bom Pastor é, portanto, dar a vida por suas ovelhas (cfr Jo 10,15). Isto vale, sobretudo, para o Sucessor de Pedro, Pastor da Igreja universal. Porque quanto mais alto e mais universal é o ofício pastoral, tanto maior deve ser a caridade do Pastor. Por isto no coração de todo Sucessor de Pedro sempre ressoaram as palavras que o Divino Mestre dirigiu um dia ao humilde pescador da Galileia: “Diligis me plus his? Pasce agnos meos… pasce oves meas”; “Amas-me mais do que estes? Apascenta os meus cordeiros… apascenta as minhas ovelhas!” (cfr. Jo 21,15-17).

No sulco deste serviço de amor pela Igreja e pela humanidade inteira, os últimos Pontífices foram artífices de muitas iniciativas benéficas também para os povos e a comunidade internacional, promovendo sem cessar a justiça e a paz. Rezemos para que o futuro Papa possa continuar esta incessante obra em nível mundial.

Ademais, este serviço de caridade faz parte da natureza íntima da Igreja. Recordou-nos isso o Papa Bento XVI dizendo-nos: “também o serviço da caridade é uma dimensão constitutiva da missão da Igreja e é expressão irrenunciável da sua própria essência” (Carta apostólica em forma de Motu proprio Intima Ecclesiae natura, 11 de novembro de 2012, proêmio; cfr. Carta Encíclica Deus caritas est, n.25).

É uma missão de caridade que é própria da Igreja, e de modo particular é própria da Igreja de Roma, que, segundo a bela expressão de S. Inácio de Antioquia, é a Igreja que “preside à caridade”; “praesidet caritati” (cfr. Ad Romanos, praef.: Lumen gentium, n. 13).

Meus irmãos, rezemos a fim de que o Senhor nos conceda um Pontífice que realize com coração generoso tal nobre missão. É o que Lhe pedimos por intercessão de Maria Santíssima, Rainha dos Apóstolos, e de todos os Mártires e Santos que ao longo dos séculos deram glória a esta igreja de Roma.

Amém!


Cardeal Angelo Sodano
na abertura do 75º Conclave
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Boletim da Santa Sé
Tradução não oficial
Disponível em: Canção Nova.

Missa de abertura do Conclave: "Que Deus queira em breve conceder outro Bom Pastor à sua Igreja"



A Basílica de São Pedro, no Vaticano, ficou lotada na manhã desta terça-feira, 12 de março, para a missa pro Eligendo Pontifice, presidida pelo decano do Colégio Cardinalício, Card. Angelo Sodano. Em sua homilia, Sodano renovou a gratidão de toda a Igreja ao “amado e venerado Pontífice Bento XVI”. E recordou a intenção desta Missa, ou seja, “implorar do Senhor que mediante a solicitude pastoral dos Padres Cardeais queira em breve conceder outro Bom Pastor à sua Santa Igreja”.

Comentando as leituras do dia, o Decano falou primeiramente sobre a mensagem de amor de Deus – mensagem que se realiza plenamente em Jesus, vindo ao mundo para tornar presente o amor do Pai pelos homens. É um amor que se faz notar particularmente no contato com o sofrimento, a injustiça, a pobreza, com todas as fragilidades do homem, tanto físicas quanto morais.

“É este amor que impele os Pastores da Igreja a realizar a sua missão de serviço aos homens de todos os tempos, do serviço caritativo mais imediato até o serviço mais alto, o serviço de oferecer aos homens a luz do Evangelho e a força da graça.”



A seguir, o Card. Sodano falou da mensagem de unidade. O Apóstolo São Paulo ensina-nos que também todos nós devemos colaborar para edificar a unidade da Igreja, porque para realizá-la é necessária "a colaboração de cada conexão, segundo a energia própria de cada membro" (Ef 4,16). “Todos nós, portanto, somos chamados a cooperar com o Sucessor de Pedro, fundamento visível de tal unidade eclesial.”

Essa cooperação levou o Decano a falar sobre a missão do Papa: a atitude fundamental de todo bom Pastor é dar a vida por suas ovelhas (cfr Jo 10,15). Isto vale, sobretudo, para o Sucessor de Pedro, Pastor da Igreja universal. Porque quanto mais alto e mais universal é o ofício pastoral, tanto maior deve ser a caridade do Pastor.

No sulco deste serviço de amor pela Igreja e pela humanidade inteira, recordou, os últimos Pontífices foram artífices de muitas iniciativas benéficas também para os povos e a comunidade internacional, promovendo sem cessar a justiça e a paz. Rezemos para que o futuro Papa possa continuar esta incessante obra em nível mundial, disse o Card. Sodano, que concluiu:

“Meus irmãos, rezemos a fim de que o Senhor nos conceda um Pontífice que realize com coração generoso tal nobre missão. É o que Lhe pedimos por intercessão de Maria Santíssima, Rainha dos Apóstolos, e de todos os Mártires e Santos que ao longo dos séculos deram glória a esta igreja de Roma.”

Com a Missa Pro Eligendo Pontefice, abriu-se oficialmente o Conclave. Desde as 7h (3h de Brasília), os 115 cardeais eleitores começaram a se acomodar na Casa Santa Marta, dentro do Vaticano, onde ficarão hospedados durante toda a duração das votações. Cada um terá seu quarto – os aposentos foram definidos por sorteio.

Segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, os cardeais devem seguir às 15h45 (11h45 no horário de Brasília) para o palácio apostólico. Depois, às 16h20 (12h20 em Brasília), seguirão em procissão da Capela Paulina para a Capela Sistina. O rito será transmitido ao vivo pela Rádio Vaticano, com comentários em português.

Os cardeais entram na capela, ocupam seus lugares e fazem o juramento previsto na Constituição Apostólica. O Cardeal Giovanni Batista Re, decano do conclave (por ser o mais idoso dos cardeais-bispos) fará uma introdução em latim.

Depois, cada um dos cardeais vai ao centro da capela, e com a mão sobre o Evangelho, profere o juramento, também em latim. Então, a capela é fechada pelo Mestre das Celebrações Pontifícias, Mons. Guido Marini, que intima “Extra omnes”. Antes de todos os que não participam do conclave deixarem a Capela Sistina, o Cardeal Prosper Grech, 87 anos, maltês, propõe a última meditação aos cardeais eleitores. Em seguida, começam as votações.

O cronograma prevê que a operação termine às 19h15 (15h15 em Brasília) e retornem para a Casa Santa Marta às 19h30 (15h30 em Brasília). Às 20h (16h em Brasília), será servido o jantar.

Padre Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa, disse que “dificilmente” o nome do novo Papa deve sair na primeira votação, nesta tarde.

A partir de quarta-feira, 13, serão feitas duas votações pela manhã e duas à tarde, até um dos candidatos receber mais de dois terços dos votos. As cédulas serão queimadas apenas uma vez por período e a previsão é que a fumaça seja expelida pela chaminé da Capela Sistina às 12h e às 19h (8h e 15h em Brasília).
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Fonte: CNBB.


O que esperar do próximo Papa



Muito já foi escrito e falado sobre o que o próximo Papa deverá fazer para agradar à opinião pública e, assim, conseguir que cresça o “ibope” da Igreja. Fôssemos oferecer uma síntese das sugestões apresentadas na TV, nos jornais e nas revistas semanais a respeito, teríamos um volumoso livro, que exigiria daquele que for eleito vários dias para ler. Aliás, é surpreendente o número de “vaticanistas” que surgiram de repente, todos com soluções para todos os problemas, todos com certezas absolutas e respostas fáceis para complicadas questões religiosas. Claro, nessas “soluções” não há preocupação com expressões como “fidelidade ao Evangelho”, “busca da vontade de Deus”, ou “caminho de santidade”. Para não poucos, a Igreja deveria ser apenas e tão-somente uma organização não governamental para se dedicar à paz, à construção da fraternidade e à defesa da justiça. Se, tendo recebido a ordem de ir pelo mundo todo para evangelizar, os apóstolos tivessem se guiado somente pela divulgação de tais valores, poderiam até ter recebido algum “Nobel” da época, mas o cristianismo não se teria divulgado pelo mundo, atraindo inúmeras pessoas no seguimento de Jesus Cristo.


Mas, então, qual será o programa do próximo Papa? Que valores defenderá? Que preocupações terá? Não é difícil responder a essas perguntas, mesmo não sendo um “vaticanista”. Tendo diante de si o testemunho de Pedro, de Paulo e dos demais apóstolos, o novo Papa sentirá ser sua primeira e principal tarefa proclamar que Jesus Cristo é “o Filho de Deus vivo!”, o revelador do Deus invisível, o primogênito de toda a criatura e o fundamento de todas as coisas. Ele é o nosso salvador; é a nossa esperança. Um dia, virá para nos julgar.

Outra meta do futuro Papa será a de nos ensinar que a busca da santidade não é um adorno em nossa vida, nem meta para alguns poucos privilegiados. A santidade é a razão de ser de nosso seguimento de Cristo. Desde o início de sua pregação, Jesus teve a ousadia de nos apresentar ideais humanamente impossíveis de serem alcançados, mas que, com a graça divina, tornam-se possíveis: amar a Deus sobre todas as coisas, amar o próximo como a si mesmo, perdoar os que nos prejudicam ou ofendem... Para resumir o caminho de santidade que apresentava, Jesus não economizou ousadia: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito”.

O futuro Papa – não é preciso ser futurólogo para prever isso – defenderá que a vida humana é sagrada e que é preciso protegê-la desde a concepção, até o seu término natural. Ensinará, portanto, que não é possível se pensar em ser fiel ao Evangelho e admitir o aborto ou a eutanásia. Quando se pronunciar sobre o matrimônio, lembrará que se trata de uma aliança pela qual o homem e a mulher (um homem e uma mulher!) constituem entre si uma comunhão para toda a vida. Ao tratar da família, insistirá que se trata da primeira e vital célula da sociedade, pois é dela que saem os cidadãos e ela é a primeira escola das virtudes sociais.

O que esperar do próximo Papa? Mais do que esperar, desejo que ele seja alguém que faça com todos nós o que Jesus fez com os discípulos de Emaús: depois de terem caminhado com o Mestre, tomaram consciência de que ele os ajudara a reler os acontecimentos da História da Salvação. Espero que o próximo Papa nos recorde continuamente que toda a nossa vida é acompanhada pelo olhar amoroso do Pai. Tomando consciência desse olhar, nos convenceremos de que não temos o direito de desperdiçar a vida com vaidades inúteis, com glórias passageiras, ou com orgulhos que, segundo a linguagem popular, “a terra há de comer”. A consciência do olhar do Pai nos convencerá de que a vida é um dom preciso demais para ser desperdiçado.

Espero que o próximo Papa tenha um pouco da bondade de João XXIII, da firmeza de Paulo VI, da simplicidade de João Paulo I, do entusiasmo de João Paulo II e da sabedoria de Bento XVI. Não me importará, então, se for europeu ou americano, africano ou asiático. Para mim, o importante é que seja um homem de Deus.


Dom Murilo Krieger
Arcebispo de Salvador (BA)

segunda-feira, 11 de março de 2013

O desafio de liderar uma Igreja com mais de um bilhão de fiéis



Às vésperas do Conclave os católicos aguardam com expectativa o início da eleição do próximo papa. Segundo dados do Anuário Estatístico da Igreja da Santa Sé de 2012 os católicos representam 17,5% da população mundial, ou seja, cerca de 1, 2 milhões de fiéis. Na América Latina vive quase metade dos católicos de todo o mundo, cerca de 500 milhões. Segundo o Secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina, Guzmán Carriquiry Lecour, os desafios da Igreja presente na América Latina, começam “dentro” dela mesma. “O maior desafio para a Igreja não vem de fora. Na América Latina, o maior desafio é como a fé é celebrada, como é vivida, comunicada e evangelizada”.

Para o secretário o novo papa deve levar em consideração o valor da Igreja latino-americana que congrega quase a metade de fiéis de todo o mundo, e também para dar continuidade ao trabalho desenvolvido por Bento XVI. “O novo Papa provavelmente irá continuar a levar adiante as diretrizes estabelecidas pelo Papa Bento XVI, que confiou à Pontifícia Comissão para a América Latina. O objetivo é fortalecer os laços com a América Latina e a comunhão com as igrejas . América Latina é extremamente importante para a Igreja Católica, uma vez que é composta por 46% dos católicos de todo o mundo”. No Brasil, são 133, 6 milhões de fiéis, sendo o país com o maior número de católicos no mundo, segundo dados da Pew Research Forum.

Para dom Odilo Pedro Scherer, os desafios da Igreja do Brasil são muitos e relacionados com a evangelização dos povos em diferentes culturas e na realidade atual. “São os desafios de toda a Igreja, que se manifestam em toda parte: a nova evangelização, a transmissão da fé, a perseverança na fé e a operosidade dos filhos da Igreja para a irradiação da luz e da força viva do Evangelho no mundo... Há os desafios internos da renovação constante da Igreja, para que ela viva no compasso do tempo e da cultura, sem deixar de ser ela mesma; há os desafios externos, representados pela cultura do nosso tempo, muitas vezes, fechada ao Evangelho, senão, contrária a ele. Há os desafios da presença pública da Igreja no mundo, no contexto da política, da economia, da educação, das relações sociais e internacionais”.

Para dom Raymundo Damasceno, cardeal arcebispo de Aparecida e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, uma papa latino-americano seria bem-vindo. “Acho que um papa latino americano seria uma bênção. Especialmente um papa brasileiro. Mas um papa não se escolhe pela geografia, tem de ser pastor", diz.

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Disponível em: católicos.com.br
Título Original: O desafio de liderar uma Igreja com quase metade dos católicos do mundo.

Às portas do Conclave



Os 115 cardeais eleitores se transferirão para o Domus Santa Marta (local que hospeda os cardeais durante o conclave) às 3h (7h em Roma) da próxima terça-feira, 12. A informação foi divulgada oficialmente pelo porta-voz do Vaticano, Padre Federico Lombardi, na manhã deste sábado, 9. Além disso, está prevista para às 8h e às 15h (horário brasileiro, às 12h e 19h em Roma)- com a possibilidade de variação de uma hora a menos caso as votações sejam concluídas antecipadamente – a produção da famosa fumaça que sai da chaminé localizada no teto da Capela Sistina, após a conclusão de cada votação do Conclave.

No primeiro dia de conclave, 12, os cardeais seguirão a seguinte programação:


Às 06h (10h em Roma) é celebrada a Missa Pro Eligendo Pontifice, a qual abre oficialmente os trabalhos do Conclave.

Às 11h45 (15h45 em Roma) – os cardeais saem do Domus Santa Marta e se dirigem ao Palácio Apostólico.

Às 12h30 (16h30 em Roma) – Os cardeais fazem a procissão da Capela Paulina, localizada no Palácio Apostólico, até a Capela Sistina.

Às 12h45 (16h45 em Roma) – Acontece o juramento e logo em seguida, o Extra Omnes, através do qual é dada a ordem para que somente os cardeais eleitores permaneçam no local.

Logo em seguida, será realizada uma reflexão presidida pelo Cardeal Prospech Grech e depois, a primeira votação.


Mirticeli Medeiros
Enviada especial a Roma
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Fonte: Canção Nova

O anúncio do 'Habemus Papam'



O ‘Habemus Papam’, ao final do Conclave 2013, terá um sotaque francês. Quem deverá anunciar ao mundo o nome do sucessor de Bento XVI é o Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Protodiácono Jean-Louis Tauran (a menos que seja ele o escolhido para suceder a Bento XVI).

É atribuição do primeiro Cardeal da ordem dos diáconos (Jean-Louis Tauran o é desde 21 de fevereiro de 2011) anunciar ao fiéis e ao mundo, desde o balcão central da Basílica de São Pedro, a eleição do novo Pontífice.

“Annuntio vobis gaudium magnum: habemus Papam!”, é a célebre fórmula, pronunciada sob os olhos do mundo, que depois continua: “Eminentissimum ac reverendissimum dominum, dominum (é pronunciado o nome do eleito em latim), Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem (pronunciado o sobrenome não traduzido), qui sibi nomen imposuit (vem dito o novo nome escolhido como Papa, em genitivo latim seguido do número Ordinal). Vem os aplausos da multidão e a primeira aparição em público do recém-eleito sucessor de Pedro.


O último a pronunciar a fórmula foi o Cardeal chileno Jorge Arturo Medina Estevez, que em 19 de abril de 2005 anunciou a eleição de Bento XVI. Antes dele, em 16 de outubro de 1978, o ‘Habemus Papam’ para João Paulo I foi proclamado pelo italiano Pericle Felici. Na qualidade de Protodiácono, Tauran impõe o pálio ao novo Papa durante a Missa de início solene do Pontificado.
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Fonte: Rádio Vaticano.
Disponível em: CatólicaNet.

Quais os horários da 'fumaça' na chaminé da Capela Sistina?



Nesta terça-feira, 12, terá início o Conclave para a eleição do sucessor de Bento XVI. Às 15h45min os Cardeais se transferem da Domus Sanctae Marthae ao Palácio Apostólico. Às 16h30min terá lugar a procissão da Capela Paulina com entrada na Capela Sistina. O Centro Televisivo Vaticano e a Rádio Vaticano (com comentários em português) transmitirão a cerimônia.

Segundo informou na coletiva de imprensa do último sábado o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, quando entrarem na Capela Sistina, às 16h45min, os Cardeais fazem o juramento e após tem lugar o ‘extra omnes’, quando se fecha a Capela Sistina e os Cardeais seguem a meditação do Cardeal Grech, realizando a eventual primeira votação prevista na Constituição.

Como são realizadas duas votações em cada turno, Pe. Lombardi explicou que as cédulas são queimadas ao final das votações da manhã e da tarde e não após cada votação particular. Assim, os horários normais do final das votações seriam às 12 horas para as votações da manhã e às 19 horas para as votações da tarde. É apenas uma indicação, precisou o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.


Se o novo Pontífice vier a ser eleito na primeira votação da manhã ou na primeira votação da tarde, a fumaça branca sairá da chaminé instalada no telhado da Capela Sistina, no meio da manhã ou no meio da tarde. Assim, todos devem estar atentos entre 10hs30min e 11hs na parte da manhã e entre 17hs30min e 18hs na parte da tarde.

A eleição do Papa Ratzinger ocorreu na primeira votação da tarde e assim, a fumaça apareceu após as 17 horas.
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Fonte: CatólicaNet.