sexta-feira, 22 de março de 2013

Domingo de Ramos



Num clima de alegria e esperança provocado pela ascensão ao pontificado petrino, do papa Francisco, iniciamos mais uma Semana Santa com a entrada triunfal de Jesus na cidade de Jerusalém. Aí começa uma nova fase na história do povo de Israel, quando todos se voltam para a sena da paixão, morte na cruz e ressurreição de Jesus Cristo.

A Semana Santa deve ser um tempo de recolhimento, de interiorização e de abertura do coração e da mente para o Deus da vida. Significa fazer uma parada para reflexão e reconstrução espiritualidade, essencial para o equilíbrio emocional e segurança no caminho natural da história de vida, com mais objetividade e firmeza.


As dificuldades encontradas não são fracasso e nem um caminho sem saída. Elas nos levam a firmar a esperança na luta por uma vida sem obstáculos intransponíveis. Foi o que aconteceu com Cristo no trajeto da paixão, culminando com a morte na cruz. Em todo esse caminho ele passou por diversos atos de humilhação.

A estrada da cruz foi uma perfeita reveladora da identidade de Jesus. Ele teve que enfrentar os atos de infidelidade e de rebeldia do povo que estava sendo infiel ao projeto de Deus, inclusive sendo crucificado entre os malfeitores. Jesus partilha da mesma sorte e dos mesmos sofrimentos dos assassinos e ladrões de sua época.

Na Semana Santa devemos associar ao sofrimento de Cristo o mesmo que acontece com tantas famílias e pessoas violentadas em nossos tempos. Podemos dizer da violência armada, dos trágicos acidentes de trânsito, das doenças que causam morte, do surto da dengue, dos vícios que ceifam muita gente etc. Jesus foi açoitado, esbofeteado, teve a barba arrancada, foi insultado e cuspido.

O detalhe principal é que nenhum sofrimento fez Jesus desistir de sua missão e nem ter atitude de vingança. Ele deixou claro que o perdão é mais forte do que a vingança. Devemos aprender com ele e olhar a vida de forma positiva, sabendo que seu destino é projetado para a eternidade em Deus.


Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

quinta-feira, 21 de março de 2013

Pobre Bento XVI

Papa Emério Bento XVI com o Cardeal Bergoglio, 
atual Papa Francisco


A simplicidade e a humildade serão, de fato, características marcantes do pontificado do papa Francisco. Praticamente toda reportagem faz questão de ressaltar esses pontos, que são, realmente, elogiáveis. No entanto, a maior parte dos relatos da imprensa também faz questão de estabelecer um antagonismo entre Francisco e seu antecessor, Bento XVI. Não basta saber que o anel do novo papa é de prata, banhado a ouro; é preciso citar o de Ratzinger, feito de ouro maciço. Elogia-se o papa que mantém a cruz peitoral de ferro dos seus tempos de bispo, ao mesmo tempo em que se lembra que Bento XVI usava cruzes de ouro. A impressão é de que se pretende levar o leitor a pensar “esse, sim, é um bom papa, não é como o anterior”, como se um conclave fosse um concurso de simpatia.

O mote começa a beirar o exagero quando cerimônias como a do início do pontificado são elogiadas por sua “simplicidade” em contraposição às liturgias de Bento XVI. Na verdade, a missa em quase nada foi diferente do que teria sido se o papa anterior a tivesse celebrado. É verdade que o novo pontífice não parece demonstrar o mesmo interesse pela liturgia que tinha Bento XVI, mas é preciso levar em consideração que Ratzinger jamais viu nas vestes litúrgicas um instrumento de ostentação e autopromoção. Sua visão da beleza como elemento apologético está bem documentada em sua obra. E, simplicidade por simplicidade, Bento sempre fez questão de usar adereços litúrgicos – cada um deles carregado de simbologia, ou seja, não se trata de mero enfeite – já usados por outros papas e pertencentes ao Vaticano, com custo zero.

Francisco se sente muito à vontade entre a multidão, mas é até injusto comparar um pontífice com décadas de experiência pastoral com um acadêmico introvertido que fez praticamente toda a sua carreira eclesiástica em universidades e na Cúria Romana. E, mesmo assim, Bento nunca fugiu dos fiéis ou nunca se mostrou avesso ao contato com as pessoas. O “abraço coletivo” que ganhou dos dependentes de drogas na Fazenda Esperança, em Guaratinguetá (SP), é um dos momentos mais tocantes de sua visita ao Brasil, em 2007.


A julgar pelas repetidas menções que faz a seu “amado predecessor”, muito provavelmente o próprio papa Francisco rejeitaria comparações de estilo com a intenção de diminuir Bento XVI ou fazê-lo parecer fútil com suas cruzes douradas e sapatos vermelhos. Mas é difícil imaginar que os elogios ao papa simples e humilde vão continuar quando ele começar a se pronunciar sobre os tais “temas polêmicos” a respeito dos quais a imprensa sempre espera, em vão, por mudanças. Aí se perceberá que Bento XVI e Francisco não são tão diferentes quanto parecem.
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Fonte: Gazeta do Povo.
Disponível em: Católico com muito orgulho.

Papa Francisco recebe Presidente Dilma e diz que pretende ir a Aparecida (SP) após a JMJ



A presidente Dilma Rousseff foi recebida na manhã desta quarta-feira, 20 de março, no Vaticano, pelo Papa Francisco, durante uma audiência particular. No dia de ontem, terça-feira, falando aos jornalistas a presidente afirmou que a Jornada Mundial da Juventude seria o “tema central” do encontro com o Papa Francisco.

“A Jornada – disse a Presidente -, vai atrair para o Brasil milhares de jovens católicos, que serão muito bem recebidos, como a gente sempre faz”, acrescentou. A visita ao Rio para a Jornada Mundial da Juventude, em julho, deverá ser a primeira grande viagem do Papa Francisco.

O papa Francisco disse à presidente Dilma Rousseff que é necessário empenho conjunto para combater as drogas e reforçar os valores e os princípios para a juventude. Dilma foi a primeira chefe de Estado recebida por Francisco, depois da cerimônia que marcou ontem (19) o início do seu pontificado. Na conversa, o papa lembrou que a construção do futuro depende da juventude.


“[O papa] falou sobre a importância da juventude na construção do futuro da humanidade e que a Igreja [Católica], como uma instituição secular, tem no jovem um foco muito grande”, disse a presidente, após o encontro com o papa, no Vaticano.

Dilma disse que Francisco ressaltou que é fundamental, para o combate às drogas, reforçar valores e princípios. “Conversamos sobre a questão das drogas e do crack, o reforço de valores, princípios e símbolos para a juventude”, destacou.

A presidente acrescentou que o papa confirmou que participará da Jornada Mundial da Juventude, nos dias 23 a 28 de julho, no Rio de Janeiro. “Ele [o papa] disse que espera uma presença grande dos jovens [durante a jornada]”, contou ela. Segundo Dilma, o papa disse que pretende, depois da jornada, visitar Aparecida (SP) – onde está o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.

“Ele [o papa] disse que vai a Aparecida, depois [da jornada]. Ele até me lembrou que, em 2007, esteve em Aparecida, e me deu um livro do que eles [os bispos latino-americanos] fizeram em 2007”, contou a presidente, lembrando da recomendação de Francisco de que ela “não leia o livro todo”.

“'Você não precisa ler tudo porque você pode se aborrecer, então você pega o índice e vai nos assuntos que te interessa', ele me disse”, contou Dilma, entre sorrisos, demonstrando o bom humor de Francisco.
A presidente se disse impressionada como o papa se comporta como uma pessoa normal. “Ele [Francisco] é o primeiro muitas coisas: é o primeiro Francisco, primeiro jesuíta, primeiro latino-americano e primeiro argentino”, acrescentou Dilma, informando que percebeu bastante entusiasmo no papa.

A Rádio Vaticano informou que o Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB, ficou feliz ao receber a notícia. Porém, ainda não há maiores detalhes sobre esse acréscimo no roteiro da visita do Santo Padre ao país. “É uma notícia que me enche de alegria. Os devotos de Nossa Senhora Aparecida, em todo o Brasil, também devem estar transbordando de alegria”, disse dom Damasceno.
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Fonte: CNBB.

terça-feira, 19 de março de 2013

Homilia de posse do Papa Francisco



Santa Missa de São José, esposo da Virgem Maria
Inauguração do Pontificado do Papa Francisco
Basílica de São Pedro, 19 de março de 2013


Queridos irmãos e irmãs!

Agradeço ao Senhor por poder celebrar esta Santa Missa de início do Ministério Petrino na solenidade de São José, esposo da Virgem Maria e patrono da Igreja universal: é uma coincidência densa de significado e é também o onomástico do meu venerado Predecessor: acompanhamo-lo com a oração, cheia de estima e gratidão.

Saúdo, com afeto, os irmãos cardeais e bispos, os sacerdotes, os diáconos, os religiosos e as religiosas e todos os fiéis leigos. Agradeço, pela sua presença, aos representantes das outras Igrejas e Comunidades eclesiais, bem como aos representantes da comunidade judaica e de outras comunidades religiosas. Dirijo a minha cordial saudação aos Chefes de Estado e de Governo, às delegações oficiais de tantos países do mundo e ao Corpo Diplomático. 

Ouvimos ler, no Evangelho, que “José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa” (Mt 1, 24). Nestas palavras, encerra-se já a missão que Deus confia a José: ser custos, guardião. Guardião de quem? De Maria e de Jesus, mas é uma guarda que depois se alarga à Igreja, como sublinhou o Beato João Paulo II: “São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo” (Exort. ap. Redemptoris Custos, 1).

Como realiza José esta guarda? Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender. Desde o casamento com Maria até ao episódio de Jesus, aos doze anos, no templo de Jerusalém, acompanha com solicitude e amor cada momento.

Permanece ao lado de Maria, sua esposa, tanto nos momentos serenos como nos momentos difíceis da vida, na ida a Belém para o recenseamento e nas horas ansiosas e felizes do parto; no momento dramático da fuga para o Egipto e na busca preocupada do filho no templo; e depois na vida quotidiana da casa de Nazaré, na carpintaria onde ensinou o ofício a Jesus.

Como vive José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja? Numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projecto d’Ele que ao seu. E isto mesmo é o que Deus pede a David, como ouvimos na primeira Leitura: Deus não deseja uma casa construída pelo homem, mas quer a fidelidade à sua Palavra, ao seu desígnio; e é o próprio Deus que constrói a casa, mas de pedras vivas marcadas pelo seu Espírito.

E José é “guardião”, porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas. Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação!

Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos. Sede guardiões dos dons de Deus!

E quando o homem falha nesta responsabilidade, quando não cuidamos da criação e dos irmãos, então encontra lugar a destruição e o coração fica ressequido. Infelizmente, em cada época da história, existem “Herodes” que tramam desígnios de morte, destroem e deturpam o rosto do homem e da mulher.

Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito econômico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos “guardiões” da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Mas, para “guardar”, devemos também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura.

A propósito, deixai-me acrescentar mais uma observação: cuidar, guardar requer bondade, requer ser praticado com ternura. Nos Evangelhos, São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!

Hoje, juntamente com a festa de São José, celebramos o início do ministério do novo Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, que inclui também um poder. É certo que Jesus Cristo deu um poder a Pedro, mas de que poder se trata? À tríplice pergunta de Jesus a Pedro sobre o amor, segue-se o tríplice convite: apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas.

Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afeto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus descreve no Juízo final sobre a caridade: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Apenas aqueles que servem com amor capaz de proteger.

Na segunda Leitura, São Paulo fala de Abraão, que acreditou «com uma esperança, para além do que se podia esperar» (Rm 4, 18). Com uma esperança, para além do que se podia esperar! Também hoje, perante tantos pedaços de céu cinzento, há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos esperança. Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da esperança! E, para o crente, para nós cristãos, como Abraão, como São José, a esperança que levamos tem o horizonte de Deus que nos foi aberto em Cristo, está fundada sobre a rocha que é Deus.

Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!

Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai por mim! Amém.
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Fonte: Boletim da Santa Sé.

O Papa, a “Igreja Pobre” e os meios de comunicação social.


Do discurso do Papa Francisco aos representantes dos meios de comunicação social haveria muito o que enfatizar. Cito dois exemplos:

1. Só se entende a Igreja sob a ótica da Fé. O Papa Francisco disse que «os acontecimentos eclesiais (…) seguem uma lógica que não obedece primariamente a categorias por assim dizer mundanas» e, além disso, a Igreja «não é de natureza política, mas essencialmente espiritual». O Papa, assim, deu um verdadeiro “tapa sem mão” numa certa mídia que tudo reduz ao materialismo mais grosseiro e que, nas coberturas sobre assuntos eclesiásticos que realiza, trata a Igreja como se fosse simplesmente mais um aglomerado humano em nada distinguível de um clube, um governo laico ou uma organização mundana qualquer. Já na quinta-feira passada o Papa disse que a Igreja não era uma ONG e, agora, neste encontro com a imprensa, faz questão de insistir no assunto e dizer que a história da Igreja não pode ser lida senão a partir da perspectiva da Fé.

2. A imprensa precisa ter compromisso com aquilo que é verdadeiro, bom e belo. O jornalismo, segundo o Papa, «implica um cuidado especial pela verdade, a bondade e a beleza». Isto é, não existe propriamente um direito à mentira, à desinformação, à militância ideológica descompromissada com a verdade dos fatos. Ao contrário, os meios de comunicação existem para divulgar «aquilo que é verdadeiro, bom e belo»! Mais uma vez, discrepância maior entre aquilo que o Papa diz ser missão da imprensa e aquilo que a maior parte dos agentes da imprensa faz de fato seria difícil de imaginar. Mais uma vez, o Papa Francisco usa luvas de pelica para esbofetear os «meios de comunicação social» modernos. E ainda aproveita o assunto para arrematar:
[I]sto [este  «cuidado especial pela verdade, a bondade e a beleza»] torna-nos particularmente vizinhos, já que a Igreja existe para comunicar precisamente isto: a Verdade, a Bondade e a Beleza «em pessoa».

Ou seja: identifica Cristo com os transcendentais para aproximar a Missão Evangelizadora da Igreja da missão de informar dos meios de comunicação em massa e, acto contínuo, subordina esta Àquela: afinal, se os meios de comunicação existem para divulgar o que é bom, verdadeiro e belo e Cristo é a Verdade, a Bondade e a Beleza em pessoa, então os meios de comunicação social existem para divulgar o Cristo. Ensinamento contundente e importante para os dias de hoje – que bom seria se os homens o praticassem!

No entanto e infelizmente, há quem prefira enfatizar uma outra frase do Santo Padre (dita aliás totalmente en passant) e noticiar este discurso como sendo aquele onde O Papa Francisco falou “que deseja ‘uma Igreja pobre e uma Igreja para os pobres’”. E o jornal nem precisou aludir às chaves interpretativas implícitas nesta declaração, porque a nossa elite bem pensante já as tem muito claras diante de si e sabe, perfeitamente, que isso se trata de uma dura crítica do Papa ao luxo do Vaticano e ao fausto no qual vivem os ministro da Igreja. Para a nossa classe intelectual, isto obviamente significa que o Papa vai vender o seu trono de ouro e utilizar o dinheiro para comprar comida para os pobres. Não é?

Não, não é, como qualquer pessoa que dedique cinco minutos a pensar sobre o assunto pode perceber. Uma “Igreja pobre” não poderia construir escolas e hospitais para os pobres, não os poderia alimentar nem vestir, não poderia realizar programas sociais de nenhuma natureza, em suma, não poderia fazer nada por eles. É bastante evidente (ao menos para qualquer um que não tenha sacrificado o seu senso crítico ao besteirol ideológico da moda) que as únicas pessoas que podem fazer alguma coisa pelos pobres são as que têm recursos, e não as que não têm nada. Uma “Igreja pobre”, assim, certamente não significa (e nem pode significar) uma Igreja que deixe de receber doações, que destrua o seu patrimônio artístico ou que abra mão de todos os seus bens para se transformar numa gigantesca ordem mendicante, porque tal Igreja não poderia fazer nada pelos pobres a não ser dizer-lhes que é pobre também – e semelhante “apoio moral” ajudaria bem pouco a quem não tem o que comer ou o que vestir. A despeito da tagarelice marxista tão impregnada no nosso senso comum, é óbvio que a pobreza evangélica não significa ódio aos bens materiais, e sim a justa ordenação deles à maior glória de Deus e à salvação das almas.

E que ninguém interprete o Santo Padre sob a ótica da própria miopia intelectual: insinuar que o Papa Francisco não sabe dessa obviedade é ofensivo. É apenas a elite bem-pensante destes tempos bárbaros em que vivemos que pode ser estúpida: o Vigário de Cristo não pode se dar este luxo. À luz deste exemplo, aliás, vê-se o quão oportuno foi o discurso do Papa Francisco aos representantes dos meios de comunicação social. Infelizmente, ainda há muitos órgãos de imprensa que fazem de tudo para encaixar a Igreja em modelos sócio-econômicos já há muito tempo falidos. Ainda existe muita mídia preocupada em transmitir não o que é verdadeiro, bom e belo, mas os próprios sofismas ideológicos e a criminosa adulteração intelectual do pensamento alheio.
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Fonte: Deus lo Vult!

Em Missa de início do Ministério Petrino, Papa diz: “o verdadeiro poder é o serviço”.



Para a alegria das milhares de pessoas que se reuniram na praça de São Pedro, na manhã desta terça-feira, 19, o Papa Francisco caminhou de papamóvel entre os fiéis pouco antes de começar a celebração de início de seu ministério. Em um determinado momento, o Santo Padre chegou a descer do automóvel para cumprimentar alguns dos fiéis.

Conforme previsto, antes da Santa Missa, o Pontífice fez um breve momento de oração junto ao túmulo do Apóstolo Pedro – local de onde os diáconos saíram em procissão com o anel de pescador e o pálio, dois símbolos do pastoreio e da autoridade de um Papa.


Após a imposição dos dois símbolos, iniciou-se a Santa Missa. O Sumo Pontífice abriu a homilia mandando suas felicitações ao Papa emérito Bento XVI, uma vez que hoje, festa de São José, é celebrado o seu onomástico (celebrado pelas pessoas que tem o mesmo nome do santo lembrado naquele dia).

“Acompanhamo-lo com a oração, cheia de estima e gratidão”, disse.

Ainda na homilia, o Santo Padre, após fazer confrontar os Evangelhos com a figura de São José, patrono da Igreja Universal, explicou o que significa um ministério da Igreja e sobretudo, o ministério do Bispo de Roma.

“Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na cruz”, destacou.

Ao fim da celebração, o Santo Padre recebeu, na Basílica de São Pedro, as delegações dos 132 países representados na Santa Missa. A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, também cumprimentou o Santo Padre.



Mirticeli Medeiros
Enviada especial a Roma
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Fonte: Canção Nova.

segunda-feira, 18 de março de 2013

São José, esposo da virgem Maria e o Início do Pontificado do Papa Francisco


Hoje, a Santa Igreja rejubila por dois motivos: Celebra mais uma vez a solenidade anual de São José, Esposo da Santíssima Virgem Maria; e inicia hoje o Pontificado do Santo Padre Francisco, que assim, sob a protecção do Servo fiel e prudente, dá início oficial ao seu Ministério Petrino, e Pastor da Igreja Universal.

A Igreja, celebra pois, com digníssima solenidade a São José, “homem justo, amparo e sustentador de Jesus, o Filho de Deus”. É pouco o que dele nos diz o Evangelho; todavia, é suficiente para compreender a importante função que lhe foi confiada no desígnio salvífico divino. A sua “justiça” está intimamente ligada à sua docilidade radical no que diz respeito ao projecto de Deus.

Meditemos, pois, sobre a figura bíblica de São José, tão querida à tradição cristã e ao Papa Pio IX, que o proclamou Patrono da Igreja universal, a 8 de Dezembro de 1870.

A grandeza de São José, reside na enorme graça que Deus lhe fez, quando põe nas suas mãos e sob a sua autoridade, as pessoas mais amadas por Ele: o seu Filho, feito Homem, Jesus, e a sua Virgem Mãe, Maria. Comenta São João Crisóstomo: “Maria é confiada agora a José, como mais tarde Cristo a confiará ao seu discípulo” (Homilias sobre o Evangelho de S. Mateus 4, 6). Nenhum outro homem teve, nem jamais terá um tal encargo: cuidar e guardar o Filho de Deus, conviver com Ele e educá-l’O. No entanto, erraríamos, porém, se admirássemos apenas a familiaridade que José teve com Jesus. Uma veneração, que brota somente de uma simples admiração, não faria justiça ao caminho de fé percorrido por ele. Como nos recorda o apóstolo Paulo na segunda leitura da Missa de hoje, Deus não concede uma graça, sem fazer contas, com a fé daquele que chama: o crente não se torna justo pelo que consegue fazer por si mesmo, com os seus próprios esforços, mas “em virtude da justiça, que vem da fé”. Isto significa que àquele que é chamado, antes de mais nada, é-lhe pedido para se entregar totalmente a Deus e à Sua graça. Assim fez José: confiou em Deus, mesmo sem compreender os acontecimentos que o esperavam.

É óbvio, que confiar-se sempre e totalmente a Deus, não é simples, e nem é fácil. Quem percorre este caminho, atravessa muitas vezes momentos de escuridão e deve afrontar provas dolorosas. Na narração evangélica da missa deste dia santíssimo, fala-se da “noite” de José. Esposo prometido a Maria, antes de passar a viver com ela, vem a descobrir a misteriosa maternidade da sua futura Esposa e pergunta-se o que deve fazer. Sendo justo, sublinha o evangelista Mateus, por um lado, não quer cobrir com o seu nome, um Filho de quem ignora a paternidade, mas, ao mesmo tempo, convencido da virtude de Maria, decide a não entregá-la a um processo rigoroso previsto pela lei (Cf Dt 22, 20 ss). Em sonhos, o anjo fez-lhe compreender que Maria tinha concebido por obra do Espírito Santo e, confiando em Deus, José consente e coopera no plano de salvação. É verdade que Deus não lhe pede antecipadamente o seu consentimento. A “ingerência” – por assim dizer – divina – na sua vida matrimonial, a intromissão na mais íntima relação pessoal com a sua Esposa, a mudança do projeto de vida, não puderam senão suscitar nele dúvidas e interrogações. Com efeito, quem confia em Deus, nem por isso vê tudo claro. Quem acolhe Deus e os seus projetos, é chamado inevitavelmente a esvaziar-se de si e a renunciar aos próprios sonhos e desejos. Deus não chama, sem exigir; nem enche, sem esvaziar; não dá, sem tirar. Só quem aceita voluntariamente a perda de si mesmo, pode entrar na lógica de Deus.

200 mil pessoas são esperadas para a missa de início do ministério do Papa Francisco.




O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, também nesta segunda-feira, 18 de março, concedeu uma coletiva aos jornalistas. Ele revelou detalhes do almoço do Papa Francisco com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, após um encontro privado com ela de cerca de 20 minutos na Casa Santa Marta, no Vaticano.

Sobre a celebração de início de Pontificado, que será realizada nesta terça-feira, 19 de março, o padre recordou que a celebração é motivada também pela celebração do Padroeiro da Igreja Universal, São José. “No patamar da Basílica de São Pedro teremos à esquerda as personalidades eclesiásticas, arcebispos e bispos, não concelebrantes e também – muito provavelmente – as delegações das outras Igrejas e comunidades cristãs”, disse Lombardi.


São esperados mais de 200 mil fiéis. “À direita, teremos as delegações dos vários países, conduzidas pelos chefes de Estado, reinantes, ministros e assim por diante. A delegação argentina será conduzida pela Presidente Cristina Kirchner, a delegação brasileira pela Presidente Dilma Rousseff e a delegação italiana pelo Presidente Giorgio Napolitano”.

Nos primeiros setores da Praça São Pedro, abaixo do patamar, próximo à estátua de São Pedro, à esquerda, será destinado às delegações das outras religiões – judaica, islâmica, budista, sique, jainista – e os sacerdotes e seminaristas: fala-se de cerca de 1.200 pessoas.

Ao lado direito, diante da estátua de São Paulo, será destinado ao Corpo diplomático e autoridades. A praça estará aberta a todos, a partir das 6h30 da manhã. Não haverá necessidade de bilhetes.

O Pontífice deixará a Casa Santa Marta por volta das 8h45 locais e, a bordo do papamóvel, dará uma longa volta pela Praça São Pedro. Em seguida, ainda no papamóvel, por alguns minutos antes do início da celebração, saudará a multidão de fiéis passando pelos diversos corredores formados na praça.

Depois, irá até a Sacristia, que está próxima da estátua La Pietà, no interior da Basílica de São Pedro. A celebração começa às 9h30, no horário de Roma (5h30 em Brasília). Pe. Lombardi precisou que a cerimônia de amanhã é intitulada "Início do ministério petrino do bispo de Roma", mas que pode ser chamada também de “inauguração". “É a missa de início solene do serviço do Papa que é bispo de Roma, mas que é um serviço para a Igreja universal: o ministério petrino é um ministério para a Igreja inteira”, explicou.

A cerimônia começará no túmulo de São Pedro, no centro da Basílica, sob o altar central, e se realizará na praça que, segundo a tradição, é também o lugar do martírio de São Pedro, porque o Circo de Nero ocupava também esta área. A missa desta terça-feira será celebrada entre o túmulo e o lugar do martírio de São Pedro, de quem o Papa é Sucessor.

Da Sacristia o Papa irá ao túmulo de São Pedro, sob o altar, e será acompanhado pelos patriarcas e arcebispos maiores das Igrejas Orientais Católicas. “Não somente o Papa, mas também os chefes das Igrejas Orientais Católicas descem ao túmulo de Pedro, e são uma dezena, entre patriarcas e arcebispos maiores: quatro são cardeais, e os outros seis, ao invés, não são cardeais, mas têm outra dignidade e, portanto, se fazem presentes para esta missa de amanhã e concelebrarão também eles junto aos cardeais”, explicou Lombardi.

Ao todo, serão 180 concelebrantes com o Papa Francisco. Durante a procissão de dentro da Basílica para fora dela será cantado o "Laudes Regiae", ou seja, Louvores ao Rei: “o Rei é Cristo, evidentemente”, recorda padre Lombardi. Nesta celebração se invocam também explicitamente os Santos papas, após os Apóstolos. O mais recente é São Pio X.

A procissão sai da porta esquerda da Basílica e os primeiros ritos, antes ainda que comece a missa, são a entrega do pálio e do anel ao Papa, que são os sinais de seu ministério.

O pálio será entregue e imposto ao Papa pelo protodiácono, Jean-Louis Tauran, o mesmo que anunciou o Habemus Papam do Balcão Central da Basílica Vaticana. Este pálio é do mesmo que tinha Bento XVI, idêntico. Após a entrega do pálio, há uma oração que é feita pelo Cardeal protopresbítero, ou seja, o primeiro da Ordem dos Presbíteros.

Depois, se tem a entrega do anel que será feita pelo Cardeal Decano, Angelo Sodano, que é o protoepiscopo, ou seja, o primeiro da Ordem dos Bispos. Em seguida, os três primeiros cardeais das três ordens entregam o pálio, rezam e entregam o Anel do Pescador, que não é de ouro.

"O anel se chama 'Anel do Pescador' porque São Pedro era um pescador, como sabemos, e Jesus o fez tornar-se pescador de homens. Porém, no anel que desta vez o Papa receberá é representado São Pedro com as chaves. Este anel é obra de um famoso artista italiano, Enrico Manfrini, e é de prata dourada", explicou Pe. Lombardi.

Em seguida se terá lugar o ato de "obediência" feito por seis cardeais. 


"Nas grandes celebrações – explicou –, inclusive na Páscoa, por exemplo, existe a tradição de se ter o latim e o grego para recordar a Igreja do Ocidente e a Igreja do Oriente, as duas grandes dimensões da tradição da Igreja. Por simplicidade, nesta missa, o Evangelho será cantado somente em grego, porque o latim já estará presente em muitas outras partes" – ressaltou Pe. Lombardi.

A celebração durará cerca de duas horas e a homilia será feita em língua italiana. A celebração se concluirá com o "Te Deum". Depois haverá a saudação do Papa aos chefes de delegações, provenientes de diversos países do mundo inteiro.

A seguir, o Papa entrará na Basílica, deixará as vestes litúrgicas, irá para diante do altar central e os chefes das delegações dos vários países entrarão na Basílica para saudar o Santo Padre.


As delegações das outras Igrejas e confissões cristãs e das outras religiões encontrarão o Papa, na Sala Clementina, no Vaticano, no dia seguinte, quarta-feira, às 11h locais.
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Fonte: CNBB.