domingo, 5 de maio de 2013

“Pedófilos não são excomungados, mas eu fui!”



Depois de tudo o que foi falado aqui sobre o padre Beto, eu pensava em não mais voltar ao tema do arrogante sacerdote. No entanto, permito-me mais algumas palavras, por conta de um comentário sem sentido que, nos últimos dias, tem ganhado corpo e merece uma resposta.

Ele veio do próprio padre Beto: "Pedófilos não são excomungados, mas eu fui!",  choramingou o sacerdote, em um arroubo patético de apelo sentimental vazio. É bem pouco provável que o padre Beto realmente não entenda o porquê das coisas serem assim; o mais verossímil é que ele esteja fazendo uma chantagem emocional barata, para posar de coitadinho ao mesmo tempo em que lança sobre a Igreja a pecha de intransigente e contraditória. Mas vá lá: tenhamos um pouco de paciência com a ignorância ou a cretinice alheia. Exponhamos o discurso do óbvio e expliquemos ao reverendo sacerdote por que sua situação é diferente da dos ditos “padres pedófilos”.

Convém ter em mente, antes de qualquer coisa, que a excomunhão não é um passaporte irrevogável para o inferno. Trata-se de uma pena eclesiástica, em última instância orientada – como aliás todas as penas eclesiásticas – para a salvação das almas. De que maneira?

Ora, os pecados não se dividem em leves, graves e “excomungantes”. Há somente os leves (ou veniais) e graves (ou mortais), e só. Os primeiros são os que mantém a alma em estado de graça e, os últimos, são os que fazem perder a graça santificante; aqueles (leves) permitem que se vá ao Céu passando pelo Purgatório e, estes, (graves) conduzem ao Inferno. Não há na alma de um assassino (ou adúltero ou ladrão) mais graça santificante do que na de um médico punido com excomunhão, e nem vai menos para o Inferno um católico impenitente do que um herege excomungado. Excomunhão não é, portanto, simples qualificador agravante de condutas pecaminosas. Que coisa é ela, então?

A excomunhão é uma espécie de censura eclesiástica ao mesmo tempo grave e branda. Grave, porque rompe no foro externo a comunhão com o Corpo Místico de Cristo que é a Igreja; branda, porque para ser retirada exige somente um pedido de perdão do excomungado. E os pecados punidos com excomunhão têm geralmente também essa curiosa antinomia: são, ao mesmo tempo, graves em si mesmos e negligenciados por quem os comete. Vejamos alguns exemplos.

Declaração do Juiz Instrutor



Tendo em vista as notícias divulgadas sobre a excomunhão do Reverendo Pe. Roberto Francisco Daniel, como Juiz Instrutor esclareço que:

Foi no exercício de meu ofício que, como Juiz Instrutor, “declarei” a excomunhão no qual o padre incorreu por sua livre opção;

A excomunhão ocorreu Latae Sententiae, ou seja, de modo automático em virtude da sua contumácia (obstinação) num comportamento que viola gravemente as obrigações do sacerdócio que ele livremente abraçou;


Os meios de comunicação têm uma grande missão em informar a sociedade segundo a verdade. Não corresponde a verdade a notícia veiculada em alguns meios de comunicação de que o reverendo Pe. Roberto Francisco Daniel foi excomungado por defender os homossexuais. Isto não é matéria de excomunhão na Igreja;

A excomunhão foi declarada porque ele se negou categoricamente a cumprir o que prometera em sua ordenação sacerdotal: fidelidade ao Magistério da Igreja e obediência aos seus legítimos pastores.


Bauru, 30 de abril de 2013.

Juiz Instrutor
Doutor em Direito Canônico, especialista em Direito Penal da Igreja Católica e juiz para as matérias reservadas à Santa Sé no Brasil

Católicos confirmam apoio à Igreja em página do Fantástico.



E começa mais uma onda de achincalhamento à Igreja Católica no Brasil. Desta vez a grande mídia embarcou de carona na traição de  Pe. Beto, da Diocese de Bauru, sacerdote que de modo contumaz desobedeceu à Igreja e às autoridades às quais jurou – livremente – obediência. Pe. Beto traiu a Igreja, teve a arrogância de pedir que a instituição de 2 mil anos de adequasse ao seu modo relativista de pensar.

Para se ter uma ideia do desatino do reverendo, em vídeos facilmente encontrados na internet, o padre propaga uma apologia à  traição e bissexualidade no matrimônio e quer o apoio da Igreja para tanto. Um despautério inaceitável. Se quer ser um imoral, que o seja fora da instituição, não queira  que a Igreja seja conivente de suas tontices.

Dado o comportamento recorrente do teólogo, a Diocese de Bauru não teve outra opção  a não ser aplicar-lhe a pena da excomunhão, algo previsto no direito eclesiástico e de completo conhecimento do insurreto.  Foi o suficiente para uma legião de organizações partirem em defesa do  padre, agora, fora da comunhão da Igreja Católica.

Homilia do Papa na Missa às Confrarias.



Homilia
Missa na Praça de São Pedro, no Vaticano
Domingo, 05 de maio de 2013

Amados irmãos e irmãs,
fostes corajosos em vir com esta chuva… O Senhor vos abençoe infinitamente!

No caminho do Ano da Fé, sinto-me feliz em celebrar esta Eucaristia especialmente dedicada às Irmandades: uma realidade com grande tradição na Igreja, que foi objecto de renovação e redescoberta nos últimos tempos. Com afecto vos saúdo a todos, e de modo especial às Irmandades vindas das mais diversas partes do mundo. Obrigado pela vossa presença e pelo vosso testemunho!

No Evangelho, ouvimos uma passagem tirada dos discursos de despedida de Jesus, referidos pelo evangelista João no contexto da Última Ceia. Jesus confia aos apóstolos seus últimos pensamentos, como se fosse um testamento espiritual, antes de os deixar. O texto de hoje põe em evidência que toda a fé cristã está centrada no relacionamento com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Quem ama o Senhor Jesus, no seu íntimo acolhe a Ele e ao Pai e, graças ao Espírito Santo, acolhe no seu próprio coração e na vida pessoal o Evangelho. Indica-se aqui o centro do qual tudo deve partir e ao qual tudo deve conduzir: amar a Deus, ser discípulos de Cristo, vivendo o Evangelho. Ao dirigir-se a vós, Bento XVI usou esta palavra: evangelicidade. Queridas Irmandades, a piedade popular, de que sois uma importante manifestação, é um tesouro que a Igreja tem e que os bispos latino-americanos, significativamente, definiram como uma espiritualidade, uma mística, que é um «espaço de encontro com Jesus Cristo». Bebei sempre em Cristo, fonte inesgotável; reforçai a vossa fé, tendo a peito a formação espiritual, a oração pessoal e comunitária, a liturgia. Ao longo dos séculos, as Irmandades têm sido uma forja de santidade para muitas pessoas, que viveram com simplicidade uma relação intensa com o Senhor. Caminhai decididamente para a santidade; não vos contenteis com uma vida cristã medíocre, mas a vossa pertença sirva de estímulo, a começar por vós mesmos, para amar mais a Jesus Cristo.


Também a passagem que ouvimos dos Actos dos Apóstolos nos fala do que é essencial. Na Igreja nascente, houve imediatamente necessidade de discernir o que era essencial, e o que não o era, para uma pessoa ser cristã, para seguir Cristo. Os apóstolos e os demais anciãos fizeram uma reunião importante em Jerusalém, o primeiro «concílio», sobre este tema, devido aos problemas que surgiram depois que o Evangelho havia sido pregado aos pagãos, aos não judeus. Tratou-se de uma ocasião providencial para compreender melhor o que é essencial: acreditar em Jesus Cristo morto e ressuscitado pelos nossos pecados e amarmo-nos como Ele nos amou. Notai, porém, como as dificuldades foram superadas, não fora, mas dentro da Igreja. E aqui está um segundo elemento que gostaria de vos assinalar, como fez Bento XVI: a eclesialidade. A piedade popular é uma estrada que leva ao essencial, se for vivida na Igreja em profunda comunhão com os vossos Pastores. Amados irmãos e irmãs, a Igreja ama-vos! Sede uma presença activa na comunidade: células vivas, pedras vivas. Os bispos latino-americanos escreveram que a piedade popular, de que sois expressão, é «uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja» (Documento de Aparecida, 264). Isto é importante! Uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se sentir parte da Igreja. Amai a Igreja! Deixai-vos guiar por ela! Nas paróquias, nas dioceses, sede um verdadeiro pulmão de fé e de vida cristã, uma aragem fresca! Nesta Praça [de São Pedro], vejo uma grande variedade, antes, de guarda-chuvas e, agora, de cores e de sinais. Assim é a Igreja: uma grande riqueza e variedade de expressões em que tudo é reconduzido à unidade; a variedade reconduzida à unidade e a unidade é o encontro com Cristo.

Gostaria de acrescentar uma terceira palavra, que vos deve caracterizar: missionariedade. Vós tendes a missão específica e importante de manter viva a relação entre a fé e as culturas dos povos a que pertenceis, e fazei-lo através da piedade popular. Quando, por exemplo, levais em procissão o Crucifixo com tanta veneração e amor ao Senhor, não cumpris um mero acto exterior; mas indicais a centralidade do mistério pascal do Senhor, da sua Paixão, Morte e Ressurreição, que nos redimiu, e indicais, primeiramente a vós próprios e depois à comunidade, que é preciso seguir Cristo ao longo do caminho concreto da vida para que nos transforme. De igual modo, quando manifestais uma profunda devoção pela Virgem Maria, apontais a mais alta realização de existência cristã: Aquela que, pela sua fé e obediência à vontade de Deus e também pela sua meditação da Palavra e das acções de Jesus, é a discípula perfeita do Senhor (cf. Lumen gentium, 53). Esta fé, que nasce da escuta da Palavra de Deus, manifestai-la em formas que envolvem os sentidos, os sentimentos, os símbolos das diferentes culturas… E, deste modo, ajudais a transmiti-la ao povo, e especialmente às pessoas simples, àqueles que Jesus chama no Evangelho «os pequeninos». Na realidade, «o caminhar juntos para os santuários e o participar em outras manifestações da piedade popular, levando também os filhos ou convidando a outras pessoas, é em si mesmo um gesto evangelizador» (Documento de Aparecida, 264). Quando ides aos santuários, quando levais a família, os vossos filhos, estais precisamente a fazer uma acção de evangelização. É preciso continuar a fazê-lo! Sede também vós verdadeiros evangelizadores! As vossas iniciativas sejam «pontes», estradas que levem a Cristo a fim de caminhardes com Ele. E, neste espírito, permanecei sempre atentos à caridade. Cada cristão e cada comunidade é missionária na medida em que transmite e vive o Evangelho e testemunha o amor de Deus por todos, especialmente por quem se encontra em dificuldade. Sede missionários do amor e da ternura de Deus! Sede missionários da misericórdia de Deus, que sempre nos perdoa, sempre espera por nós e nos ama tanto!

Evangelicidade, eclesialidade, missionariedade. Três palavras! Não as esqueçais! Evangelicidade, eclesialidade, missionariedade. Peçamos ao Senhor que oriente sempre a nossa mente e o nosso coração para Ele, como pedras vivas da Igreja, para que cada uma das nossas actividades e toda a nossa vida cristã sejam um luminoso testemunho da sua misericórdia e do seu amor. E assim caminharemos para a meta da nossa peregrinação terrena, para aquele santuário belíssimo, para a Jerusalém do Céu. Lá já não há templo algum: o próprio Deus e o Cordeiro são o seu templo; e a luz do sol e da lua cedem o lugar à glória do Altíssimo. Assim seja.

Poder de Maria Santíssima para nos defender nas tentações.



Inimicitias ponam inter te et mulierem ... Ipasa conteret caput tuum – “Porei inimizade entre ti e a mulher... Ela te esmagará a cabeça” (Gen. 3,15).

Sumário. Com muita razão a Santíssima Virgem é comparada a um posto em ordem de batalha, porque ela sabe ordenar o seu poder e a sua misericórdia para confusão dos inimigos infernais e benefício dos seus devotos. Felizes de nós, se nas tentações recorrermos sempre a esta divina Mãe, invocando o seu doce nome juntamente com o de Jesus. O obséquio mais agradável a Maria é: recomendarmo-nos muitas vezes a ela e metermo-nos debaixo da sua proteção: Sub tuum praesidium confugimos, sancta Dei Genitrix – “Sob tua proteção nos refugiamos, ó santa Mãe de Deus!

I. Maria Santíssima não é só Rainha do céu e dos Santos, mas também do inferno e dos demônios, por tê-los vencido intrepidamente com as suas virtudes. Todos os Santos Padres concordam em dizer que a Bem-aventurada Virgem é aquela mulher poderosa, prometida por Deus desde o princípio do mundo, a qual, juntamente com o Filho, deveria estar em perpétua inimizade com a serpente infernal e, a seu tempo, havia de lhe esmagar a cabeça, abatendo-lhe o orgulho. Por isso Lúcifer se vê constrangido a ficar prostrado debaixo dos pés de Maria. – O espírito maligno, para vingar a sua derrota, vira toda a sua sanha contra os devotos da divina Mãe; esta, porém, não permite que lhes cause o menor dano.


Maria foi figurada na coluna, ora de nuvem, ora de fogo, que guiava o povo escolhido para a terra prometida (1). A coluna representava os dois ofícios que a Virgem exercita continuamente para o nosso bem. Como nuvem, ela nos protege do ardor da divina justiça, e como fogo, nos defende dos demônios. Assim como os homens caem na terra quando um raio do céu lhes parece cair sobre eles, assim caem abatidos os espíritos rebeldes só ao ouvirem o nome de Maria.

Pela mesma razão a Virgem é chamada pelo divino Esposo terrível contra o poder do inferno: como um exército bem ordenado: Terribilis ut castrorum acies ordinata (2). Ela sabe ordenar bem o seu poder, a sua misericórdia e os seus rogos para confusão dos inimigos e benefício dos seus servos, que nas tentações invocam o seu poderosíssimo socorro. Como foi revelado a Santa Brígida, o orgulhoso Lúcifer antes queria que se lhe multiplicassem as penas do que ver-se dominado pelo poder de uma mulher. Feliz, pois, aquele que nas lutas com o inferno recorre sempre à divina Mãe e invoca o belo nome de Maria.

II. Habitua-te à bela prática de invocar sempre os nomes santíssimos de Jesus e Maria em todas as tuas necessidades, nos perigos de ofenderes a Deus e especialmente nas tentações contra a pureza (3). Digo que entre todos os obséquios que possamos prestar à Santíssima Virgem, nenhum agrada tanto a nossa Mãe como o recorrermos freqüentemente à sua intercessão e colocarmo-nos debaixo da sua poderosa proteção: Sub tuum praesidium confugimos, sancta Dei Genitrix – “Sob a tua proteção nos refugiamos, santa Mãe de Deus”.

Eis aqui a vossos pés, ó Maria, minha esperança, este pobre pecador, que tantas vezes por sua culpa se fez escravo do inferno. Reconheço que me deixei vencer pelos demônios, porque não recorri a vós, meu refúgio. Se eu tivesse recorrido sempre a vós, e vos tivesse invocado, nunca teria caído. Espero, Senhora minha amabilíssima, que por vosso intermédio já estou livre das mãos do demônio e que Deus me perdoou. Mas temo que no futuro venha a cair de novo no cativeiro do inferno. Sei que meus inimigos ainda não perderam a esperança de me tornar a vencer. Já me preparam nossos assaltos e novas tentações. Ah! Minha Rainha e meu refúgio, ajudai-me metei-me debaixo de vosso manto; não permitais que torne a ser escravo dos demônios.

Sei que vos me ajudareis e me fareis vitorioso, sempre que eu vos invocar. É este, porém, o meu receio, receio de que nas tentações eu me esqueça de chamar por vós. Eis, portanto, a graça que vos peço e de vós espero, oh Virgem Santíssima, que eu me lembre sempre de vós, especialmente quanto estiver em luta com o demônio. Fazei com que então não deixe de vos invocar freqüentemente, dizendo: Maria, ajudai-me, ajudai-me, Maria! – E quando chegar finalmente o dia da minha última contenda com o inferno, na hora da minha morte, ah, Senhora e Rainha, assisti-me então muito mais e lembrai-me de vos invocar então com mais frequência, com os lábios ou com o coração, afim de que, com o vosso dulcíssimo nome e com o de vosso Filho Jesus na boca, possa ir bendizer-vos e louvar-vos, para nunca mais me apartar dos vossos pés por toda a eternidade, lá no paraíso. (*I 69.)

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1. Ex. 13, 21.
2. Cant. 6, 3.
3. Indulg. de 25 dias cada vez que se invoca devotamente o santíssimo nome de Jesus, e outros tantos pela devota invocação do nome de Maria.
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Fonte: LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 88 - 91.
Disponível em: São Pio V

A Igreja e os “Padres Beto” – Apologética da Ortodoxia e da Sã Doutrina Católica.



Foi com uma mistura de pesar a alívio que eu li a declaração sobre a resignação e subsequente excomungação do controverso Padre Beto, agora já não mais Padre, não mais católico, apenas Beto.

Pesar, porque é triste que um sacerdote da Santa Igreja, seja ele quem for, sinta-se impossibilitado de cumprir seus votos à Deus de ministrar ao Seu povo na condição de servo e sacerdote e por isso, decida abandonar sua vocação. Como o próprio “Padre. Beto” argumenta,  o sacerdócio católico é, de certa forma, para sempre e irrevogável, pois tal e qual o testemunho do Antigo Testamento, a fé Católica é, de fato, o cumprimento do Judaísmo bíblico em Cristo, e sendo assim, não poderia ser diferente. O sacerdócio judeu era vitalício e o Católico assim se intenciona ser.  Alívio, porque a última coisa de que a Igreja precisa é que a desobediência, o subjetivismo e relativismo sejam instituídos em seu próprio seio e nesse sentido, a resignação e subsequente excomungação do referido Padre seja, talvez, uma benção do alto.

Infelizmente,  o mundo secularizado parece difundir – cada vez mais agressivamente – uma visão neo-liberal, quase anárquica, que parece favorecer tudo aquilo que, não muito tempo atrás, era dissaborido até mesmo pelos mais progressistas. Sendo assim, dentro da própria Igreja há aqueles que não apenas passaram a tolerar e aceitar quase que cegamente a desobediência, o subjetivismo e o relativismo teológico e moral, mas os apoiam apaixonadamente. Quem duvida que faça uma breve visita ao FaceBook do ex-católico e ex-padre “Beto” e veja com os próprios olhos as centenas, talvez milhares, de mensagens de apoio de “católicos” deixadas no seu mural.

Esse relativismo intolerante, infligido justamente por aqueles que pregam a tolerância é, lastimavelmente,  muitas vezes agravado pela complacência daqueles em posição de autoridade, mas principalmente pela falta de zelo, reverência e ortodoxia dos leigos em geral, que  parecem ter sistematicamente adotado posturas seculares de duas formas bastante evidentes:  (i) ao engolir tudo o que lhes é posto garganta abaixo em nome da tolerância e dos “direitos humanos” (ii)  e ao presumirem que a Igreja, enquanto Mãe e formadora da Fé Cristã, deva limitar-se a ser apenas uma cópia miniatura ou consequência acidental da sociedade “real” , submetendo-se, portanto, às imposições da cultura, dos “avanços” da ciência – Alguém gostaria de uma clonagem humana, hoje? – dos “avanços” legais em forma de leis que garantem o “direito” à eutanásia, aborto, união homossexual, etc.

Um golpe bem aplicado.



Eu caí no conto de vigário! Foi um golpe bem bolado!

Para que outros não sejam também tapeados, vou narrar o que me aconteceu:

No dia l2 de abril, recebi um telefonema do Sr. Miguel, esposo Dona Cleuza, coordenadora de pastoral de uma das paróquias de Umuarama. Não me lembrei deles, mas não dei importância, pois achei que o interessava era o que ele pedia:

O jovem João Paulo, de 17 anos, morador de um sítio entre Umuarama e Perobal (20 km), estava numa região onde não havia capela, mas ele reunia os vizinhos para rezar o terço, fazer culto, etc. Ele achava até que o moço fosse um vocacionado.

Pois bem, os pais do rapaz, viajaram para Campinas e lá perto sofreram um grave acidente; o pai morreu e a mãe estava hospitalizada. Queria saber se eu poderia receber o jovem e conversar com ele para ajudá-lo a superar esta situação tão triste.

À tarde, o moço telefonou. Uma voz muito agradável, simples, humilde, dizendo que o Sr. Miguel havia lhe avisado que eu queria conversar com ele. Pediu desculpas porque tinha conseguido uma passagem para Campinas para assistir sua mãe; e quando voltasse me procuraria.

No dia 15, pela manhã, ele me telefonou de Campinas comunicando que sua mãe havia falecido e que queria trazer o corpo para ser enterrado aqui, junto com os avós, como ela havia pedido. Perguntei onde tinha sido enterrado o pai e ele disse que foi em Campinas porque os parentes dele moravam lá. Necessitava de R$1.215,00 para completar as despesas do translado.


Disse ter um conhecido, de Jacarezinho-PR, que estava lá em Campinas e tinha conta na Caixa Econômica Federal: Ag. 0391, c/poupança, opção 013, n. 72500-4. Como não sabia se acarretaria despesas pediu par mandar R$5,00 a mais. Se eu pudesse enviar até o meio dia, ele já iria providenciar a liberação do corpo.

Quando eu estava indo para a Cx. Econômica, imaginei que podia ser um golpe. Mas não tendo como me comunicar nem com ele nem co o Sr. Miguel, porque este estava junto com sua mulher participando de um retiro, resolvi enviar R$l.230,00, pois tinha prometido, e podia, sendo verdade, causar transtornos para o jovem.

Ele propôs até que eu fosse ao sítio deles pegar o trator como garantia, que era a única coisa de valor maior que possuíam, e que na sexta-feira, dia 19 ele viria na minha casa para acertar. Mas hoje já é dia 24 e nem noticias do João Paulo.

PEDIRIA AO Sr. Bispo de Jacarezinho, se for possível, encontrar o homem em cuja conta eu depositei o dinheiro. O nome dele é Rodrigo Baptista Souza, o Caixa verificou e isto é certo, o dono da conta acima é da Ag.0391 – Jacarezinho.

Levado pelo desejo de ajudar pastoralmente esse jovem, deixei-me iludir pela história tão bem arquitetada. Espero que não enganem outros Bispos e Padres!


Dom José Maria Maimone
Bispo Emérito de Umuarama (PR)

Eis a tua Mãe!



Cremos firmemente com a fé da Igreja que Santa Maria, por ser a Mãe de Cristo-Cabeça, é também Mãe de cada um dos membros de Seu Corpo místico, ou seja, de cada um dos filhos e filhas da Igreja. Maria, na ordem espiritual, é verdadeiramente tua Mãe.

Esta maternidade espiritual foi explicitada por Cristo na Cruz, quando, referindo-se a João, disse a Maria: “Mulher, eis teu filho”, e referindo-se a Maria, disse a João: “eis tua mãe”[1]. A Igreja sempre afirmou que aquelas palavras de Cristo transcendem a própria pessoa de João, e que nele nós, todos os discípulos, estamos representados. Por isso, aquela realidade profunda e a vontade expressada por Cristo em um momento tão solene devem ser acolhidas por nós como um testamento espiritual, para atuarmos como o apóstolo João, em obediência amorosa a seu Mestre: “e a partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa”[2].


Nossa aspiração e vocação: configurarmo-nos com Cristo, o Filho de Maria.

A meta em nossa vida cristã é nos configurarmos com o Senhor Jesus, Filho de Deus e de Santa Maria. Em Cristo, Deus se fez homem, por obra do Espírito Santo, para nos elevar a nossa verdadeira grandeza e dignidade humana, mais ainda, para nos fazer partícipes de sua própria natureza divina[3]. Ele é o modelo de plena humanidade. Ser santo, ser santa, é chegar a ser verdadeira e plenamente homem, verdadeira e plenamente mulher, à medida que nos assemelhamos cada vez mais a Jesus, à medida que crescemos até alcançar sua própria estatura, à medida que Ele vive em nós[4].

Configurarmo-nos com Cristo implica viver como Ele viveu: “Aquele que diz que permanece Nele deve também andar como Ele andou”[5]. Não se pode crer em Jesus Cristo sem ser seu discípulo. Aquele que crê em Jesus compreende que Ele é “o Caminho, a Verdade e a Vida”[6]. Portanto sente-se impulsionado a percorrer esse Caminho para deixar-se transformar pela Verdade que Ele revela, a fim de alcançar e participar da Vida que é Ele mesmo por ação do Espírito Santo. O verdadeiro crente em Cristo luta e se esforça dia a dia para abrir seu coração à ação da graça divina, para adquirir os mesmos pensamentos e os mesmos sentimentos de Cristo, para atuar na vida cotidiana como Ele o faria. È um processo no qual a graça de Deus com nossa ativa colaboração vai tornando-nos semelhantes a Cristo.

Então, esta configuração com Jesus é “mais que uma imitação, trata-se de uma transformação, de uma conversão total, já que Jesus não é somente um modelo para imitar, mas o princípio de vida interior”[7]. Este processo, obra do Espírito Santo em nós, não é possível se não nos aproximamos do Senhor Jesus, se não O conhecemos, se não cremos Nele, se não O amamos e permanecemos em Seu amor.

Configurarmo-nos com Cristo pela Piedade filial

À medida que cresce nossa fé e amor a Cristo, “mais vamos descobrindo Maria, o que Ela é para Ele e, com isso, o que deve ser para nós e para todo o Povo de Deus”[8]. Santa Maria é Mãe amada de Jesus e também Mãe nossa, na ordem espiritual. Esta realidade da maternidade espiritual de Maria, assim como o amor que lhe temos por ser Mãe de Jesus e nossa, plasmou-se para os membros do MVC em um caminho espiritual e em um dinamismo apostólico.

Um caminho espiritual

A piedade mariana ou amor a Santa Maria converte-se para nós, seu filhos, em um caminho espiritual: a piedade filial. Ao dizer caminho espiritual queremos dizer que é um caminho pelo qual o Espírito divino vai obrando em nós uma transformação interior, profunda, real, no sentido de adquirir a semelhança plena com Cristo, pelo amor. Como assinalamos, embora em decidida cooperação com a graça ─ temos que colocar tudo quanto está ao nosso alcance ─, apenas nossas forças ou empenhos são absolutamente insuficientes para conseguir adquirir a semelhança com o Senhor Jesus. É sobretudo a ação do Espírito que realiza essa transformação interior que atua naqueles que a partir de sua pequenez cooperam com sua força e graça. É o Espírito divino o que nos conforma com Jesus.

Podemos nos perguntar agora: como o amor a Maria se converte em um caminho espiritual? Cremos, pelo testamento que Jesus nos deixou no Altar da Cruz, que neste processo de cooperação com o Espírito divino, a intensa vivência da piedade ou amor filial a Santa Maria é o meio privilegiado para avançar rumo à plena configuração com o Senhor Jesus. Amar Maria como o Senhor Jesus a amou é o caminho concreto para amar mais a Cristo e deixar-nos amorizar totalmente, ou seja, para deixar-nos transformar pelo amor divino ao ponto de chegar a amar com os mesmos amores de Jesus.

Por Cristo a Maria, e por Maria mais plenamente ao Senhor Jesus

Para amar Maria como seu Filho a amou evidentemente temos que amar Jesus em primeiro lugar. Quem aprende a amar Jesus deixa-se contagiar ou inflamar pelos mesmos amores que descobre arderem seu Coração: amor ao Pai no Espírito; amor a Santa Maria, sua Mãe; e amor a todos os seres humanos. Se amo Jesus, não é apropriado procurar amar tudo o que Ele amou e na mesma medida com que Ele amou? Não devemos, portanto, amar a Deus sobre tudo, ao próximo como Ele nos amou, e amar também a Maria como Ele a amou? Sim, isso é o que Jesus nos convida do alto da Cruz: a amar sua Mãe como Ele a amou, porque é sua Mãe e porque também é nossa Mãe: “eis tua mãe”.

Ao amar Maria como Jesus a amou, ao entrar em seu coração de Mãe e de discípula exemplar, descobrimos que seu Coração arde em um amor a Jesus incomparável, não somente por ser seu Filho, mas por ser Deus mesmo que em suas entranhas virginais se fez homem. Seu Coração está cheio de amor a Jesus, e é na escola de seu Imaculado Coração onde Ela nos ensina como amar seu Filho, como amá-lo mais, como amá-lo como somente Ela soube amá-lo, com um amor puro e fiel que se faz obediência a sua palavra, a seus ensinamentos, que se faz vida cristã no cotidiano: “fazei o que Ele vos disser”[9].

Deste modo o amor a Maria converte-se em um caminho espiritual, ou seja, em um caminho de crescimento em nossa configuração com Cristo: crescemos em nosso amor a Jesus Cristo, um amor que nos leva a conhecer mais e melhor Jesus, a reconhecê-lO como Senhor e a amá-lO com um amor que nos leva a pensar e atuar como Ele nos ensinou.

Um dinamismo apostólico

O apostolado é corolário da maternidade espiritual de Maria, ou seja, umaconsequência direta de seu ser Mãe. O Senhor Jesus, ao proclamar Maria Mãe dos discípulos, confia a ela uma missão particular: dar à luz Jesus nos corações humanos, procurar que a vida nova de Cristo seja acolhida, cresça, se fortaleça em cada um de seus filhos e filhas, educá-los para que se assemelhem cada vez mais ao divino Modelo, seu Filho Jesus Cristo.

Em obediência ao testamento de seu Filho, Santa Maria, ao mesmo tempo em que intercede incansavelmente por nós, busca nos educar, sob sua guia maternal, para viver nas coordenadas de seu amor a Jesus e para responder em tudo ao Plano divino. Caminhando em sua companhia aprendemos a viver em plenitude a vida cristã buscando converter, como Ela, nossa vida em uma liturgia contínua.

Essa é a missão de nossa Mãe, missão na qual nós, seus filhos e filhas, estamos chamados a cooperar com amor filial. Seguir o caminho da piedade filial configurante, ao mesmo tempo em que nos transforma interiormente, nos leva necessariamente ao anúncio do Evangelho nas diversas realidades humanas, a estarmos sempre dispostos a participar e cooperar infatigavelmente na missão evangelizadora da Igreja, para que o Evangelho de Jesus Cristo siga sendo proclamado a todos e transforme quanto esteja “em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio de salvação”[10].

Perguntas para o diálogo

Em obediência ao Testamento do Senhor na Cruz, faço da piedade filial a Maria meu caminho de conformação com Jesus?

Procuro amar Maria tanto como seu Filho a amou? Como posso alimentar mais meu amor filial à Virgem Maria?

Olho Santa Maria para aprender com suas lições maternais? Seu Imaculado Coração é um contínuo referencial para mim? Busco que meu amor ao Senhor arda como arde o seu? Em meio a uma cultura tão sexualizada e hedonista, procuro cuidar do meu coração rodeando-o com as rosas brancas de pureza, para que não se esvaia meu amor a Deus? Aceito com paciência e firmeza a espada da dor, que traz consigo a fidelidade ao Senhor e a seu Evangelho?

Passagens bíblicas para oração

Jesus nos entrega Maria como mãe: Jo 19, 25-27.
A resposta do discípulo: Jo 19, 25.
Maria nos leva mais plenamente ao Senhor Jesus: Jo 2,5.
À plena configuração com Cristo: Ef 4,13; ver Gal 2, 20.
Mãe de Jesus e nossa, nos ensina com seu exemplo a obediência a Deus e a seus mandamentos: Lc 11, 27-28Mt 7, 21Tg 1,25.
Como Mãe, intercede por nossas necessidades: Jo 2,3.

INTERIORIZANDO

Lemos no livro “Movimento de Vida Cristã. O que é?”: «O MVC impulsiona seus membros a voltar o olhar e o coração a Maria para pedir-lhe que, como nas Bodas de Caná, interceda por nós e nos guie, auxilie e ensine a ser como seu Filho Jesus. Sua maternal presença convida a uma resposta de amor, de amor filial. Por isso, no MVC aspira-se amá-la como a amou seu divino Filho. O amor filial a Santa Maria nasce do Testamento da Caridade ao pé da Cruz. Cada qual acolhe no próprio coração o convite que faz o Senhorem São João: “Eis tua mãe”. E como o discípulo amado, aceita o convite e chamando-a Mãe, a reconhece com vivificante confiança como auxílio, intercessora, guia, consolo e educadora da fé.»

Como respondo ao convite que o Senhor me faz na Cruz: “eis tua mãe”? Como acolho Maria em minha casa, em meu coração?

Volto meu olhar e coração cada dia a Maria, para encontrar nela: guia, exemplo, alento, intercessão, auxílio, consolo, especialmente nos momentos difíceis, de tentação, de incerteza, de cansaço ou desolação, de fragilidade em minha fé?

«Não se pode travar uma relação profunda com quem não se conhece, muito menos se poderá amar a quem não se conhece; e se conhece bem a Maria através do Coração de Jesus. Conhecer e amar a Mãe como o Filho a amou, com o mesmo amor do Filho, essa é a meta de quem anseia viver no estado de Jesus, Filho de Maria. »

Com a consciência da enorme importância que a piedade filial mariana tem em meu caminho espiritual, e com os olhos postos no horizonte da plena conformação com Cristo, me renovo cada dia no desejo de amar a Maria tanto como o Senhor Jesus a amou?

Procuro crescer em meu amor a Maria conhecendo-a mais mediante a leitura contínua?
«Maria tem uma função dinâmica na vida da Igreja e de cada crente. Ela segue acompanhando-nos no peregrinar terreno e, cumprindo com o mandamento do Senhor na Cruz, atua maternalmente na vida da Igreja intercedendo por seus filhos, ajudando-os a caminhar até o encontro pleno com Jesus. Por isso a chamamos Mãe da vida cristã. »

- O que significa que Maria tem uma função dinâmica na vida da Igreja e em tua vida?
- O que quer dizer que nosso apostolado é um corolário de sua maternidade espiritual?


[1] Jo 19, 26s
[2] Jo 19, 27
[3] Ver 2 Pe 1,4
[4] Ver Gal 2, 20
[5] 1 Jo 2,6
[6] Jo 14,16
[7] Luis Fernando Figari, Em Companhia de Maria, Vida y Espiritualidad, Lima, 1995, p.11
[8] Ali mesmo, p.10.
[9] Jo 2,5.
[10] Evangelii nuntiandi, 19.
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Fonte: Guia de Blogs Católicos.