sábado, 29 de junho de 2013

São Pedro e o Papa Francisco


Neste* final de semana, junto com a festa dos apóstolos Pedro e Paulo, a Igreja comemora o Dia do Papa. É o dia para recordar os feitos dos dois maiores pilares da Igreja primitiva que foram São Pedro e São Paulo. “Pedro, o primeiro a proclamar a fé fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da Salvação. Por diferentes meios, os dois congregaram a única família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, por toda a terra, igual veneração” (Prefácio da Missa).


Antes mesmo da morte e ressurreição de Jesus Cristo, conforme nos atestam as Sagradas Escrituras, Pedro se tornou referência para os outros apóstolos e seguidores do filho de José e Maria. Ao professar que Jesus é “o Messias, o Filho do Deus vivo”, ele foi consagrado como a pedra sobre a qual iria se edificar a Igreja (Mt 16,18). Depois da ascensão de Jesus ao céu, aprofundou a sua influência sobre o grupo dos cristãos, chegando a ser o primeiro bispo de Roma. E ao ser martirizado, a referência de unidade do cristianismo ocidental continuou a ser o bispo de Roma, na pessoa de Lino e dos que o sucederam até a chegada de Dom Mário Bergoglio, o atual Papa Francisco.

O Papa não pode ser adorado e nem precisa ser venerado. Ele precisa, sim, ser respeitado e escutado em suas alocuções e em seus ensinamentos. Como os demais seres humanos, ele também tem suas fraquezas e seus pecados. Acreditamos, porém, que ele é iluminado pelo Espírito Santo para conduzir a Igreja pelos caminhos da luz e da verdade, para que “o poder do inferno nunca consiga vencê-la”.

O Papa Francisco possivelmente não é o maior teólogo da atualidade. Também não foi o mais indicado candidato a Papa pelos analistas no conclave que o elegeu no dia 13 de março. É, porém, assim o entendo eu, o perfil perfeito de Papa que o mundo está precisando. Um Papa sensível aos problemas das pessoas e comprometido com a construção de uma sociedade justa e solidária. Um Papa que assume abertamente a defesa da vida desde a concepção até a morte natural, mesmo que isto lhe custe perseguições.

Com palavras simples, diante da sua iminente chegada ao Brasil na Jornada Mundial da Juventude, aproveitou a homilia do Domingo de Ramos para alertar os jovens a dizerem ao mundo que “é bom seguir Jesus; é bom andar com Jesus; é boa a mensagem de Jesus; é bom sair de nós mesmos para levar Jesus às periferias do mundo e da existência”.


Oremos pelo nosso Papa Francisco e permaneçamos unidos a Ele. Assim teremos a garantia de sermos uma Igreja unida e em sintonia com o ensinamento dos Apóstolos Pedro e Paulo.


Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul
___________________________
*Em vez de "No próximo", substituído por nós.

À Presidência da CNBB: Nota sobre uniões estáveis de pessoas do mesmo sexo.



À Presidência da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil

Assunto: Nota sobre uniões estáveis de pessoas do mesmo sexo.

Excelentíssimos e Eminentíssimos Senhores

Dom José Belisário da Silva
Presidente da CNBB em exercício

Dom Sergio Arthur Braschi
Vice-Presidente da CNBB em exercício

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Secretário Geral da CNBB


1. Diante da “Nota sobre uniões estáveis depessoas do mesmo sexo”[1], publicada em 16 de maio de 2013, uno-me a Vossas Excelências Reverendíssimas no repúdio à Resolução n.º 175/2013 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre a “habilitação, celebração de casamento civil, ou de conversão de união estável em casamento, entre pessoas de mesmo sexo”. Sem dúvida, como bem recordou a Nota, “a diferença sexual é originária e não mero produto de uma opção cultural”. A resolução do CNJ é mais um dos frutos da perniciosa ideologia de gênero, que tende a destruir a família natural.

2. No entanto, segundo meu parecer, a Nota poderia ter sido mais precisa do ponto de vista terminológico, a fim de evitar ambiguidades e perplexidades nos leitores. Permitam-me Vossas Excelências Reverendíssimas que lhes exponha humildemente minhas observações ao texto.

3. Logo no primeiro parágrafo, diz a Nota: “Desejamos também recordar nossa rejeição à grave discriminação contra pessoas devido à sua orientação sexual...”. A Santa Sé tem evitado sistematicamente usar o termo “orientação sexual”, tão caro à ideologia de gênero. Com efeito, o homossexualismo – dado o seu caráter antinatural – não é uma “orientação”, mas uma desorientação sexual. Quanto à discriminação contra as pessoas homossexuais, o Catecismo da Igreja Católica condena-a, mas acrescenta um importante adjetivo, que não foi reproduzido na Nota: “Evitar-se-á para com eles [os homossexuais] todo sinal de discriminação injusta” (Catecismo, n. 2358). Ao usar ao adjetivo “injusta”, o Catecismo dá a entender que existem discriminações justas para com os homossexuais. E de fato há. Uma delas é a proibição de se aproximarem da Sagrada Comunhão (o que vale para qualquer pessoa em pecado grave). Outra delas é o impedimento de ingressarem em Seminários ou Institutos Religiosos. Um terceiro exemplo seria o de uma mãe de família que demite a babá que cuida de seus filhos, ao constatar que ela é lésbica... Considerar que toda discriminação aos homossexuais é injusta seria dar direitos ao vício contra a natureza.


4. A Nota, com razão, condena a equiparação das uniões de pessoas do mesmo sexo ao casamento ou à família. No entanto, parece admitir que tais uniões pudessem gozar de algum direito civil, excluída tal equiparação: “Certos direitos são garantidos às pessoas comprometidas por tais uniões, como já é previsto no caso da união civil”. Ora, o Magistério da Igreja tem condenado não só a equiparação de tais uniões ao matrimônio, mas qualquer reconhecimento jurídico de tais uniões:

Em relação aos recentes intentos legislativos de equiparar família e uniões de fato, inclusive homossexuais (convém levar em conta que seu reconhecimento jurídico é o primeiro passo rumo à equiparação), é preciso recordar aos parlamentares a sua grave responsabilidades de opor-se a isto...[2]

Em presença do reconhecimento legal das uniões homossexuais ou da equiparação legal das mesmas ao matrimônio, com acesso aos direitos próprios deste último, é um dever opor-se-lhe de modo claro e incisivo. [3]

Se todos os fiéis são obrigados a opor-se ao reconhecimento legal das uniões homossexuais, os políticos católicos são-no de modo especial, na linha da responsabilidade que lhes é própria[4].

5. No caso em tela, teria sido oportuno ressaltar – como aliás já fez a CNBB em outra ocasião – que a Igreja se opõe não só ao matrimônio, mas também ao simples reconhecimento da “união estável” de pessoas do mesmo sexo, especialmente quando isso se fez não por lei, mas por uma decisão arbitrária do Supremo Tribunal Federal (ADI 4277; ADPF 132) que atribuiu a si o papel de legislador, invadindo competência do Congresso Nacional.

6. Por fim – isto é apenas uma sugestão – seria conveniente sugerir ao Congresso Nacional que, por meio de um decreto legislativo, sustasse as arbitrárias decisões do STJ e do CNJ que extrapolaram sua competência e impuseram ao povo um novo “modelo” de família e matrimônio.

7. Com a reverência devida aos Sucessores dos Apóstolos, peço que Vossas Excelências Reverendíssimas redijam e publiquem uma nova Nota que esclareça os pontos acima apontados.

Desde já agradeço e despeço-me pedindo suas bênçãos.

Of. 002/2013-PVA
Anápolis, 20 de maio de 2013.


Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

Presidente do Pró-Vida de Anápolis.

_________________________________
[1] http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/11998-nota-sobre-unioes-estaveis-de-pessoas-do-mesmo-sexo
[2] CONSELHO PONTIFÍCIO PARA A FAMÍLIA. Família, matrimônio e “uniões de fato”, 21 nov. 200, n. 16. O destaque é meu.
[3] CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais, 3 jun. 2003, n. 5.
[4] CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais, 3 jun. 2003, n. 10.

«Setor Atos Centrais da JMJ» zomba de católicos e convida para atos centrais da Jornada expoentes da degeneração moral dos nossos tempos.


Que Satanás odeia qualquer coisa que se proponha a servir para a maior glória de Deus é uma conclusão teológica da mais alta obviedade. Que ele reserve um especial ódio para a Jornada Mundial da Juventude é coisa da qual já estamos carecas de saber. Que ele conte com servos tão dedicados nos bastidores da organização da JMJ do próximo mês, contudo, é um fato que só agora nós vislumbramos em toda a sua aterradora dimensão.

O site oficial da JMJ revelou o nome dos «artistas» convidados – registre-se, convidados! – para se apresentarem de alguma maneira durante o evento. Os nomes provocam horror e perplexidade; mais ainda, soam como um escárnio dos infernos aos católicos fiéis que se empenham em fazer da JMJ um evento católico e a lutar por Deus e por Sua Santa Igreja em um mundo que Lhes é cada vez mais hostil.

A «Cássia Kiss» (sic) «interpretará Maria Santíssima» na Via Sacra. Não sei quem é esta senhora. Uma rápida busca no Google, no entanto, revela-me uma bonita história protagonizada por ela. É a seguinte:
 
A atriz Cássia Kiss, 39 anos, um aborto, dois filhos, lembra: “As pessoas têm de ter consciência de que o aborto, em qualquer circunstância, é um crime”, afirma. Ela baseia sua opinião em dois fatos de sua vida. Em 1990, alguns anos depois de ter feito o aborto, Cássia Kiss fazia parte do elenco da novela Pantanal, da Rede Manchete. Ela interpretava uma mulher forte, parideira, de nome Maria Marruá. Em uma cena antológica, a personagem dá à luz a menina Juma Marruá. “Fiquei emocionadíssima durante as gravações dessa cena. Logo depois, chorei copiosamente durante quase uma hora. Foi um momento divino. Ali comecei a descobrir o valor da maternidade e da importância de ter um filho”, diz. Numa segunda fase de sua vida, já casada e disposta a ter um filho, engravidou. Mas, com três meses de gravidez, Cássia foi surpreendida por um aborto espontâneo. “Recebi aquilo como um castigo de Deus. Mesmo traumatizada resolvi que iria tentar novamente, quantas vezes fossem necessárias. Hoje eu acho que me recusaria a fazer qualquer exame, pois, mesmo que ficasse comprovado algum problema com o bebê, ainda assim eu levaria a gravidez adiante.”

Colocar num dos papéis mais importantes da Via-Sacra uma mulher que se arrepende de ter feito um aborto é uma escolha que tem o seu quê de louvável. Mais adequado, sem dúvidas, seria se o papel por ela desempenhado fosse o de Santa Maria Madalena arrependida, mas deixemos isso para lá. Afinal, uma atriz famosa que diz em público que «o aborto, em qualquer circunstância, é um crime» e que «levaria a [sua] gravidez adiante» «mesmo que ficasse comprovado algum problema com o bebê» é uma boa escolha para um evento da Igreja que – na contramão do mundo moderno – coloca-Se intransigentemente contra o aborto em qualquer situação.

O mesmo, infelizmente, não pode ser dito de outros dos nomes com os quais a Organização da JMJ nos “presenteou”. Destaco dois: o Luan Santana e a Ana Maria Braga.




O primeiro, além de possuir uma qualidade artística (para dizer o mínimo) questionável, é entre outras coisas o autor da seguinte obra-prima: «Mãos para o alto novinha / Por que porque hoje tu ta presa / Tu tem direito de sentar / Tem direito de gritar / Tem direito de sentar de ficar de rebolar [...] Fica caladinha / Fica caladinha / E desce, desce novinha». Faltam-me palavras para deplorar estaapologia ao estupro de menores que faz – sem corar de vergonha! – o garoto convidado para cantar num evento com a presença do Papa! Isto é um escândalo de proporções incomensuráveis. Será possível que não existe nenhum cantor decente – mesmo de música secular – que pudesse ser convidado pelos organizadores da JMJ? Será realmente que a melhor opção deles era convidar um fulano que enaltece a mais criminosa violência sexual nas letras de suas canções?!


O segundo, o de Ana Maria Braga, pode parecer à primeira vista menos chocante, mas é também escandaloso. Afinal, a apresentadora da Globo é conhecida por receber alegremente em seus programas as maiores aberrações morais, como – por exemplo - a dupla de marmanjos que teve “dupla paternidade” (sic) reconhecida e os “heróis” do Big Brother Brazil chamados a opinar (favoravelmente, é óbvio) sobre o conhecido caso do assassinato de dois gêmeos aqui em Pernambuco; o quê, por tudo o que é mais sagrado, esta senhora está fazendo na Jornada Mundial da Juventude?!

E o site da JMJ ainda tem a cara de pau de dizer que estas escolhas luciferinas foram feitas «na tentativa de representar todos os jovens do mundo». Como assim, “todos os jovens do mundo”? Quem é o jovem católico que pode se sentir minimamente representado por estes arautos do anti-catolicismo, por essas pessoas que encarnam, por seus atos públicos, tudo que é contrário à Igreja e ofensivo ao Deus Todo-Poderoso?Nós não nos sentimos “representados” por esta gente, senhores da organização da JMJ! Muito pelo contrário, nós nos sentimos traídos e humilhados. Nós enfrentamos uma barra enorme para tornar a mensagem da Igreja atrativa para a sociedade contemporânea que A odeia, e os senhores, ao invés de nos ajudarem, fazem questão de chamar para um evento de evangelização de proporções internacionais estes expoentes do anti-catolicismo reinante no mundo moderno.

Se os senhores tivessem um pingo de vergonha na cara e de temor a Deus, poriam de lado todo o respeito humano e cancelariam imediatamente estes convites ignominiosos que emporcalham a Igreja e envergonham os católicos que se esforçam por serem fiéis, fazendo publicamente um mea culpa pela completa falta de bom senso e pelo serviço que, conscientemente ou não, prestaram a Satanás. É um absurdo que as lideranças católicas, aparentemente não satisfeitas com o espaço que o anti-catolicismo detém no mundo moderno,preencham importantes espaços da Jornada Mundial da Juventude com estes luminares das desgraças do mundo moderno que tanto ofendem a Nosso Senhor.


«Os jovens e suas formas de expressão vão ser representados durante as apresentações artísticas nos Atos Centrais da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Rio2013», é o que diz a notícia do site da JMJ. Uma ova. Esta turma não me representa e nem representa nenhum católico sério do mundo. Ao que parece, é Satanás que estará muito bem representado no Rio de Janeiro, durante a visita do Papa. Para vergonha dos católicos brasileiros e desta Terra de Santa Cruz. Ao que parece, Nosso Senhor não pode contar com ninguém para organizar dignamente a recepção do Vigário de Cristo e dos católicos de todo o mundo que virão ao Rio de Janeiro no próximo mês. Com estes organizadores, para quê Cristo precisa de inimigos?
_________________________________

Tu és Pedro!


Hoje celebramos a Solenidade de São Pedro e de São Paulo, colunas da Igreja. É o Dia do Papa, quando todo o mundo católico, reverentemente, pede ao Senhor da Messe e Pastor do Rebanho as luzes necessárias para que o sucessor do Apóstolo Pedro, o Papa Francisco, continue firme apascentando as suas ovelhas e confirmando-as na fé em comunhão com o Colégio Universal dos Bispos.

Neste tempo de tantas contestações com relação à fé, que muitas vezes até querem impedir de exercermos a nossa liberdade cidadã de poder viver como cristãos, celebrar esta festa, que nos recorda esses dois homens de Deus que foram fiéis até o fim, é para nós um consolo e estímulo. Não ter medo de continuamente dar testemunho de Cristo! Eis o exemplo desses nossos mártires que regaram com o seu sangue os inícios da Igreja na cidade de Roma. As duas Basílicas maiores de Pedro e Paulo são para nós um sinal plantado naquele chão que nos chama ainda hoje a não desanimarmos de testemunhar a fé em Cristo.

Ao refletir sobre a visão desses dois apóstolos e lermos seus escritos e conhecermos suas histórias nos faz ver como as intolerâncias quanto aos que creem existem desde longa data. Mas também existem a fortaleza e a luz em nossas vidas, que nos levam a testemunhar Jesus Cristo Ressuscitado.

Ao celebrarmos os Santos Pedro e Paulo queremos também nos unir ao Papa Francisco e à Diocese de Roma, onde essas duas insignes testemunhas de Cristo sofreram o martírio e onde se veneram as suas relíquias. Esta solenidade de Pedro e Paulo nos ajuda a nos unirmos ao Papa, que desempenha um serviço único e indispensável à Igreja universal. É sinal visível da unidade! Um sinal concreto dessa comunhão é a “visita ad limina”: de cinco em cinco anos, quando os bispos do mundo inteiro peregrinam aos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo para manifestar a sua unidade com a Sé de Pedro.

Nosso Senhor Jesus Cristo confiou a Pedro a missão de confirmar os irmãos na fé. O primado confiado a Pedro continua perpetuando nos seus sucessores. São Pedro é o apóstolo a quem Jesus designa um novo nome, Cefas, que quer dizer "Pedra", nome que acabará substituindo o original, Simão. São Pedro foi o primeiro a quem Jesus lavou os pés na Última Ceia. O próprio apóstolo Pedro é consciente desta posição particular que tem: é ele quem fala com frequência, em nome dos demais, pedindo explicações ante uma parábola difícil, ou para perguntar o sentido exato de um preceito ou a promessa formal de uma recompensa.

Vemos também sua intervenção solene no assim chamado Concílio de Jerusalém.

"Haverá uma grande reforma na Cúria. Francisco quer o Vaticano como um lugar onde as pessoas levem à sério o serviço a Cristo e aos outros"


O Cardeal-arcebispo de Sydney, George Pell, um dos oitos Cardeais nomeados como Conselheiro do Papa Francisco, prevê uma “mega reorganização da Cúria Romana” e espera que se encontrem métodos mais eficazes para a seleção de seus membros. Falando ao Vatican Insider, o Cardeal afirmou que “o Papa que temos agora é diferente e está realizando muitas coisas”.

O Cardeal considerou o encontro do Papa Francisco com os motociclistas das Harley Davidson como “emblemático”. “O Papa se sentiu completamente à vontade com eles e os abençoou – observou Pell. É um Papa que compreende a importância dos símbolos. Ele escolheu Francisco como nome. São Francisco de Assis caracterizou-se por muitas coisas, entre as quais um ditado atribuído a ele, em que, dirigindo-se a seus irmãos, disse: ‘Preguem o Evangelho com ações e se necessário, usem as palavras’. Acredito que o Santo Padre entenda muito bem tudo isto e por esta razão o seu estilo de ensino é bastante diferente daquele de Bento XVI. Alguém disse que Bento era um bom professor para os intelectuais, bispos e padres, mas Francisco é muito mais imediato e direto, e fala às pessoas comuns", afirmou.


Sobre a decisão de Papa Francisco em permanecer na Casa Santa Marta, o Cardeal Pell afirmou que ele gosta de companhia e arriscou um palpite: “é a escolha de um homem que não quer ser controlado. E eu sou a favor dos Papas que agem como Papas”
Ao analisar os primeiros cem dias de pontificado, o Cardeal-arcebispo de Sydney mostrou alguma preocupação em relação à saúde de Francisco, especialmente devido ao seu ritmo de trabalho: “Penso que ele deveria cuidar de sua saúde. Não é mais jovem e está trabalhando sem descanso. Obviamente, que é muito forte, mas penso que todos estejam interessados de que ele não exagere, ou melhor, que trabalhe duramente mas de uma forma correlata às suas forças. Francisco está trabalhando num ritmo extraordinário”.
O Papa decidiu passar suas férias de verão no Vaticano. O Cardeal Pell afirmou que gostaria muito que Francisco fosse a Castel Gandolfo, mas “ele é um jesuíta do velho estilo, fez um juramento de pobreza e o está levando muito a sério”. Além disto, o purpurado também atribuiu a não ida de Francisco a Castel Gandolfo, à ida de Bento XVI, que poderá passar uma temporada na Casa de verão dos Papas.

Perguntado se o estilo de vida simples de Francisco faria com que tantos bispos e sacerdotes repensassem seu estilo de vida à luz deste modelo, o Cardeal-arcebispo de Sydney afirmou não ter dúvida quanto a isto: “o estilo de seu pontificado, seus ensinamentos e seu modo de viver, afetam a vida de toda a Igreja. Certamente, o Papa Bergoglio não quer que o Vaticano seja visto como uma corte renascentista ou do século XVIII, mas sim como um lugar onde as pessoas levam a sério o serviço a Cristo e aos outros".

O Cardeal Pell é um dos oito cardeais escolhidos como conselheiro do Papa. Na sua opinião, ao invés de partir de uma grande reorganização da Cúria – que será realizada em grande parte -, deve-se “concentrar em alguns problemas concretos. Por exemplo, deveríamos nos perguntar se o Vaticano tem um número suficiente de transcritores e sobre o número de pessoas com doutorado que passam o tempo transcrevendo. Este é apenas um pequeno exemplo dos problemas práticos que existem hoje.”.


O Cardeal Pell também observou que é necessário melhorar “a disciplina e o aspecto motivacional”. “Eu acho que Francisco fez grandes progressos no que tange ao IOR, mas poder-se-ia fazer muito mais. Para ser mais específico, eu acho que se deveriam realizar inspeções externas a cada ano, como é feito em qualquer lugar no mundo anglo-saxão. Além disso, nas realidades vaticanas que lidam com a comunicação, existe uma falta de coordenação e se gasta muito em determinadas agências. Estes são alguns aspectos práticos que precisamos resolver". (JE)

______________________________________
Fonte: News.VA

Voz da Cidadania


As manifestações populares pelas ruas do Brasil resgataram definitivamente, e de modo espetacular, a voz da cidadania. Numa sociedade democrática, a expressão cidadã é aquela que nunca pode perder o comando. Momento histórico, este resgate está se desdobrando num processo de reavaliação da dinâmica representativa da vontade do povo para a dinâmica participativa. São exemplos incontestáveis: a queda da PEC 37 e a aprovação do projeto que transforma a corrupção em crime hediondo. A voz da cidadania apontou o rumo e a representação do povo operou na direção indicada.

Lamenta-se pesarosamente que este processo de recuperação da cidadania tenha que incluir, embora sem obscurecer o sentido pacífico das manifestações, os atos reprováveis e merecedores de adequada correção disciplinar, pois ferem pessoas, causam mortes e danificam o patrimônio público, comprometendo o bem comum. Trata-se, certamente, da expressão de um ódio provocado por tantas razões - uma delas pode ser exatamente a ausência da justiça. Mas o caminho mais indicado ainda é o amor que unicamente tem a prerrogativa de plenificar o coração humano. A justiça e o amor podem transformar a sociedade num lugar habitável, com dignidade e igualdade de condições para todos os cidadãos. Assim, também, os vandalismos provocados pela corrupção e pelas morosidades das estruturas e funcionamentos na sociedade, que impõem aos cidadãos insuportáveis sacrifícios, devem sofrer as devidas correções.


Neste resgate da voz da cidadania no Brasil, numa pauta que aponta a urgência de mudanças profundas, há de se considerar o lugar histórico e determinante dos jovens. Ao deixar no passado a tímida participação política, a juventude abre novo ciclo, tornando-se protagonista dessa nova etapa da história. Não se pode mais governar em qualquer instituição ou instância, menos ainda representar o povo, sem permanente diálogo. Este processo deve privilegiar os jovens que arrastaram seus pais, familiares e até as crianças para exigir urgência nas mudanças.

Essa transformação social e política inclui cada cidadão e todas as instituições da sociedade, inclusive aquelas de caráter religioso, cultural e artístico. Contudo, particularmente, as manifestações estão exigindo radical mudança no modo como se faz política na sociedade brasileira, especialmente a partidária. Tudo o que envolve o Estado está interpelando mudanças e novas respostas - urgentes e pela inteligência do diálogo. Ora, o dever central da política é promover e garantir a justa ordem da sociedade e do Estado. Caso contrário, como comentou Santo Agostinho, na sua obra Cidade de Deus, o Estado reduzir-se-ia a uma grande banda de ladrões. De fato, a corrupção é o mal maior que precisa ser banido, permitindo, assim, que se criem condições de funcionamento para uma sociedade justa. A voz da cidadania está, entre outros assuntos urgentes, exigindo recomposições significativas no exercício da autoridade política.


Por isso, a urgência da reforma política, como cirurgia no sistema vigente viciado e prejudicial ao bom andamento da sociedade. A voz da cidadania está acelerando a resposta a esta exigência. Trata-se de uma reforma que já poderia estar em curso, ou mesmo concluída. Justiça seja feita à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), junto a outras instituições sérias do País, pelas muitas vezes em que se tentou emplacar a reforma. Os bloqueios e resistências foram sempre volumosos da parte de quem deveria facilitar. É hora de fazer valer que o sujeito da autoridade política é o povo considerado na sua totalidade como detentor da soberania.


Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte

Urgência da reforma política


Do clamor das ruas, emerge com nitidez uma providência, que precisa ser assumida de imediato. Trata-se de efetivar a tão esperada reforma política, que reaproxime Estado e Sociedade, e que possibilite mecanismos de participação popular, para que as demandas do povo possam ter o seu encaminhamento normatizado, de modo claro e prático.

Se a reforma não viabilizar o exercício da democracia direta, o impasse se reproduzirá. O recado mais direto das manifestações populares é a salutar vontade do povo, de participar das decisões que dizem respeito aos interesses de toda a população, sem privilégios e sem exclusões.


O cerne da reforma política a ser efetivada com urgência, e com a força decorrente das demonstrações populares, precisa ter como foco central viabilizar o exercício da democracia direta.

Este exercício é duplamente viável. Em primeiro lugar, porque existem hoje os meios técnicos da aferir a vontade do povo, possibilitando que os cidadãos manifestem suas demandas.

Em segundo lugar, porque o povo expressou sua consciência política  e sua vontade de participar das responsabilidades públicas em vista do bem comum de toda a sociedade.

Portanto, o passo qualitativo a ser dado deve ser o aprimoramento da democracia participativa, para não reincidir nas desgastadas fórmulas da democracia representativa.

E no que se refere à legislação eleitoral, o ponto central é o financiamento das campanhas, que precisa ser bem regulamentado, sobretudo para que o poder econômico não seja o fator determinante dos resultados eleitorais.

A reforma política tem a finalidade de reaproximar o poder político do nascedouro de onde ele procede, que é a cidadania. A Constituição afirma muito claramente que “todo poder emana do povo, e em seu nome é exercido”.  A Sociedade, que delega o poder ao Estado, não pode simplesmente achar que o Estado vai sempre exercer este poder dentro das finalidades que lhe foram atribuídas. Ela precisa sempre sustentar as estruturas, e as motivações, para que o poder seja exercido de acordo com as finalidades que devem regê-lo.

Uma reforma política, portanto, se apresenta claramente com a finalidade de  atingir o âmago da estrutura do poder e a forma de exercê-lo, tendo como critério básico inspirador a participação popular. Trata-se de reaproximar o poder e colocá-lo ao alcance da influência viável e eficaz da cidadania. Em outras palavras, trata-se de tomar providências e medidas práticas, para redemocratizar as relações entre Estado e Sociedade, possibilitando a consecução das finalidades inscritas na Constituição, atendendo ao anseio de aperfeiçoamento e consolidação da democracia, que favoreça  o bem comum de toda a população brasileira.

Será um bom teste de maturidade política chegarmos à aprovação das propostas concretas capazes de traduzir na prática estes princípios.

Para a hipótese de que seja escolhido o caminho do plebiscito, já fará parte do processo democrático a elaboração das questões, claras e objetivas, a serem submetidas à decisão do povo. Seja como for, é preciso traduzir os anseios do povo em medidas concretas, a serem decididas e assumidas responsavelmente por todos.



Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)

Os crimes contra a Igreja Católica


Dentre os primeiros santos canonizados pelo Papa Francisco no dia 12 de maio de 2013, estavam 800 italianos, assassinados por ódio à fé no dia 13 de agosto de 1480, na cidade de Otranto, por otomanos turcos, que invadiram a região e os obrigaram a escolher entre morrer ou abraçar a religião muçulmana.

Matar em nome de Deus” é o absurdo a que podem chegar as religiões. Alicerçadas na “certeza” de possuírem a verdade, julgam-se no direito e no dever de eliminar a quem ousa divergir. Antigamente, talvez fosse possível que o fizessem de reta intenção, se o próprio Jesus chegou a dizer: «Chegará o dia em que, quem vos matar, julgará estar prestando culto a Deus. Mas, quem assim age, o faz porque não conhece o Pai nem a mim» (Jo 16,2-3).  “Antigamente”, porque continuar a fazê-lo hoje é um atestado de ignorância que se dá à humanidade. Infelizmente, é o que acontece em vários países, dominados por religiões arcaicas ou por ideologias radicais.


Durante vários séculos, a própria Igreja Católica pagou tributo a esse pecado. A Inquisição, as Cruzadas, a Noite de São Bartolomeu (1572), a Guerra dos 30 Anos (1618/1648) e inúmeros outros fatos alertam para as nefastas consequências trazidas pelo conchavo entre a religião e o poder político e econômico. Contudo, ao mesmo tempo, é preciso precaver-se contra as meias verdades propaladas por pessoas cujo intento é denegrir a Igreja. Foi o que reconheceram, em relação à Inquisição, os próprios autores da “Enciclopédia” (1751/1772), a obra filosófica que preparou a Revolução Francesa: «Sem dúvida, imputaram-se a um tribunal, tão justamente detestado, excessos de horrores que nem sempre ele cometeu. Não é correto erguer-se contra a Inquisição por fatos duvidosos e, pior ainda, buscar na mentira meios para torná-la odiosa».

Escrevi acima que antigamente, talvez, tudo isso fosse perdoável, porque os tempos eram outros. Graças a Deus, a partir sobretudo do Concílio Vaticano II (1962/1965), a Igreja Católica mudou sua relação com o mundo. Mas parece que o seu lugar e o seu jeito de agir foram ocupados por seus críticos. É o que provam as perseguições que ela vem sofrendo nestes últimos cem anos.

Na Rússia, em 1914, os católicos eram 5.000.000, assistidos por 27 bispos e 2194 sacerdotes. Em 1917, logo após a tomada do poder pelos comunistas, eles diminuíram para 2.500.000, os bispos para 14 e os padres para 1350. Em 1941, das 600 igrejas que funcionavam em 1917, apenas duas continuavam abertas. Havia somente um bispo (porque estrangeiro) e 20 padres. Em apenas dois anos (de 1937 a 1939), foram fuzilados 150 sacerdotes.

O México, apesar de contar com uma população predominantemente católica, foi palco de uma violenta ação antirreligiosa desencadeada pelo governo hostil à Igreja. Os conflitos iniciaram com a promulgação da Constituição de 1917 e alcançaram seu ápice na “Guerra Cristera” (1926/1929). As hostilidades custaram a vida de quase 90.000 pessoas, de ambos os lados. Uma multidão de católicos – dentre eles, mais de 50 padres – foram assassinados por seu apego à fé.

Em sua obra “Para entender a Inquisição”, Felipe Aquino cita a Espanha como outro país em que a Igreja pagou caro por sua fidelidade ao Evangelho: «Na Guerra Civil Espanhola (1936/1939), as grandes vítimas foram os católicos. O ódio à Igreja e aos fiéis cresceu tanto, que morreram assassinados 12 bispos, 4000 sacerdotes e 2300 religiosos, além de milhares de leigos. Só na cidade de Madri foram mortos 334 padres diocesanos; muitos foram queimados ou enterrados vivos».


Há 1700 anos – em fevereiro de 313 –, através do “Edito de Milão”, o imperador Constantino concedeu aos cristãos a liberdade de culto. Contudo, a perseguição sempre os acompanhou. Em dois mil anos de história, milhões deles foram – e continuam sendo – marginalizados e massacrados. 75% das vítimas atuais do ódio antirreligioso no mundo são católicos, evangélicos e ortodoxos. O “É proibido ser cristão” dos romanos vigora ainda hoje não apenas em alguns países comunistas e muçulmanos, mas, sobretudo, em ambientes sociais que passam por evoluídos, onde a fidelidade ao Evangelho se paga com a perda da reputação, do emprego e, não poucas vezes, da vida. Não foi por nada que Jesus advertiu: «O Reino dos céus sofre violência, e só os corajosos o conquistam!» (Mt 11,12).


Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo de Dourados