sábado, 13 de julho de 2013

Aborto em caso de estupro ainda é assassinato!


ASSASSINATO, não se trata de outro assunto se não este, o artigo que escrevi sobre o tema tão controverso do aborto teve origem dia 4 de julho deste ano, após vergonhosamente o congresso aprovou a lei que dará liberdade aos SUS e a outros meios médicos no país de abortar em caso de estupro (PLC 3/2013), bom, eu sei que muitos que lerão este artigo, dirão “mas no caso de estupro eu também sou a favor” bom então eu peço que leia até o final, e depois da minha argumentação você de seu veredicto.

Tudo este tema passa pelo senso de justiça, e de tudo do que achamos certo ou errado estar sendo atropelado por montagens racionais burras, e sem fundamento, profundamente sentimental, e quem sabe até política, em uma jogada de reconstrução moral sem conceitos Cristãos. Quando falamos de aborto não há quem sem se sensibilize pela vitima e quem não sinta repugnância pelo agressor, e de fato é um dos Crimes mais hediondo, e mais sujo que possa haver na sociedade, porém ao julgarmos o fato deste estupro ter gerado uma gravidez temos que olhar outro fato eminente, que aquele crime sujo, deu origem há uma nova vida, da qual não importa da como ela foi concebida, se trata de uma nova vida, que é detentora dos mesmos direitos de outra criança que tenha sido gerado de uma forma sadia, o Código Civil brasileiro esta escrito: “Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida”, não diferencia a forma pela qual esta Criança ela foi gerada, ela é detentora de personalidade civil, e isto quer dizer que ela é detentora de direitos como qualquer outro ser humano, inclusive e especialmente o direito de viver e ninguém pode ceifar isto dela, porém a PLC 3/2013, passa com tratores por cima da personalidade jurídica e humana destas crianças.

Efeitos do aborto


Filosoficamente então esta lei acaba por se tornar uma cruel piada, quando MATAMOS uma criança, de uma mãe vitima de estupro nós invertemos todos os valores morais possíveis, e eu não to falando de morais Judaico-Cristã, mas morais universais, inclusive do Direito Natural que é um estudo jurídico alias, quando se aborta uma criança vitima de estupro tiramos o foco do crime do pai, e jogamos no filho(a), quem esta sendo julgado e condenado é um ser que não teve ligação nenhuma com a crueldade do estupro, acabamos por impor sobre a criança o peso de um crime da sociedade, sociedade da qual ela nem se quer estreou ainda; os argumentos que provem desta lei seria que o peso e o trauma psicológico da mãe seria enorme se a criança nascesse, bom neste fato eu contexto com a simples lógica, ta certo que a criança é proveniente de um estupro, e não foi desejado, nem feito com amor, mas entre o peso de viver e criar uma criança que nasceu dela (da Mãe) mesmo não sendo uma gravidez desejada, é menos psicologicamente cruel do que conviver com o fato que você a primeira e a única que pode defender a vida intra-uterina que se encasula em seu ventre, e você (Mãe)essa que por natureza tem de defender esta vida, ira tirar a vida de seu próprio filho que não é culpada pelo crime de seu pai? O ser mãe não esta condicionado em como que a criança foi gerada, mas sim que ela carrega suas características genéticas e biológicas,  seu sangue, quer você quer não. Podem fazer estudos que quiserem, mas o fato de que uma mãe matou o seu próprio filho sobrepõe qualquer dor psicológica imaginável, tanto que em Roma freiras fazem trabalho de recuperação de mãe que fizeram abortos e que vivem totalmente atormentadas pelo seu próprio consciente hoje!

O segundo argumento seria que se os hospitais do SUS ou particulares e até Religiosos fizessem esses abortos, diminuiria o numero de mortes conseqüentes de abortos clandestinos, porém sem notar o governo aponta o dedo sobre si mesmo ao fazer isso por ele cair em uma contradição ridícula, ele acaba por assim dizer “Já que não temos capacidade de fiscalizar as clinicas clandestinas abortivas, vamos legalizar para que nós mesmo possamos fazer estes abortos” ou seja, se não temos capacidade para fiscalizar vamos legalizar, porém se for assim, tem que fazer o mesmo com os armamentos, não temos uma fiscalização efetiva, basta ver que tem traficantes mais bem armados que as forças armadas, o mesmo com as drogas. Segundo a ONU mais de 200 mil mulheres morrem ao ano no Brasil vitima de abortos clandestinos, bom eu duvido com toda Veemência estes números, a não ser que esteja morrendo mulheres do nosso lado e não estejamos vendo ou percebendo estes dados são falsos, 200 mil mulheres por ano é mulher para “Dedéu”, e o governo se esconde atrás destes números como se justificasse o fator primário, que seria a morte de uma criança, a realidade é, que não há justificativas racionais, ou boa argumentação para essa lei, mas como eu venho falando a um bom tempo, nesta falsa democracia vivida aqui esta sendo imposto a nós largarmos dos nossos conceitos morais Cristãos ou morais conservadores, esta sendo traçado sobre nossas opiniões um rastro ditatorial do novo conceito de moral e ética provinda sabe se lá de onde, talvez do socialismo nascente, este projeto de lei passou a  frente de centenas de outros projetos e se nem se quer gerar uma emenda constitucional, foi aprovada com todos os votos sem que se houvesse um real debate atrás disso, no mínimo estranho. Hoje o Brasil vergonhosamente tem que aceitar o fato, que nossas mãos estão sujas com sangue inocente, duro golpe em um povo profundamente Cristão e conservador de valores.
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Bibliografia: Código Civil Brasileiro.
Autor: Pedro Henrique Alves

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Jovens do mundo inteiro participarão da pré-Jornada Mundial da Juventude em São Luís

A Semana Missionária preparará os peregrinos para o encontro com o Papa no Rio de Janeiro

Entre os dias 16 e 22 de julho, a Arquidiocese de São Luís do Maranhão acolherá jovens do mundo inteiro que participarão da Semana Missionária, evento que antecede a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro (23 a 28/7). A missa de abertura da Semana Missionária acontecerá no dia 16 de julho, terça-feira, às 17h, em frente a Igreja da Sé, na praça Dom Pedro II, centro histórico de São Luís.

“Todos os países que acolhem a Jornada Mundial da Juventude realizam a pré-Jornada. Na última edição, que aconteceu em Madri, participaram cerca de 300 mil jovens, representando mais de 135 países, que foram acolhidos em 63 dioceses. No Brasil, maior país católico do mundo, com 276 dioceses, espera-se um número superior a Semana Missionária de Madri”, explica Kécio Rabelo, responsável pelo Setor Juventude na Arquidiocese de São Luís, que coordenam a Semana Missionária.


A programação da SemanaMissionária acontecerá com atividades nas dez Foranias que compõem a Arquidiocese de São Luís, e serão baseadas em três eixos: espiritualidade, solidariedade e cultura.  

Durante a Semana Missionária, os peregrinos viverão dias de oração e recolhimento nas paróquias, poderão conhecer a cultura da cidade e participarão de trabalhos pastorais, na área social.

Devido as caravanas que irão via terrestre, a missa de envio dos jovens para Jornada Mundial da Juventude está marcada para o dia 20/7, às 17h, também em frente a Igreja da Sé.

Além dos peregrinos, podem participar das atividades da Semana Missionária todas as pessoas que desejam vivenciar o período da pré-Jornada com os jovens em São Luís.

Sobre a Semana Missionária

As Pré-Jornadas começaram em 1997, na JMJ de Paris, quando a Igreja na França promoveu esses encontros, com o objetivo de facilitar a pastoral juvenil das dioceses francesas, e conseguir que a França inteira acolhesse aos peregrinos vindos de outros países.

A experiência foi considerada positiva e desde então, os países que acolheram a JMJ, decidiram realizar. Na ordem, foram eles: Itália, Canadá, Alemanha, Austrália e Espanha. Em todos eles, as Pré-Jornadas incluíram: encontros com jovens e as famílias, concertos, vigílias de oração ou trabalhos sociais para a comunidade.

Os objetivos da "Semana Missionária" são parecidos com os da JMJ, ambas pretendem oferecer aos participantes: um encontro pessoal com Cristo; uma experiência vital de universalidade da Igreja Católica como comunhão e também com a paternidade espiritual do Papa e o redescobrimento da vocação batismal à santidade, onde todos são chamados a ser membros ativos da Igreja, responsáveis pela nova evangelização do mundo contemporâneo.

Na programação das pré-Jornadas, existem três eixos contemplados: oração, solidariedade e cultura. Na oração, os jovens devem dedicar tempo à Eucaristia e a oração pessoal; com as ações de solidariedade, os jovens devem dedicar um tempo aos mais necessidades e que sofrem com a vulnerabilidade social e com o eixo da cultura, os jovens são imergidos na cultura local do país e região que acolhe a JMJ, e em contrapartida, os peregrinos também falam da cultura de seus respectivos países, pois segundo o beato João Paulo II, criador da JMJ, “a fé é feita da cultura”.


No Brasil, o Pontifício Conselho para os Leigos (organismo do Vaticano responsável pela realização da JMJ) acolheu a sugestão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para que os dias que antecedem à JMJ recebam o nome de "Semana Missionária".

A Devoção a Maria desonra Nosso Senhor?


Em seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, São Luís de Montfort escreve em determinado momento sobre o que ele chama de “devotos escrupulosos”. Seriam aqueles que evitam dar a devida honra merecida por Nossa Senhora com receio de assim diminuírem o valor de seu Filho.

Atualmente, não é incomum encontrar quem pense deste modo, ou ainda quem ache que é “perda de tempo” praticar atos de devoção à Virgem e não “diretamente” a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Ora, tal oposição é simplesmente falsa!

1. O fim último da devoção a Maria é seu Filho. ”Nunca se honra tanto a Jesus Cristo como quando se honra mais e mais a Santíssima Virgem, pois não a honramos senão para honrar mais perfeitamente a Jesus Cristo” (MONTFORT, p. 66). Não há caminho mais seguro para se chegar ao Filho senão pela Mãe, pois se Deus, que é perfeitíssimo, escolheu encarnar-se por meio de Maria, nada melhor do que chegar a Cristo através dela.

No mesmo sentido, ensina S. Tomás de Aquino em seus comentários à Ave Maria: “o nome de Maria, que quer dizer, «Estrela do mar», Assim como os navegadores são conduzidos pela estrela do mar ao porto, assim, por Maria, são os cristãos conduzidos à Glória” (AQUINO, p. 61)

2. Enquanto somos manchados pelo pecado, Maria, Imaculada, é livre de todo o pecado desde a sua concepção. “Se tememos ir diretamente a Jesus Cristo, nosso Deus, por causa da sua grandeza infinita, ou da nossa baixeza, ou dos nossos pecados, imploremos com ousadia o auxílio e a intercessão de Maria, nossa mãe, que é boa e terna” (MONTFORT, p. 59).

Portanto, devemos entregar-nos de todo o coração a Maria, para que, por sua gloriosa intercessão cheguemos mais perfeitamente a Nosso Senhor.

Salve Maria!
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Disponível em: Totus Tuus
Referências: MONTFORT, São Luís Maria Grignion de. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. Ed. Caminhos Romanos: Barcelos, Portugal, 2012

AQUINO, Santo Tomás de. Sermões de S. Tomás de Aquino – O Pai Nosso e a Ave Maria. Ed. Permanência: RJ, 2003.

Justiça nega pedido do MPRJ contra a JMJ Rio2013


A Justiça do Estado do Rio de Janeiro indeferiu o pedido do Ministério Público Estadual (MPRJ), que ameaçava a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Rio2013. O MPRJ ajuizou uma ação civil pública para suspender imediatamente o edital de licitação publicado pelo município do Rio para contratação de serviços de saúde para a Jornada. A decisão judicial foi tomada em primeira instância na tarde desta quinta-feira, dia 11, pela juíza titular da 5ª Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital, Roseli Nalin. Ainda cabem recursos.

Um dos motivos alegados pelo MPRJ para a suspensão seria a natureza do evento, considerada privada pelo órgão, sem levar em consideração o papel do Poder Público, de todas as esferas, de parceria na realização da Jornada. A prefeitura deve executar o serviço de atendimento médico pré-hospitalar fixo e móvel nos eventos a serem realizados em Copacabana e Guaratiba.


Foi indeferido pela Justiça o pedido de antecipação dos efeitos da tutela formulado na ação civil pública movida pelo MPRJ. De acordo com a decisão proferida pela juíza nos autos da ação civil pública, o afastamento entre religião e estado não pode impedir o Administrador, fundado em razões de interesse público, custear determinados serviços que serão prestados aos participantes do evento, ainda que haja conotação religiosa. “A referida conduta não caracteriza qualquer desvio de finalidade, nem tampouco confusão entre Estado e Igreja, eis que assim agindo não estará o Poder Público agindo com base em elementos religiosos, nem tampouco utilizando-se de recursos públicos para beneficiar esta ou aquela religião”.

Ao indeferir o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, formulado pelo Ministério Público, a magistrada considerou que, neste caso, “deve ser prudente e agir com extrema cautela, eis que medida de natureza liminar como a que pretende o Autor (o MPRJ) pode gerar um cenário de absoluta insegurança e descrédito ao país, além de prejudicar milhares de pessoas que virão ao Rio de Janeiro para participar do evento com a certeza de que haverá serviços destinados a garantir sua saúde”.

De acordo com a Diretora Setor Jurídico do Instituto Jornada Mundial da Juventude, Claudine Milione Dutra, a decisão já era esperada. “A decisão judicial era previsível e, sem dúvida, foi acertada. O descabido pedido do Ministério Público deixaria os participantes da JMJ perigosamente desassistidos e os prejuízos seriam irreversíveis”, destacou.

Entenda o caso

Na última terça-feira, 9, o MPRJ ajuizou a ação civil pública para suspender o edital de licitação publicado pelo município do Rio para contratação de serviços de saúde para a Jornada. Um dos motivos para a suspensão seria a natureza do evento, considerada privada pelo Ministério Público.

Na quarta-feira, 10, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, se pronunciou a respeito reafirmando a disponibilidade do Governo Municipal em garantir todos os serviços públicos necessários para atender bem os milhares de peregrinos e participantes que já começaram a chegar à cidade para a JMJ.

O Instituto Jornada Mundial da Juventude lançou uma nota oficial em que se disse certo de que “o Poder Judiciário decidirá a questão atendendo a todos os anseios da sociedade, e que, apesar de tais obstáculos, a JMJ Rio2013 será um sucesso”.


Nas redes sociais e nos comentários do site da Jornada, muitas pessoas se manifestaram contra a atitude do Ministério Público. “Ela (a JMJ) vai acontecer do mesmo jeito! São milhões de jovens do mundo inteiro que vamos estar lá... Pobres, ricos, pretos, brancos... Haverá professores, advogados, empresários, operários, agricultores e pescadores entre nós. Haverá também médicos, enfermeiros e eles não nos deixarão morrer (se eu não me engano, era pra saúde a verba... Era isso mesmo?). Aliás, nós não temos medo de morrer. Sonhamos mesmo com o Paraíso, com o Céu (lugar mais justo que esse não pode haver)”, afirmou o jovem paraense Juscelio Mauro Pantoja, em seu perfil no Facebook e que se espalhou pela rede social.
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Fonte: CNBB

Motu Proprio do Papa que altera o sistema penal vaticano


Carta Apostólica em forma de Motu Proprio sobre a jurisdição dos organismos judiciários do Estado da Cidade do Vaticano em matéria penal
Quinta-feira, 11 de julho de 2013


Em nossos tempos, o bem comum é sempre mais ameaçado pela criminalidade transnacional e organizada, pelo uso impróprio do mercado e da economia e pelo terrorismo.

É então necessário que a comunidade internacional adote idôneos instrumentos jurídicos que permitam prevenir e combater a criminalidade, favorecendo a cooperação judiciária internacional em matéria penal.

A Santa Sé, agindo também em seu nome e por conta do Estado da Cidade do Vaticano, no ratificar numerosas convenções internacionais nesse âmbito, sempre afirmou que tais acordos constituem meios de efetiva prevenção da atividade criminosa que ameaça a dignidade humana, o bem comum e a paz.


Querendo agora reafirmar o compromisso da Sé Apostólica em cooperar com estes fins, com a presente Carta Apostólica em forma de Motu Proprio disponho que:

1.     Os competentes organismos judiciários do Estado da Cidade do Vaticano exercitem a jurisdição penal também sobre:

a)     crimes cometidos contra a segurança, os interesses fundamentais ou o patrimônio da Santa Sé;

b)     crimes indicados:

- na Lei do Estado da Cidade do Vaticano n. VIII, de 11 de julho de 2013, sobre Normas complementares em matéria penal;

- na Lei do Estado da Cidade do Vaticano n. IX, de 11 de julho de 2013, sobre Alterações no código penal e no código de processo penal; cometidos por pessoas referidas ao sucessivo ponto 3 em ocasião do exercício das suas funções;

c)     a todo outro crime cuja punição é requerida por um acordo internacional ratificado pela Santa Sé, se o autor se encontra no Estado da Cidade do Vaticano e não é extraditado ao exterior.

2.     Os crimes mencionados no ponto 1 são julgados segundo a legislação vigente no Estado da Cidade do Vaticano no ato da sua prática, sem prejuízos dos princípios gerais do ordenamento jurídico relativos à aplicação das leis penais no tempo.

3.     Aos fins da lei penal vaticana são equiparados os “públicos oficiais”:

a)     os membros, os oficiais e os dependentes dos vários organismos da Cúria Romana e das Instituições a essa ligadas;

b)     os relacionados pontifícios e o pessoal de papel diplomático da Santa Sé;

c)     as pessoas que exercem funções de representação, de administração ou de direção, e aqueles que exercem, também de fato, a gestão e o controle das entidades diretamente dependentes da Santa Sé e inscritas no registro das pessoas jurídicas canônicas mantido no Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano;

d)     toda outra pessoa titular de um mandato administrativo ou judiciário na Santa Sé, a título permanente ou temporário, remunerado ou gratuito, qualquer que seja o seu nível hierárquico;

4.     A jurisdição do ponto 1 se estende também à responsabilidade administrativa das pessoas jurídicas resultantes do crime, como disciplinada pelas leis do Estado da Cidade do Vaticano.

5.     Quando o mesmo fato proceder em outros Estados, são aplicáveis as disposições sobre competência de jurisdição vigentes no Estado da Cidade do Vaticano.

6.     Resta salvo quanto estabelecido no artigo 23 da Lei n. CXIX, de 21 de novembro de 1987, que aprova o Ordenamento judiciário do Estado da Cidade do Vaticano.

Isto decido e estabeleço, não obstante qualquer disposição em contrário.

Estabeleço que a presente Carta Apostólica em forma de Motu Próprio seja promulgada mediante a publicação no L’Osservatore Romano e entre em vigor em 1º de setembro de 2013.

Dado em Roma, no Palácio Apostólico, em 11 de julho do ano de 2013, primeiro de Pontificado.

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Fonte: Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

Lobos em pele de cordeiro


Foi o Próprio Deus, Nosso Senhor, Jesus Cristo, quem nos advertiu no "Sermão da Montanha"- "Guardai-vos dos falso profetas, que vêm a vós vestidos de cordeiros mas por dentro são lobos vorazes". (Mt. 7,15) Estas palavras ecoam através dos séculos para nós Católicos de agora, que estamos tanto quanto, ou até mais, necessitados de tal advertência. O que deveria nos motivar a prestar mais atenção nesta advertência e ter mais cuidado em nossas vidas diárias? O fato de que a pureza e a integridade da fé é um assunto sério. A Fé de uma pessoa pode ser facilmente corrompida.

O Catecismo de Baltimore afirma que: 

"Uma pessoa que nega até mesmo um só artigo de nossa fé não poderia ser um Católico; pois a verdade é uma só e precisamos aceitá-la inteira ou então não aceitar nada". Isto meramente repete o ensinamento de Nosso Senhor conforme escrito por São Tiago: "pois quem guarda os preceitos da lei, mas faltar em um só ponto, tornar-se-á culpado de toda ela." (S. Tiago 2,10) 

São Tomás de Aquino acrescenta: "rejeitar um só artigo ensinado pela Igreja é suficiente para destruir a fé do mesmo jeito que um pecado mortal é suficiente para destruir a caridade..." 


Papa Leão XIII, em sua encíclica "Satis Cognitum", ensina com todas as palavras: "Nada é mais perigoso do que os hereges que, enquanto conservam quase todo o remanescente do ensino da Igreja intacto, corrompem com uma única palavra, como uma gota de veneno, a pureza e a simplicidade da fé que nós recebemos através da tradição tanto de Deus quanto dos Apóstolos". Não somente deveríamos prestar muita atenção ao aviso de Nosso Senhor por causa da FACILIDADE com que a Fé de uma pessoa pode ser corrompida, mas deveríamos também encontrar motivação no fato de que o perigo prevalece hoje em dia mais do que o era na virada do século, 87 anos atrás, quando São Papa Pio X sentiu a necessidade de escrever: 

"Os partidários do erro não devem ser procurados apenas entre os que são abertamente inimigos da Igreja; mas... em seu próprio seio, e estes são mais nocivos por atuarem às escondidas." "A Igreja não tem inimigos piores". Pois eles colocam em operação seus desígnios para a destruição dela não pelo lado de fora, mas por dentro. Assim, o perigo está presente quase nas próprias veias e no coração da Igreja, e o dano é mais certo pelo próprio fato de que o conhecimento que eles têm dela é mais íntimo"."Eles tomam o encargo de professores nos seminários e universidades e, gradualmente ,fazem deles e delas cadeiras de pestilência". Certamente não esperamos encontrar homens vestidos com pele de ovelhas. Não. O que nos é dito para "temer" é aquilo que na superfície soa agradável aos ouvidos; aquilo que parece "positivo" ou "benigno" à primeira vista. Mas por trás de tudo isso está um erro sutil que destrói a Fé. Qual é um dos melhores meios pelos quais um erro contra a fé pode ser ensinado a um Católico e fazer com que ele o aceite facilmente como verdade mesmo se, a princípio, ele questionava a sua novidade. O jeito que foi usado na virada do século foi dizer que "doutrina evolui", ou que "a verdade evolui com o homem". Hoje em dia, entretanto, como a evolução não é geralmente olhada de maneira favorável pelos Católicos, eles vão ao invés disso dizer que temos que perceber que há um "desenvolvimento doutrinal" - esta é a "pele de cordeiro" da qual Nosso Senhor falou.

Qual maneira seria melhor para que falsas doutrinas sejam aceitas pelos fiéis do que clamar que a doutrina só "parece diferente" porque são verdades do tempo antigo que "desenvolveram" e progrediram, ou avançaram! Este é um dos mais incidiosos e traiçoeiros métodos de corrupção da fé de um Católico. A palavra "desenvolvimento" soa benévola ou muito "teológica" aos ouvidos, e pode muito bem pegar as pessoas desprevenidas. É um termo muito geral que tem mais de um significado: tenha cuidado com palavreado ambíguo. O termo tem que ser entendido corretamente.

Quando um carvalho cresce, amadurece e se desenvolve como qualquer coisa na natureza. O carvalho contém em perfeição o que a sua semente guardava. A semente do carvalho não poderia mais tarde tornar-se uma macieira. Com relação às verdades sobrenaturais de Revelação Divina vemos que isto é verdade. A Igreja não pode em certo tempo condenar algo como sendo pecado ou erro e mais tarde ensinar que é verdade ou uma virtude.

Vamos examinar o caso de um jovem que viveu gerações atrás, digamos, Michael Ghislieri. Aos 10 anos, o menino aprende seu catecismo, recebe os sacramentos e professa sua Fé. Ele é um Católico puro e simples e sabe as verdades de sua fé. Conforme amadurece, assim acontece com sua fé e compreensão das verdades, que ele sempre soube que são verdadeiras. Mais tarde na vida, ele estuda filosofia e teologia e se torna um teólogo. Ele ainda é tão Católico quanto foi aos 10 anos, mas agora ao invés de simplesmente SABER que as coisas são verdade, ele agora sabe os PORQUÊS e COMOS dessas verdades. Ele adquiriu uma MELHOR compreensão conforme cresceu. Isso nada mais é do que um "desenvolvimento de doutrina" em seu VERDADEIRO SENTIDO. Aos 10 anos ele era Católico com BOA compreensão das Verdades da Fé. Sendo um teólogo e mais velho ele acredita e professa as MESMÍSSIMAS doutrinas com o MESMO SIGNIFICADO mas com MELHOR compreensão. 

(Agora conhecemos Michael Ghislieri por S. Papa Pio V.)

Nosso Senhor deu à Igreja as Verdades da Fé. A Igreja ensina que a Revelação terminou com a morte do último apóstolo. Este "Depósito da Fé" tem sido preservado e ensinado infalivelmente desde o começo. Quando a Igreja era jovem, os Cristãos tinham um BOM conhecimento da Fé. Conforme a Igreja cresceu nós desenvolvemos um MELHOR entendimento do que o sagrado depósito contém. Um Católico no ano 94 D.C. é tão Católico como um teólogo ortodoxo do século XX, acreditando nas mesmas doutrinas - nada contrário. A Verdade é imutável. O que foi condenado uma vez pela Igreja no passado, não pode mais tarde ser aprovado por princípio, nem pode algo que uma vez foi declarado verdadeiro e bom pela Igreja tornar-se mais tarde falso e pecaminoso. Um verdadeiro desenvolvimento da doutrina "aumenta" sua compreensão de pontos delicados e sua relação com outras verdades. Nunca pode um MELHOR entendimento significar que o que foi entendido previamente era defeituoso. Era entendido com menos detalhes, mas NÃO era um erro, nem algo contrário. Um teólogo acredita nas mesmas verdades que um garoto de escola, com a diferença que aquele sabe com mais detalhes. Estes maiores detalhes não podem ser contrários ao que o garoto de escola sabe.

Então, vemos Nosso Senhor nos alertando sobre homens que procurariam corromper nossa Fé. Hoje em dia tais homens muito frequentemente vestem a pele de cordeiro do "desenvolvimento doutrinal" para enganar Católicos incautos, a fim de que acreditem em doutrinas diferentes do que as que lhes foram ensinadas previamente pela Igreja. A pele de cordeiro que é tão traiçoeira e insidiosa é a da "posição eclesiástica". A Igreja tem tido que lidar com tais hereges no passado, e lidou com eles de forma severa. Hereges que ocupam altos cargos na Igreja podem facilmente enganar o Católico mediano simplesmente permanecendo em seu posto de dignidade (como vemos na citação acima, de S. Papa Pio X). A história mostra que isso tem causado desastres na Igreja. Bispo Arius é um bom exemplo. A heresia Ariana fez com que cerca de 80% do clero se afastasse da Fé. E muitos foram com eles, não porque tenham entendido aquela heresia, mas simplesmente porque seguiram seu clero.

São Paulo parece ter nos advertido a respeito de doutrina diferente quando vêm de uma fonte com ofício ou dignidade especial: "...há apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do céu, vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema." (Gl. 1,7-9) São Paulo nos dá um princípio para lembrarmos: "irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa." (2 Ts. 2,14) A Verdade imutável é encontrada na tradição. Muitas pessoas hoje em dia reconhecem as heresias que estão infestando a Igreja e estão tentando prestar ouvidos às palavras de São Paulo.

Um Católico comum não há muito tempo atrás mencionou o fato perturbante de que seu pároco na Pennsylvania estava dizendo a seu rebanho que o batismo não era necessário! Se isso tivesse acontecido há centenas de anos atrás, mesmo considerando-se as comunicações e transportes lentos, ele seria hoje um herege infame como um Zwingli, Donatus ou Calvino! Hoje em dia, entretanto, este sacerdote vai casualmente seguindo seu caminho destruindo almas.

Muitos Católicos hoje em dia tem que estar extra vigilantes porque esses hereges não estão sendo condenados, e podem ser encontrados em muitas paróquias. Alguns desses Católicos vigilantes se auto denominam "Católicos tradicionais" para se diferenciarem daqueles que não estão se apegando com força às tradições. O termo, entretanto, é redundante: O Catolicismo, como temos visto, é essencialmente tradicional. Chamar um Católico de "tradicional" é como chamar um círculo de "redondo" ou dizer "um triângulo de três lados". Mas o termo hoje em dia parece ser necessário para contra atacar aqueles que quebraram com a tradição mas ainda assim se chamam "Católicos". Infelizmente, há inúmeros tipos diferentes desses "tradicionalistas", mas a despeito de nossos sentimentos para com eles, temos que estar conscientes para NÃO deixar que nossos sentimentos diminuam o amor que todos nós deveríamos ter pela tradição, que é a pedra de toque do Catolicismo. Ninguém está acima da tradição.

Nós lemos as fortes palavras de São Paulo - "mesmo que nós, ou um anjo do céu". Estas palavras incluem a advertência de que mesmo o ofício de um Papa pode ser usado para espalhar heresia. Obviamente, em tal caso, haveria um "anti-papa" e não um Papa de verdade. A Pele de Cordeiro do "ofício eclesiástico" é tão eficaz em promover o erro que São Bernardo, Cardeal Newman, e outros, logicamente acreditavam que a única maneira pela qual o Anti-Cristo poderia ser tão eficaz ao criar uma "grande apostasia" entre Católicos seria tornando-se um "anti-papa" o qual a maior parte do mundo Católico pensaria ser um Papa válido. (veja o artigo ANTICRISTO na "Enciclopédia Católica)

Então vemos: 

1) Como se pode facilmente cair em erro e cessar de ser Católico. 
2) Como o erro prevalece hoje em dia. 
3) Quão sério é o apego a tradição. 
4) O verdadeiro sentido de "Desenvolvimento Doutrinal" 
5) A pele de cordeiro tanto do "ofício eclesiástico" quando da "evolução da verdade". O princípio que está no coração de tudo isso: A Verdade Católica é imutável. Ela não mudou, não pode e não vai mudar. Seria bom ler citações da Igreja declarando esta verdade de importância crucial.

O juramento Solene feito perante Deus e imposto a todos os sacerdotes de 1910 até 1868 é muito claro quanto ao significado de verdade imutável: "Eu aceito sinceramente a doutrina da fé transmitida pelos apóstolos através dos pais ortodoxos, sempre com o mesmo sentido e interpretação, mesmo para nós; e dessa forma rejeito a invenção herege da evolução dos dogmas, passando de um significado para outro diferente daquele que a Igreja tinha no princípio; ...a absoluta e imutável verdade pregada pelos apóstolos desde o começo não pode nunca ser acreditada de outra forma, nunca pode ser entendida de outra forma.... Assim o prometo, assim eu juro, e que Deus, etc."

"Se alguém diz: pode acontecer que a respeito de doutrinas apresentadas pela Igreja, algumas vezes, conforme o conhecimento avança, elas deveriam receber um outro sentido diferente daquele que a Igreja entendeu e entende, que seja anátema". - Concílio Vaticano (1870)

S. Pio X, que chamou o "modernismo" de "supra sumo de toda heresia", condenou o seguinte: CONDENADO "58. A verdade não é mais imutável do que o próprio homem, já que evolui com ele, nele e através dele""...o erro dos modernistas, que afirmam que a verdade dogmática não é absoluta mas sim relativa, quer dizer, que ela muda de acordo com as necessidades que variam de acordo com tempo e lugar e com as mutáveis tendências da mente; que ela não é contida numa tradição imutável, mas pode ser alterada para se adaptar às necessidades da vida humana."

Catecismo de Baltimore: 

Q. 546. A Igreja pode mudar suas leis? 

A. A Igreja pode, quando necessário, mudar as leis que ela mesmo fez, mas não pode mudar as leis feitas por Cristo. A Igreja também não pode mudar nenhuma doutrina de fé ou de moral.

Q. 568. A Igreja, definindo certas verdades, faz dessa maneira novas doutrinas? 


A. A Igreja definindo, quer dizer, proclamando certas verdades, artigos de fé, não faz novas doutrinas, mas simplesmente ensina de maneira mais clara e com maior esforço verdades que sempre foram acreditadas e mantidas pela mesma.
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Disponível em: Veritatis Splendor
Tradução: Alessandro Lima do original em inglês "The Wolves in Sheep's Clothing..."

Agenda do Papa Francisco no Brasil


As impressões do Boff sobre a Lumen Fidei

Leonardo Boff, afastado da Igreja
por transmitir ensinamentos da Teologia da Libertação

O Leonardo Boff não gostou da primeira encíclica do Papa Francisco. Claro que ele não poderia gostar, uma vez que é bem conhecido o orgulhoso desprezo do ex-frade por tudo aquilo que é católico. O seu texto, contudo, é espantoso: analisando-o, parece que o “teólogo” sequer leu a Lumen Fidei que desde o primeiro parágrafo se propõe a desqualificar. Vejamos:

A Encíclia (sic) não traz nenhuma novidade espetacular que chamasse a atenção da comunidade teológica

Certamente é bem difícil conceber algum tipo de “novidade espetacular” que pudesse ser possível em um texto sobre a Fé da Igreja, que é a mesma ontem, hoje e sempre! No entanto, «[a] fé como escuta e visão» (LF 29-31) é um dos pontos mais ricos do texto pontifício, que aborda o assunto sob um prisma que eu não me recordo de ter encontrado em documentos eclesiásticos. O Papa diz que a Fé é simultaneamente ouvir e ver, o que transcende a Revelação vetero-testamentária (cuja expressão máxima se encontra no Sh’ma Yisrael - «ouve, ó Israel») e só encontra a sua plenitude na Encarnação de Cristo, que é a Palavra do Pai, que pode ser vista e ouvida e até mesmo tocada: «Por meio da sua encarnação, com a sua vinda entre nós, Jesus tocou-nos e, através dos sacramentos, ainda hoje nos toca; desta forma, transformando o nosso coração, permitiu-nos — e permite-nos — reconhecê-Lo e confessá-Lo como Filho de Deus» (LF 31). A beleza da imagem escapa completamente aos olhos remelentos do caquético ex-franciscano.


É um texto dirigido para dentro da Igreja. Fala da luz da fé para quem já se encontra dentro no mundo iluminado pela fé.

Aqui o absurdo chega às raias da falsificação intelectual pura e simples. A introdução da Encíclica coloca a questão em termos absolutamente não-crentes: começa analisando justamente «a objecção que se levanta de muitos dos nossos contemporâneos, quando se lhes fala desta luz da fé» (LF 2) e diz que «urge recuperar o carácter de luz que é próprio da fé, pois, quando a sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam também por perder o seu vigor» (LF 4). E ainda: «a fé enriquece a existência humana em todas as suas dimensões» (LF 6). Não há sombra de «reflexão intrasistêmica» aqui, como se fosse um texto auto-referenciado e que só servisse para sedimentar católicos hermeticamente isolados de um mundo sem Fé.

E mais: os capítulos II e IV têm um evidente apelo para os que não crêem. Aquele por colocar a Fé como uma modalidade de conhecimento; este, por advogar com veemência os influxos benéficos da Fé para a vida em sociedade. Leiam-se os seguintes excertos – trago só dois – e digam honestamente se é possível dizer que esta Encíclica não tem nada a dizer para os que não têm Fé:

A fé ilumina também a matéria, confia na sua ordem, sabe que nela se abre um caminho cada vez mais amplo de harmonia e compreensão. Deste modo, o olhar da ciência tira benefício da fé: esta convida o cientista a permanecer aberto à realidade, em toda a sua riqueza inesgotável. A fé desperta o sentido crítico, enquanto impede a pesquisa de se deter, satisfeita, nas suas fórmulas e ajuda-a a compreender que a natureza sempre as ultrapassa. Convidando a maravilhar-se diante do mistério da criação, a fé alarga os horizontes da razão para iluminar melhor o mundo que se abre aos estudos da ciência [LF 34].

Assimilada e aprofundada em família, a fé torna-se luz para iluminar todas as relações sociais. Como experiência da paternidade e da misericórdia de Deus, dilata-se depois em caminho fraterno. Na Idade Moderna, procurou-se construir a fraternidade universal entre os homens, baseando-se na sua igualdade; mas, pouco a pouco, fomos compreendendo que esta fraternidade, privada do referimento a um Pai comum como seu fundamento último, não consegue subsistir; por isso, é necessário voltar à verdadeira raiz da fraternidade [LF 54].

Ainda, o número 35 da Encíclica fala sobre «A fé e a busca de Deus» e tenciona explicitamente «oferece[r] a contribuição própria do cristianismo para o diálogo com os seguidores das diferentes religiões» (id. ibid.).

E ainda vem o Boff me dizer que se trata de um texto que somente fala da Fé Católica para os que já são católicos! Ele tem certeza de que está falando daLumen Fidei?

[O texto t]em dificuldade em aceitar um dos temas mais caros do pensamento moderno: a autonomia do sujeito e o uso que faz da luz da razão.

Evidentemente nenhum sujeito tem “autonomia” alguma frente à realidade das coisas: se minha conta bancária está negativa, é claro que eu não posso evocar a minha “autonomia intelectual” para afirmá-la cheia de dinheiro e com isso saldar os meus credores. Mas o «uso que [o indivíduo] faz da luz da razão» perpassa todo o documento, e é exatamente isto que o Papa em diversos pontos evoca em favor da Fé. Por exemplo, citando Sto. Agostinho, afirma que «a busca da razão, com o seu desejo de verdade e clareza, aparece integrada no horizonte da fé, do qual recebeu uma nova compreensão» [LF 33]. E ainda: «a busca da verdade é uma questão de memória, de memória profunda, porque visa algo que nos precede e, desta forma, pode conseguir unir-nos para além do nosso « eu » pequeno e limitado» [LF 25].

Esta afirmação [«“sem a verdade a fé não salva” (n.24)»] é problemática em termos teológicos

Em termos teológicos, o Boff é que é problemático. Aliás, problemático é eufemismo: ele é errado mesmo.

pois toda a Tradição, especialmente, os Concílios tem afirmado que somente salva “aquela verdade, informada pela caridade” (fides caritate informata).

Sim, e isso é repetido pela própria Lumen Fidei logo no seu início: «Fé, esperança e caridade constituem, numa interligação admirável, o dinamismo da vida cristã rumo à plena comunhão com Deus» (LF 7). De onde raios o Boff tirou que a Encíclica defenderia uma Fé separada da Caridade?

Mas se constata na Encíclia uma dolorosa lacuna que lhe subtrae (sic) grande parte da relevância: não aborda as crises da fé do homem de hoje, suas dúvidas, suas perguntas que nem a fé pode responder: Onde estava Deus no tsunami que dizimou milhares de vida ou em Fukushima? Como crer depois dos massacres de milhares de indígenas feitos por cristãos ao longo de nossa história, dos milhares de torturados e assassinados pelas ditaduras militares dos anos 70-80? Como ainda ter fé depois dos milhões de mortos nos campos nazistas de extermínio? A encíclica não oferece nenhum elemento para respondermos a estas angústias.

Custa acreditar que este parágrafo possa ter sido escrito, pois a Lumen Fidei reserva, sim, e explicitamente, um trecho para falar do sofrimento do mundo:

A luz da fé não nos faz esquecer os sofrimentos do mundo. Os que sofrem foram mediadores de luz para tantos homens e mulheres de fé; tal foi o leproso para São Francisco de Assis, ou os pobres para a Beata Teresa de Calcutá. Compreenderam o mistério que há neles; aproximando-se deles, certamente não cancelaram todos os seus sofrimentos, nem puderam explicar todo o mal. A fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho. Ao homem que sofre, Deus não dá um raciocínio que explique tudo, mas oferece a sua resposta sob a forma duma presença que o acompanha, duma história de bem que se une a cada história de sofrimento para nela abrir uma brecha de luz. [LF 57]

E este eu tenho certeza de que o Boff o leu, porque dois parágrafos antes ele citou a «lâmpada que guia os nossos passos na noite». Parece que, para o ex-franciscano, a resposta do Papa Francisco não é suficiente. Gostaria, então, de conhecer a relevante contribuição teológica que o Leonardo Boff tem a dar para o problema do mal no mundo, que seja melhor do que os textos magisteriais sobre o assunto resumidos nas linhas acima da Lumen Fidei.


Na verdade, o grande problema do Boff é com as partes «fortemente doutrinárias» do documento do Papa Francisco. O que provoca calafrios no velho boffento é ler a Doutrina Católica explícita com desconcertante clareza em vários pontos da Encíclica, como p.ex. quando o Papa diz com todas as letras que «[s]em verdade, a fé não salva» (LF 24); ou que «a teologia é impossível sem a fé» (LF 36), que ela «partilha a forma eclesial da fé» (id. ibid) e que «não considera o magistério do Papa e dos Bispos em comunhão com ele como algo de extrínseco, um limite à sua liberdade, mas, pelo contrário, como um dos seus momentos internos constitutivos» (id. ibid.); ou ainda que a Fé «é uma só» e por isso deve ser confessada «em toda a sua pureza e integridade» (LF 48), e isso de tal modo que «danificar a fé significa danificar a comunhão com o Senhor» (id. ibid.). É isso que o Boff não suporta. O que, para nós católicos, tem um quê de positivo: afinal, se o Boff não gostou da Encíclica, isso significa que ela é realmente boa. E que portanto deve ser bem lida, meditada e posta em prática.
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