quinta-feira, 25 de julho de 2013

Discurso do Papa durante a Festa de Acolhida na JMJ 2013


Viagem Apostólica ao Brasil 
Discurso do Papa Francisco
Festa da Acolhida – Rio de Janeiro
Quinta-feira, 25 de julho de 2013


Queridos jovens,
Boa tarde!

Vejo em vocês a beleza do rosto jovem de Cristo e meu coração se enche de alegria! Lembro-me da primeira Jornada Mundial da Juventude a nível internacional. Foi celebrada em 1987 na Argentina, na minha cidade de Buenos Aires. Guardo vivas na memória estas palavras do Bem-aventurado João Paulo II aos jovens: «Tenho muita esperança em vocês! Espero, sobretudo, que renovem a fidelidade de vocês a Jesus Cristo e à sua cruz redentora» (Discurso aos jovens (11 de abril de 1987): Insegnamenti, X/1 (1987), 1261).

Antes de continuar, queria lembrar o trágico acidente na Guiana francesa, no qual a jovem Sophie Morinière perdeu a vida, e que deixou outros jovens feridos. Convido-lhes a fazer um minuto de silêncio e dirigir ao Senhor a nossa oração por Sophie, pelos feridos e pelos familiares.

Este ano, a Jornada volta, pela segunda vez, à América Latina. E vocês, jovens, responderam numerosos ao convite do Papa Bento XVI, que lhes convocou para celebrá-la. Agradecemos-lhe de todo coração! O meu olhar se estende por esta grande multidão: vocês são muitíssimos! Vocês vêm de todos os continentes! Normalmente vocês estão distantes não somente do ponto de vista geográfico, mas também do ponto de vista existencial, cultural, social, humano. Mas hoje vocês estão aqui, ou melhor, hoje estamos aqui, juntos, unidos para partilhar a fé e a alegria do encontro com Cristo, de ser seus discípulos.


Nesta semana, o Rio se torna o centro da Igreja, o seu coração vivo e jovem, pois vocês responderam com generosidade e coragem ao convite que Jesus lhes fez de permanecerem com Ele, de serem seus amigos. O “trem” desta Jornada Mundial da Juventude, veio de longe e atravessou toda a Nação brasileira seguindo as etapas do projeto «Bote Fé». Hoje chegou ao Rio de Janeiro. Do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e abençoa.

Olhando para este mar, para a praia e todos vocês, me vem ao pensamento o momento em que Jesus chamou os primeiros discípulos a segui-lo nas margens do lago de Tiberíades. Hoje Jesus ainda pergunta: Você quer ser meu discípulo? Você quer ser meu amigo? Você quer ser testemunha do meu Evangelho? No coração do Ano da Fé, estas perguntas nos convidam a renovar o nosso compromisso de cristãos. Suas famílias e comunidades locais transmitiram a vocês o grande dom da fé; Cristo cresceu em vocês. Hoje, vim para lhes confirmar nesta fé, a fé no Cristo Vivo que mora dentro de vocês; mas vim também para ser confirmado pelo entusiasmo da fé de vocês! Saúdo a todos com muito carinho. A vocês, aqui congregados dos cinco Continentes e, por meio de vocês, a todos os jovens do mundo, particularmente aqueles que não puderam vir ao Rio de Janeiro, mas estão em ligação conosco através do rádio, televisão e internet, digo: Bem-vindos a esta grande festa da fé! Em várias partes do mundo, neste mesmo instante, muitos jovens estão reunidos para viver juntos este momento: sintamo-nos unidos uns com os outros, na alegria, na amizade, na fé. E tenham a certeza: o meu coração de Pastor abraça a todos com afeto universal. O Cristo Redentor, do alto da montanha do Corcovado, lhes acolhe na Cidade Maravilhosa.

Quero saudar o Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, estimado Cardeal Estanislau Ryłko, e todos aqueles que com ele trabalham. Agradeço a Dom Orani João Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, pela cordialidade com que me recebeu e pelo grande trabalho realizado para preparar esta Jornada Mundial da Juventude, junto com as diversas dioceses desse imenso Brasil. Agradeço a todas autoridades nacionais, estaduais e locais, além de outros envolvidos, para concretizar esse momento único de celebração da unidade, da fé e da fraternidade. Obrigado aos Irmãos no Episcopado, aos sacerdotes, seminaristas, pessoas consagradas e fieis que acompanham os jovens de diferentes partes do nosso planeta, na sua peregrinação rumo a Jesus. A todos e a cada um meu abraço afetuoso no Senhor.


Irmãos e amigos, bem-vindos à vigésima oitava Jornada Mundial da Juventude, nesta cidade maravilhosa do Rio de Janeiro!

Francisco é sucessor de São Pedro, não de Judas

Um "teólogo da corte" declarou nos últimos dias
que Francisco seria "o Papa da ruptura".
Nunca ele esteve tão enganado. 

Ao final de sua homilia na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, o Papa Francisco citou uma frase de Bento XVI. Não foi a primeira e nem será a última vez que um Pontífice fará referência a seus predecessores. Afinal, ao mesmo tempo em que é visível no Papa o poder de São Pedro, dado pelo próprio Cristo (cf. Mt 16, 19), deve ficar nítida também a dimensão do serviço. O Papa não é o autor da verdade, mas seu servidor fiel; é sucessor de São Pedro e, por isto, tem consciência do imenso número de homens que o antecederam, ajudando a conservar e zelar pelo patrimônio imemorial que é a nossa fé.

Os meios de comunicação foram tomados por um grande "entusiasmo" com a visita de Francisco. Não é para menos. Sua Santidade conquistou com muita facilidade o coração dos brasileiros, com seu sorriso e simpatia cativantes.

No entanto, o que se percebe, muitas vezes, nos comentários de jornalistas e analistas religiosos, é aquele entusiasmo enganoso, que vislumbra uma Igreja que ande de mãos dadas com o aborto, com o "casamento" homossexual, com a eutanásia e um monte de outros temas da agenda progressista.

Infelizmente, o cenário é também consequência da falta de compromisso de muitos de nossos supostos católicos. Certamente você já ouviu palavras do tipo: "Eu sou católico, mas...". Em seguida, prepare-se para ouvir qualquer tipo de barbaridade. É-se católico, ma non troppo. A pessoa se diz cristã e em comunhão com a Igreja, mas se recusa a aceitar sua doutrina moral, coloca em xeque os ensinamentos unânimes dos legítimos pastores em comunhão com o Papa, pisoteia o Catecismo e cai na ilusão de um catolicismo self-service – segundo este, seria possível escolher, na doutrina de Cristo, aquilo que lhe agrada e aquilo que lhe incomoda.

Em discurso aos jovens argentinos hoje, o Papa Francisco recordou que a fé "no se licua". O dicionário não ajuda a explicar metáforas, mas "licuar" significa bater no liquidificador, desintegrar algo que é sólido em líquido. É o que se faz quando se tenta transformar a fé em uma substância palatável ou meramente agradável aos ouvidos. Contra esta tentativa de se reduzir a verdadeira fé a uma fábula, o Papa Paulo VI dizia: "Não minimizar em nada a doutrina salutar de Cristo é forma de caridade eminente para com as almas". Aquilo que o Espírito Santo ditou para a Igreja há dois mil anos também vale para hoje, também se encaixa em nosso tempo! A verdade de Cristo não muda, permanece sempre una. E indivisível.

Não é a primeira vez que Francisco declara a importância de se conservar a integridade da fé da Igreja. Certa vez, durante um diálogo, transcrito e publicado antes de ser eleito Papa, Bergoglio foi taxativo:

"Para mim também a essência do que se conserva está no testemunho dos pais. Em nosso caso, o dos apóstolos. Nos séculos III e IV formularam-se teologicamente as verdades de fé reveladas e transmitidas, que são inegociáveis, a herança. (...) Certas coisas são opináveis, mas – repito – a herança não se negocia. O conteúdo de uma fé religiosa é passível de ser aprofundado pelo pensamento humano, mas, quando esse aprofundamento colide com a herança, é heresia".

Um "teólogo da corte" declarou nos últimos dias que este seria "o Papa da ruptura". Nunca ele esteve tão enganado. Francisco pode ter um estilo bem diferente e um comportamento bem peculiar, mas ao essencial – é ele mesmo quem o diz – não dá para renunciar. Afinal, Francisco é sucessor de São Pedro, e não de Judas.

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1.       Referência: FRANCISCO, Papa. Sobre o céu e a terra. 1. ed. São Paulo: Paralela, 2013.

Encontro do Papa com os jovens argentinos na Catedral de São Sebastião (em espanhol)


ENCUENTRO CON LOS JÓVENES ARGENTINOS 
EN LA CATEDRAL DE SAN SEBASTIÁN
PALABRAS DEL SANTO PADRE FRANCISCO
Jueves 25 de julio de 2013


Gracias.. Gracias.. por estar hoy aquí, por haber venido… Gracias a los que están adentro y muchas gracias a los que están afuera. A los 30 mil, que me dicen que hay afuera. Desde acá los saludo; están bajo la lluvia... Gracias por el gesto de acercarse... Gracias por haber venido a la Jornada de la Juventud. Yo le sugerí al doctor Gasbarri, que es el que maneja, el que organiza el viaje, si hubiera un lugarcito para encontrarme con ustedes, y en medio día tenía arreglado todo. Así que también le quiero agradecer públicamente al doctor Gasbarri esto que ha logrado hoy.

Quisiera decir una cosa: ¿qué es lo que espero como consecuencia de la Jornada de la Juventud? Espero lío. Que acá adentro va a haber lío, va a haber. Que acá en Río va a haber lío, va a haber. Pero quiero lío en las diócesis, quiero que se salga afuera… Quiero que la Iglesia salga a la calle, quiero que nos defendamos de todo lo que sea mundanidad, de lo que sea instalación, de lo que sea comodidad, de lo que sea clericalismo, de lo que sea estar encerrados en nosotros mismos.
 
Las parroquias, los colegios, las instituciones son para salir; si no salen se convierten en una ONG, y la Iglesia no puede ser una ONG. Que me perdonen los Obispos y los curas, si algunos después le arman lío a ustedes, pero.. Es el consejo. Y gracias por lo que puedan hacer.

Miren, yo pienso que, en este momento, esta civilización mundial se pasó de rosca, se pasó de rosca, porque es tal el culto que ha hecho al dios dinero, que estamos presenciando una filosofía y una praxis de exclusión de los dos polos de la vida que son las promesas de los pueblos. Exclusión de los ancianos, por supuesto, porque uno podría pensar que podría haber una especie de eutanasia escondida; es decir, no se cuida a los ancianos; pero también está la eutanasia cultural: no se les deja hablar, no se les deja actuar. Y exclusión de los jóvenes. El porcentaje que hay de jóvenes sin trabajo, sin empleo, es muy alto, y es una generación que no tiene la experiencia de la dignidad ganada por el trabajo. O sea, esta civilización nos ha llevado a excluir las dos puntas, que son el futuro nuestro. Entonces, los jóvenes: tienen que salir, tienen que hacerse valer; los jóvenes tienen que salir a luchar por los valores, a luchar por esos valores; y los viejos abran la boca, los ancianos abran la boca y enséñennos; transmítannos la sabiduría de los pueblos. En el pueblo argentino, yo se los pido de corazón a los ancianos: no claudiquen de ser la reserva cultural de nuestro pueblo que trasmite la justicia, que trasmite la historia, que trasmite los valores, que trasmite la memoria del pueblo. Y ustedes, por favor, no se metan contra los viejos; déjenlos hablar, escúchenlos, y lleven adelante. Pero sepan, sepan que, en este momento, ustedes, los jóvenes, y los ancianos, están condenados al mismo destino: exclusión; no se dejen excluir. ¿Está claro? Por eso, creo que tienen que trabajar. Y la fe en Jesucristo no es broma, es algo muy serio. Es un escándalo que Dios haya venido a hacerse uno de nosotros; es un escándalo, y que haya muerto en la Cruz, es un escándalo: El escándalo de la Cruz. La Cruz sigue siendo escándalo, pero es el único camino seguro: el de la Cruz, el de Jesús, la encarnación de Jesús. Por favor, no licuen la fe en Jesucristo. Hay licuado de naranja, hay licuado de manzana, hay licuado de banana, pero, por favor, no tomen licuado de fe. La fe es entera, no se licua. Es la fe en Jesús. Es la fe en el Hijo de Dios hecho hombre, que me amó y murió por mí. Entonces: Hagan lío; cuiden los extremos del pueblo, que son los ancianos y los jóvenes; no se dejen excluir, y que no excluyan a los ancianos. Segundo: no licuen la fe en Jesucristo. Las bienaventuranzas. ¿Qué tenemos que hacer, Padre? Mira, lee las bienaventuranzas que te van a venir bien. Y si querés saber qué cosa práctica tenés que hacer, lee Mateo 25, que es el protocolo con el cual nos van a juzgar. Con esas dos cosas tienen el programa de acción: Las bienaventuranzas y Mateo 25. No necesitan leer otra cosa. Se lo pido de corazón. Bueno, les agradezco ya esta cercanía. Me da pena que estén enjaulados. Pero, les digo una cosa: Yo, por momentos, siento: ¡Qué feo que es estar enjaulados! Se lo confieso de corazón… Pero, veremos… Los comprendo. Y me hubiera gustado estar más cerca de ustedes, pero comprendo que, por razón de orden, no se puede. Gracias por acercarse; gracias por rezar por mí; se lo pido de corazón, necesito, necesito de la oración de ustedes, necesito mucho. Gracias por eso… Y, bueno, les voy a dar la Bendición y después vamos a bendecir la imagen de la Virgen, que va a recorrer toda la República… y la cruz de San Francisco, que van a recorrer ‘misionariamente’. Pero no se olviden: Hagan lío; cuiden los dos extremos de la vida, los dos extremos de la historia de los pueblos, que son los ancianos y los jóvenes, y no licuen la fe.

Y ahora vamos a rezar, para bendecir la imagen de la Virgen y darles después la bendición a ustedes.

Nos ponemos de pie para la Bendición, pero, antes, quiero agradecer lo que dijo Mons. Arancedo, que de puro maleducado no se lo agradecí. Así que gracias por tus palabras.

Oración:

En el nombre del Padre, y del Hijo y del Espíritu Santo.
Dios te salve, María, llena eres de gracia….

Señor, Tú dejaste en medio de nosotros a tu Madre, para que nos acompañara. Que Ella nos cuide, nos proteja en nuestro camino, en nuestro corazón, en nuestra fe. Que Ella nos haga discípulos, como lo fue Ella, y misioneros, como también lo fue Ella. Que nos enseñe a salir a la calle, que nos enseñe a salir de nosotros mismos.

Bendecimos esta  imagen, Señor, que va a recorrer el País. Que Ella con su mansedumbre, con su paz, nos indique el camino.

Señor, Vos sos un escándalo, el escándalo de la Cruz. Una Cruz que es humildad, mansedumbre; una Cruz que nos habla de la cercanía de Dios.

Bendecimos también esta imagen de la Cruz, que recorrerá el país.
Muchas gracias y nos vemos en estos días.


Que Dios los bendiga y recen por mí. No se olviden.
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Fonte: Santa Sé

Os "sem religião" do Brasil ganham destaque em jornais da Europa.


Não é segredo para ninguém que o panorama religioso do Brasil tem mudado nas últimas décadas. Os principais aspectos de tal mudança são o declínio do catolicismo e o crescimento acentuado do número de evangélicos (em especial pentecostais). Os números de cada novo Censo apontam para isto.

No entanto, um grupo que têm aumentado a cada novo Censo e que nem sempre é percebido de forma muito clara é daqueles que se denominam "sem religião". Note que aqui não estamos nos referindo necessariamente a ateus ou agnósticos, mas àqueles que optaram por não estarem sob a tutela de determina instituição religiosa. De acordo com o Censo 2010, este número já alcança 8% da população brasileira. Entre 2000 e 2010 os sem religião tiveram um crescimento de 2,8 milhões de pessoas, totalizando atualmente mais de 15 milhões (destes "apenas" 615 mil se declaram ateus e 124 mil agnósticos).



No dia 23 de julho, três jornais europeus publicaram matéria sobre o perfil do grupo dos "sem religião" no Brasil. A matéria foi feita pela repórter Chantal Rayes, correspondente de São Paulo do jornal francês Libération. A matéria faz parte da cobertura européia da presença do papa Francisco no Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. Além do Liberátion, a matéria também foi reproduzida no Le Temps, da Suiça e Le Soir, da Bélgica.

Foram entrevistados  os professores Paul Freston (doutor em sociologia pela UNICAMP e professor da UFSCar) e Dario Paulo Barrera Rivera (Doutor em Ciências da Religião pela Univ. Metodista de São Paulo e professor da mesma Universidade). Freston declarou que os sem religião "são pessoas que mantêm a fé, ou pelo menos uma forma de espiritualidade, mas rejeitam rótulos religiosos. São a expressão de uma crise geral das instituições que não poupa as Igrejas". 

O professor Paulo Barrera destacou que o grupo dos sem religião não é meramente uma expressão das camadas mais ricas da sociedade, mas que se manifesta com intensidade nas regiões de periferia das grandes metrópoles, também entre pessoas com pouca escolaridade. Nestes espaços as igrejas pentecostais também aparecem com vigor. O professor destacou ainda que o fenômeno dos sem religião também está presente em outros países da América Latina, como Chile, Argentina e Uruguai.

O interesse de um jornal francês sobre o tema reflete um processo que é percebido com maior intensidade nos países europeus: a perca da centralidade das instituições religiosas na pós-modernidade. O livro da pesquisadora francesa Daniele Herviéu-Léger, O peregrino e o convertido (publicado no Brasil pela Paulinas) retrata esta questão e tornou-se referência para o estudo do tema.


Vale a pena lembrar que o professor Paulo Barrera, que foi entrevistado na matéria, coordena o Grupo de Pesquisas Religião e Periferia na América Latina (REPAL) que reúne pesquisadores de diferentes instituições que se debruçam sobre o estudos das formas de manifestação religiosa nas periferias das metrópoles latino-americanas. Marcos Nicolini, membro do grupo, está desenvolvendo pesquisa de doutorado sobre os sem religião, o que sem dúvida trará novos elementos para a discussão do tema. Em 2011, este blogueiro, que também é filiado ao REPAL, defendeu sua dissertação de mestrado sobre os pentecostais na periferia de São Paulo, tendo como estudo de caso o bairro de Perus.
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Disponível em: CONIC

Vigília e encerramento da JMJ 2013 são transferidos de Guaratiba para Copacabana


Membros da organização da Jornada Mundial da Juventude, que estão no Campus Fidei, em Guaratiba, na zona oeste do Rio, informam nesta quinta-feira (25) que o evento no local foi transferido para Copacabana (zona sul). O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), fez o anúncio oficial na sequência, em coletiva de imprensa. O encontro internacional de católicos vai até domingo (28) na capital fluminense.

"Tomamos a decisão de cancelar por causa das chuvas intensas desde segunda-feira e como tem vigília, sob o ponto de vista de saúde, colocaria pessoas em risco", afirmou na coletiva no Centro de Operações da Prefeitura.

Segundo ele, técnicos da área de saúde e de logística aconselharem que o evento fosse cancelado em Guaratiba. "Pedimos a compreensão dos moradores".

Em Copacabana, um grupo de peregrinos começa a gritar: "A vigília é em Copa".

Paes disse ainda que amanhã, às 11h, será anunciado como será a contingência de Copacabana. "O plano B sempre foi Copacabana. É tradição da JMJ terem dois locais", afirmou.


A escolha de Guaratiba, que é uma região mais afastada do centro da cidade, ocorreu porque é costume da JMJ uma caminhada e uma vigília noturna na véspera da missa de encerramento.

"Queríamos distribuir o evento por toda a cidade". O prefeito disse também que não houve gasto de dinheiro público com esse evento.

Um treinamento para a segurança do papa, que começaria às 15h, foi suspenso. Os participantes foram informados por rádio para cancelarem o treinamento, já que o evento não será mais realizado lá.

Os dois principais eventos da Jornada Mundial da Juventude aconteceriam no campo de Guaratiba: a vigília, sábado (27), com a presença do papa Francisco, e a missa de encerramento do evento católico no domingo (28), também com a presença do pontífice.

Com as chuvas constantes, a região ficou alagada. Os eventos serão transferidos para a praia de Copacabana (zona sul), onde Francisco participa, nesta quinta (25) e sexta (26), de dois eventos.


REUNIÃO

Segundo o departamento de comunicação no Campus Fidei, a organização da Jornada se reuniu no início da tarde de hoje com os bombeiros, Exército e Ministério da Saúde para decidir sobre o evento. Moradores da região ouvidos pela reportagem dizem que choveu ininterruptamente nos últimos dois dias.

A organização diz que a chuva no local ocorreu por 24 horas seguidas: começou ontem de manhã e só parou no início da manhã de hoje.

A Folha percorreu três entradas do evento. Havia um esforço para cobrir de brita os principais acessos. A entrada dois, que fica atrás do palco e é usada pelos veículos de serviço, está toda coberta de brita, formando uma espécie de asfalto. Na semana passada, o local era apenas lama e barro.

Na entrada dos peregrinos a situação é mais complicada. Grandes poças de lama estão formadas. Na entrada mais próxima da avenida das Américas, onde seria feito o acesso das autoridades, há também bastante lama.


A Jornada informou que, apesar do esforço, não seria possível cobrir os 1,36 milhão de metros quadrados do Campus Fidei. Em alguns pontos é possível observar que uma manta feita de lona e uma trama de aço foi posta sobre o barro.

Palco que está sendo construído para encerramento da JMJ em Guaratiba

CAMPUS FIDEI

A vigília de orações dos jovens e a missa de encerramento celebrada pelo papa Francisco fazem parte da tradição da Jornada Mundial da Juventude.

Os dois eventos costumam ocorrer em área aberta, com grandes dimensões, batizada de Campus Fidei, que significa Campo da Fé. No caso do Rio, o Campus Fidei foi adaptado em um fazenda do bairro de Guaratiba, na zona oeste da cidade.

Construído em uma área de terra, que precisou passar por terraplanagem e diversas obras para receber os estimados 1,5 milhão de peregrinos, não aguentou as chuvas que atingem o Rio desde o início da semana, segundo funcionários que trabalham no local.

Por causa do terreno instável, foi necessária a construção de uma base de concreto para sustentar o imenso palco (3.800 m²) onde as atividades acontecem. "O problema é o lugar onde as pessoas vai ficar, não tem como, está tudo enlameado. É uma pena, o pessoal está meio chateado. Mas foram três dias de chuva ininterrupta, nunca vi isso", disse o trabalhador.

Oficialmente, a organização da Jornada afirma que os trabalhos continuam para que os eventos aconteçam em Guaratiba --já foram investidos R$ 5 milhões apenas para a construção do palco-- e que a chegada do sol deve viabilizar a realização do evento planejado.
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Fonte: Folha de São Paulo
Título original: Evento em Guaratiba é transferido para a praia de Copacabana.

Missa de encerramento da JMJ poderá ser em Copacabana

Campus Fidei está cheio de lama

O Campus Fidei, em Guaratiba, amanheceu hoje tomado pela lama.

Tem gente do comitê organizador da Jornada Mundial da Juventude que acha impraticável o Papa Francisco realizar, domingo, a missa de encerramento em Guaratiba e defende a transferência da cerimônia para a Praia de Copacabana.
 

O prefeito Eduardo Paes afirmou que vai apoiar qualquer decisão do comitê organizador.
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Fonte: O Globo

Discurso do Papa Francisco na comunidade de Varginha


Viagem Apostólica ao Brasil 
Discurso do Papa Francisco
Comunidade de Varginha – Rio de Janeiro
Quinta-feira, 25 de julho de 2013


Queridos irmãos e irmãs,

Que bom poder estar com vocês aqui! Desde o início, quando planejava a minha visita ao Brasil, o meu desejo era poder visitar todos os bairros deste País. Queria bater em cada porta, dizer “bom dia”, pedir um copo de água fresca, beber um “cafezinho”, não um copo de cachaça, como a amigos de casa, ouvir o coração de cada um, dos pais, dos filhos, dos avós… Mas o Brasil é tão grande! Não é possível bater em todas as portas! Então escolhi vir aqui, visitar a Comunidade de vocês que hoje representa todos os bairros do Brasil. Como é bom ser bem acolhido, com amor, generosidade, alegria! Basta ver como vocês decoraram as ruas da Comunidade; isso é também um sinal do carinho que nasce do coração de vocês, do coração dos brasileiros, que está em festa! Muito obrigado a cada um de vocês pela linda acolhida! Agradeço ao casal Rangler e Joana pelas suas belas palavras.


1.    Desde o primeiro instante em que toquei as terras brasileiras e também aqui junto de vocês, me sinto acolhido. E é importante saber acolher; é algo mais bonito que qualquer enfeite ou decoração. Isso é assim porque quando somos generosos acolhendo uma pessoa e partilhamos algo com ela – um pouco de comida, um lugar na nossa casa, o nosso tempo – não ficamos mais pobres, mas enriquecemos. Sei bem que quando alguém que precisa comer bate na sua porta, vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode “colocar mais água no feijão”! Se pode colocar mais água no feijão? sempre? E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração!

E povo brasileiro, sobretudo as pessoas mais simples, pode dar para o mundo uma grande lição de solidariedade, que é uma palavra frequentemente esquecida ou silenciada, porque é incômoda. Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo! Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais! Não é a cultura do egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um mundo mais habitável, mas sim a cultura da solidariedade; a cultura da solidariedade. Ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão. E todos nós somos irmãos.

Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria. Nenhum esforço de “pacificação” será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial para si mesma. Lembremo-nos sempre: somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade; tudo aquilo que se compartilha se multiplica! A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, quem não tem outra coisa senão a sua pobreza!

2.    Queria dizer-lhes também que a Igreja, «advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam ao céu» (Documento de Aparecida, 395), deseja oferecer a sua colaboração em todas as iniciativas que signifiquem um autêntico desenvolvimento do homem todo e de todo o homem. Queridos amigos, certamente é necessário dar o pão a quem tem fome; é um ato de justiça. Mas existe também uma fome mais profunda, a fome de uma felicidade que só Deus pode saciar. Fome de dignidade. Não existe verdadeira promoção do bem-comum, nem verdadeiro desenvolvimento do homem, quando se ignoram os pilares fundamentais que sustentam uma nação, os seus bens imateriais: a vida, que é dom de Deus, um valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a família, fundamento da convivência e remédio contra a desagregação social; a educação integral, que não se reduz a uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucro; a saúde, que deve buscar o bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e uma convivência saudável; a segurança, na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano.

3.    Queria dizer uma última coisa. Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens. Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo. A Igreja está ao lado de vocês, trazendo-lhes o bem precioso da fé, de Jesus Cristo, que veio «para que todos tenham vida, e vida em abundância» (Jo 10,10).


Hoje a todos vocês, especialmente aos moradores dessa Comunidade de Varginha, quero dizer: Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o Papa está com vocês. Levo a cada um no meu coração e faço minhas as intenções que vocês carregam no seu íntimo: os agradecimentos pelas alegrias, os pedidos de ajuda nas dificuldades, o desejo de consolação nos momentos de tristeza e sofrimento. Tudo isso confio à intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Mãe de todos os pobres do Brasil, e com grande carinho lhes concedo a minha Bênção. Obrigado.

Da JMJ, a dor e oração do Papa pelo acidente na Espanha


O clima de festa que o Rio de Janeiro está vivendo pela Jornada Mundial da Juventude foi interrompido pelas dramáticas notícias vindas da Espanha na noite do dia 24. O Papa Francisco foi imediatamente informado do descarrilhamento de um trem que estava por chegar a Santiago da Compostela – meta, em particular no dia 25 de julho, festa de São Tiago, de tantos peregrinos. 

O balanço provisório da tragédia é dramático: quase 80 mortos e 140 feridos. O acidente ferroviário mais grave da Espanha nos últimos 70 anos ocorreu às 20h42. O trem de alta velocidade Madri-Ferrol encontrava-se na bifurcação de A Grandeira, a pouco mais de 3 quilômetros da estação de Santiago da Compostela. Segundo os sobreviventes, o comboio “viajava muito rápido e, na curva, começou a virar, enquanto os vagões acabavam um por cima do outro”. 

Entre as testemunhas, há quem diga ter ouvido uma explosão. No entanto, por ser provavelmente o barulho do impacto, as autoridades já descartaram a hipótese de atentado. A atenção dos investigadores está concentrada na velocidade do trem que, no momento do descarrilhamento, estava a mais de 180 km/h. O socorro às vítimas durou toda a noite para retirar os corpos dos escombros. Além disso, foi iniciada uma coleta de sangue para os feridos.


Ainda nesta manhã, deve chegar ao local do desastre o Primeiro-Ministro espanhol, Mariano Rajoy, nativo de Santiago. Ainda, a administração da cidade galega anulou as anuais festividades dedicadas a São Tiago, que começariam nesta quinta-feira. Também pelo mesmo motivo, presume-se que muitos peregrinos estavam no trem com destino ao Santuário de Santiago. A solidariedade vem de toda Europa através do Presidente do Parlamento da União Europeia, Martin Schulz, que se disse próximo às famílias das vítimas.

O Papa Francisco recebeu logo a notícia, conforme conta o diretor da Sala de Imprensa do Vaticano, Padre Federico Lombardi: “Foi informado na mesma noite. Eu lhe passei algumas informações em seguida através de seus colaboradores. Soube, depois, que o Cardeal Rouco Varela conseguiu telefonar-lhe pessoalmente. O cardeal foi Arcebispo de Santiago por muito tempo, e sente terrivelmente este acidente". (NV)
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