quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Papa Francisco renova seu apelo em favor do dia de oração e jejum pela paz, no próximo sábado


AUDIÊNCIA GERAL

Praça de São Pedro

Quarta-feira, 4 de Setembro de 2013


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Retomamos o caminho das catequeses, depois das férias de agosto, mas hoje gostaria de falar com vocês da minha viagem ao Brasil, em ocasião da Jornada Mundial da Juventude. Passou-se mais de um mês, mas considero importante retornar a este evento, e a distância de tempo permite compreender melhor o significado.

Antes de tudo desejo agradecer ao Senhor, porque foi Ele que guiou tudo com a sua Providência. Para mim, que venho das Américas, foi um grande presente! E por isto agradeço também Nossa Senhora Aparecida, que acompanhou toda esta viagem: fiz a peregrinação ao grande Santuário nacional brasileiro, e a sua venerável imagem estava sempre presente no palco da JMJ. Fiquei muito contente com isto, porque Nossa Senhora Aparecida é muito importante para a história da Igreja no Brasil, mas também para toda a América Latina; em Aparecida os bispos latino-americanos e do Caribe vivemos uma Assembleia geral, com o Papa Bento: uma etapa muito significativa do caminho pastoral naquela parte do mundo onde vive a maior parte da Igreja católica.


Mesmo se já o fiz, quero renovar o agradecimento a todas as Autoridades civis e eclesiásticas, aos voluntários, à segurança, às comunidades paroquiais do Rio de Janeiro e de outras cidades do Brasil, onde os peregrinos foram acolhidos com grande fraternidade. De fato, o acolhimento das famílias brasileiras e das paróquias foi uma das características mais belas desta JMJ. Brava gente estes brasileiros. Brava gente! Têm realmente um grande coração. A peregrinação comporta sempre desconfortos, mas o acolhimento ajuda a superá-los e, antes, transforma-os em ocasião de conhecimento e de amizade. Nascem laços que depois permanecem, sobretudo na oração. Também assim cresce a Igreja em todo o mundo, como uma rede de verdadeiras amizades em Jesus Cristo, uma rede que enquanto te prende te liberta. Então, acolhimento: e esta é a primeira palavra que emerge da experiência da viagem ao Brasil. Acolhida!

Uma outra palavra que resume pode ser festa. A JMJ é sempre uma festa, porque quando uma cidade se preenche com jovens e jovens que percorrem as ruas com as bandeiras de todo o mundo, saudando-se, abraçando-se, esta é uma verdadeira festa. É um sinal para todos, não só para os crentes. Mas depois há a festa maior que é a festa da fé, quando juntos se louva o Senhor, canta-se, escuta-se a Palavra de Deus, permanece-se em silêncio de adoração: tudo isto é o ápice da JMJ, é o verdadeiro escopo desta grande peregrinação e se vive este momento de modo particular na grande Vigília do sábado à noite e na Missa final. Aqui está: está é a grande festa, a festa da fé e da fraternidade, que começa neste mundo e não terá fim. Mas isto é possível somente com o Senhor. Sem o amor de Deus não há verdadeira festa para o homem!

Acolhimento, festa. Mas não pode faltar um terceiro elemento: missão. Esta JMJ foi caracterizada por um tema missionário: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”. Ouvimos a palavra de Jesus: é a missão que Ele dá a todos! É o mandato de Cristo Ressuscitado aos seus discípulos: “Ide”, saiam de si mesmos, de todo fechamento para levar a luz e o amor do Evangelho a todos, até as extremas periferias da existência! E foi justamente este mandato de Jesus que confiei aos jovens que enchiam a perder de vista a praia de Copacabana. Um lugar simbólico, à margem do oceano, que fazia pensar na margem do lago da Galileia. Sim, porque mesmo hoje o Senhor repete: “Ide…”, e acrescenta: “Eu estou convosco, todos os dias…”. Isto é fundamental! Somente com Cristo nós podemos levar o Evangelho. Sem Ele não podemos fazer nada – disse-nos Ele mesmo (cfr Jo 15, 5). Com Ele, em vez disso, unidos a Ele, podemos fazer tanto. Mesmo um rapaz, uma moça, que aos olhos do mundo conta pouco ou nada, aos olhos de Deus é um apóstolo do Reino, é uma esperança para Deus! A todos os jovens gostaria de perguntar com força, mas eu não sei se hoje na Praça há jovens: há jovens na Praça? Há alguns! Gostaria, a todos vocês, de perguntar com força: vocês querem ser uma esperança para Deus? Querem ser uma esperança, vocês? [Jovens: Sim!] Querem ser uma esperança para a Igreja? [Jovens: “Sim!”] Um coração jovem, que acolhe o amor de Cristo, transforma-se em esperança para os outros, é uma força imensa! Mas vocês, rapazes e moças, todos os jovens, vocês devem nos transformar e vos transformar em esperança! Abrir as portas rumo a um mundo novo de esperança. Esta é a tarefa de vocês. Querem ser esperança para todos nós? [Jovens: “Sim!”]. Pensemos no que significa aquela multidão de jovens que encontraram Cristo ressuscitado no Rio de Janeiro e levam o seu amor na vida de todos os dias, vivem-no, comunicam-no. Não vão para os jornais porque não cometem atos violentos, não fazem escândalo e então não fazem notícia. Mas, se permanecem unidos a Jesus, constroem o seu Reino, constroem fraternidade, partilha, obras de misericórdia, são uma força poderosa para tornar o mundo mais justo e mais belo, para transformá-lo! Gostaria de perguntar agora aos rapazes e moças, que estão aqui na Praça: vocês têm coragem de acolher este desafio? [Jovens: “Sim”] Têm coragem ou não? Eu ouvi pouco… [Jovens: “Sim”] Vocês estão animados para ser esta força de amor e de misericórdia que tem a coragem de querer transformar o mundo? [Jovens: “Sim”].

Queridos amigos, a experiência da JMJ nos recorda a verdadeira grande notícia da história, a Boa Nova, mesmo se não aparece nos jornais e na televisão: somos amados por Deus, que é nosso Pai e que enviou o seu Filho Jesus para fazer-se próximo a cada um de nós e nos salvar. Enviou Jesus para nos salvar, para perdoar todos, porque Ele sempre perdoa: Ele sempre perdoa, porque é bom e misericordioso. Recordem: acolhimento, festa e missão. Três palavras: acolhimento, festa e missão. Estas palavras não são só uma recordação daquilo que aconteceu no Rio, mas são alma da nossa vida e das nossas comunidades divinas, contribuem para construir um mundo mais justo e solidário. Obrigado!

Apelo do Papa


No próximo sábado viveremos juntos um dia especial de jejum e de oração pela paz na Síria, no Oriente Médio, no mundo todo. Também para a paz nos nossos corações, porque a paz começa no coração! Renovo o convite a toda a Igreja a viver intensamente este dia, e, desde agora, exprimo reconhecimento aos outros irmãos cristãos, aos irmãos de outras religiões e aos homens e mulheres de boa vontade que queirem se unir, nos lugares e nos modos próprios, a este momento. Exorto em particular os fiéis romanos e os peregrinos a participarem da vigília de oração aqui, na Praça São Pedro, às 19h, para invocar ao Senhor o grande dom da paz. Se eleve forte em toda a terra o grito da paz!

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Fonte: Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Papa anuncia dia de jejum e oração pela paz na Síria e no mundo


Angelus
Praça São Pedro – Vaticano
Domingo, 1º de setembro de 2013


Hoje, queridos irmãos e irmãs, queria fazer-me intérprete do grito que se eleva, com crescente angústia, em todos os cantos da terra, em todos os povos, em cada coração, na única grande família que é a humanidade: o grito da paz! É um grito que diz com força: queremos um mundo de paz, queremos ser homens e mulheres de paz, queremos que nesta nossa sociedade, dilacerada por divisões e conflitos, possa irromper a paz! Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra! A paz é um dom demasiado precioso, que deve ser promovido e tutelado.

Vivo com particular sofrimento e com preocupação as várias situações de conflito que existem na nossa terra; mas, nestes dias, o meu coração ficou profundamente ferido por aquilo que está acontecendo na Síria, e fica angustiado pelos desenvolvimentos dramáticos que se preanunciam.


Dirijo um forte Apelo pela paz, um Apelo que nasce do íntimo de mim mesmo! Quanto sofrimento, quanta destruição, quanta dor causou e está causando o uso das armas naquele país atormentado, especialmente entre a população civil e indefesa! Pensemos em quantas crianças não poderão ver a luz do futuro! Condeno com uma firmeza particular o uso das armas químicas! Ainda tenho gravadas na mente e no coração as imagens terríveis dos dias passados! Existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre as nossas ações aos quais não se pode escapar! O uso da violência nunca conduz à paz. Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência.

Com todas as minhas forças, peço às partes envolvidas no conflito que escutem a voz da sua consciência, que não se fechem nos próprios interesses, mas que olhem para o outro como um irmão e que assumam com coragem e decisão o caminho do encontro e da negociação, superando o confronto cego. Com a mesma força, exorto também a Comunidade Internacional a fazer todo o esforço para promover, sem mais demora, iniciativas claras a favor da paz naquela nação, baseadas no diálogo e na negociação, para o bem de toda a população síria.

Que não se poupe nenhum esforço para garantir a ajuda humanitária às vítimas deste terrível conflito, particularmente os deslocados no país e os numerosos refugiados nos países vizinhos. Que os agentes humanitários, dedicados a aliviar os sofrimentos da população, tenham garantida a possibilidade de prestar a ajuda necessária.

O que podemos fazer pela paz no mundo? Como dizia o Papa João XXIII, a todos corresponde a tarefa de estabelecer um novo sistema de relações de convivência baseados na justiça e no amor (cf. Pacem in terris, [11 de abril de 1963]: AAS 55 [1963], 301-302).

Possa uma corrente de compromisso pela paz unir todos os homens e mulheres de boa vontade! Trata-se de um forte e premente convite que dirijo a toda a Igreja Católica, mas que estendo a todos os cristãos de outras confissões, aos homens e mulheres de todas as religiões e também àqueles irmãos e irmãs que não creem: a paz é um bem que supera qualquer barreira, porque é um bem de toda a humanidade.
Repito em alta voz: não é a cultura do confronto, a cultura do conflito, aquela que constrói a convivência nos povos e entre os povos, mas sim esta: a cultura do encontro, a cultura do diálogo: este é o único caminho para a paz.

Que o grito da paz se erga alto para que chegue até o coração de cada um, e que todos abandonem as armas e se deixem guiar pelo desejo de paz.

Por isso, irmãos e irmãs, decidi convocar para toda a Igreja, no próximo dia 7 de setembro, véspera da Natividade de Maria, Rainha da Paz, um dia de jejum e de oração pela paz na Síria, no Oriente Médio, e no mundo inteiro, e convido também a unir-se a esta iniciativa, no modo que considerem mais oportuno, os irmãos cristãos não católicos, aqueles que pertencem a outras religiões e os homens de boa vontade.
No dia 7 de setembro, na Praça de São Pedro, aqui, das 19h00min até as 24h00min, nos reuniremos em oração e em espírito de penitência para invocar de Deus este grande dom para a amada nação síria e para todas as situações de conflito e de violência no mundo. A humanidade precisa ver gestos de paz e escutar palavras de esperança e de paz! Peço a todas as Igrejas particulares que, além de viver este dia de jejum, organizem algum ato litúrgico por esta intenção.


Peçamos a Maria que nos ajude a responder à violência, ao conflito e à guerra com a força do diálogo, da reconciliação e do amor. Ela é mãe: que Ela nos ajude a encontrar a paz; todos nós somos seus filhos! Ajudai-nos, Maria, a superar este momento difícil e a nos comprometer a construir, todos os dias e em todo lugar, uma autêntica cultura do encontro e da paz. Maria, Rainha da paz, rogai por nós!

Dia da Pátria e de oração pela Paz na Síria e no Oriente


Sexta feira (sic), dia 7, os católicos celebraremos o Dia da Independência com um coração cheio de orgulho e gratidão por pertencermos a esta terra abençoada da Santa Cruz. Data que nos chama a reflexão e ao comprometimento cívico e patriótico, pois não a honraríamos corretamente com sentimentos ufanistas ou de adesão a um nacionalismo agressivo, mas um verdadeiro amor a Pátria, exige a luta e o empenho pela conquista de uma cidadania plena para todos/as, a erradicação da miséria e a eliminação da corrupção na política e na sociedade inteira.

Nos unimos ao grito dos excluídos que trás como lema: "Juventude que ousa lutar, construtora de um projeto popular"; fazendo ecoar as manifestações que iniciaram em junho de 2013, que anseiam uma renovação estrutural no pais e na sociedade. A independência não é apenas uma data, mas um processo e uma caminhada, que nos leva a forjar e gerar entre nós, uma soberania nacional, cada vez mais forte, respeitada e integral, testemunha e sinal de uma brasilianidade autêntica e fecunda, voltada para ser entre as nações exemplo de paz, inclusão e justiça.


Mas junto a prece pela Pátria, queremos atender o apelo do Papa Francisco de na Véspera da Natividade de Maria Santíssima Rainha da Paz, fazer jejum e rezar pela paz na Síria, no Oriente Médio e no mundo inteiro. A paz depende da boa vontade de todos os membros da humanidade, de tentar resolver os conflitos pela via da negociação e do diálogo, procurando soluções justas que beneficiem a todos os envolvidos, pois a via da guerra e da violência só multiplicará a destruição e o ódio."

Peçamos a Maria nos ajude a responder à violência, ao conflito e à guerra com a força do diálogo, da reconciliação e do amor. Ela é a mãe, que Ela nos ajude a encontrar a paz, todos nós somos seus filhos! Ajudai-nos, Maria, a superar este momento difícil e a nos comprometer a construir, todos os dias e em todo lugar, uma autêntica cultura do encontro e da paz. Maria, Rainha da paz, rogai por nós!" Deus seja louvado!


Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

Síria: guerra e paz


O conflito na Síria está cada vez pior. Mais de um ano de guerra civil já produziu um grande número de vítimas entre civis, de destruição e de feridas na complexa comunidade siriana. Enormes recursos econômicos e energias humanas ali gastos poderiam ter sido bem melhor aplicadas em projetos de paz e de bem-estar social...

Muitas análises sobre o conflito já foram feitas e não é minha intenção fazer mais uma. Certamente não se pode desconhecer que há um conjunto de fatores locais e estratégicos em jogo na guerra civil da Síria; há também facções buscam afirmar-se pela força sobre o resto da sociedade; há populações que desejam ver seus legítimos direitos respeitados. A sistemática violação da dignidade humana acaba se tornando insuportável. Uma guerra nunca é consequência da paz, mas de conflitos latentes ou abertos, que já existiam antes.


O que preocupa agora ainda mais é a perspectiva muito concreta do alastramento do conflito, em vez da busca da sua cessação. Fala-se de intervenção externa na Síria, para não deixar sem uma desaprovação contundente da Comunidade internacional o uso de armas químicas contra a população, pelo governo sírio, se assim ficar comprovado. De fato o uso de tais armas é vetado pelas convenções da Organização das Nações Unidas (ONU).

A questão é saber se mais violência resolve o problema da violência? Uma guerra pode ser solucionada com outra guerra? O papa Francisco lançou um dramático apelo pela paz na Síria na sua mensagem da hora do Angelus do domingo, dia 1º de setembro: “vivo com particular sofrimento e com preocupação as várias situações de conflito que existem na nossa terra; mas nesses dias, meu coração ficou profundamente ferido por aquilo que está acontecendo na Síria e fica ainda mais angustiado pelos desdobramentos dramáticos que se prenunciam”.

Qual poderia ser o caminho para evitar ainda mais sofrimento, destruição, morte e feridas abertas por muito tempo? O Papa lamenta o uso das armas e condena com firmeza o uso de armas químicas; adverte que existe um julgamento de Deus e também da história sobre quem toma tais iniciativas.

Se o uso da violência não conduz à paz, se a guerra traz mais guerra e a violência chama ainda mais violência, não existe outro caminho do que o da negociação, do diálogo e da busca de um entendimento razoável, onde todos perdem menos e pode ser encontrada uma solução de paz. O Papa convida as partes envolvidas que escutem a voz da consciência e não se fechem nos próprios interesses; que tenham a coragem de superar o conflito cego, desarmar os espíritos e de olhar um para o outro como irmãos.

O apelo também vale para a Comunidade Internacional, que está se envolvendo naquele conflito: não se poupem esforços para promover, sem demora, iniciativas claras pela paz na Síria, em vista do bem da população daquele país. As numerosas vítimas ido conflito e os refugiados em países vizinhos precisam da solidariedade concreta e de ajuda humanitária. A guerra civil na Síria, como tantas outras guerras esquecidas, em várias partes do mundo, requerem um novo sistema de relações de convivência entre os povos, baseado no respeito profundo à dignidade humana, na justiça e no amor.


O papa Francisco também lembra “aos homens e mulheres de boa vontade”, aos adeptos das religiões, especialmente aos membros da Igreja Católica, que a paz é um compromisso de todos. E dirige seu convite a todos, para serem promotores da cultura do encontro e do diálogo: é o único caminho para a paz. Por fim, convocou toda a Igreja e convidou as  pessoas não-católicas a fazerem no dia 7 de setembro, um dia de oração e de jejum pela Síria.


Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo

Setembro, mês de refontalização bíblica


Todos os anos a Igreja Católica que peregrina no Brasil, no mês de Setembro, assume o desafio e a inspiração de estudar um livro da Bíblia, e assim incentivar a leitura das Sagradas Escrituras para nela encontrar “as razões da nossa esperança”. Esta prática salutar e sábia nos leva a destacar a Bíblia como fonte da espiritualidade cristã, da catequese, do ensino, e da própria missão de testemunhar a Cristo.

Um cristão que não lê a Bíblia e a põe em prática, é como aquele homem que se olha no espelho e não se reconhece, afirma o Apóstolo Tiago. É importante frisar que a Bíblia mais que uma coleção de livros é uma pessoa, que nos fala, nos interpela e nos instrui: o Senhor Jesus Cristo que é o esperado no Primeiro Testamento e revelado plenamente no Novo. Somos um povo que caminha sob a luz e a bússola da Palavra de Deus, norma não normada, a qual deve se ajustar a nossa vida e trabalho.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

“Se você quer admirar uma dança, sabe aonde ir… Mas não na Missa!” (Cardeal Arinze).


Em 2002, na Cidade do México, durante a Missa que celebrou a canonização de Juan Diego, índios realizaram danças diante do Papa João Paulo II. Deem uma olhada no vídeo, que pitoresco!


E aí, o que vocês acharam da dança e dos trajes do corpo de baile indígena? Eu achei o máximo, lindíssimos. Só me incomodei com um detalhe: os dançarinos estavam na hora e no lugar errados. O templo de Deus – no caso, a Basílica da Virgem de Guadalupe – não é lugar para esse tipo de coisa, muito menos durante uma Missa. Além do mais, a apresentação lembra muito mais um ritual pagão (se é que não o foi, de fato) do que um rito cristão.

Eventos como esse acabaram por abrir um precedente desastroso. Milhares de sacerdotes e leigos em todo o mundo se acharam no direito de inserir os mais variados e bizarros remelexos na liturgia. Já ouvi falar de gente fazendo dança do ventre na Missa e já vi jovens de mini-saia sambando em frente ao altar (ué, se os dançarinos mexicanos podem exibir coxas e barrigas na igreja, porque não elas?). Em um post sobre as “missas avacalhadas", mostramos um vídeo em que um casal com pouca roupa requebra em uma Missa ao som de “Pérola Negra”, de Daniela Mercury.

Diante de tanta zona, é um alento ter acesso às orientações do Cardeal Francis Arinze, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos entre 2002 e 2008. Em um evento, ele respondeu com muito bom-humor a perguntas sobre a “dança litúrgica”. No vídeo, que vimos no blog Missa aos Domingos, o Cardeal nigeriano enfatiza que “A dança é algo estranho ao rito latino da Missa”, e não deve ser realizada em nenhum momento da liturgia. Ele pondera, porém, que os povos de cultura asiática e africana podem realizar alguns movimentos refinados, típicos de sua cultura, no momento do ofertório, por exemplo.

MAS ATENÇÃO: o cardeal falou que os bispos – em especial aqueles dos países africanos e asiáticos – devem avaliar a possibilidade de autorizar movimentos REFINADOS na Missa, não danças. NÃO É PRA DANÇAR NUNCA!

O Papa Bento XVI, em seu livro “El espíritu de la liturgia – Una introdución”, já havia esclarecido esta questão (tradução e grifos nossos):

A dança não é uma forma de expressão da liturgia cristã. Houve círculos docéticos-gnósticos que pretenderam introduzí-la na liturgia cristã, por volta do século III. Para eles, a crucificação era só aparência (…), de tal maneira que o baile podia ocupar o lugar da liturgia da cruz (…). As danças cultuais das diversas religiões têm finalidades diversas: encantamento, magia analógica, êxtase místico; nenhuma destas figuras corresponde à orientação interior da liturgia do ‘sacrifício da palavra’.

“O que é completamente absurdo é quando, com a intenção de fazer com que a liturgia que seja mais ‘atrativa’, se introduzem pantomimas [gestos teatrais] em forma de dança. Quando é possível, se realizam inclusive com grupos de dança profissionais que, frequentemente, terminam com aplausos (…). Quando se aplaude pela obra humana dentro da liturgia, nos encontramos diante de um sinal claro de que se perdeu totalmente a essência da liturgia, que foi susbstituída por uma espécie de entretenimento de inspiração religiosa.”

Na contramão das orientações do Papa, sacerdotes e leigos, por orgulho, por vaidade ou por pura desinformação, continuam a promover essa porcaria chamada “dança litúrgica”, que só serve para transformar o templo de Deus num circo de bizarrices ou numarremedo de culto pagão. Pior ainda é quando o presbitério vira um cabaré de carolas, onde rapazes saradinhos aproveitam a desculpa da “arte” para fazer performances sem camisa e moças fazem movimentos sensuais com roupas colantes.

É preciso considerar que, muitas vezes, os realizadores desse tipo de abuso não o fazem por maldade; há entre eles cristãos sinceros e bem intecionados. Porém, isso não anula o fato de estarem incorrendo em um grave erro, que fere a dignidade do templo e a sacralidade da liturgia. É preciso mostrar a estas pessoas o seu engano, e ajudá-las a compreender mais a fundo o significado sacrificial da missa. É preciso fazê-las entender que a “liturgia da cruz” não suporta esse tipo de firulas. Muitos católicos estão com um pé no paganismo; se ninguém fizer nada, não tardarão a enfiar os dois pés.

Os grupo de dança paroquiais podem ser muito bons e úteis, desde que saibam o seu lugar. Podem atuar nos salões paroquiais, como disse o Cardeal Arinze, mas não devem continuar a fazer o presbitério de palco. O Senhor derrama Seu precioso Sangue sobre o altar a cada Missa… Será que é tão difícil de entender isso?

Os sacerdotes e leigos que desejam ser fiéis ao magistério da Igreja devem se perguntar com honestidade: essa dança ou teatro que estamos planejando é uma expressão autêntica da liturgia cristã, ou não passa de um “entretenimento de inspiração religiosa”, como disse Bento XVI? É preciso ter humildade e amor pela Verdade; assim, poderemos nos desapegar dos nossos gostos e opiniões pessoais sobre a liturgia e ser mais fiéis àquilo que a Santa Igreja determina.

Pra encerrar, #ficaadica do Cardeal Arinze pros sacerdotes e leigos membros de “ministérios da dança” espalhados pelo Brasil afora:

“As pessoas que estão discutindo dança litúrgica deveriam usar o seu tempo rezando o Rosário, ou (…) lendo um dos documentos do Papa sobre a Sagrada Eucaristia. Nós já temos problemas suficientes. Por que banalizar mais? Por que dessacralizar mais? Já não temos confusão suficiente?”
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Nota de Solidariedade às vítimas da queda do Edifício no Bairro de São Mateus



Com sincero pesar, manifesto a solidariedade de toda a Arquidiocese de São Paulo para com as vítimas do colapso do edifício comercial, em obras, no Bairro de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, ocorrido neste dia 27 de agosto.

Lamento profundamente a perda de vidas humanas nesse acidente e apresento aos seus familiares meu pesar e minha solidariedade nesta hora de dor. Meu pensamento também se volta para todos os feridos da tragédia e lhes desejo pronta recuperação.

Neste momento, é importante tomar consciência das graves implicações de sinistros graves, que poderiam ser evitados, se tivessem sido devidamente observadas as indispensáveis precauções de segurança. Esse lamentável episódio deve levar a uma profunda reflexão sobre a preciosidade de cada pessoa humana, cuja vida não deve ser exposta a graves riscos, mas protegida e valorizada.



Acompanho com atenção e interesse as tarefas do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e dos demais órgãos públicos, encarregados de vigiar sobre a segurança e de promover o socorro às vítimas de acidentes. A estes homens e mulheres, manifesto meu respeito e apreço.

Da mesma forma, manifesto meu sincero apreço pelo trabalho generoso de tantas pessoas voluntárias, cuja coragem e abnegação no socorro às vítimas é testemunho de que o amor ao próximo não é apenas feito de palavras, mas de atitudes maravilhosamente fraternas.

São Paulo, 28.08.2013
Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo de São Paulo

Patriarca Twal sobre a questão síria: "Com qual autorização atacar um país?"


O Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal, faz um veemente apelo à prudência em favor da estabilidade de toda a região do Oriente Médio. O apelo foi lançado na iminência de um possível ataque militar ocidental contra o regime sírio, acusado de ter utilizado armas químicas em sua guerra contra os rebeldes.

Numa nota difundida pelo Patriarcado, Dom Twal eleva "a sua oração ao Espírito Santo a fim de que ilumine os corações daqueles que têm o destino das populações em suas mãos". Dirigindo-se a estes líderes recorda-lhes "que em suas decisões não esqueçam o aspecto humano".

Constatando que "os Israelenses estão fazendo empurra-empurra nos Centros de distribuição de máscaras de gás e que os habitantes do Oriente Médio começam a estocar víveres", o Patriarca se interroga seriamente sobre os riscos de uma escalada da violência na região.

"Por que declarar uma guerra quando os inspetores da ONU ainda não entregaram as conclusões definitivas sobre a natureza química do ataque e sobre a identidade formal de seus mandantes?"

O Patriarca enfatiza que "se assiste a uma lógica que recorda a preparação da guerra no Iraque em 2003, uma comédia das armas de destruição em massa no Iraque, quando na realidade não havia tais armas. Este país encontra-se ainda hoje numa situação muito crítica".


Na nota, Dom Twal questiona de modo contundente: "Como decidir atacar um país? Com qual autorização? É claro, o Presidente estadunidense tem o poder de lançar somente ataques aéreos contra a Síria, mas onde está a Liga Árabe e o Conselho de Segurança da ONU? Os nossos amigos do Ocidente e dos EUA não foram atacados pela Síria. Com qual legitimidade ousam atacar um país? Quem os nomeou polícia da democracia no Oriente Médio".

De forma premente, questiona ainda: "Quem pensou nas consequências de uma tal guerra para a Síria e para os países vizinhos? Tem necessidade de aumentar o número dos mortos além dos já 100 mil? É preciso – adverte – ouvir todas as vozes que vivem na Síria e que gritam sua dor que dura há mais de dois anos e meio. Pensaram nas mães, nas crianças, nos inocentes? E os países que atacam a Síria levaram em consideração o fato que seus cidadãos no mundo inteiro, suas embaixadas e consulados podem se tornar alvo de atentados como represália?"

Por todas essas razões o Patriarca Twal convida à prudência fazendo votos de "paz e segurança para toda essa região do mundo que já sofreu por demais".


E acrescenta: "Como cristãos da Terra Santa recordamos em nossas orações os sírios, dos quais vemos todos os sofrimentos quando vêm se refugiar em nossa diocese na Jordânia". (RL)
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