O patriarca católico de Antioquia, com sede em Damasco, Gregorio III Laham, mostrou-se contrário a uma intervenção militar e se uniu ao apelo do Papa Francisco: "Não mais guerra!".
Em uma interessante entrevista publicada por Paginadigital.es, o patriarca explica que "a Europa poderia fazer mais para resolver os problemas da Palestina, ao invés de criar mais desconcerto na Síria. Nós, os sírios, já somos vítimas, e o país já é um inferno, sem necessidade de uma intervenção para piorar mais a situação".
Na entrevista, Gregorio III Laham manifesta sua preocupação pelo que possa ocorrer se levarem a cabo os planos de Obama: "Haverá ainda mais vítimas e teremos uma guerra regional que envolverá o Líbano, onde já há milhões de refugiados sírios".
E acrescenta: "Todo o Oriente Médio está em chamas, está se transformando em um inferno".
O Patriarca Católico de Antioquia afirma que os países ocidentais vendem armas a "bandidos e criminosos, e não à oposição |
Muito crítico diante da intervenção dos EUA, o patriarca católico convida Obama a "ficar em sua casa"; e mostra que, "se o Ocidente e os demais países estrangeiros deixarem de interferir nas nossas questões internas, a situação voltará a melhorar. Na Síria, cristãos e muçulmanos, xiitas e sunitas, viveram pacificamente durante mais de 1.400 anos".
Para Gregório III Laham, grande parte da culpa do que ocorre agora na Síria é de países como o Reino Unido, a França e a Bélgica, que "financiam grupos armados presentes no nosso país, enquanto bastaria com que as potências estrangeiras deixassem de dividir o povo sírio".
"O verdadeiro problema são os financiamentos que não se dirigem à oposição política, mas a bandidos e criminosos do mundo inteiro e que chegam à Síria para fazer a guerra", comenta.
A Conferência de Genebra 2 é a solução defendida pelo patriarca, que explica: "O governo sírio sempre esteve disposto a dialogar e a participar da Conferência de Genebra".
"O motivo pelo qual as negociações não ocorreram é a falta de uma oposição unida e com um programa claro. Os grupos armados tiveram prioridade sobre qualquer outra forma de dissidência, e assinar um acordo de paz com Al Qaeda seria impossível para qualquer governo", explica.
Finalmente, a iniciativa do Papa Franciscode um dia de jejum e oração foi qualificada por ele como "magnífica". O patriarca comentou que "o meu patriarcado está preparando uma carta aos fiéis greco-católicos do mundo inteiro para pedir-lhes que participem da oração e do jejum organizados pelo Papa Francisco".
"Todas as igrejas sírias são convidadas a unir seus esforços e a acolher os fiéis, das 19h à meia-noite, para permitir-lhes rezar e cantar pela paz", concluiu.
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Fonte: Aleteia