quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A intervenção dos Estados Unidos na Síria seria uma guerra justa?


A decisão de entrar em guerra nunca é fácil. É preciso avaliar elementos morais, legais e práticos. Às vezes, não se conta com a informação necessária para tomar a decisão ou – o que é pior – se aceita como correto o que não o é.
 
Há duas tentações que podem confundir o caminho de tomada de decisão.

 
A primeira é acreditar que o recente uso de armas químicas por parte do governo sírio não deve ficar impune; e a segunda é considerar a situação como uma oportunidade de alcançar objetivos relacionados a ela, como a degradante capacidade do governo de continuar a guerra civil protegendo a reputação da América.

 
Há vários três elementos que devem ser avaliados ao analisar se deve haver uma intervenção militar na Síria, e todos estão cercados de grande confusão.

 
Uma função prática dos princípios da guerra justa é conseguir que os que têm de tomar a decisão não se distraiam com as tentações e se concentrem no verdadeiro objetivo, que é restaurar a paz justa.

 
O uso injusto da força nunca dá um bom resultado (em alguns casos, o uso justificado também acaba mal). Na situação síria, tal como se encontra, o uso da força armada por parte dos EUA viola os princípios essenciais da teoria da guerra justa e não é ético.



Em primeiro lugar, o uso da força armada por parte de uma nação deveria ser limitado. Não se pode atacar outra nação apenas por não gostar da maneira como ela usa sua força. A força armada poderia ser utilizada se houvesse ameaça iminente de vidas inocentes, mas o presidente e seus assessores militares reconheceram que não existe uma ameaça imediata. O uso da força poderia ser punitivo, mas os Estados Unidos não têm autoridade para impor um castigo.

 
Em segundo lugar, enquanto um ataque deliberado a uma população civil é um ato reprovável, não é verdade que o uso de armas químicas contra civis seja moralmente diferente do ataque com balas, bombas ou artilharia.

 
Em terceiro lugar, o uso da força armada, especialmente no começo das hostilidades, deveria ter a intenção de restaurar uma paz justa.

 
O debate público sobre a proposta americana de atacar a Síria carece de retidão de intenção ou não tem uma intenção clara. Não fica muito claro o que se pretende obter, e parece que se está dando pouca atenção às involuntárias, mas muito perigosas consequências de um ataque.

 
Certamente, o governo não defende a ideia de que um ataque, inclusive muito limitado, seja um passo construtivo rumo ao restabelecimento da paz na Síria.


 
Em resumo, o governo e o Congresso dos Estados Unidos fariam muito bem em respeitar os princípios daguerra justa ao considerar a ação contra a Síria, e não se deixar enganar pelas distrações e tentações práticas.
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Fonte: Aleteia

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Vínculo que une à Igreja é vital, destaca Papa na catequese


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 11 de setembro de 2013


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Retomamos hoje as catequeses sobre a Igreja neste “Ano da Fé”. Entre as imagens que o Concílio Vaticano II escolheu para fazer-nos entender melhor a natureza da Igreja, há aquela da “mãe”: a Igreja é nossa mãe na fé, na vida sobrenatural (cfr. Const. dogm. Lumen gentium, 6.14.15.41.42). É uma das imagens mais usadas pelos Padres da Igreja nos primeiros séculos e penso que possa ser útil para nós. Para mim, é uma das imagens mais belas da Igreja: a Igreja mãe! Em que sentido e de que modo a Igreja é mãe? Partamos da realidade humana da maternidade: o que faz uma mãe?

1.     Antes de tudo, uma mãe gera a vida, leva no seu ventre por nove meses o próprio filho e depois o abre à vida, gerando-o. Assim é a Igreja: nos gera na fé, por obra do Espírito Santo que a torna fecunda, como a Virgem Maria. A Igreja e a Virgem Maria são mães, todas as duas; aquilo que se diz da Igreja se pode dizer também de Nossa Senhora e aquilo que se diz de Nossa Senhora se pode dizer também da Igreja! Certo, a fé é um ato pessoal: “eu creio”, eu pessoalmente respondo a Deus que se faz conhecer e quer entrar em amizade comigo (cfr Enc. Lumen fidei, n. 39). Mas eu recebo a fé dos outros, em uma família, em uma comunidade que me ensina a dizer “eu creio”, “nós cremos”. Um cristão não é uma ilha! Nós nãos nos tornamos cristãos em laboratório, não nos tornamos cristãos sozinhos e com as nossas forças, mas a fé é um presente, é um dom de Deus que nos vem dado na Igreja e através da Igreja. E a Igreja nos doa a vida de fé no Batismo: aquele é o momento no qual nos faz nascer como filhos de Deus, o momento no qual nos dá a vida de Deus, nos gera como mãe. Se vocês forem ao Batistério de São João em Latrão, junto à catedral do Papa, em seu interior há uma inscrição em latim que diz mais ou menos assim: “Aqui nasce um povo de linhagem divina, gerado pelo Espírito Santo que fecunda estas águas; a Mãe Igreja dá à luz a seus filhos nessas ondas”. Isto nos faz entender uma coisa importante: o nosso fazer parte da Igreja não é um fato exterior e formal, não é preencher um cartão que nos deram, mas é um ato interior e vital; não se pertence  à Igreja como se pertence a uma sociedade, a um partido ou a qualquer outra organização. O vínculo é vital, como aquele que se tem com a própria mãe, porque, como afirma Santo Agostinho, a ‘Igreja é realmente mãe dos cristãos’ (De moribus Ecclesiae, I,30,62-63: PL 32,1336). Perguntemo-nos: como eu vejo a Igreja? Se agradeço aos meus pais porque me deram a vida, agradeço também à Igreja porque me gerou na fé através do Batismo? Quantos cristãos recordam a data do próprio Batismo? Gostaria de fazer esta pergunta aqui pra vocês, mas cada um responda no seu coração: quantos de vocês recordam a data do próprio Batismo? Alguns levantam a mão, mas quantos não lembram! Mas a data do Batismo é a data do nosso nascimento na Igreja, a data na qual a nossa mãe Igreja nos deu à luz! E agora eu vos deixo uma tarefa para fazerem em casa. Quando voltarem para casa hoje, procurem bem qual é a data do Batismo de vocês, e isto para festejá-la, para agradecer ao Senhor por este dom. Vocês farão isso? Amamos a Igreja como se ama a própria mãe, sabendo também compreender os seus defeitos? Todas as mães têm defeito, todos temos defeitos, mas quando se fala dos defeitos da mãe nós os cobrimos, nós os amamos assim. E a Igreja também tem os seus defeitos: nós a amamos assim como mãe, nós a ajudamos a ser mais bela, mais autêntica, mais segundo o Senhor? Deixo-vos estas perguntas, mas não se esqueçam das tarefas: procurar a data do Batismo para tê-la no coração e festejá-la.


2.     Uma mãe não se limita a gerar a vida, mas com grande cuidado ajuda os seus filhos a crescer, dá a eles o leite, alimenta-os, ensina-lhes o caminho da vida, acompanha-os sempre com a sua atenção, com o seu afeto, com o seu amor, mesmo quando são grandes. E nisto sabe também corrigir, perdoar, compreender, sabe ser próxima na doença, no sofrimento. Em uma palavra, uma boa mãe ajuda os filhos a sair de si mesmos, a não permanecer comodamente debaixo das asas maternas, como uma ninhada de pintinhos fica embaixo das asas da galinha. A Igreja, como boa mãe, faz a mesma coisa: acompanha o nosso crescimento transmitindo a Palavra de Deus, que é uma luz que nos indica o caminho da vida cristã; administrando os Sacramentos. Alimenta-nos com a Eucaristia, traz a nós o perdão de Deus através do Sacramento da Penitência, sustenta-nos no momento da doença com a Unção dos enfermos. A Igreja nos acompanha em toda a nossa vida de fé, em toda a nossa vida cristã. Podemos fazer agora outras perguntas: que relação eu tenho com a Igreja? Eu a sinto como mãe que me ajuda a crescer como cristão? Participo da vida da Igreja, sinto-me parte dela? A minha relação é uma relação formal ou é vital?


3.     Um terceiro breve pensamento. Nos primeiros séculos da Igreja, era bem clara uma realidade: a Igreja, enquanto é mãe dos cristãos, enquanto “forma” os cristãos, é também “formada” por eles. A Igreja não é algo diferente de nós mesmos, mas é vista como a totalidade dos crentes, como o “nós” dos cristãos: eu, você, todos nós somos parte da Igreja. São Jerônimo escrevia: “A Igreja de Cristo outra coisa não é se não as almas daqueles que acreditam em Cristo” (Tract. Ps 86: PL 26,1084). Então, todos, pastores e fiéis, vivemos a maternidade da Igreja. Às vezes ouço: “Eu creio em Deus, mas não na Igreja… Ouvi que a Igreja diz…os padres dizem…”. Mas uma coisa são os padres, mas a Igreja não é formada somente de padres, a Igreja somos todos! E se você diz que crê em Deus e não crê na Igreja, está dizendo que não acredita em si mesmo; e isto é uma contradição. A Igreja somos todos: da criança recentemente batizada aos Bispos, ao Papa; todos somos Igreja e todos somos iguais aos olhos de Deus! Todos somos chamados a colaborar ao nascimento à fé de novos cristãos, todos somos chamados a ser educadores na fé, a anunciar o Evangelho. Cada um de nós se pergunte: o que faço eu para que o outro possa partilhar a fé cristã? Sou fecundo na minha fé ou sou fechado? Quando repito que amo uma Igreja não fechada em seu recinto, mas capaz de sair, de mover-se, mesmo com qualquer risco, para levar Cristo a todos, penso em todos, em mim, em você, em cada cristão. Participemos todos da maternidade da Igreja, a fim de que a luz de Cristo alcance os extremos confins da terra. E viva à santa mãe Igreja!

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Fonte: Boletim da Santa Sé
      Tradução: Jéssica Marçal

Papa responde a críticas e perguntas sobre a fé

Papa Francisco responde questionamentos 
do ex-diretor do jornal “La Repubblica” sobre a fé católica 
e o convida a um caminho de reflexão juntos

Em carta publicada no jornal italiano “La Repubblica” nesta quarta-feira, 11, o Papa Francisco respondeu os questionamentos feitos pelo fundador e ex-diretor do jornal, Eugenio Scalfari, sobre a Encíclica “Lumen Fidei” e sobre a fé. Em julho e agosto deste ano, Scalfari publicou diversos artigos manifestando suas indagações sobre o assunto.

Francisco destaca que o documento é dirigido não somente aos que creem, mas também para suscitar um diálogo rigoroso, com quem, “como o senhor, se define como um não crente, que há muitos anos está interessado e fascinado pela pregação de Jesus de Nazaré”.

O Santo Padre ressaltou que a fé é uma experiência pessoal com Jesus Cristo, porém alicerçada na comunidade cristã, nos Sacramentos e ensinamentos da Sagrada Escritura. Declarou que sem a Igreja não teria encontrado Jesus, mesmo sabendo que “o dom da fé é guardado em frágeis vasos de argila”.


O jornalista questiona o Papa, sobre o que diria aos judeus sobre a promessa de Deus feita a eles, se é uma promessa vazia. Francisco destacou que mesmo em meio a tantos sofrimentos vividos pelos “irmãos judeus”, o testemunho de perseverança dado por eles, chama a todos a permanecer na espera da vinda do Senhor. “Eu posso lhe dizer, como o apóstolo Paulo, que a Fidelidade de Deus a aliança feita com Israel nunca foi esquecida”, destacou o Papa.

Ao responder se aqueles que não creem e não buscam a Deus cometem pecado, Francisco declara que ao que não crê, assim como para quem tem fé, o pecado está em ir contra a própria consciência. “Devemos levar em consideração – e isso é algo fundamental – que a misericórdia de Deus não tem limites se nos dirigimos a Ele com o coração sincero e arrependido, a questão para quem não crê em Deus está em obedecer a sua própria consciência”, ressalta.

O ex-diretor indaga ainda se com o desaparecimento do homem sobre a terra, desapareceria também a capacidade de pensar em Deus. O Pontífice esclarece que mesmo sendo a grandeza do homem “pensar em Deus”, conhecê-Lo vai além do pensamento. “Deus (…) não é uma ideia, mesmo que altíssima, fruto do pensamento do homem. Deus é uma realidade com ‘R’ masculo. Jesus O revela como um Pai de bondade e misericórdia infinita”, destaca.


O Papa convidou Eugenio Scalfari a fazer um caminho de reflexão juntos e que esperava ter respondido de modo satisfatório seus questionamentos. No final da carta, o Pontífice assegura que “a Igreja, apesar de toda sua lentidão, das infidelidades, dos erros e dos pecados que possa ter cometido, e que pode, ainda, cometer através daqueles que a compõem, não tem outro sentido que o de viver e dar testemunho de Jesus”.
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Francisco em carta a Putin apela ao G-20, abandonem a guerra


CARTA DO PAPA FRANCISCO 
AO PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO RUSSA 
VLADIMIR PUTIN, POR OCASIÃO 
DA CÚPULA DO G20 EM SÃO PETERSBURGO



A Sua Excelência Senhor Vladimir PUTIN
Presidente da Federação Russa

No ano que está a decorrer, Vossa Excelência tem a honra e a responsabilidade de presidir ao Grupo das vinte maiores economias mundiais. Estou ciente de que a Federação Russa participou neste Grupo desde a sua criação e desempenhou sempre um papel positivo na promoção da governabilidade das finanças mundiais profundamente atingidas pela crise que teve início em 2008.

O contexto actual, altamente interdependente, exige uma moldura financeira mundial, com regras justas e claras próprias, para conseguir um mundo mais equitativo e solidário, no qual seja possível eliminar a fome, oferecer a todos um trabalho digno, uma habitação decorosa e a necessária assistência no campo da saúde. A sua presidência do G20 para o ano que está a decorrer assumiu o compromisso de consolidar a reforma das organizações financeiras internacionais e de chegar a um consenso sobre os stardards financeiros adequados às actuais circunstâncias. Contudo, a economia mundial poderá desenvolver-se realmente na medida em que for capaz de permitir uma vida digna a todos os seres humanos, desde os mais idosos até às crianças ainda no seio materno, não só aos cidadãos dos países membros do G20, mas a cada habitante da Terra, até a quantos se encontram nas situações sociais mais difíceis ou nos lugares mais longínquos.


Nesta óptica, torna-se claro que na vida dos povos os conflitos armados constituem sempre a deliberada negação de qualquer concórdia internacional possível, originando divisões profundas e dilacerantes feridas que necessitam de muitos anos para se curarem. As guerras constituem a rejeição prática de se comprometer para alcançar aquelas grandes metas económicas e sociais que a comunidade internacional estabeleceu, tais como, por exemplo, oMillenium Development Goals. Infelizmente, os demasiados conflitos armados que ainda hoje afligem o mundo apresentam-nos, todos os dias, uma dramática imagem de miséria, fome, doenças e morte. Com efeito, sem paz não há qualquer tipo de desenvolvimento económico. A violência nunca leva à paz, condição necessária para este desenvolvimento.

O encontro dos Chefes de Estado e de Governo das vinte maiores economias, que representam dois terços da população e 90% do PIB mundial, não tem a segurança internacional como sua finalidade principal. Todavia, não poderá prescindir de reflectir sobre a situação no Médio Oriente e em particular na Síria. Infelizmente, é doloroso constatar que demasiados interesses particulares prevaleceram desde quando teve início o conflito sírio, impedindo que fosse encontrada uma solução que evitasse o inútil massacre ao qual estamos a assistir. Os líderes dos Estados do G20 não permaneçam inertes face aos dramas que já vive há demasiado tempo a amada população síria e que correm o risco de causar novos sofrimentos a uma região tão provada e necessitada de paz. A todos eles, e a cada um deles, dirijo um sentido apelo para que ajudem a encontrar caminhos para superar as diversas contraposições e abandonem qualquer vã pretensão de uma solução militar. Haja, antes, um novo compromisso a perseguir, com coragem e determinação, uma solução pacífica através do diálogo e da negociação entre as partes em causa com o apoio concorde da comunidade internacional. Além disso, é um dever moral de todos os Governos do mundo favorecer qualquer iniciativa que vise a promoção da assistência humanitária a quantos sofrem por causa do conflito dentro e fora do país.

Senhor Presidente, na esperança que estas reflexões possam constituir uma válida contribuição espiritual para o vosso encontro, rezo por um êxito frutuoso dos trabalhos do G20. Invoco abundantes bênçãos sobre a Cimeira de São Petersbugo, sobre todos os participantes, sobre os cidadãos de todos os Estados membros e sobre todas as actividades e compromissos da Presidência Russa do G20 no ano de 2013.

Ao pedir-lhe que reze por mim, aproveito o ensejo para lhe expressar, Senhor Presidente, a minha mais sentida estima.



Do Vaticano, 4 de Setembro de 2013

A mulher e o sacerdócio católico


A ordenação sacerdotal praticada nas confissões 
não católicas não acontecerá na Igreja

Com frequência, ouvem-se vozes pedindo mais participação da mulher não só na vida eclesial cotidiana, mas nos ministérios hierárquicos, com a possibilidade da ordenação sacerdotal, tal como ocorre em algumas confissões não católicas. Fechar esta porta às mulheres é julgado como discriminação, resistência aos novos tempos, um machismo que deveria ser superado.

É verdade que, no geral, são as mulheres quem mais participa das celebrações, das catequeses, das diversas áreas da pastoral social. São elas que mais recorrem ao sacramento da reconciliação. São elas as mais disponíveis para muitas das iniciativas paroquiais. A sua presença sempre foi profundamente significativa. Porém, não é isto o que alguns exigem. Exigem a ordenação das mulheres, não apenas para o diaconato, mas para o presbiterado e para o episcopado. Não faltou nem sequer algum padre desnorteado, seduzido pela propaganda midiática, para afirmar que “chegará o tempo em que uma mulher será papisa”.

Que as mulheres sempre realizaram variados serviços, todos constatamos. Minha avó foi uma líder religiosa na minha cidadezinha durante a minha infância. Uma tia foi a única catequista da região. Sem elas, não haveria vida e movimento em muitas das nossas paróquias. Ainda falta muita estrada para avançarmos em povoações indígenas, mas, pouco a pouco, os homens vão reconhecendo que elas também podem realizar muitas tarefas pastorais, indispensáveis para o crescimento da vida cristã nas comunidades.


A propósito, o papa Francisco afirmou em seu voo de volta do Brasil para Roma: “Uma igreja sem as mulheres é como o colégio apostólico sem Maria. O papel da mulher na Igreja não é só a maternidade, mas é mais forte ainda: é como o ícone de Nossa Senhora, aquela que ajuda a Igreja a crescer! Pensem que Nossa Senhora é mais importante que os apóstolos! É mais importante! A Igreja é feminina: é Igreja, é esposa, é mãe. Não se pode entender uma Igreja sem as mulheres, mas mulheres que sejam ativas na Igreja, dentro dos seus perfis. Na Igreja, nós temos que pensar na mulher nesta perspectiva de opções arriscadas, mas como mulheres. Isto deveria ser explicado melhor. Acredito que ainda não fizemos uma profunda teologia da mulher. Não pode ficar limitado a serem coroinhas, a ser a presidente da Cáritas, a ser catequista... Não! Tem que ter mais, mais profundamente, inclusive mais no nível místico. E, em relação com a ordenação de mulheres, a Igreja já falou e diz ‘não’. Foi dito por João Paulo II, e com uma declaração definitiva. Aquela porta está fechada. Mas, sobre isto, eu quero dizer algo. Já disse, mas repito. Nossa Senhora, Maria, era mais importante que os apóstolos, que os bispos, que os diáconos e presbíteros. A mulher, na Igreja, é mais importante que os bispos e que os presbíteros. Como? É isto o que nós temos que explicar melhor, porque acho que falta uma explicação teológica disto”.

Nós, fiéis ou pastores, devemos revisar a nossa abertura a esta participação maior das mulheres nos conselhos paroquiais, nos centros de formação teológica, na preparação dos futuros sacerdotes, em cargos pastorais não apenas paroquiais, mas também diocesanos e internacionais.

Lamentamos que haja mulheres que se recusam a receber a comunhão eucarística de mãos de outra mulher, mesmo que seja uma religiosa, aceitando-a somente das mãos de um sacerdote. Com paciência e compreensão, devemos educá-las e educar-nos no plano de Deus para a mulher, que de maneira alguma é discriminatório, embora distribua os serviços, isto sim, de forma diferenciada. Só às mulheres, por outro lado, foi confiada a grande dignidade e o enorme serviço de ser mães.

Em suma, como recordava João Paulo II, "o único carisma superior que deve ser buscado é a caridade (cf. 1 Cor 12-13). Os maiores no Reino dos céus não são os ministros, mas os santos" (22-V-1994). A ser santos todos temos que aspirar, e é mais santo quem mais ama, quem mais serve aos outros.
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Fonte: ZENIT

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Para os extremistas muçulmanos, os cristãos são um perigo

Entrevista com o bispo de Luxor, no Egito: líderes muçulmanos querem obrigar
os cristãos a se converter ao islã, sob pena de expulsão do país ou morte

No Cairo (Egito), em 25 de agosto, foram realizadas as audiências do julgamento dos três líderes da Irmandade Muçulmana, acusados de incitação ao assassinato, e do ex-presidente Hosni Mubarak, libertado com acusações três dias antes e de volta ao banco dos réus para responder às acusações de cumplicidade pela morte de mais de 800 manifestantes durante os protestos de 2011.
Os infortúnios judiciais destes dois velhos inimigos são um sinal de que a luta pela alma da nação passou do campo político ao das prisões e tribunais para onde vão os opositores.
Nas várias guinadas políticas do Egito, a comunidade cristã foi quem pagou o maior preço de sangue. Segundo afirma nesta entrevista Dom Joannes Zakaria, bispo copta-católico de Luxor, os cristãos são muitas vezes alvo de ataques, ora porque são vistos pelos extremistas islâmicos como um perigo para o islã, ora porque são um obstáculo para o plano de islamização dos países do Oriente Médio.
Os cristãos são sempre os primeiros a ser marginalizados e perseguidos. Isso acontece no Egito, Síria, Iraque etc. Por quê?
Acho que são muitos os motivos da marginalização e da perseguição dos cristãos no Oriente Médio. Estes são alguns dos principais:
Em primeiro lugar, em toda a história da Igreja, do século I até hoje, e não só no Oriente Médio, eles foram marginalizados e perseguidos por ser fiéis às suas crenças. Os motivos desta perseguição estão na luta entre o bem e o mal, e no ódio do mundo pela espiritualidade transcendente da doutrina cristã.
Por isso, os muçulmanos se surpreendem com a vida dos cristãos orientais, e observam com simpatia sua simplicidade espiritual, a prática do amor e do perdão em seu comportamento, e sua maneira de viver e agir segundo o Evangelho.


O confronto entre a espiritualidade e a moral cristã e a islâmica, e a vida ideal dos cristãos, faz que os extremistas islâmicos os considerem como um desafio e um perigo para a presença do islã. Têm medo de que alguns muçulmanos se convertam ao cristianismo. E, como pensam que a melhor maneira de defender-se é atacar, eles atacam os cristãos, sua igreja e sua religião.

Em segundo lugar, os cristãos do Oriente Médio conservaram sua fé e suas tradições durante 21 séculos, apesar das ferozes perseguições que sofreram durante a sua história. Muitos deles rejeitaram a conversão forçada ao islã e, apesar de terem conservado seus idiomas originais, aprenderam o árabe, e alguns deles se especializaram nesta língua.
Atualmente, vemos que a maioria dos cristãos do Oriente Médio é bastante culta e instruída, e pertence a certo nível da sociedade. Isso causa inveja e ódio, e gera um conflito entre eles e os extremistas.
Em terceiro lugar, após o êxito da revolução islâmica de Jomeini e a queda do comunismo russo, começou o despertar político islâmico, que pretende restituir o estado islâmico mundial, como ocorria na época dos quatro califas, no início do islã.
Este despertar do islamismo político vê na contínua presença dos cristãos nos países islâmicos um obstáculo para a criação do Estado islâmico mundial. Porque, no âmbito religioso, segundo eles, os cristãos falsificaram seu credo e sua Bíblia, e por isso são considerados infiéis; se quiserem continuar morando nos países islâmicos, devem pagar o tributo, converter-se ao islã (que consideram a única verdadeira religião no mundo) ou deixar o país.
Enquanto isso, no âmbito político e social, infelizmente, muitos seguidores do islã político ignoram que o cristianismo e a Igreja nasceram no Oriente Médio, e que os cristãos orientais são os verdadeiros nativos desses países. Os extremistas islâmicos estão convencidos de que os cristãos orientais são seguidores dos europeus e dos ocidentais e, por isso, são considerados inimigos.
Em quarto lugar, na época da colonização turca, inglesa, francesa e italiana dos países árabes, no início do século passado, as autoridades usaram o sistema da divisão entre as pessoas para poder dominar e governar toda a população. Nos países do Oriente Médio, é fácil dividir os cidadãos no âmbito religioso e nacional.
Depois, este sistema da divisão foi usado e praticado na política de todos os países da região. De fato, os monarcas e governantes dos países do Oriente Médio, para conservar seu poder e seus interesses, ainda usam a política da divisão religiosa entre a maioria muçulmana e a minoria cristã, e a divisão nacional entre as diversas etnias.
O senhor acha que existe um complô para eliminar completamente os cristãos do Oriente Médio?
Alguns líderes islâmicos extremistas querem e trabalham para realizar este plano de esvaziar o Oriente Médio da presença dos cristãos. Mas, antes do plano de esvaziamento, vem o plano de islamização, ou seja, obrigar todos os cristãos do Oriente Médio à conversão ao islã: se não aceitarem, devem abandonar o país ou serão mortos.
                                              
Por que o Ocidente não enxerga, ou, de certa forma, fica calado diante do que acontece na Igreja nestas terras?
Infelizmente, os países ocidentais, e muitos outros países do mundo rico, buscam sempre e somente seus interesses. A população pobre, os direitos do homem e sua dignidade, os cristãos e a igreja não têm lugar em seu pensamento e interesse. Os comerciantes e políticos estão mais interessados em não perder uma gota de petróleo, em criar novas guerras e abrir novos conflitos nos países pobres, para abrir novos mercados para a venda de armas.
Nosso mundo atual está sofrendo pelo egoísmo, pelo consumismo e pelo secularismo. A moral, a virtude e a dignidade humana são deixadas de lado e o homem está perdendo sua personalidade. Nosso mundo precisa de pessoas sábias como Gandhi, Martin Luther King e João Paulo II, para ouvir palavras de paz, amor, para ajudá-lo a redescobrir o sentido da humanidade e da fraternidade entre os povos da terra.
Com Mubarak, a situação dos cristãos era melhor que a de hoje? A libertação do ex-rais egípcio terá algum efeito, neste sentido?
Eu vivi na época de Mubarak e, como testemunha, posso dizer que os cristãos do Egito sofriam mais ainda. Mubarak seguia a mesma política de Sadat, e usava uma linha dura contra os cristãos para agradar os muçulmanos; de vez em quando, capturava alguns líderes islâmicos para agradar os cristãos.
Durante o período de Mubarak e de Sadat, muitas vezes foi utilizado o sistema de divisão religiosa entremuçulmanos e cristãos. Para mim, com ou sem Mubarak, é a mesma coisa. Meu sonho é que o Egito se torne um Estado laico, democrático e civilizado.
O senhor poderia explicar um pouco ao Ocidente a situação dos cristãos no Egito e na Síria, e por que estão assim? Em que situação se encontrariam, se a oposição governar a Síria, ou a Irmandade Muçulmana governar o Egito?
Os cristãos do Oriente Médio, particularmente no Iraque, Egito e Síria, sofreram muito, devido aos terroristas e fundamentalistas islâmicos, bem como às próprias autoridades do governo. Nesses países, queimaram suas igrejas, suas casas e seus negócios, mataram famílias inteiras, e muitos se viram obrigados a abandonar seus povoados e seus países.
No Egito, após a amarga experiência durante os regimes de Sadat e Mubarak, os coptas sonham com um Estado laico democrático, e por isso participaram da revolta dos jovens, em 25 de janeiro de 2011. Mas a Irmandade Muçulmana e os salafistas, como estavam bem organizados, roubaram a rebelião dos jovens, ganharam as eleições e se tornaram donos do Egito.
A Irmandade Muçulmana e os salafistas, assim que assumiram o poder do Estado, começaram a realizar seu projeto de islamização do Egito e da criação do Estado islâmico. No começo, prepararam e apresentaram uma Constituição, considerada muito aberta a interpretações islamizadas, e depois colocaram seus fidelíssimos seguidores nos principais cargos estratégicos do Estado.
Durante um ano, em todo o governo de Morsi, o regime da Irmandade Muçulmana e dos salafistas não deu nenhum passo rumo à democratização do Egito. Este governo não enfrentou nenhum dos problemas do povo egípcio, mas ajudou a multiplicar a depressão econômica e social.
Também nesse ano, os coptas sofreram várias formas de marginalização e perseguição, muitas igrejas foram queimadas e muitas pessoas foram assassinadas em vários povoados e aldeias do Egito.
No último dia 30 de junho, os jovens e o movimento de "Tamaruod" voltaram à praça Tahrir para protestar contra o presidente Morsi, a Irmandade Muçulmana e os salafistas, e para pedir a libertação do Egito. Sua primeira petição era criar uma sociedade civil, laica e democrática. Os coptas não hesitaram em seguir este movimento, e saíram às ruas com os jovens, gritando e invocando liberdade, dignidade e paz. Quando os militares apoiaram a petição dos jovens, os coptas deram todo o seu apoio às forças da ordem e ao exército egípcio.

Infelizmente, os políticos ocidentais, que nunca se interessaram pelos sofrimentos nem pela dor dos coptas, sentem falta da Irmandade Muçulmana, e acusam os coptas de apoiar os militares. O verdadeiro motivo da simpatia dos políticos ocidentais pela Irmandade Muçulmana se deve a que estes Irmãos serviam seus interesses políticos e econômicos.

No que diz respeito à Síria, acho que, tendo visto o sofrimento dos cristãos no Iraque, e a dor dos coptas no Egito, os cristãos sírios têm medo de sofrer o mesmo destino, caso os grupos fundamentalistas islâmicos ganhem a guerra contra o regime de Assad.
Eles se encontram em uma situação muito difícil para decidir de que lado ficar. Se apoiarem o regime de Assad, temem a vingança dos grupos fundamentalistas islâmicos; e se apoiarem tais grupos, temem a vingança do regime de Assad. A linha política dos grupos fundamentalistas islâmicos, se ganharem, será muito dura com relação aoscristãos na Síria, e estes pobres cristãos terão um futuro difícil e complicado.
Uma última palavra: os cristãos do Oriente Médio sofreram muito no decorrer da sua longa história. Chegou a hora de realizar a esperança e o sonho de criar nos países do Oriente Médio uma sociedade civil democrática e laica, na qual muçulmanos e cristãos possam viver em liberdade e gozar de verdadeira paz.

Agora, cabe aos homens de boa vontade, particularmente aos políticos ocidentais, ajudar a realizar isso, e a não criar novos conflitos religiosos e nacionais.
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Fonte: Aleteia

Bispos gays: quando a cultura é mais importante que a religião

A decisão dos luteranos episcopais evidencia a concepção
de que a cultura está acima da religião divinamente revelada

Na semana passada, a Igreja Evangélica Luterana da América (ELCA) votou pela primeira vez em um homem abertamente homossexual para que se tornasse bispo. Durante vinte anos, R. Guy Erwin foi banido do ministério ordenado na ELCA; em 2009, a Igreja Luterana levantou a proibição e ele foi ordenado. Agora, apenas quatro anos depois, o Sr. Erwin está prestes a se tornar o primeiro bispo luterano gay.
 
Com mais de quatro milhões de membros em 10.000 congregações, a ELCA é a sétima maior igreja protestante do país, e a segunda depois da Igreja Episcopal a ordenar e promover "parcerias homossexuais". O fato de que as igrejas episcopais e luteranas tenham reconhecido os ministérios umas das outras, e que os ministros luteranos trabalhem regularmente em igrejas episcopais e vice-versa, significa que, em muitos aspectos, existe agora uma denominação protestante liberal que poderia ser chamada de a Igreja Luterana Episcopal dos EUA.
 
Não é minha intenção brigar com os luteranos episcopais sobre a sua decisão. Também não pretendo argumentar sobre a moralidade do ato de sodomia. Qualquer ser humano com bom senso conhece os fatos sobre a sexualidade humana e entende que a relação sexual entre dois homens não é o que Deus planejou.
 
Deixando de lado tais debates, existe uma dificuldade mais profunda e preocupante na decisão de tolerar a homossexualidade. Isso não tem nada a ver com a sexualidade humana, mas com os próprios princípios fundamentais da fé cristã e, de fato, da própria religião.


O luteranos episcopais não votaram simplesmente para "ser legais com as pessoas homossexuais". A razão pela qual os luteranos episcopais votaram a favor da homossexualidade é porque eles acreditam que a sua compreensão e seu ambiente cultural são mais importantes do que a revelação divina.

 
Eles não são ignorantes, pois sabem que a Bíblia condena o comportamento homossexual. Eles entendem que praticamente todas as religiões, em todos os momentos e em todos os lugares, condenaram a prática dahomossexualidade. E, no entanto, nada disso importou; em vez disso, eles demonstraram acreditar que o cristianismo pode e deve ser adaptado ao contexto cultural às necessidades pastorais do momento. Eles realmente acreditam que a sua cultura e sua compreensão são superiores a tudo o que já aconteceu antes.
 
Existem duas categorias básicas na igreja cristã hoje: aqueles que acreditam que a fé cristã é uma construção cultural que deve se adaptar e se transformar de acordo com as necessidades culturais e pastorais de cada sociedade, e aqueles que acreditam que a fé cristã é revelada por Deus e que, em vez do cristianismo se conformar com o mundo, o mundo deve estar de acordo com o cristianismo. Os luteranos episcopais seguem a primeira concepção.
 
Portanto, o que estamos testemunhando na decisão luterana episcopal não é simplesmente uma apologia da homossexualidade. Isto é apenas um sintoma da doença. A decisão de ordenar o Sr. Erwin como um bispo luterano é simplesmente a consequência de uma posição filosófica mais fundamental – de que a religião deve estar em conformidade com o mundo.
 
Por que isso é importante? Porque uma escolha muito fundamental tem de ser feita. Alguém acredita que a fé cristã é uma construção humana, que pode ser adaptada de acordo com qualquer vento de mudança nasociedade? Alguém acredita que a religião é um acidente histórico – uma instituição feita pelo homem, que simplesmente tem uma função prática necessária no mundo? Se for sim, então acredita-se que toda a religião cristã foi criada apenas por pessoas. Se ela foi feita por pessoas, para começar, então ela pode ser alterada pelas pessoas sempre que tais pessoas desejarem.
 
Será que ninguém vê que isso significa a morte da própria religião? Porque, se a religião não é mais do que uma construção humana, então a religião realmente não é mais que uma ilusão humana. Se a religião é uma construção humana, então ela não é mais importante do que qualquer outra instituição nobre. Se a religião não é mais do que uma construção humana, ela não é mais importante do que os escoteiros, o Rotary Club ou a Cruz Vermelha.
 
A alternativa é acreditar que a fé cristã é revelada pelo próprio Deus, através de seu filho Jesus Cristo encarnado, e que Jesus Cristo, o Filho de Deus, fundou a sua Igreja sobre o apóstolo Pedro e seus sucessores; e que, até hoje, a Igreja, através o poder do Espírito Santo, fala a verdade ao mundo e administra os sacramentos da salvação para alcançar e redimir toda a raça humana.
 
A primeira opção não pode realmente ser chamada de religião. É um artifício humano. É uma máscara religiosa que os seres humanos usam.

 
A segunda opção continuará sendo a igreja de Jesus Cristo. Como tal, continuará sendo sacramento de salvação – ou pedra de tropeço, para aqueles que simplesmente desejam se conformar com o mundo.
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Fonte: Aleteia