terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Jesus não queria a Igreja?

"O povo quer meu coração de padre" Pe. Fábio de Melo
Exatamente, padre... É só o que queremos...

No último domingo, o Pe. Fábio de Melo foi entrevistado pela Maria Gabriela em seu programa no SBT. Como esperado, Pe. Fábio falou de modo fluido e, dentre as coisas que ele disse, a maior parte ficou muito bem dita. As declarações em que o padre foi feliz, no entanto, não anulam a gravidade dos seus erros. Destes, o pior foi a afirmação de que Jesus queria o Reino de Deus, mas nós só pudemos dar a Igreja a Ele. Uma afirmação rápida, que podia facilmente passar despercebida no contexto da conversa. Porém, uma afirmação grave, de consequências funestas e que, além de tudo, já consta no histórico de condenações dogmáticas da Igreja. É, portanto, uma heresia formal.

Pois bem. Depois do ocorrido, resolvi escrever um artigo comentando sobre os erros já comuns do Pe. Fábio. Quando alguém decide fazer algo assim, porém, se torna vítima fácil dos fãs do referido sacerdote que se juntam a defendê-lo. Nesta empresa, é frequente que abandonem o jeito melífluo que aprenderam do Pe. Fábio e passem a imitar, antes, os modos mais enérgicos do Olavo de Carvalho, inclusive no seu recorrente costume de mandar os seus contendores irem fazer uma visita nos países baixos, ou, se preferirem, na porta dos fundos.

Quero, primeiramente, dizer que a simpatia que devotam pelo Pe. Fábio é, em alguma medida, participada por mim. No entanto, isto não nos deve fazer fechar os olhos para os seus erros objetivos. Nós, enquanto católicos, devemos viver consumidos de zelo pela Igreja. Uma Fé correta é fundamental, pois nos fala da verdade sobre Deus. Ao professarmos uma heresia, que estamos a fazer? Estamos obscurecendo a imagem de Deus na inteligência das outras pessoas de modo que, aqueles que aderem este erro, terminam por ter na consciência uma imagem de Deus que não corresponde à realidade. Ora, o homem foi feito para Deus. Por isso, é de fundamental importância que o seu conhecimento sobre Deus seja o mais exato possível, pois um conhecimento equivocado tem como consequência o dificultamento do acesso a Ele. Por isso também que o Cristo deixou a Igreja para cuidar da pureza na transmissão deste conhecimento e combater, desde o início, todas as heresias que tentassem distorcer a verdade.


Só pra termos uma idéia, quando João evangelista escreve o seu Evangelho, ele o faz já combatendo uma heresia que havia surgido no século I, o movimento dos docetas. Estes hereges diziam que o corpo de Jesus era apenas uma aparência, pois, sendo esta heresia uma variante gnóstica, tendia a enxergar a matéria como má em si. Logo, Deus não podia ter matéria. Para responder a isso, João escreve: "O Verbo se fez carne", isto é, a Encarnação foi real. Note que, desde o início, a Igreja combate os erros contrários à Fé.

E se formos observar toda a história da Igreja, veremos que as maiores heresias surgiam de padres, bispos, etc. Portanto, não é nenhuma novidade para a Igreja que um padre ou um bispo defendam heresias. Porém, se ele o faz, é importante que todos os católicos defendam a doutrina verdadeira abertamente. É o que fazemos, aqui. No entanto, as fabietes parecem ficar cegas porque o seu objeto de culto foi atacado e, ao invés de se aterem aos argumentos, passam a incorrer naquilo mesmo de que nos acusam: os julgamentos de intenção, os xingamentos, etc. Nada disso nos incomoda, mas é preciso esclarecer as coisas.

O primeiro ponto de que nos acusam é o de julgar o padre, quando está claro que Jesus pediu para que não julgássemos ninguém. Mas veja: se não é possível julgar a ninguém em nenhum sentido, que vocês fazem vindo aqui e nos julgando? Além disso, quer dizer que ninguém mais pode falar nada sobre ninguém? Não é possível chegar para alguém que está imerso no pecado e dizer: "você está errado. Saia daí"? É óbvio que isso não é cristianismo. Se há uma coisa que mudou a partir do momento em que Nosso Senhor veio à terra e nos esclareceu sobre as coisas é que acusar o erro não é mais somente uma recomendação, mas se nos tornou um dever estrito. Jesus é a luz do mundo. Com a luz, fica tudo claro. Portanto, se vemos o erro e não o acusamos, tornamo-nos cúmplices morais pela negligência. E só podemos afirmar que um ocorrido é certo ou errado se, de algum modo, julgamos as situações, pois julgar é meramente fazer afirmações a respeito de algo.

O que é que Jesus nos proíbe, então? Ele nos proíbe o julgamento de intenção, isto é, não nos é permitido dizer qual é a intenção do padre com essas entrevistas. Ele quer aparecer? Ele quer se mostrar cool? Ele quer aumentar o número de fãs? Ele quer desorientar as pessoas? Todas essas afirmações se alheiam ao nosso horizonte de conhecimento, a menos que ele nos falasse diretamente sobre isso ou que isso se tornasse claro de algum modo. E o que é que nos é acessível? O teor objetivo daquilo que ele fala. E, objetivamente, aquilo que ele falou no que se refere à Igreja é errado, é herético, e ponto.

Todos deveríamos saber que o amor e a estima que se tem a uma pessoa não devem contrariar, mas, ao contrário, devem estar fundamentados na verdade e no bem objetivos. Por mais apreço que um católico possa ter ao Pe. Fábio, este apreço não pode fazê-lo cegar para os erros do padre sobre a Igreja, pois tais erros apenas aumentam a já imensa desorientação dos católicos hodiernos. Amar mais ao Pe. Fábio do que à verdade é um caso de idolatria, de cegueira, de fanatismo, de infantilidade, de pouca seriedade.

Portanto, o que devemos fazer diante de tal caso? Primeiro, segurar a onda: não é porque eu gosto de Pe. Fábio que vou fazer vista grossa aos erros dele. Depois, eu também não vou sair por aí ofendendo-o excessivamente. Tenhamos sempre diante dos olhos as gravíssimas advertências que Deus Pai faz a Sta Catarina de Senasobre o trato com sacerdotes. Terceiro, precisamos rezar por ele e pelo clero porque, hoje em dia, é relativamente raro encontrar um bom padre. E, por fim, é preciso também esclarecer as coisas aos que, desconhecendo a natureza e os fundamentos da Fé Católica, poderiam ser ainda mais desorientados pelos erros açucarados do padre. E, no caso de pertinácia, isto é, de o Pe. Fábio, ainda que avisado dos seus erros, não se retratar e decidir manter-se em tais erros, nosso papel enquanto católicos deverá ser expô-lo publicamente como um inimigo da Fé. Peçamos a Deus que este último ponto não seja necessário, mas é o que recomendam os santos da Igreja no caso de hereges contumazes.

E, tendo esclarecido isso tudo, vamos deixar de frescuralhadas. "Minha gente", não permitam que a simpatia pelo padre provoque em vocês um "sequestro de subjetividade".. Que este amor excessivo, que lhes fecha os olhos da razão, não os roube de si mesmos.. hehehe..

Fiquemos, enfim, com este vídeo que, embora tenha um título meio "propaganda enganosa", será suficiente para esclarecer aos amigos do que é que estamos falando. Pax.

_____________________________________
Título Original: Pe. Fábio de Melo e as "fabietes" - algumas considerações.
Fonte: Grupo de Resgate Anjos de Adoração - Graa

domingo, 19 de janeiro de 2014

Francisco ensina como ser um verdadeiro discípulo de Jesus, o Cordeiro de Deus




ANGELUS 
Praça São Pedro
Domingo, 19 de janeiro de 2014



Caros irmãos e irmãs, bom dia !



Com a Festa do Batismo do Senhor,  celebrada no domingo passado,  entramos no tempo litúrgico chamado “comum”. Neste segundo domingo,  o Evangelho nos  apresenta a cena do encontro entre Jesus e João Batista no rio Jordão. Quem conta é  testemunha ocular, João Evangelista, que antes de ser um discípulo de Jesus foi um discípulo de João Batista, juntamente com o seu irmão Tiago,  com Simão e André, todos da Galileia, todos pescadores. O Batista vê Jesus  avançar por entre a multidão e,  inspirado pelo alto, reconhece nele o mensageiro de Deus, e por isso o indica com estas palavras: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele  que tira o pecado do mundo!” (Jo 1,29).



O verbo que é traduzido como “tirar” significa literalmente “levantar”, “tomar para si”. Jesus veio ao mundo com uma missão específica: libertar da escravidão do pecado, carregando os  pecados da humanidade. De que maneira? Amando. Não há outra maneira de vencer o mal e o pecado, se não for com o amor que leva ao dom da própria vida aos outros. No testemunho de João Batista, Jesus tem os traços do Servo do Senhor, que “tomou sobre si os nossos sofrimentos, tomou sobre si as nossas dores” (Is 53,4), para morrer na cruz. Ele é o verdadeiro cordeiro pascal, que está imerso no rio do nosso pecado, para nos purificar.



O Batista vê diante de si um homem que entra na fila com os pecadores para ser batizado, mesmo não tendo necessidade. Um homem que Deus enviou ao mundo como um cordeiro imolado. No Novo Testamento, a palavra “cordeiro” é usada várias vezes e sempre em referência a Jesus. Essa imagem do cordeiro pode surpreender, de fato, um animal que não se caracteriza pela força e robustez , carrega sobre seus ombros um peso opressivo. A enorme massa do mal é removida e levada por uma criatura fraca e frágil, um símbolo de obediência, docilidade e amor indefeso, que chega ao sacrifício de si mesmo. O cordeiro não é um dominador, mas é dócil, não é agressivo, mas pacífico, não mostra as garras ou dentes em face a qualquer ataque, mas suporta e é submisso. E assim é Jesus! Assim é Jesus, como um cordeiro.




O que significa para a Igreja, para nós, hoje,  sermos discípulos de Jesus, o Cordeiro de Deus? Significa colocar no lugar da malícia a inocência, no lugar da força o amor, no lugar do orgulho a humildade, no lugar do prestígio o serviço. É um bom trabalho! Nós cristãos, devemos fazer isso: colocar no lugar de malícia a inocência, no lugar da força o amor,  no lugar do orgulho a humildade, no lugar do prestígio o serviço. Ser um discípulo do Cordeiro significa não viver como uma “cidade cercada”, mas como uma cidade edificada sobre um monte, aberta,  acolhedora, solidária. Isso significa não assumir uma atitude de fechamento, mas levar o Evangelho a todos, testemunhando com a nossa vida, que seguir Jesus nos  faz mais livres e mais alegres.



Após o Angelus


Caros irmãos e irmãs,



Hoje celebramos o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, sobre o tema “Os migrantes e refugiados: em busca de um mundo melhor”, que desenvolvi em minha Mensagem enviada há algum tempo. Dirijo uma saudação especial aos representantes das diferentes comunidades étnicas aqui reunidos, em particular a comunidade católica de  Roma.


Queridos amigos, vocês estão perto do coração da Igreja, porque a Igreja é um povo que caminha em direção ao Reino de Deus, que Jesus Cristo trouxe para o nosso meio. Não percam a esperança de um mundo melhor! Desejo que vocês vivam em paz nos países que os acolhe, mantendo os valores de sua cultura de origem. Eu gostaria de agradecer a todos aqueles que trabalham com os migrantes para os acolher e os acompanhar em seus momentos difíceis, para defender daqueles que o Beato Scalabrini definia de “traficantes de carne humana”, que querem escravizar os migrantes! Em particular, gostaria de agradecer à Congregação dos Missionários de São Carlos, os padres e irmãs scalabrinianos que fazem muito bem para a Igreja e se fazem migrantes com os migrantes.



Neste momento pensemos em tantos migrantes, tantos refugiados, em seu sofrimento, em suas vidas, muitas vezes sem um emprego, sem documentos, tanta dor. E juntos todos nós podemos fazer uma oração para os migrantes e refugiados que vivem situações graves e difíceis :  Ave Maria …



Saúdo com afeto todos vós, queridos fiéis provenientes de diferentes paróquias da Itália e de outros países, bem como associações e vários grupos. Em particular, saúdo os peregrinos espanhóis de  Pontevedra, La Coruña, Murcia e estudantes de Badajoz. Saúdo aos alunos da Obra de Dom Orione, a Associação de Leigos Amor Misericordioso e o coral “São Francisco” de Montelupone.



A todos desejo um bom domingo e um bom almoço. Até breve!

__________________________________________

Fonte: Boletim da Santa SéTradução: Liliane Borges

sábado, 18 de janeiro de 2014

Mensagem do Papa para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações


MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O 51º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
11 DE MAIO DE 2014 - IV DOMINGO DE PÁSCOA
Vocações, testemunho da verdade

Amados irmãos e irmãs!

1.                  Narra o Evangelho que «Jesus percorria as cidades e as aldeias (...). Contemplando a multidão, encheu-Se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor. Disse, então, aos seus discípulos: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe”» (Mt 9, 35-38). Estas palavras causam-nos surpresa, porque todos sabemos que, primeiro, é preciso lavrar, semear e cultivar, para depois, no tempo devido, se poder ceifar uma messe grande. Jesus, ao invés, afirma que «a messe é grande». Quem trabalhou para que houvesse tal resultado? A resposta é uma só: Deus. Evidentemente, o campo de que fala Jesus é a humanidade, somos nós. E a acção eficaz, que é causa de «muito fruto», deve-se à graça de Deus, à comunhão com Ele (cf. Jo 15, 5). Assim a oração, que Jesus pede à Igreja, relaciona-se com o pedido de aumentar o número daqueles que estão ao serviço do seu Reino. São Paulo, que foi um destes «colaboradores de Deus», trabalhou incansavelmente pela causa do Evangelho e da Igreja. Com a consciência de quem experimentou, pessoalmente, como a vontade salvífica de Deus é imperscrutável e como a iniciativa da graça está na origem de toda a vocação, o Apóstolo recorda aos cristãos de Corinto: «Vós sois o seu [de Deus] terreno de cultivo» (1 Cor 3, 9). Por isso, do íntimo do nosso coração, brota, primeiro, a admiração por uma messe grande que só Deus pode conceder; depois, a gratidão por um amor que sempre nos precede; e, por fim, a adoração pela obra realizada por Ele, que requer a nossa livre adesão para agir com Ele e por Ele.


2.                  Muitas vezes rezámos estas palavras do Salmista: «O Senhor é Deus; foi Ele quem nos criou e nós pertencemos-Lhe, somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho» (Sal 100/99, 3); ou então: «O Senhor escolheu para Si Jacob, e Israel, para seu domínio preferido» (Sal 135/134, 4). Nós somos «domínio» de Deus, não no sentido duma posse que torna escravos, mas dum vínculo forte que nos une a Deus e entre nós, segundo um pacto de aliança que permanece para sempre, «porque o seu amor é eterno!» (Sal 136/135, 1). Por exemplo, na narração da vocação do profeta Jeremias, Deus recorda que Ele vigia continuamente sobre a sua Palavra para que se cumpra em nós. A imagem adoptada é a do ramo da amendoeira, que é a primeira de todas as árvores a florescer, anunciando o renascimento da vida na Primavera (cf. Jr 1, 11-12). Tudo provém d’Ele e é dádiva sua: o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro, mas – tranquiliza-nos o Apóstolo - «vós sois de Cristo e Cristo é de Deus» (1 Cor3, 23). Aqui temos explicada a modalidade de pertença a Deus: através da relação única e pessoal com Jesus, que o Baptismo nos conferiu desde o início do nosso renascimento para a vida nova. Por conseguinte, é Cristo que nos interpela continuamente com a sua Palavra, pedindo para termos confiança n’Ele, amando-O «com todo o coração, com todo o entendimento, com todas as forças» (Mc12, 33). Embora na pluralidade das estradas, toda a vocação exige sempre um êxodo de si mesmo para centrar a própria existência em Cristo e no seu Evangelho. Quer na vida conjugal, quer nas formas de consagração religiosa, quer ainda na vida sacerdotal, é necessário superar os modos de pensar e de agir que não estão conformes com a vontade de Deus. É «um êxodo que nos leva por um caminho de adoração ao Senhor e de serviço a Ele nos irmãos e nas irmãs» (Discurso à União Internacional das Superioras Gerais, 8 de Maio de 2013). Por isso, todos somos chamados a adorar Cristo no íntimo dos nossos corações (cf. 1 Ped 3, 15), para nos deixarmos alcançar pelo impulso da graça contido na semente da Palavra, que deve crescer em nós e transformar-se em serviço concreto ao próximo. Não devemos ter medo: Deus acompanha, com paixão e perícia, a obra saída das suas mãos, em cada estação da vida. Ele nunca nos abandona! Tem a peito a realização do seu projecto sobre nós, mas pretende consegui-lo contando com a nossa adesão e a nossa colaboração.

3.                  Também hoje Jesus vive e caminha nas nossas realidades da vida ordinária, para Se aproximar de todos, a começar pelos últimos, e nos curar das nossas enfermidades e doenças. Dirijo-me agora àqueles que estão dispostos justamente a pôr-se à escuta da voz de Cristo, que ressoa na Igreja, para compreenderem qual possa ser a sua vocação. Convido-vos a ouvir e seguir Jesus, a deixar-vos transformar interiormente pelas suas palavras que «são espírito e são vida» (Jo6, 63). Maria, Mãe de Jesus e nossa, repete também a nós: «Fazei o que Ele vos disser!» (Jo 2, 5). Far-vos-á bem participar, confiadamente, num caminho comunitário que saiba despertar em vós e ao vosso redor as melhores energias. A vocação é um fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor uns aos outros que se faz serviço recíproco, no contexto duma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno. Porventura não disse Jesus que «por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35)?

4.                  Amados irmãos e irmãs, viver esta «medida alta da vida cristã ordinária» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31) significa, por vezes, ir contra a corrente e implica encontrar também obstáculos, fora e dentro de nós. O próprio Jesus nos adverte: muitas vezes a boa semente da Palavra de Deus é roubada pelo Maligno, bloqueada pelas tribulações, sufocada por preocupações e seduções mundanas (cf. Mt 13, 19-22). Todas estas dificuldades poder-nos-iam desanimar, fazendo-nos optar por caminhos aparentemente mais cómodos. Mas a verdadeira alegria dos chamados consiste em crer e experimentar que o Senhor é fiel e, com Ele, podemos caminhar, ser discípulos e testemunhas do amor de Deus, abrir o coração a grandes ideais, a coisas grandes. «Nós, cristãos, não somos escolhidos pelo Senhor para coisas pequenas; ide sempre mais além, rumo às coisas grandes. Jogai a vida por grandes ideais!» (Homilia na Missa para os crismandos, 28 de Abril de 2013). A vós, Bispos, sacerdotes, religiosos, comunidades e famílias cristãs, peço que orienteis a pastoral vocacional nesta direcção, acompanhando os jovens por percursos de santidade que, sendo pessoais, «exigem uma verdadeira e própria pedagogia da santidade, capaz de se adaptar ao ritmo dos indivíduos; deverá integrar as riquezas da proposta lançada a todos com as formas tradicionais de ajuda pessoal e de grupo e as formas mais recentes oferecidas pelas associações e movimentos reconhecidos pela Igreja» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31).

Disponhamos, pois, o nosso coração para que seja «boa terra» a fim de ouvir, acolher e viver a Palavra e, assim, dar fruto. Quanto mais soubermos unir-nos a Jesus pela oração, a Sagrada Escritura, a Eucaristia, os Sacramentos celebrados e vividos na Igreja, pela fraternidade vivida, tanto mais há-de crescer em nós a alegria de colaborar com Deus no serviço do Reino de misericórdia e verdade, de justiça e paz. E a colheita será grande, proporcional à graça que tivermos sabido, com docilidade, acolher em nós. Com estes votos e pedindo-vos que rezeis por mim, de coração concedo a todos a minha Bênção Apostólica.

Vaticano, 15 de Janeiro de 2014

FRANCISCO
____________________________________________
Fonte: Santa Sé

Uma catequese à altura das crianças


Deus, que está nas alturas, além da nossa compreensão, se permite vir até os homens e se fazer um deles para diretamente falar-lhes ao coração. É Jesus, no seu kenosis, nos dando uma lição de como se aproximar do outro e ensinar a Boa Nova. Ele se faz pequeno, coloca-se na mesma condição humana para ensinar que ninguém é maior, a não ser o Pai.

Encontramos, nos Evangelhos, Jesus sentado falando ao povo ou alguém sentado ouvindo Jesus falar. Mas o que significa estar sentado? Aquele que senta-se aos pés de Jesus para ouvi-Lo, está buscando a sabedoria na fonte, é o discípulo diante do Mestre, sedento de conhecimento, disposto a ouvir e apreender o ensinamento para aplicá-lo na vida. Estar sentado é estar à vontade, aberto e pronto para acolher uma mensagem!

Sentar-se diante de alguém significa ter liberdade, intimidade, proximidade com o outro que fala ou que escuta. Quando nos mantemos de pé, formalizamos uma situação de limitação, de distanciamento e não acomodação, fazendo com que o outro não se sinta à vontade ou verdadeiramente acolhido durante uma conversa íntima.

Encontramos o exemplo de Maria que senta-se aos pés de Jesus para ouvi-Lo enquanto sua irmã, Marta, fica em meio aos seus afazeres. E Jesus lhe diz: ‘Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada (Lc 10,38-42)’.

E Jesus também senta-se junto ao povo, na montanha, para anunciar as bem-aventuranças. Ali, o terreno era árido, mas, mesmo assim, ele lança sementes! Ele não tem medo, e sim, uma missão!

E quanto nós? Como nos posicionamos diante dos nossos catequizandos? Como anda a nossa semeadura?


Como discípulos missionários, somos chamados a evangelizar! Mas, para cumprirmos essa missão, é preciso seguir o que Jesus nos ensina, também, nas entrelinhas do Evangelho.

Jesus sobe a montanha, Jesus desce a montanha, Jesus se retira, ora se aproxima. São atitudes que nós devemos praticar no processo da catequese!

Junto com os nossos catequizandos, precisamos nos colocar à altura deles, não somente fisicamente, mas também no sentido de fazer chegar a mensagem através de uma linguagem compatível com o entendimento de cada um. Cada dia mais é preciso se aproximar do outro, assim como fez Jesus que desceu à nossa altura para se fazer compreender, sentou-se junto ao povo para fazê-los íntimos e dar o exemplo de como evangelizar.

O catequista, assim como Jesus fez, precisa colocar-se próximo dos seus catequizandos, à vontade, sem receios, promovendo o encontro dos seus olhos com os olhos deles. Tornando-se, assim, ponte de acesso ao Pai, à medida que se dobra para se fazer pequeno dentre os pequeninos.


Rachel Lemos Abdalla


______________________________________
(17 de Janeiro de 2014) © Innovative Media Inc.
Fonte: Zenit

Eu quero te amar para sempre!




Tempos difíceis para os jovens! No terceiro milênio, eles vivem uma época em que a família sofre um ataque sem precedentes.

Ouve-se falar cada vez mais de divórcios-relâmpago, de uniões civis, de coabitação, de casamentos temporários... Felizmente, nem tudo é apenas isso. Para muitos jovens, vem chegando um evento importante: o encontro do papa Francisco com os namorados, no dia 14 de fevereiro, festa de São Valentim, na Sala Paulo VI do Vaticano. Grande parte dos países celebra nessa data o dia dos namorados, equivalente ao 12 de junho no Brasil.

O encontro, organizado pelo Conselho Pontifício para a Família, terá um belo tema: "A alegria do sim para sempre", alegria que, nos últimos anos, parece ameaçada por uma triste não-cultura da impermanência e do não-compromisso.

Até as palavras "namorado" e "namorada" estão ameaçadas de extinção. Hoje se diz, simplesmente, que "estamos juntos". É verdade que duas pessoas que se amam “estão juntas”. Mas a expressão esconde um engano: ela exclui a perspectiva de futuro. É uma expressão fria, anônima, insignificante, que resume a falta de planejamento de certas relações de hoje.

Nos últimos anos, difundiu-se a “moda” de coabitar, que raramente leva os jovens até o casamento. O casal vaga durante anos num limbo sem rumo, recusando-se a assumir e formalizar a própria responsabilidade. Há pessoas que dizem: "Estamos bem assim, não precisamos de casamento. O importante é o amor".

Por trás de afirmações como esta, esconde-se, muitas vezes, uma amargura profunda, mascarada pela mentira do "estamos bem". Em muitos casos, nas uniões “de facto”, há uma pessoa que gostaria de se casar e outra que nem quer ouvir falar em casamento. A pessoa que quer se casar sofre com esta situação passivamente, por hábito ou por medo de acabar sozinha. E o “amor” se transforma em chantagem, em ditadura esquálida.

O amor verdadeiro é outra coisa. Amar significa, sem nenhuma dúvida, comprometer-se. Significa também, e acima de tudo, ser capaz de ver o outro como um ser humano, não como um objeto a ser usado e jogado fora quando não servir mais.