Deus ama a vida! Ele quer apenas a vida! Deus criou o homem para ser incorruptível (primeira leitura). Pelo seu Filho, salva-nos da morte: eis porque Lhe damos graças em cada Eucaristia. Na sua vida terrena, Jesus sempre defendeu a vida. O Evangelho de hoje relata-nos dois episódios que assinalam a defesa da vida: Ele cura, Ele levanta. Ele torna livres todas as pessoas, dá-lhes toda a sua dignidade e a sua capacidade para viver plenamente. Sabemos dizer-lhe que Ele é a nossa alegria de viver?
Neste domingo continuam os milagres com que Jesus demostra a sua condição divina. Se no domingo passado acalmava a tempestade do lago, hoje se apresenta para nós como Senhor e libertador da enfermidade e da morte. E só com um toque. “Grande é o poder de Cristo, poder que não só habita na sua alma, mas que da alma passa o corpo, e do corpo alcança até a própria veste” (Santo Hilário). Para ser curados da enfermidade ou da morte é necessário que sejamos tocados por Cristo (filha de Jairo) ou que nós o toquemos com a fé e com a confiança (mulher com fluxo de sangue).
Infelizmente nem todos souberam tocar Jesus nem se deixaram tocar por Jesus. Alguns sumos sacerdotes, fariseus e escribas quiseram tocar Jesus desde a sua inveja e inquina, e não permitiram que a força salvadora e curadora de Cristo entrasse nas suas almas e as curasse da sua soberba e orgulho. Também teve reis-Herodes-e procuradores-Pilatos-que tentaram tocar Jesus só desde a razão de Estado; e nada conseguiram. Muitos dos que iam até Ele quiseram tocá-lo exteriormente só por pura curiosidade ou conveniência; e a estes também não chegou a radiação do poder salvador de Cristo. Mas sabemos que teve também bastantes que se aproximaram de Cristo com a fé e com a confiança, como Jairo e aquela mulher que sofria um fluxo de sangue, mulher considerada impura pelos seus semelhantes hebreus, pois sofria já fazia muitos anos. E o que aconteceu? Obtiveram a saúde do corpo e da alma.
Aliás, como e onde podemos tocar Cristo hoje e ser tocados por Ele, e assim ser curados? Hoje podemos tocar Cristo nos sacramentos, no irmão pobre que está nas periferias existenciais e no irmão que vive do seu lado, na sua família. Primeiro, nos sacramentos: na Eucaristia tocamos esse Pão da vida que nos tonifica, nos alimenta, nos santifica. Na confissão tocamos esse Cristo Médico que nos perdoa, nos anima, cura as nossas chagas que deixou em nós o pecado. Nos outros sacramentos tocamos Cristo que com a sua graça abençoa e eleva o matrimônio ao nível sobrenatural, fazendo esses esposos reflexo fiel e fecundo de Cristo e a Igreja; faz desse homem “outro Cristo”, um ministro ungido e consagrado; na unção dos enfermos, esse toque é ainda mais visível e trepidante quando o sacerdote derrama o óleo consagrado na testa e nas mãos do doente. Segundo, podemos tocar Cristo no nosso irmão pobre que está nas periferias, como nos diz o Papa Francisco; tocá-lo com a nossa caridade misericordiosa, atenta e generosa, sem nojo e sem preconceito. E finalmente, podemos tocar Cristo nesse próximo que está do meu lado: meu esposo, minha esposa, meus filhos, meus parentes, amigos e vizinhos... Com um sorriso, o perdão, um gesto prestativo, uma palavra amável, uma palmadinha nas costas...
O 13.º domingo celebra a vida mais forte que a morte, celebra Deus apaixonado pela vida. Convém, pois, que na celebração deste dia, a vida exploda em todas as suas formas: na beleza das flores, nos gestos e atitudes, na proclamação da Palavra, nos cânticos e aclamações, na luz. No cântico do salmo e na profissão de fé, será bom recordar que é o Deus da vida que nós confessamos, as suas maravilhas que nós proclamamos. Durante toda a missa, rezando, mantenhamos a convicção expressa pelo Livro da Sabedoria: Deus não Se alegra com a perdição dos vivos.