quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Bartolomeu: "Libertar o homem do lixo espiritual para proteger a criação"


"Como cristãos ortodoxos fomos instruídos pelos padres da Igreja a limitar, na medida do possível, as nossas necessidades. Opomos ao princípio do consumismo o princípio do ascetismo, reduzindo as necessidades ao indispensável. Isto não envolve privação, mas a racionalização do consumo e a condenação ética do desperdício. Quando, portanto, temos o que comer e o que vestir, ficamos felizes (1 Timóteo 6, 8)", como nos exorta o apóstolo de Cristo”. Este foi o convite do patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu, na mensagem divulgada por ocasião do Dia Mundial de Oração para o Cuidado da Criação que a Igreja Ortodoxa celebrou ontem, 1º de setembro, juntamente com a Igreja Católica.

Em sua mensagem – publicada no L'Osservatore Romano - Bartolomeu sublinha que, infelizmente, "nós, homens, tanto individualmente como na totalidade, nos comportamos, às vezes, contrariamente. Oprimimos a natureza de tal forma que as mudanças climáticas e ambientais surjam de formas inesperadas e indesejada”. O próprio Cristo - disse o primaz ortodoxo - depois da multiplicação dos pães e dos peixes e de ter saciado cinco mil homens, além de mulheres e crianças, deu ordens para recolher o que sobrou ‘para que nada se perca’ (João, 6, 12). Infelizmente as sociedades de hoje abandonam a realização deste mandamento, desperdiçando e usando irracionalmente para satisfazer as percepções vaidosas de prosperidade”. 

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Cantalamessa: "A criação foi feita para ser contemplada e não possuída".


O “domínio” do homem sobre as criaturas de Deus não é "destinado a seu próprio interesse", mas "ao das criaturas que ele cria e conserva”. Disse o o Pe. Raniero Cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia, em sua homilia durante a Liturgia da Palavra, celebrada ontem à tarde na basílica de São Pedro, por ocasião da Jornada Mundial para o Cuidado da Criação.

"Para a Bíblia, o modelo final do dominus, do senhor, não é o soberano político que explora seus súditos, mas o próprio Deus, Senhor e Pai", disse Cantalamessa, acrescentando que "a fé em um Deus criador e no homem feito à imagem de Deus, não é, portanto, uma ameaça, mas sim uma garantia para a criação, e a mais forte de todas”.

Não só o homem não é o "senhor absoluto das outras criaturas", mas deve "dar conta" dos talentos recebidos, antes de todos, a "terra".

A Bíblia não incentiva “o abuso do homem sobre a criação”. Tanto é assim que “o mapa da poluição não coincide com o da difusão da religião bíblica ou de outras religiões, mas coincide com a de uma industrialização selvagem, que busca só o lucro, e com aquela corrupção que fecha a boca de todos os protestos e resiste a todos os poderes”, continuou o Pregador da Casa Pontifícia.

O que, pelo contrário, afirma a Escritura é a "hierarquia da vida", segundo a qual os minerais nutrem os vegetais, estes, os animais, e, por fim, “todos os três servem à criatura racional, que é o homem”. 

Lefebvrianos agradecem ao Papa por considerar válidas as confissões dos fiéis com os padres da Fraternidade São Pio X durante o Jubileu


Foi recebida com gratidão pela Fraternidade Sacerdotal de São Pio X a mão estendida ontem por Francisco, em sua carta pelo Jubileu da Misericórdia enviada a dom Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. No último parágrafo da carta, dirigindo um pensamento "aos fiéis que, por diversas razões, frequentam as igrejas oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X", o papa comunica a decisão de que aqueles que durante o Ano Santo da Misericórdia recorrerem ao sacramento da reconciliação junto aos sacerdotes da comunidade receberão válida e licitamente a absolvição dos seus pecados".

A declaração suscitou grande reconhecimento entre os membros da fraternidade fundada pelo arcebispo tradicionalista Marcel Lefebvre em Friburgo. Em comunicado, eles definem o gesto do Sumo Pontífice como "paterno". A nota diz: "No ministério do sacramento da penitência, esta sempre se apoiou, com absoluta certeza, na jurisdição extraordinária conferida pelas Normae Generales do Código de Direito Canônico (...) Durante este ano de conversão, os sacerdotes da Fraternidade São Pio X trarão no coração o exercício generoso e renovado de seu ministério no confessionário, seguindo o exemplo de dedicação contínua que o Santo Cura d'Ars deu a todos os sacerdotes".

A disposição de Francisco nasce do desejo de "não excluir ninguém" da misericórdia do Senhor, que o Ano Santo quer comemorar, mas também e especialmente das solicitações de bispos do mundo inteiro que referiam ao papa o "desconforto" de alguns fiéis que "vivem condições pastoralmente difíceis". É necessário, portanto, tornar concreta essa busca de "soluções para recuperar a plena comunhão com os sacerdotes e superiores da Fraternidade", como o próprio papa augura na carta. 

Card. Schönborn: "É um escândalo que certos países europeus não recebam os refugiados”.


"É um escândalo que na Comunidade Europeia haja países que fazem o que humanamente é uma obrigação e outros não. É escandaloso que alguns países que fazem fronteira com a Áustria tenham um "milésimo" do número de refugiados que se encontram na Áustria. É escandaloso que não aceitem refugiados... Portanto, espero que ocorra um despertar Europeu...". Assim, o cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, expressou a sua amargura pela urgência dos migrantes em uma entrevista à TV Tg2000, o telejornal da Tv2000.

"Na Áustria - explicou - há medo e rumores xenófobos como na Itália, mas a minha impressão é que existe muita solidariedade no povo, compaixão e disponibilidade para ajudar estes pobres que chegam sem nada”. Toda a Igreja na Áustria – relatou então Schönborn – reuniu-se em oração pelas 71 vítimas, incluindo quatro crianças, encontradas em um caminhão na rodovia Budapeste-Viena: "Este trágico acontecimento - disse - a incrível morte de 71 pessoas foi um choque, um susto incrível para muitas pessoas. A Catedral estava lotada de pessoas, apesar de ser um dia de trabalho, e quase todo o governo estava lá”.

O Arcebispo de Viena também explicou que a oração foi dedicada "a estas pobres pessoas, das quais não sabemos ainda a identidade porque não tinham documentos. Uma situação cínica: estavam em um furgão frigorífico para carne, apertados como sardinhas. Não é possível imaginar o sofrimento dessas pessoas morrendo sufocadas, uma depois da outra. Muitos já perceberam que não é possível continuar assim". 

Mês da Bíblia 2015: Evangelho de João


Caros leitores e leitoras,

Graça e paz!

Neste ano, o livro proposto pela CNBB para aprofundamento no mês da Bíblia é o Evangelho de João. O lema escolhido é “Permanecei no meu amor para produzir muitos frutos”, e o tema, “Discípulos missionários a partir do Evangelho de João”. O mandamento do amor de uns para com os outros, sinal do discipulado, é o principal legado do Evangelho de João. Não se trata de um “amor” qualquer, lembrando que a palavra “amor” é muito banalizada e usada para tudo em nossos dias. Trata-se de amor que tem como meta e como ideal o amor de Cristo. A vivência desse amor nas comunidades cristãs e dos cristãos para com o todo da criação é a principal força missionária. Como tem repetido o papa Francisco, a Igreja cresce não por proselitismo, mas pela força de atração que vem do testemunho.

Aspectos muito concretos do contexto da comunidade de João ocasionaram a ênfase dada ao mandamento do amor e a busca por fortalecer e aprofundar a fé. A comunidade era formada por significativa diversidade: judeus convertidos, samaritanos, pagãos convertidos, galileus, pobres, ricos, membros do grupo de João Batista. Isso exigiu maior abertura para conviver com pessoas de mentalidades diferentes. A convivência e os vínculos de fraternidade foram possíveis por meio do amor, força capaz de ultrapassar as barreiras e preconceitos e ideal de uma nova aliança baseada na solidariedade. A comunidade também era marcada por conflitos e perseguições por parte das autoridades judeu-farisaicas e do império romano, além de manter divergências com outras correntes filosóficas e religiosas. Tanto pela diversidade cultural como pelos conflitos e dificuldades gerados pelas perseguições, a comunidade precisou aprofundar os laços de amor e a fé para resistir e manter-se fiel. 

O esvaziamento da Igreja Católica


Ao contrário do que alguns podem pensar não falarei aqui de esvaziamento de fiéis. O tema deste texto é o esvaziamento de símbolos dentro da Igreja Católica, que foi um dos motivos pelo esvaziamento de fiéis. Conseguiu compreender? Então vamos lá.

Recentemente o Jô Soares entrevistou o excomungado Padre Beto, e quando entraram no assunto sobre o uso de batina, em determinado momento o entrevistador fala:

“Desculpa, não estou querendo entrar em polêmica. É que eu acho fantástico o simbolo. Eu acho que a Igreja Católica perdeu muito exatamente porque abriu mão de vários símbolos. Porque o que atrai na crença é também a simbologia dessa crença… Os padres ficaram mais laicos que os próprios frequentadores (leia-se fiéis).”

Infelizmente Jô Soares tem uma grande razão no que diz, pois vemos que diante de uma tentativa de "modernização" do catolicismo, retiraram a mística e profundidade de muitas coisas. Para ser mais "acessível", banalizaram ou deixaram de lado vários aspectos.

A perda da mística e profundidade se deu de forma muito acentuada no século XX, pois havia uma mentalidade de se afastar do "homem medieval" e buscar o "homem racional e moderno". Não é à toa que São Padre Pio de Pietrelcina foi perseguido e censurado até mesmo dentro da Igreja, e por parte do alto clero no Vaticano. Muitos não aceitavam mais a experiência mística e espiritual, tudo teria que ter uma explicação científica e racional, ainda que para os Papas a visão fosse outra. 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Homilética: 23º Domingo Comum - Ano B: "Escutar e anunciar".


O Profeta Isaías, num momento de tribulação, levanta-se para reconfortar o Povo eleito que vive no desterro (Is 35, 4-7). Dizei às pessoas deprimidas: criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus… é Ele que vem para vos salvar. E o Profeta apresenta prodígios que terão o seu pleno cumprimento com a chegada do Messias: Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos; brotarão águas no deserto e jorrarão torrentes no ermo. Com Cristo, todos os homens são curados, e as fontes da graça, sempre inesgotáveis, convertem o mundo numa nova criação.

No Evangelho (Mc 7, 31-37) encontramos a realização da profecia de Isaías.

Jesus abre os ouvidos e solta a língua de um surdo-mudo. E o povo, entusiasmado, vê nessa cura um sinal da presença do Poder salvífico do Messias e exclama: “Tudo Ele tem feito bem. Fez os surdos ouvirem e os mudos falarem.”

Nesta cura que o Senhor realizou, podemos ver uma imagem da sua ação nas almas: ela livra o homem do pecado, abre-lhe os ouvidos para que escute a Palavra de Deus e solta-lhe a língua para que louve e proclame as maravilhas divinas. Santo Agostinho, ao comentar esta passagem do Evangelho, diz que a língua de quem está unido a Deus “falará do bem, tornará unido os que estavam divididos, consolará os que choram… Deus será louvado, Cristo será anunciado.” É o que nós faremos se tivermos o ouvido atento às contínuas moções do Espírito Santo e a língua preparada para falar de Deus sem respeitos humanos.

Existe uma surdez da alma que é pior que a do corpo, porque não há pior surdo do que aquele que não quer ouvir. São muitos os que têm os ouvidos fechados à Palavra de Deus, e são também muitos os que se vão endurecendo cada vez mais ante as inúmeras chamadas da graça! O nosso apostolado paciente, tenaz, cheio de compreensão, acompanhado de oração, fará com que muitos dos nossos amigos ouçam a voz de Deus e se convertam em novos apóstolos que a preguem por toda a parte.

Não podemos  ficar mudos quando devemos falar de Deus e da sua mensagem sem constrangimento algum, antes vendo nisso um título de glória: os pais aos seus filhos; o amigo ao amigo, com sentido de oportunidade, mas sem receios; o colega de escritório aos que trabalham ao seu lado, com o seu comportamento exemplar e alegre e com a palavra que estimula a sair da apatia; o estudante aos colegas de Universidade com quem convive tantas horas por dia…

Peçamos ao Senhor fé e audácia para anunciar com clareza e simplicidade as maravilhas de Deus de que somos testemunhas, como fizeram os Apóstolos depois do dia de Pentecostes. Santo Agostinho aconselha-nos: “Se amais a Deus, atraí para que O amem todos os que se reúnem convosco e todos os que vivem na vossa casa. Se amais o Corpo de Cristo, que é a unidade da Igreja, estimulai a todos para que gozem de Deus e dizei-lhes com Davi: “ Celebrai comigo o Senhor, exaltemos juntos o seu nome” (Sl 33 (34), 4); e nisto não sejais parcos nem tímidos, mas conquistai  para Deus todos os que puderdes e por todos os meios possíveis, conforme a vossa capacidade, exortando-os, suportando-os, suplicando-lhes, conversando com eles e falando-lhes com toda a mansidão e suavidade da razão de ser das coisas que dizem respeito à fé.” Não fiquemos calados quando tantas são as coisas que Deus quer dizer através das nossas palavras.

Cardeal assegura: Sínodo não vai mudar nada na Doutrina da Igreja sobre o matrimônio


“Não pensemos que o Sínodo vai inventar nada novo, a doutrina é a de sempre”, disse o Cardeal Juan Luis Cipriani, Arcebispo de Lima e Primaz do Peru, a respeito do próximo Sínodo dos Bispos sobre a Família, a ser celebrado entre os dias 4 e 25 de outubro deste ano no Vaticano.

Em declarações ao Grupo ACI, durante o X Congresso Nacional Eucarístico e Mariano, realizado em Piura (Peru) durante o mês de agosto, o Cardeal Cipriani assinalou: “o que se espera do Sínodo é que confirme toda a doutrina que a Igreja sempre mostrou em uma continuidade de seus ensinamentos, isso não mudará nada”.

O Arcebispo de Lima explicou que “desde o ponto de vista pastoral, provavelmente ante tanto divórcio e tanto problema matrimonial e ruptura familiar, tenhamos que dirigir um maior esforço para preparar melhor os noivos, a fim de atender melhor os casos de pessoas em dificuldades, mas em qualquer caso servirá para reforçar a família como uma grande proposta do próprio Deus”.

“Acho que a família será recuperada, mas teremos que pôr mais atenção e ajudar a tanta gente que está divorciada, vive separada, não para que a doutrina seja modificada, mas para que ponhamos mais esforço em ajudá-los”, indicou o Arcebispo de Lima.