sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Francisco aos funcionários da ONU: “Sejam como uma família unida que trabalha pela humanidade”


DISCURSO
Viagem do Papa Francisco aos Estados Unidos
Saudação aos funcionários da ONU
Sexta-feira, 25 de setembro de 2015


Queridos amigos, Bom dia!

Por ocasião da minha visita às Nações Unidas, tenho a alegria de vos saudar a vós, homens e mulheres que sois de muitas maneiras a espinha dorsal desta Organização. Agradeço-vos as boas-vindas e estou grato por tudo o que fizestes para preparar a minha visita. Quereria pedir-vos ainda para transmitirdes as minhas saudações aos membros das vossas famílias e aos colegas que hoje não puderam estar conosco.

A maior parte do trabalho realizado aqui não é do tipo que chame a atenção. Nos bastidores, o vosso compromisso diário torna possível muitas das iniciativas diplomáticas, culturais, econômicas e políticas das Nações Unidas, que são tão importantes para satisfazer as esperanças e expectativas dos povos que compõem a família humana. Sois peritos e obreiros no campo de intervenção, funcionários e secretários, tradutores e intérpretes, pessoal da limpeza e cozinheiros, pessoal da manutenção e da segurança. Obrigado por tudo o que fazeis!

O vosso trabalho silencioso e fiel contribui não só para o melhoramento das Nações Unidas, mas tem também um grande significado para vós, pessoalmente, já que o modo como trabalhamos exprime a nossa dignidade e o tipo de pessoa que somos. 

Discurso do Papa Francisco no encontro com sem-tetos


DISCURSO
Viagem do Papa Francisco aos Estados Unidos

Visita ao Centro Caritativo da Paróquia de São Patrício e encontro com os sem-teto em  Washington

24 de setembro de 2015

Queridos amigos!

A primeira palavra que quero dizer-vos é «obrigado». Obrigado por me acolherem e pelo esforço feito para que este encontro se pudesse realizar.

Aqui recordo uma pessoa que amo e que foi muito importante na minha vida. Serviu-me de apoio e fonte de inspiração. É uma pessoa a quem recorro quando estou com algum problema. Vós fazeis-me lembrar São José. Os vossos rostos falam-me do dele.

Na vida de São José, houve situações difíceis de enfrentar. Uma delas aconteceu quando Maria estava prestes a dar à luz Jesus. Diz a Bíblia: «Quando eles se encontravam [em Belém], completaram-se os dias de [Maria] dar à luz e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria» (Lc 2, 6-7). A Bíblia é muito clara: não havia lugar para eles na hospedaria. Imagino José, com a sua esposa prestes a ter o filho, sem um tecto, sem casa, sem alojamento. O Filho de Deus entrou neste mundo como uma pessoa que não tem casa. O Filho de Deus sabe o que é começar a vida sem um tecto. Imaginemos as perguntas que José se punha naquele momento: Como é possível? O Filho de Deus não tem um tecto para viver? Por que estamos sem casa? Por que estamos sem um tecto? São perguntas que muitos de vós podem pôr-se cada dia. Como José, questionais-vos: Por que estamos sem um tecto, sem uma casa? Mas tais perguntas, será bom que no-las ponhamos também todos nós: Por que estão sem casa estes nossos irmãos? Não têm um tecto, porquê?

As perguntas de José perduram até hoje, acompanhando todos aqueles que, ao longo da história, viveram e estão sem uma casa.

José era um homem que se punha perguntas, mas sobretudo era um homem de fé. Foi a fé que permitiu a José encontrar a luz naquele momento que parecia uma escuridão completa; foi a fé que o sustentou nas dificuldades da sua vida. Pela fé, José soube seguir em frente, quando tudo parecia sem saída.

Perante situações injustas, dolorosas, a fé oferece-nos a luz que dissipa a escuridão. Como sucedeu com José, a fé abre-nos à presença silenciosa de Deus em cada vida, em cada pessoa, em cada situação. Ele está presente em cada um de vós, em cada um de nós.

Não encontramos qualquer tipo de justificação social, moral ou doutro gênero para aceitar a carência de habitação. São situações injustas, mas sabemos que Deus está a sofrê-las juntamente conosco, está a vivê-las ao nosso lado. Não nos deixa sozinhos. 

Se eu chegar tarde à missa, posso comungar?


Para responder a esta pergunta, é preciso diferenciar duas coisas: uma coisa é a missa de preceito e outra, muito diferente, é a missa cotidiana.

Vamos falar primeiro da missa de preceito:

Ir à missa aos domingos e dias de preceito é uma das obrigações mais básicas dos católicos (Código de Direito Canônico, cânon 1247).

Infelizmente, muitos católicos desconhecem suas obrigações. Inclusive desconhecem que ser batizado envolve deveres a ser cumpridos. Alguns pensam que, por ser o amor a máxima lei cristã, tudo teria de ser amor sem obrigações, amor sem normas.

Mas já sabemos que não é assim; pelo contrário, o amor é muito exigente: quanto mais amor, maior a exigência de manifestá-lo e de evitar tudo o que vá contra ele.

Tudo o que a Igreja diz, por meio dos diversos documentos (especialmente o Código de Direito Canônico), precisa ser cumprido; não são conselhos. É importante, então, saber diferenciar as leis (que nos obrigam em consciência) e os conselhos ou recomendações. Neste último caso, cada um fará o que considerar mais oportuno, pois não está obrigado canonicamente a seguir um conselho ou recomendação e, por conseguinte, tampouco falamos de pecado.

O Catecismo, no n. 2042, explica que existe uma obrigação importante para o cristão católico: ouvir missa inteira aos domingos e demais festas de preceito. Este não é somente o terceiro mandamento da lei de Deus, mas também o primeiro preceito da Igreja.

É importante prestar atenção nestas palavras: "MISSA INTEIRA". Devemos participar da missa completa aos domingos e festas de guarda. Falta a este mandamento também quem chega tarde à missa. E, se chega tarde, a missa não vale.

Se, além disso, a pessoa costuma regularmente chegar tarde à missa, isso significa despreocupação e ela comete o grave pecado da preguiça. Nestas circunstâncias, antes de comungar, a pessoa precisa se confessar.

Enquanto houver pecados mortais ou graves, não se pode comungar. Então, chegue à igreja antes da missa começar. 

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Papa fala no Congresso de liberdade, refugiados e igualdade de direitos


DISCURSO
Viagem do Papa Francisco aos Estados Unidos
Visita ao Congresso dos Estados Unidos – Washington D.C
24 de setembro de 2015

Senhor Vice-Presidente,
Senhor Presidente da Câmara dos Representantes,
Distintos Membros do Congresso,
Queridos Amigos!

Sinto-me muito grato pelo convite para falar a esta Assembleia Plenária do Congresso «na terra dos livres e casa dos valorosos». Apraz-me pensar que o motivo para isso tenha sido o facto de também eu ser um filho deste grande continente, do qual muito recebemos todos nós e relativamente ao qual partilhamos uma responsabilidade comum.

Cada filho ou filha duma determinada nação tem uma missão, uma responsabilidade pessoal e social. A vossa responsabilidade própria de membros do Congresso é fazer com que este país, através da vossa actividade legislativa, cresça como nação. Vós sois o rosto deste povo, os seus representantes. Sois chamados a salvaguardar e garantir a dignidade dos vossos concidadãos na busca incansável e exigente do bem comum, que é o fim de toda a política.

Uma sociedade política dura no tempo quando, como uma vocação, se esforça por satisfazer as carências comuns, estimulando o crescimento de todos os seus membros, especialmente aqueles que estão em situação de maior vulnerabilidade ou risco. A atividade legislativa baseia-se sempre no cuidado das pessoas. Para isso fostes convidados, chamados e convocados por aqueles que vos elegeram.

O vosso trabalho lembra-me, sob dois aspectos, a figura de Moisés. Por um lado, o patriarca e legislador do povo de Israel simboliza a necessidade que têm os povos de manter vivo o seu sentido de unidade com os instrumentos duma legislação justa. Por outro lado, a figura de Moisés leva-nos directamente a Deus e, por consequência, à dignidade transcendente do ser humano. Moisés oferece-nos uma boa síntese do vosso trabalho: a vós, pede-se para proteger, com os instrumentos da lei, a imagem e semelhança moldadas por Deus em cada rosto humano.

Nesta perspectiva, hoje gostaria de dirigir-me não só a vós mas, através de vós, a todo o povo dos Estados Unidos. Aqui, juntamente com os seus representantes, quereria aproveitar esta oportunidade para dialogar com tantos milhares de homens e mulheres que se esforçam diariamente por cumprir uma honesta jornada de trabalho, para trazer para casa o pão de cada dia, para poupar qualquer dólar e – passo a passo – construir uma vida melhor para as suas famílias. São homens e mulheres que não se preocupam apenas com pagar os impostos, mas – na forma discreta que os caracteriza – sustentam a vida da sociedade. Geram solidariedade com as suas atividades e criam organizações que ajudam quem tem mais necessidade. 

Homilia da Santa Missa e Canonização do Beato Junipero Serra


Homilia
Santa Missa e Canonização do Beato Junipero Serra
Santuário Nacional da Imaculada Conceição

Washington D.C
23 de setembro de 2015


“Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!” (Flp 4, 4). Um convite que toca fortemente a nossa vida. Alegrai-vos – diz-nos São Paulo, com a força quase duma ordem. Um convite no qual ecoa o desejo de que todos experimentemos uma vida plena, uma vida que tenha sentido, uma vida jubilosa. É como se Paulo tivesse a capacidade de ouvir cada um dos nossos corações e desse voz àquilo que sentimos, àquilo que vivemos. Há algo dentro de nós que nos convida à alegria, não nos contentando com paliativos que procuram simplesmente tranquilizar-nos.

Mas, por outro lado, vivemos as tensões da vida diária. Muitas são as situações que parecem pôr em dúvida este convite. A dinâmica, a que muitas vezes estamos sujeitos, parece levar-nos a uma resignação triste que pouco a pouco se vai transformando num hábito com uma consequência letal: anestesiar o coração.

Não queremos que a resignação seja o motor da nossa vida; ou será que queremos? Não queremos que a rotina se apodere da nossa vida; ou sim? Por isso podemos questionar-nos: como proceder para que não se anestesie o nosso coração? Como aprofundar a alegria do Evangelho nas várias situações da nossa vida?

Jesus disse aos discípulos de então e repete-o a nós hoje: Ide! Anunciai! A alegria do Evangelho só se experimenta, conhece e vive, dando-a, dando-se.

O espírito do mundo convida-nos ao conformismo, à comodidade. Perante este espírito mundano “é necessário voltar a sentir que precisamos uns dos outros, que temos uma responsabilidade para com os outros e o mundo” (Enc. Laudato si’, 229); a responsabilidade de anunciar a mensagem de Jesus. Porque a fonte da nossa alegria situa-se naquele “desejo inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a misericórdia infinita do Pai e a sua força difusiva” (Exort. ap. Evangelii gaudium, 24). Ide ter com todos, a fim de anunciar ungindo e ungir anunciando. A isto mesmo, nos convida hoje o Senhor dizendo:

A alegria, o cristão experimenta-a na missão: ide ter com os povos de todas as nações.

A alegria, o cristão encontra-a num convite: ide e anunciai.

A alegria, o cristão renova-a e actualiza-a com uma vocação: ide e ungi. 

Congresso para a pastoral de auxílio a homossexuais será realizado em Roma antes do Sínodo


No próximo dia 2 de outubro, Roma acolherá o primeiro congresso para a pastoral de cuidados a homens e mulheres que experimentam tendências homossexuais. Este congresso contará com a presença de bispos, sacerdotes, religiosos, seminaristas, fiéis leigos e todos aqueles que queiram acolher e acompanhar pessoas que sentem atração pelo mesmo sexo.

O título deste congresso é “Viver na verdade do amor” e “Os Caminhos do Verdadeiro Amor. Enfoques Pastorais para acolher e acompanhar as pessoas que vivem com tendências homossexuais” na Universidade Pontifícia de Santo Tomás de Aquino. O evento viria acontecer na véspera do Sínodo da Família, a ser realizado entre os dias 04 e 25 de outubro.

Entre os presentes estarão o Cardeal Roberth Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, que recentemente foi nomeado Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum e o Cardeal George Pell, Prefeito da Secretaria de Economia da Santa Sé e membro do Conselho para a reforma da cúria do Papa Francisco, ambos autores de livros sobre a temática do Congresso.

Entre os peritos estarão Dom Livio Melina, Presidente do Pontifício Instituto João Paulo II para estudos sobre o matrimônio e a família, um dos maiores conhecedores de teologia moral e bioética.

Também participarão deste congresso, o Dr. Paul McHugh, da Universidade Johns Hopkins (Baltimore, EUA); o Dr. Timothy Lock, psicólogo clínico; e a Dra. Jennifer Morse, do Instituto Ruth.

O congresso contará com testemunhos de católicos que vivem a homossexualidade em sua vida cotidiana e estarão disponíveis alguns livros publicados a respeito, entre eles os do Cardeal Sarah e do Cardeal Pell. 

Em que circunstâncias uma pessoa não pode comungar?


O fiel católico não deve comungar quando faltam as devidas disposições. Há dois tipos de disposições para comungar dignamente: as que se referem à alma e as que se referem ao corpo.

Quais são as disposições com relação à alma?

1. Estar em graça de Deus, ou seja, ausência de pecado grave.

2. Estar instruído nas principais verdades de fé.

3. Ter a devida reverência e respeito no momento da comunhão.

4. Crer firmemente que se vai receber Jesus Cristo.

“Quem estiver consciente de pecado grave não celebre Missa nem comungue o Corpo do Senhor, sem fazer previamente a confissão sacramental, a não ser que exista uma razão grave e não tenha oportunidade de se confessar; neste caso, porém, lembre-se de que tem obrigação de fazer um ato de Contrição perfeita, que inclui o propósito de se confessar quanto antes” (Código de Direito Canônico, cân. 916). 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Discurso do Papa aos bispos dos Estados Unidos


Discurso
Encontro com bispos dos Estados Unidos

Catedral de São Mateus em Washington D.C
23 de setembro de 2015

Queridos Irmãos no Episcopado!

Estou feliz por vos encontrar neste momento da missão apostólica que me trouxe ao vosso país e agradeço vivamente ao Cardeal Donald Wuerl e ao Arcebispo Joseph Edward Kurtz as amáveis palavras que me dirigiram em nome também de todos vós. Recebei os meus sentimentos de gratidão pela recepção e também pela generosa disponibilidade com que foi programada e organizada a minha estadia.

Ao abraçar com o olhar e o coração os vossos rostos de pastores, quero estreitar ao peito as Igrejas que levais amorosamente aos ombros e peço-vos para lhes assegurar que a minha solidariedade humana e espiritual envolve, por vosso intermédio, todo o povo de Deus espalhado por esta vasta terra.

O coração do Papa dilata-se para incluir a todos. Alargar o coração para testemunhar que Deus é grande no seu amor, é a essência da missão do Sucessor de Pedro, Vigário d’Aquele que na Cruz abraçou a humanidade inteira. Que nenhum membro do Corpo de Cristo e da nação americana se sinta excluído do abraço do Papa. Em todo o lado onde aflore aos lábios o verdadeiro nome de Jesus, lá ressoe também a voz do Papa para assegurar: «é o Salvador». Desde as vossas grandes cidades da costa leste até às planícies do midwest, desde o extremo sul até ao ilimitado oeste, onde quer que o vosso povo se reúna na assembleia eucarística, o Papa não seja um mero nome pronunciado rotineiramente, mas uma companhia palpável empenhada a sustentar a voz que se eleva do coração da Esposa: «Vinde, Senhor!»

Quando uma mão se estende para fazer o bem ou tornar próximo o amor de Cristo, para limpar uma lágrima ou fazer companhia a alguém na solidão, para indicar a estrada a um extraviado ou reanimar um coração já despedaçado, para se inclinar sobre uma pessoa caída ou ensinar um sedento da verdade, para oferecer o perdão ou guiar para um novo começo em Deus… sabei que o Papa vos acompanha e sustenta e, sobre a vossa mão, apoia também ele a sua já velha e enrugada mas, por graça de Deus, ainda capaz de sustentar e encorajar.

A minha primeira palavra é de ação de graças a Deus pelo dinamismo do Evangelho que consentiu o notável crescimento da Igreja de Cristo nestas terras e permitiu a generosa contribuição que ela ofereceu, e continua a oferecer, à sociedade norte-americana e ao mundo. Vejo com vivo apreço e agradeço comovido a vossa generosidade e solidariedade com a Sé Apostólica e com a evangelização em muitas partes atribuladas do mundo. Alegro-me com o indómito empenho da Igreja em prol da causa da vida e da família, motivo saliente desta minha visita. Sigo atentamente o esforço enorme feito para a recepção e integração dos imigrantes, que continuam a olhar para a América com a visão dos peregrinos que chegaram aqui à procura dos seus promissores recursos de liberdade e prosperidade. Admiro a canseira com que levais por diante a missão educativa nas vossas escolas de todos os níveis e a obra caritativa nas vossas numerosas instituições. São atividades realizadas frequentemente sem qualquer estímulo ou apoio e, em todo o caso, mantidas heroicamente com o óbolo dos pobres, porque tais iniciativas derivam de um mandato sobrenatural a que não é lícito desobedecer. Estou consciente da coragem com que enfrentastes momentos obscuros do vosso percurso eclesial, sem temer autocríticas nem vos poupardes a humilhações e sacrifícios, sem ceder ao temor de vos despojardes de quanto é secundário, contanto que se recuperasse a credibilidade e a confiança requerida aos Ministros de Cristo, como o espera a alma do vosso povo singular. Sei quanto vos pesou a ferida dos últimos anos e acompanhei o vosso generoso esforço para curar as vítimas – conscientes de que, curando, também nós ficamos curados – e para continuar a agir a fim de que tais crimes nunca mais se repitam.

Falo-vos como Bispo de Roma, já na velhice, chamado por Deus, duma terra que também é americana, a fim de guardar a unidade da Igreja universal e encorajar na caridade o percurso de todas as Igrejas particulares para que progridam no conhecimento, na fé e no amor de Cristo. Lendo os vossos nomes e sobrenomes, observando as vossas feições, conhecendo a medida alta da vossa consciência eclesial e sabendo da veneração que sempre nutristes pelo Sucessor de Pedro, devo dizer que não me sinto um estrangeiro no meio de vós. De facto, sou oriundo duma terra – também ela vasta, ilimitada e por vezes informe – que, à semelhança da vossa, recebeu a fé da bagagem dos missionários. Conheço bem o desafio de semear o Evangelho no coração de homens, originários de mundos diferentes, muitas vezes endurecidos pela estrada dura percorrida antes de se estabelecerem. Não me é estranha a história da fadiga de implantar a Igreja entre planícies, montanhas, cidades e subúrbios dum território frequentemente inóspito, onde as fronteiras sempre são provisórias, as respostas óbvias não duram e a chave de entrada requer a capacidade de saber combinar o esforço épico dos pioneiros exploradores com a prosaica sabedoria e resistência dos sedentários que supervisionam o espaço alcançado. Como cantou um poeta vosso, «asas fortes e incansáveis», mas também a sabedoria de quem «conhece as montanhas».1