quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Colonização ideológica: as responsabilidades dos meios de comunicação


A nossa sociedade é cada vez mais caracterizada por um profundo sentimento de egoísmo que permeia todos os setores. Cada um luta pelos seus direitos, esquecendo-se dos seus deveres. A palavra “direito” é interpretada como algo que satisfaça as necessidades pessoais, sem considerar as necessidades e o bem dos outros.

É possível, no entanto, considerar “direito” algo que ofende o mais fraco? Podemos falar de “direito” quando se atropela a dignidade dos outros? Os direitos podem ser desvinculados da lei da natureza?

Há muitas outras questões que cada um poderia colocar-se, mas o coração da questão é o de associar a palavra “direito” não só aos desejos pessoais, mas também ao bem do próximo.

Um clássico exemplo do nosso tempo histórico é a inversão do direito entre pais e filhos. As crianças, sendo criaturas mais fracas do que os grandes, têm o direito de serem protegidas e educadas segundo as necessidades naturais para um harmonioso crescimento humano e espiritual.

O princípio fundamental de todos os direitos é a verdade. Quando se nega a verdade se cancela o direito do mais fraco. Hoje assistimos ao triste fenômeno do empobrecimento dos direitos das crianças, às quais nega-se o direito de não serem descartadas quando a sua vida está na fase embrionária, o direito de nascer do seio materno de forma natural, o direito de não ser considerada mercadoria de lucro das organizações que gerenciam a maternidade de aluguel, o direito de ter um pai e uma mãe.

O hedonismo, como conceito filosófico que busca apenas o bem-estar e o prazer como bem supremo e como objetivo principal da vida, produziu efeitos diferentes daqueles desejados, trazendo inquietação na vida presente e desespero na vida futura.

O outro mal dos nossos tempos é o relativismo, que desestabilizou todas as verdades fundamentais da vida humana. Esta filosofia de pensamento considera tudo válido e ao mesmo tempo tudo relativo, negando os princípios absolutos. Nega-se o princípio fundamental das leis da natureza sobre a vida, sobre a família e sobre o matrimônio. Nega-se também o direito a ter um trabalho digno, porque a dignidade do homem é considerada um fato relativo. O relativismo leva a considerar diferente o valor de cada ser humano: só quem produz riqueza e ocupa uma posição de destaque na sociedade merece um adequado respeito e maiores direitos humanos. 

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Filme 'Terra de Maria', sucesso no Brasil


Lançado em 23 países, “Terra de Maria” ficou por mais de sete meses em cartaz na Espanha, superando títulos como o infantil “Frozen”. O mesmo sucesso de bilheteria se repetiu no Paraguai, no México e na Polônia. A produção teve captações em 10 nações e tenta fazer com que o espectador possa rir, se emocionar mas também pensar e refletir.

Na aventura, um agente secreto fará investigações percorrendo diferentes países para revelar um mistério: o que está acontecendo no mundo que provoca as aparições da Virgem Maria na Terra? O que faz com que pessoas do século 21 acreditem que Jesus existe e que podem falar com Ele? O que aconteceria se a história de que Maria e Jesus existem… não fosse um conto de fadas? O filme conta também com uma carta de recomendação da Conferência Episcopal do Chile.

Transformação pela fé

Responsável pela idealização e realização do documentário “Terra de Maria”, a produtora espanhola Infinito Mas Uno utiliza plataformas de divulgação massiva e abrangente – internet, televisão e cinema – para difundir as transformações que a fé e a religião podem causar na vida do homem. Outro diferencial está na escolha das cidades onde as produções serão exibidas: os espectadores demonstram interesse pelos canais de comunicação – no Brasil, hoje, já são 26 municípios confirmados, atendendo aos pedidos das redes sociais.

Até o momento, mais de 240 mil pessoas já foram alcançadas pela Infinito Mas Uno no Facebook, com o registro de 11 mil interações.

Caso em sua cidade não tenha programado o filme, você pode cadastrar tua solicitação no link abaixo:


Mobilize outros amigos e irmãos da sua cidade para assinar o cadastro; de acordo com a procura, o Cinemark poderá abrir salas na sua cidade em uma próxima etapa. 

Vaticano: Pe. Vallejo Balda e Francesca Chaouqui são presos, acusados ​​de furto e divulgação de informações e documentos reservados.


Após o triste caso de Paolo Gabriele, o mordomo de Bento XVI que vazou documentos confidenciais do papa em 2012, volta ao Vaticano o espectro de mais uma venda de notícias privadas à imprensa.

"No âmbito de investigações criminais realizadas pela Gendarmaria do Vaticano ao longo de vários meses sobre a subtração e divulgação de notícias e documentos confidenciais, foram chamadas duas pessoas, nestes sábado e domingo, para interrogatório com base nas provas recolhidas", anunciou na manhã desta segunda-feira o padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.

As duas pessoas em questão são o monsenhor espanhol Lucio Angel Vallejo Balda, secretário da Prefeitura para Assuntos Econômicos, e Francesca Chaouqui, italiana de pai marroquino liberada por cooperar com as investigações.

Ambos eram membros da Cosea, sigla em italiano da comissão de estudos e organização das estruturas econômicas e administrativa da Santa Sé estabelecida pelo papa Francisco em julho de 2013 e dissolvida após a realização das suas tarefas. Em seu lugar, foram criadas duas novas organizações para centralizar e aumentar a transparência da gestão econômica e financeira da Santa Sé: a Secretaria de Economia, liderada pelo cardeal Pell, e o Conselho de Economia. O pe. Vallejo Balda era secretário da Cosea e Francesca era a única mulher da comissão, uma nomeação tinha criado alguma polêmica na época.

Se as acusações forem confirmadas, tanto o monsenhor quanto a lobista correm o risco de acabar atrás das grades. A divulgação de documentos confidenciais é um delito nos termos da Lei nº IX do Estado da Cidade do Vaticano, artigo 10 (116 bis), de 13 de julho de 2013, que trata de alterações no Código Penal e no Código de Processo Penal. "Quem se apossa ilegitimamente ou revela informações ou documentos de divulgação proibida é punido com a reclusão de seis meses a dois anos ou com multa de mil a cinco mil euros", diz a norma. "Se a conduta tem por objeto informações ou documentos relativos aos interesses fundamentais ou às relações diplomáticas da Santa Sé ou do Estado, aplica-se a pena de reclusão de quatro a oito anos".

A nota do padre Lombardi também cita dois livros anunciados para esta quinta-feira, 5 de novembro: "Avarizia" (“Avareza”), de Emiliano Fittipaldi, jornalista do diário L'Espresso, e "Via Crucis", de Gianluigi Nuzzi, autor também do livro "Sua Santidade", que recolhia os documentos secretos fornecidos por Paolo Gabriele. "Deve ficar claro que, mais uma vez, como no passado, [os livros] são fruto de uma grave traição da confiança do papa", disse o porta-voz do Vaticano. 

Palavra de Vida: “Que todos sejam um” (Jo 17,21).


Essa é a última, apaixonada oração que Jesus dirige ao Pai. Ele sabe que está pedindo a coisa pela qual o Pai mais anseia. Com efeito, Deus criou a humanidade como sua própria família, para compartilhar com ela todo bem, a sua mesma vida divina. O maior sonho dos pais não é que os filhos se queiram bem, ajudando-se, vivendo unidos entre si? E a maior decepção não é vê-los divididos por causa de ciúmes ou interesses econômicos, chegando ao ponto de não se falarem mais? Também Deus sonhou desde toda a eternidade que a sua família estivesse unida na comunhão de amor dos filhos com Ele e dos filhos entre si.

A dramática narrativa bíblica das origens nos fala do pecado e da gradual divisão da família humana: lemos no Gênesis que Adão acusa Eva; Caim mata seu próprio irmão Abel; Lamec se gaba da sua vingança desproporcional [cf. Gn 4,23: “Matei um homem por uma ferida, um jovem por causa de um arranhão”]; Babel gera a incompreensão e a dispersão dos povos… O projeto de Deus parece ter fracassado.

No entanto, Deus não se dá por vencido e continua buscando com persistência a reunificação da própria família. A história recomeça com Noé, com o chamado de Abraão, com a formação do povo eleito; e continua, até quando Ele decide mandar seu próprio Filho à terra, confiando-lhe a grande missão de reunir em uma só família os filhos dispersos, recolher em um só rebanho as ovelhas perdidas, derrubar os muros de separação e as inimizades entre os povos para criar um único povo novo (cf. Ef 2,14-16).

Deus nunca cessa de sonhar com a unidade. Por isso Jesus lhe pede isso como o dom maior que Ele possa implorar para todos nós:

Peço-te, ó Pai, “que todos sejam um.” 

Pílula do Dia Seguinte: Pode ou não pode? Conheça a orientação da Igreja.


O Vaticano se pronunciou – por intermédio da Pontifícia Academia para a Vida – em uma esclarecedora “Declaração sobre a chamada “Pílula do dia seguinte” (PDS). Várias Conferências de Bispos de diversos países já se pronunciaram a respeito também. Nesta Declaração se afirma que: “a PDS é um produto químico, hormonal, que frequentemente é apresentada por muitos da área e pelos meios de comunicação de massa como um simples contraceptivo ou, como um ‘contraceptivo de emergência’”. E afirma que “sua ação NÃO é meramente ‘contraceptiva’, mas ‘abortiva’, uma vez que essa pílula tem um efeito ‘anti-implantação’, o que provoca o aborto”.

“Considerando que o uso deste produto diz respeito a bens e valores humanos fundamentais, a ponto de envolver as origens da própria vida humana, a Pontifícia Academia para a Vida sente a responsabilidade premente e a necessidade definitiva de oferecer alguns esclarecimentos e considerações sobre o assunto, reafirmando, além disso, as já bem conhecidas posições éticas sustentadas por precisos dados científicos e reforçadas pela Doutrina Católica”.

“A pílula do dia seguinte é um preparado à base de hormônios (pode conter estrogênio, estrogênio/progestogênio ou somente progestogênio) que, dentro de e não mais do que 72 horas após um ato sexual presumivelmente fértil, tem uma função predominantemente ‘anti-implantação’, isto é, impede que um possível ovo fertilizado (que é um embrião humano), agora no estágio deblástula de seu desenvolvimento (cinco a seis dias depois da fertilização) seja implantado na parede uterina por um processo de alteração da própria parede”.

É claro, então, que a comprovada ação “anti-implantação” da pílula do dia seguinte é realmente nada mais do que um aborto quimicamente induzido. 

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Homilética: 32º Domingo Comum - Ano B: "A religião de quem dá sem medida".


Duas humildes mulheres iluminam as páginas da liturgia da palavra deste domingo.  No centro das leituras encontramos duas pobres viúvas, mais precisamente, encontramos os gestos que elas realizam e, por isso, são louvadas por Deus, pela generosidade de quem dá sem hesitações o pouco que possui.

Em 1 Rs 17,10-16, temos o exemplo da viúva de Sarepta. O Profeta Elias chega à cidade de Sarepta, morto de fome e sede… Encontra uma viúva a quem lhe pede água  e pão. Ela dispunha apenas de um punhado de farinha e um pouco de azeite…

Ela oferece, partilha com o Profeta aquilo que lhe restava, até o último punhado de farinha, e confiou nas palavras daquele homem de Deus. A generosidade da viúva tem a bênção de Deus que não lhe deixa faltar o alimento para ela e para o filho, durante todo o tempo da seca. Deus não abandona quem dá com alegria!

No Evangelho (Mc 12,38-44), vemos o exemplo de outra viúva.

Jesus senta-se perto da caixa de esmolas no Templo e observa: De um lado, uma pobre viúva, oferece discretamente duas moedinhas; Do outro, gente importante dá solenemente grandes quantias…

Jesus censura o gesto dos fariseus e louva a generosidade da viúva. A oferta da viúva era pequena, mas era tudo o que ela possuía. Deus não calcula a quantia que damos,mas o amor com que damos.

Duas viúvas, simples e humildes, revelam a generosidade dos pequenos gestos! Toda oferta que brota do coração tem valor incalculável aos olhos de Deus. A hospitalidade da primeira é compensada pelo milagre de Elias; a humilde generosidade da segunda merece de Jesus um grande elogio. Teve a honra de ser lembrada por Jesus.

Uma cena edificante! Como a viúva de Sarepta, ela deu tudo de si, colocando a própria sorte nas mãos de Deus. No exemplo do óbulo da pobre viúva, Jesus Cristo como que aponta para o próprio exemplo. Oferecer ao Templo significava oferecer a Deus. Ela ofereceu “tudo o que possuía para viver”. É o que Cristo vai fazer (Hb 9,24-28). É o que se pede do discípulo de Cristo, de quem o reconhece como Filho de Deus.

Esse episódio é ocasião para que Jesus dê um ensinamento onde realça a importância do que aparentemente é insignificante. Usa uma expressão um tanto paradoxal: a pobre viúva deu mais que os ricos. Diante de Deus o valor das ações consiste mais na retidão de intenção e na generosidade de espírito, que na quantia do que se dá. Ou seja, mais do que na quantia, Jesus repara nas disposições interiores que movem a agir; não tanto para “a quantidade que se oferece, mas para o afeto com que se oferece”, ensinava São João Crisóstomo.

Com que alegria a mulher do Evangelho não voltaria para casa, depois de ter dado tudo o que tinha! Que surpresa não terá sido a sua quando, no seu encontro com Deus depois desta vida, pôde ver o olhar comprazido com que Jesus a olhou naquela manhã em que fez a sua oferta! Todos os dias esse olhar de Deus pousa nas nossas vidas.

Pedagogia Litúrgica para o mês de Novembro de 2015


Na conclusão de mais um Ano Litúrgico, que celebramos no decorrer deste mês de Novembro, a Pastoral Litúrgica de nossas comunidades é convidada a incentivar a esperança e a cultivar a serenidade no coração de todos os celebrantes. Isto tem início na primeira celebração de Novembro, na festa de Todos os santos e santas, recordando que quem espera em Deus terá a recompensa nos céus e participará da santidade divina.

Santos e santas são aqueles que viveram como servos e servas do Senhor nesta terra, dedicaram suas vidas ao serviço fraterno, limparam suas mãos e seus corações no sangue do Cordeiro, tornando-se inocentes, puros como inocente e puro é o Coração de nosso Mestre, Jesus. Agora, eles participam plenamente da santidade divina como filhos e filhas de Deus e como discípulos e discípulas de Jesus Cristo. Por isso, a Igreja insiste que a vocação cristã tem como objetivo a santidade para participar e viver em comunhão com a vida divina. Esta é, portanto, uma das principais finalidades de celebrar na Liturgia a santidade divina oferecida a todos nós, homens e mulheres, presente nos Mistérios Pascais de Cristo. Uma Liturgia que convida seus celebrantes a serem santos e santas, que recorda a vocação à santidade e que a santidade é a realização plena da vida humana.

Um modo de entrar no caminho da santidade é viver com os pés na terra, sem esquecer que não somos eternos, que não temos morada permanente aqui na terra, como celebrado na Missa da Comemoração dos fiéis defuntos (finados) como sua bela e forte profissão de fé: Eu creio na vida eterna! Professar a fé na vida eterna é professar a certeza de que Deus não quer a morte do homem e da mulher, mas que ele viva cultivando a semente da vida eterna, plantada pelo próprio Deus no coração humano. Eis, porque a Igreja jamais celebra a morte, mas sempre celebra a força da vida e conforta os que choram o sentimento de perda de seu ente querido. A Igreja sempre celebra o encontro com a morte com a força da esperança para fortalecer os enfraquecidos pelo luto, provocado pela experiência da morte. 

A morte, um mistério!


Há pouco reverenciamos nossos irmãos falecidos. A Igreja dá à data litúrgica de 2 de novembro o título de “Comemoração de todos os fiéis defuntos”. É um dia no qual nós, cristãos, rezamos principalmente pelos nossos irmãos na fé, ou seja, os batizados em Cristo, que já morreram. Claro que toda a humanidade – e não só os cristãos – são objeto da oração e solicitude da Igreja, que é Corpo de Cristo, o Salvador de todos! Diariamente, na Santa Missa, a Igreja recorda não somente os “nossos irmãos que partiram desta vida”, mas também “todos aqueles cuja fé só vós conheceis”!

Seja como for, o Dia de Finados coloca-nos diante de uma questão fundamental para nossa existência: a questão da morte. Nosso modo de enfrentar a vida depende muito do modo como encaramos a morte, e vice-versa! Atualmente, há quatro modos possíveis de encará-la, de colocar-se diante da realidade da morte. Senão vejamos:

Há aqueles – e não são poucos – que cinicamente a ignoram. Vivem como se um dia não tivessem que morrer: preocupam-se tão somente com esta vida: comamos e bebamos! Em geral, quando vão a um sepultamento, conversam o tempo todo sobre futebol, política ou quaisquer outros assuntos banais e rasteiros. São pessoas rasas, essas; pessoas que nunca pararam de verdade para se perguntar sobre o sentido da vida e, por isso mesmo, não vivem; sobrevivem, apenas! Estas, quando tiverem que enfrentar a própria morte, que vazio, que absurdo encontrarão! É o preço a pagar pelo modo leviano com que viveram a vida! Isto é triste porque quando o homem não pensa na morte, esquece que é finito, passageiro, fugaz e, assim, começa a julgar-se Deus de si mesmo e tudo que consegue é infernizar sua vida e a dos outros. São tantos os exemplos atuais…

Há ainda aqueles que diante da morte se angustiam, apavoram-se até ao desespero. A morte os amedronta: parece-lhes uma insensatez sem fim, pois é a negação de todo desejo de vida, de felicidade e eternidade que cresce no coração do homem. Estes sentem-se esmagados pela certeza de um dia ter que encarar, frente a frente, tão fria, tirana e poderosa adversária. Assim, querendo ou não, podem afirmar como Sartre, o filósofo francês: “A vida é uma paixão inútil!”