quarta-feira, 8 de junho de 2016

A passagem do Jordão


No Jordão a arca da aliança guiava o povo de Deus. A ordem sacerdotal e levítica sustém o passo; e as águas, como que prestando reverência aos ministros de Deus, param o seu curso e juntam-se em alta muralha, oferecendo ao povo de Deus um caminho seguro. Não te admires, cristão, de te serem anunciados estes fatos realizados em favor do antigo povo de Deus, porque a ti, que passaste o Jordão por meio do sacramento do batismo, a palavra divina promete coisas muito maiores e mais admiráveis, e oferece um caminho e uma passagem para o Céu através dos ares.

Escuta as palavras de Paulo a respeito dos justos: Seremos levados sobre as nuvens ao encontro de Cristo, através dos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Não há absolutamente nada que o justo deva temer; todas as criaturas lhe estão sujeitas.

Ouve também o que Deus lhe promete por meio do Profeta, dizendo: Ainda que passes pelo fogo, a chama não te queimará, porque eu sou o Senhor teu Deus. Por isso, todo o lugar acolhe o justo e todas as criaturas lhe prestam serviço. E não penses que isto foi realizado apenas em favor dos homens que te precederam, e que a ti, que és agora ouvinte destes prodígios, nada de semelhante acontecerá: tudo isso continua a realizar-se em ti, embora de maneira misteriosa.

Na verdade, tu que já abandonaste as trevas da idolatria e desejas prestar ouvidos à lei divina, começaste desse modo a sair do Egito.

Quando foste agregado ao número dos catecúmenos e começaste a obedecer aos preceitos da Igreja, atravessaste o Mar Vermelho e, percorrendo as estações do deserto, todos os dias te entregas a ouvir a lei de Deus e a contemplar o rosto de Moisés, em que se revela a glória de Deus. E quando te aproximares da mística fonte batismal e fores iniciado pela ordem sacerdotal e levítica naqueles venerandos e admiráveis sacramentos, que apenas conhecem aqueles a quem é lícito conhecê-los, então também tu atravessarás o Jordão, pelo ministério dos sacerdotes, e entrarás na terra prometida, na qual, depois de Moisés, te recebe Jesus, que será o guia do teu caminho novo.

Então, recordando-te de tantas e tão grandes maravilhas de Deus, compreenderás que para ti se dividiu o mar e pararam as águas do rio, e dirás: Que tens, ó mar, para assim fugires, e tu, Jordão, para voltares atrás? Montes, porque saltais como carneiros, e vós, colinas, como cordeiros do rebanho? E responderá a palavra divina: A terra treme diante do Senhor, diante do Deus de Jacob, que transformou o rochedo em lago e a pedra em fonte das águas.


Das Homilias de Orígenes, presbítero, sobre o Livro de Josué
(Hom. 4, 1: PG 12, 842-843) (Sec. III)

Como deve ser o coral da paróquia?


Nas ações litúrgicas, cabe qualquer gênero de música sagrada, inclusive os cânticos locais, sempre e quando correspondam ao espírito, à natureza e aos elementos celebrativos do mistério de Cristo, e não impeçam a devida participação do povo de Deus.

É preciso valorizar e promover os corais e ministérios de canto litúrgico, mas vinculados às paróquias, bem formados, que não buscam exibicionismos e que sabem integrar-se adequadamente nas celebrações. São um verdadeiro serviço ao Senhor e à Igreja.

Uma boa organização litúrgica evita ter sempre solistas ou corais contratados para diversas ocasiões, porque estes tendem a substituir a assembleia e impedir sua participação, ao se tornarem protagonistas de uma espécie de "show", estando mais em função de um retorno financeiro que de um serviço litúrgico.

O melhor canto é aquele que permite integrar equilibradamente a participação da assembleia com as intervenções do coral ou dos solistas – fazendo, por exemplo, um diálogo entre antífonas e estrofes. Em nenhuma celebração litúrgica, por nenhum motivo, a assembleia pode ficar muda ou ser marginalizada do canto.

É preciso esforçar-se por cantar bem, com clareza, simplicidade, unção. E executar cânticos dos quais, pela melodia, tom e movimento, os fiéis possam participar. Ajuda muito quando um diretor ensaia antes com a assembleia e que se tenha pelo menos a letra dos cantos.

Os instrumentos musicais existem para acompanhar o canto; portanto, não devem cobrir as vozes nem impedir a compreensão da letra. A amplificação dos equipamentos deve ser moderada e não convém abusar. 

Santo Efrém

 
Efrém nasceu no ano 306, na cidade de Nisibi, atual Turquia. Cresceu em meio a graves conflitos de ordem religiosa e heresias, que surgiam tentando abalar a unidade da Igreja. Mas todos eles só serviram de fermento para o fortalecimento de sua fé em Cristo e Maria. O pai de Efrém era sacerdote pagão e sua mãe cristã. Ele foi educado na infância entre a dualidade do paganismo do pai e do cristianismo da mãe, mas o patriarca da família jamais aceitou a fé professada pelo filho e expulsou-o de casa. Efrém foi batizado aos dezoito anos. No ano 338, Nisibi foi invadida pelos persas. Efrém, então diácono, se deslocou para a cidade de Edessa. Os poucos registros sobre sua vida nos contam que era muito austero. Ele dirigiu e lecionou uma escola que pregava e defendia os princípios cristãos, escrevendo várias obras sobre o tema. Seus sermões atraiam multidões e sua escola era muito concorrida, pelo conteúdo didático simples e exortativo, atingindo diretamente o povo mais humilde. Por sua linguagem poética recebeu o apelido carinhoso de "a Harpa do Espírito Santo". Somente à Nossa Senhora dedicou mais de vinte poemas transformados em hinos. Efrém morreu no dia 09 de junho de 373 e é venerado neste dia por sua santidade, tanto pelos católicos do Oriente como do Ocidente. 

Senhor e Mestre da minha vida, afasta de mim o espírito de preguiça, o espírito de dissipação, de domínio e de palavra vã. Concede a teu servo o espírito de temperança, de humildade, de paciência e de caridade. Sim, Senhor e Rei, concede-me que eu veja as minhas faltas e que não julgue a meu irmão, pois Tu és bendito pelos séculos dos séculos. Amém.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Ditadura: Fiéis são proibidos de participar de cerimônias de reparação ao Santíssimo Sacramento, na China.


Em Handan, China, a polícia e o Escritório de Assuntos Religiosos proibiram os fiéis da diocese a se reunirem para rezar em um dia de oração e jejum  convocado pelo bispo, como um gesto de reparação à profanação da Eucaristia. Forças de ordem da cidade declararam que a diocese não tem permissão para reunir os fiéis provenientes de diferentes distritos, de tal forma, qie cercaram o local da profanação, a fim de proibir que aqueles que vêm de outros lugares se reúnam para o momento de oração.

Alguns padres estão sob vigilância e foram intimidados a não deixar suas casas. O bispo, Mons. Stefano Yang Xiangtai foi forçado a cancelar a oração, considerada "ilegal" pelo Escritório de Assuntos Religiosos.

De acordo com a Asia News, tudo começou em 27 de maio, quando os fiéis de Xiao Di Ba, perceberam que o sacrário da igreja tinha sido destruído e roubado, e que as hóstias haviam sido jogadas ao chão em frente à igreja.  A polícia conseguiu pegar o ladrão, trata-se de um jovem de dezenove anos de idade chamado Chen Jing En.

Igreja Católica anuncia a excomunhão de polêmico grupo cismático


É a primeira vez que é feita oficialmente a excomunhão de um grupo cismático durante o Pontificado do Papa Francisco. Trata-se da autodenominada “Igreja Cristã Universal da Nova Jerusalém”, fundada na Itália pela suposta vidente Giuseppina Norcia e que atua em Galliano, uma pequena localidade de Val Comino, no sudeste de Roma.

Embora esta seita não estivesse em comunhão com a Igreja Católica e estivesse excomungada latae sententiae, ou seja, de maneira automática e sem necessidade de pronunciamento algum pela Santa Sé, a Congregação para a Doutrina da Fé decidiu comunicá-lo de maneira oficial.

A decisão foi divulgada ao Bispo da Diocese de Sora Cassino Aquino e Pontecorvo, Dom Gerardo Antonazzo, que difundiu uma nota em todas as igrejas da Diocese nas Missas de domingo.

O Vaticano colocou um fim aos 42 anos de engano e supostas visões de Giuseppina Norcia que conseguiu convencer dezenas de pessoas. “A posição doutrinal de tal grupo é claramente contrária à fé católica e sua constituição em uma nova organização, descaradamente cismática, impõe de quem tem a responsabilidade de guiar o povo de Deus uma clara escolha de posição, a fim de proteger o bem superior da Igreja e de seus fiéis”, diz a nota lida nas Missas.

Portanto, “aqueles que aderirem a tal associação incorrem na excomunhão latae sententiae pelo delito de cisma”.

Homilética: 11º Domingo Comum - Ano C: "O perdão dos pecados: vida nova".



Puxa vida! Como essa mulher chorava! “As suas lágrimas banhavam os pés do Senhor e ela os enxugava com os cabelos, beijava-os e os ungia com o perfume” (Lc 7,38). Isso sim que é arrependimento. Jesus disse que os “seus numerosos pecados lhe foram perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor” (Lc 7,47). A esse tipo de arrependimento a Igreja chama contrição porque está movido pelo amor, diferente da atrição, arrependimento movido pelo temor. A contrição limpa totalmente a alma, purifica-a e faz com que fluam os propósitos de uma vida nova.

Geralmente, os convertidos mostram ser pessoas fervorosas. Às vezes são pessoas que conheceram os abismos do pecado e do demônio, que desceram até aos abismos da morte espiritual e, por tanto, ao serem libertadas do diabo e do pecado, sabem valorizar a graça de Deus que lhes alcançou: ser cristão, ser católico; poder confessar-se com freqüência; participar do Sacrifício de Cristo Salvador em cada Santa Missa; conversar com Deus na oração; viver uma vida limpa, honesta, livre das cadeias do mal e do pecado.

A contrição que os conversos manifestam me ajuda a pensar na sinceridade do meu amor para com Deus. Eu acho que nós católicos “de sempre” deveríamos aprender algo do fervor dos conversos. Sem dúvida, quando a vida de fé vai madurando se vê mais e melhor; não obstante, nunca podemos afastar-nos do nosso primeiro amor, dessa visão das coisas que nos foi concedida e que mudou o rumo da nossa vida. Não nos esqueçamos daquelas palavras do Espírito Santo: “trabalhai na vossa salvação com temor e tremor” (Fl 2,12).

Aquela mulher percebeu algo do amor de Deus para com ela, viu também que tinha ofendido a esse Deus tão bom e amável e, diante dessa evidência, não pode fazer outra coisa que derramar abundantes lágrimas. O ato de contrição nos leva a perceber que “Deus é amor” (1 Jo 4,8.16) e que nós ofendemos a alguém que só quer o nosso bem e a nossa felicidade; em segundo lugar, que não podemos fazer nada a não ser pedir perdão, chorar e implorar misericórdia no sacramento da confissão.

Peçamos a Deus que nos livre da atitude do fariseu que, além de ter sido pouco educado– não ofereceu água a Jesus para lavar os pés, não lhe deu o ósculo, não ungiu a cabeça de Cristo –, começou a julgar aquela pobre mulher. Infelizmente, às vezes, em lugar de alegrarmo-nos por um irmão que se converte, começamos a julgá-lo; essa atitude não é cristã. Precisamos ser mais acolhedores e alegrar-nos mais com os outros, celebrar festivamente o fato de que uma pessoa se aproxima do Senhor. Ele é o nosso Deus e quer sempre o nosso bem.

Inoportuno manifesto do Conselho Nacional do Laicato sobre o "momento político atual".


O Conselho Nacional do Laicato (CNL), em 1.º de junho de 2016, publicou na Internet um manifesto sobre o “momento político atual”.

O texto finda com a seguinte afirmação:

“Como representantes dos Cristãos Leigos e Leigas do Brasil, irmanados ao povo brasileiro que trabalha, luta e dignifica este país, alicerçados pelo Papa Francisco e seu testemunho profético, nos colocamos em estado permanente de atuação para que as ameaças ora apresentadas, não encontrem espaços para a sua efetivação em nosso meio.”

Representantes dos leigos? Por acaso os milhões de leigos das inúmeras dioceses deste país elegeram esse “conselho”? Outorgaram-lhe alguma procuração? É claro que não! Desta feita, a associação em apreço, embora referendada pela conferência episcopal, não goza de legitimidade para falar em nome dos leigos.

Qual é o papel do leigo na sociedade? Segundo o cânon 225, §2.º, compete ao leigo animar e aperfeiçoar a ordem temporal com o espírito do evangelho. O Documento n.º 105, publicado em 2016, fruto da 54.ª assembleia ordinária da CNBB, resgatou o que caracteriza a missão laical, consoante o ensinamento do Concílio: a secularidade. Trata-se de uma análise que, sobre valorizar as atividades intraeclesiais exercidas pelo leigo, enfatiza o aspecto secular e extraeclesial da vocação para a qual Deus chama o leigo, isto é, o elemento mais importante do quefazer salvífico do leigo consiste na ação transformadora do mundo à luz da Doutrina Social da Igreja.

No que tange ao conteúdo do indigitado manifesto, nota-se certa aversão ao debate democrático, porque os que não concordam com as ideias ali expendidas são imediatamente tachados de ultraconservadores e fundamentalistas religiosos. Observo, contudo, que um bom católico, leigo ou clérigo, é um conservador por excelência, porquanto preserva ou conserva o ensinamento de Jesus Cristo em meio às vicissitudes históricas. Foi conservando a doutrina de nosso Senhor que, por exemplo, a Rerum Novarum de Leão XIII e outras encíclicas conceituaram a função social da propriedade. A propósito, o pensamento de esquerda não é progressista; é revolucionário, vez que anela solapar o edifício social vigente e erguer outra realidade, sem Deus.

O meu amor está crucificado




Para nada me serviriam os prazeres do mundo ou os reinos deste século. Prefiro morrer em Cristo Jesus a reinar sobre todos os confins da terra. Procuro Aquele que morreu por nós; quero Aquele que ressuscitou por causa de nós. Estou prestes a nascer. Tende piedade de mim, irmãos. Não me impeçais de viver, não queirais que eu morra. Não me entregueis ao mundo, a mim que desejo ser de Deus, nem penseis seduzir-me com coisas terrenas. Deixai-me alcançar a luz pura; quando lá chegar, serei verdadeiramente um homem. Deixai-me ser imitador da paixão do meu Deus. Se alguém O possuir em si mesmo, compreenderá o que quero e terá compaixão de mim por conhecer a ânsia que me atormenta.


O príncipe deste mundo quer arrebatar-me e corromper a disposição da minha vontade para com Deus. Nenhum de vós o ajude; tornai-vos antes partidários meus, isto é, de Deus. Não queirais ter ao mesmo tempo o nome de Jesus Cristo na boca e desejos mundanos no coração. Não me queirais mal. Mesmo que eu vos pedisse outra coisa na vossa presença, não me devíeis acreditar. Acreditai antes nisto que vos escrevo. Estou a escrever-vos enquanto ainda vivo, mas desejando morrer. O meu amor está crucificado e não há em mim qualquer fogo que se alimente da matéria. Mas há uma água viva, que murmura dentro de mim e me diz interiormente: «Vem para o Pai». Não me satisfazem os alimentos corruptíveis nem os prazeres deste mundo. Quero o pão de Deus que é a Carne de Jesus Cristo, que nasceu da descendência de David; e por bebida quero o seu Sangue que é a caridade incorruptível.



Já não quero viver mais segundo os homens; e isto acontecerá, se vós quiserdes. Peço-vos que o queirais, para que também vós alcanceis benevolência. Peço-vos em poucas palavras: acreditai-me. Jesus Cristo vos fará compreender que digo a verdade. Ele é a boca da verdade, no qual o Pai falou verdadeiramente. Rogai por mim, para que O consiga. Não vos escrevi segundo a carne mas segundo o espírito de Deus. Se padecer o martírio, ter-me-eis amado; se for rejeitado, ter-me-eis querido mal.


Nas vossas orações lembrai-vos da Igreja da Síria, que na minha ausência só tem a Deus por pastor. Só Jesus Cristo será o seu bispo, juntamente com a vossa caridade. Na verdade, envergonho-me de ser contado no número dos seus membros; não sou digno, porque sou o último de todos e como abortivo. Mas alcancei misericórdia, e serei alguém, se alcançar a Deus.


Saúda-vos o meu espírito e a caridade das Igrejas que me receberam em nome de Jesus Cristo e não como um simples peregrino. Saúdam-vos também as Igrejas que, embora não confiadas ao meu cuidado, ao longo do itinerário que tenho percorrido corporalmente, de cidade em cidade, acorriam para me verem e saudarem.





Da Carta de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir, aos Romanos(6, 1 – 9, 3: Funk 1, 219-223) (Sec. I)