O Conselho
Nacional do Laicato (CNL), em 1.º de junho de 2016, publicou na Internet um
manifesto sobre o “momento político atual”.
O texto finda
com a seguinte afirmação:
“Como representantes dos Cristãos Leigos e
Leigas do Brasil, irmanados ao povo brasileiro que trabalha, luta e dignifica
este país, alicerçados pelo Papa Francisco e seu testemunho profético, nos
colocamos em estado permanente de atuação para que as ameaças ora apresentadas,
não encontrem espaços para a sua efetivação em nosso meio.”
Representantes
dos leigos? Por acaso os milhões de leigos das inúmeras dioceses deste país
elegeram esse “conselho”? Outorgaram-lhe alguma procuração? É claro que não!
Desta feita, a associação em apreço, embora referendada pela conferência
episcopal, não goza de legitimidade para falar em nome dos leigos.
Qual é o papel
do leigo na sociedade? Segundo o cânon 225, §2.º, compete ao leigo animar e
aperfeiçoar a ordem temporal com o espírito do evangelho. O Documento n.º 105,
publicado em 2016, fruto da 54.ª assembleia ordinária da CNBB, resgatou o que
caracteriza a missão laical, consoante o ensinamento do Concílio: a
secularidade. Trata-se de uma análise que, sobre valorizar as atividades
intraeclesiais exercidas pelo leigo, enfatiza o aspecto secular e extraeclesial
da vocação para a qual Deus chama o leigo, isto é, o elemento mais importante
do quefazer salvífico do leigo consiste na ação transformadora do mundo à luz
da Doutrina Social da Igreja.
No que tange ao
conteúdo do indigitado manifesto, nota-se certa aversão ao debate democrático,
porque os que não concordam com as ideias ali expendidas são imediatamente
tachados de ultraconservadores e fundamentalistas religiosos. Observo, contudo,
que um bom católico, leigo ou clérigo, é um conservador por excelência,
porquanto preserva ou conserva o ensinamento de Jesus Cristo em meio às
vicissitudes históricas. Foi conservando a doutrina de nosso Senhor que, por
exemplo, a Rerum Novarum de Leão XIII e outras encíclicas conceituaram
a função social da propriedade. A propósito, o pensamento de esquerda não é
progressista; é revolucionário, vez que anela solapar o edifício social vigente
e erguer outra realidade, sem Deus.
O manifesto do
Conselho Nacional do Laicato não deveria lançar diatribes sobre o governo
interino. Por quê? Simplesmente porque milhões de leigos apoiam o impeachment
da presidenta. Outros milhões de leigos são contrários à destituição de
Dilma Rousseff. Vale dizer: cuida-se de política partidária com temática
opinável; cada qual deve seguir os ditames da consciência. Demais, como escrevi
acima, os membros do CNL não são uma espécie de “deputados” dos leigos,
autorizados a se posicionar em nome do laicato deste país.
Por fim, seria
interessante saber o que os redatores do tal manifesto entendem por direitos
dos “homo afetivos” (sic). A Igreja católica ensina que todo fiel,
máxime o político, tem de se opor aos projetos de legalização do assim chamado
“casamento gay” (Cf. “Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal
das uniões entre pessoas homossexuais”, Congregação para a Doutrina da Fé,
2003; “A Responsabilidade Cristã na Administração Pública”, p. 122, Paulus,
Edson Luiz Sampel).
O CNL cumpriria
bem sua função se articulasse os leigos das Igrejas particulares em projetos de
evangelização da política, da economia, do trabalho etc. Desafortunadamente, o
mencionado conselho parece prestar um desserviço ao povo de Deus, ao exarar uma
nota que privilegia determinada visão político-partidária.
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ZENIT
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