segunda-feira, 13 de junho de 2016

A linguagem é viva, quando falam as obras




Quem está cheio do Espírito Santo fala várias línguas. Estas várias línguas são os vários testemunhos de Cristo, como a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamos com estas virtudes, quando as praticamos na nossa vida. A linguagem é viva, quando falam as obras. Calem-se, portanto, as palavras e falem as obras. De palavras estamos cheios, mas de obras vazios; por este motivo nos amaldiçoa o Senhor, como amaldiçoou a figueira em que não encontrou fruto, mas somente folhas. Diz São Gregório: «Há uma norma para o pregador: que faça aquilo que prega». Em vão pregará os ensinamentos da lei, se destrói a doutrina com as obras.

Mas os Apóstolos falavam conforme a linguagem que o Espírito Santo lhes concedia. Feliz de quem fala conforme o Espírito Santo lhe inspira e não conforme o que lhe parece!

Há alguns que falam movidos pelo próprio espírito e, usando as palavras dos outros, apresentam-nas como próprias, atribuindo-as a si mesmos. Desses e de outros como eles, fala o Senhor pelo profeta Jeremias: Eis-Me contra os profetas que roubam uns aos outros as minhas palavras. Eis-Me contra os profetas – oráculo do Senhor –, que forjam a sua linguagem para proferir oráculos. Eis-Me contra os profetas que profetizam sonhos falaciosos – oráculo do Senhor, – que os contam e seduzem o povo com suas mentiras e com seus enganos, não os tendo Eu enviado nem dado ordem alguma a esses que não são de nenhuma utilidade para este povo – oráculo do Senhor.

Falemos, por conseguinte, conforme a linguagem que o Espírito Santo nos conceder; e peçamos-lhe, humilde e piedosamente, que derrame sobre nós a sua graça, para que possamos celebrar o dia de Pentecostes com a perfeição dos cinco sentidos e a observância dos dez mandamentos, nos reanimemos com o forte vento da contrição e nos inflamemos com as línguas de fogo na profissão da nossa fé, para que, assim inflamados e iluminados nos esplendores da santidade, mereçamos ver a Deus trino e uno.



Dos Sermões de Santo António de Lisboa, presbítero
(Sermões, Ed. Locatelli, Pádua, 1895, I, 226) (Sec. XIII)

Onde está Pedro, aí está a Igreja


Além de ser sucessor do apóstolo Pedro, o Papa "é o Vigário de Jesus Cristo porque ele O representa na terra, e faz as suas vezes no governo da Igreja", preleciona o Catecismo de São Pio X.

Após a Sua ascensão aos céus, a fim de assentar-se à direita de Deus, como diz o Credo, Cristo não abandonou a humanidade à própria sorte. Após a máxima intervenção do Senhor na história humana, com a encarnação do Seu próprio Filho, fica para os homens como que uma continuidade desta presença de Jesus – e ela se manifesta concretamente na Igreja.

Quando se fala de Igreja, é claro que não se fala simplesmente do clero, dos ministros ordenados que estão configurados de modo mais perfeito a Cristo sacerdote. Está a se falar de todo o conjunto dos fiéis "que respondem à Palavra de Deus e se tornam membros do Corpo de Cristo"01. E, no entanto, todo católico confessa sua fé na Igreja apostólica, isto é, na Igreja construída "sobre o fundamento dos apóstolos" (Ef 2, 20). Foi a partir dos doze primeiros discípulos escolhidos por Jesus que cresceu toda a comunidade cristã, hoje tão numerosa quanto as estrelas do céu (cf. Gn 15, 5).

De fato, muitas são as passagens na Escritura indicando esta predileção de Jesus pelos apóstolos. Ultimamente, muitas pessoas – teólogos, inclusive – têm questionado a existência da hierarquia na Igreja, chegando mesmo a dizer que esta é uma instituição humana, concebida unicamente para "oprimir" ou "empoderar" grupos específicos de pessoas. Mas, será isso mesmo? Quem lança um olhar sincero para os Evangelhos é obrigado a admitir que o desejo de constituir uma ordem hierárquica não partiu de ninguém menos que o próprio Jesus. Como ensina o Servo de Deus, o Papa Paulo VI:

"O fato de Jesus Cristo ter querido que a sua Igreja fosse governada com espírito de serviço não significa que a Igreja não deva ter um poder de governo hierárquico: as chaves que foram entregues a Pedro dizem alguma coisa, dizem muito; como a frase de Jesus que comunica aos Apóstolos a Sua divina autoridade, quase como se quisesse identificar-se com eles: 'Quem vos ouve é a Mim que ouve, e quem vos rejeita é a Mim que rejeita', (Lc 10, 16), mostra-nos o poder, sempre pastoral e destinado ao bem da Igreja, mas forte e eficaz, de que estão revestidos aqueles que representam a Cristo, não por eleição da base, ou por encargo da comunidade, mas por transmissão apostólica, através do Sacramento da sagrada Ordem" 02.

Se é verdade que o Senhor transmitiu aos apóstolos um encargo particular, distinto dos demais cristãos, concedeu a São Pedro, de quem o Papa é sucessor, uma missão ainda maior. Como ensina São Leão Magno, "a um só apóstolo está confiado o que a todos os apóstolos é comunicado"03. 

Santo Antônio de Pádua (Lisboa)

 
Santo Antônio de Pádua era português, nasceu em 1195, em Lisboa. De família muito rica e da nobreza, ingressou muito jovem na Ordem dos Cônegos Regulares de São Agostinho. Fez seus estudos filosóficos e teológicos em Coimbra e foi lá também que se ordenou sacerdote. Nesse tempo, ainda estava vivo Francisco de Assis e os primeiros frades dirigidos por ele chegavam a Portugal. Empolgado com o estilo de vida e de trabalho dos franciscanos, resolveu também ir pregar no Marrocos. Entrou na Ordem, vestiu o hábito dos franciscanos e tomou o nome de Antônio. Entretanto, seu destino não parecia ser o Marrocos. Por causa de algumas desventuras, Antonio acabou desembarcando na Ilha da Sicília e de lá rumou para Assis, a fim de se encontrar com seu inspirador e fundador da Ordem: Francisco. Com apenas vinte e seis anos de idade, foi eleito Provincial dos franciscanos do norte da Itália, mas não ficou nele por muito tempo. Seu desejo era pregar e rumou pelos caminhos da Itália setentrional, praticando a caridade, catequizando o povo simples, dando assistência espiritual aos enfermos e excluídos e até mesmo organizando socialmente essas comunidades. Pregava contra as novas formas de corrupção nascidas do luxo e da avareza dos ricos e poderosos das cidades, onde se disseminaram filosofias heréticas. Após as pregações da Quaresma de 1231, sentiu-se cansado e esgotado. Precisava de repouso. Resolveram levá-lo para Pádua, mas Antonio faleceu na viagem. Era dia 13 de junho de 1231 e Antonio tinha apenas 36 anos de idade. Ele é venerado por ajudar a arranjar casamentos e encontrar coisas perdidas. No Brasil, ele é homenageado numa das festas mais alegres e populares, as festas juninas. Antônio é também conhecido pelos seus milagres. 

Meu grande amigo Santo Antônio, tu que és o protetor dos enamorados, olha para mim, para a minha vida, para os meus anseios. Defende-me dos perigos, afasta de mim os fracassos, as desilusões, os desencantos. Fazei com que eu seja realista, confiante, digno e alegre. Que eu encontre um amor que me agrade, seja trabalhador, virtuoso e responsável. Que eu saiba caminhar para o futuro e para a vida a dois com as disposições de quem recebeu de Deus uma vocação sagrada e um dever social. Que meu amor seja feliz e sem medidas. Que todos os enamorados busquem a mútua compreensão, a comunhão de vida e o crescimento na fé. Assim seja.

domingo, 12 de junho de 2016

Santo Antônio, martelo dos hereges


Sabe aquele “santo” que costuma "desencalhar" o povo quando virado de cabeça para baixo num copo d’água? Então, não é Santo Antônio. Talvez algum demônio faça isso, Antônio, não.

Santo Antônio nasceu em Portugal, na cidade de Lisboa, no fim do século XII, em 1195. Seus pais eram muito religiosos e o educaram com muito carinho na fé da Igreja. Seu nome de batismo era Fernando, e desde muito pequeno acompanhava os pais nas celebrações religiosas na Catedral. Ainda menino, foi encaminhado para a escola dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, onde recebeu boa formação humana e educação cristã aprimorada. Segundo biografias, o menino foi consagrado pela mãe à Santíssima Mãe de Deus, o que explica muita coisa, como o fato de sempre estar “voltado para o Alto”. Assim, foi crescendo em sabedoria e graça, servindo ao Altar de Deus como acólito.

A vida religiosa

Com a idade de 15 anos, Fernando se decidiu em seguir a vida religiosa. Assim, foi admitido ao mosteiro dos frades agostinianos de São Vicente, em Lisboa. Com facilidade nos estudos, o jovem recebeu grande formação intelectual por parte dos religiosos (sim, os santos também estudavam).

O mosteiro era muito próximo da casa de seus parentes, o que permitia que sempre estivessem próximos. Todavia disse o Senhor: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim” (Mt 10, 37); assim, como prova de amor ao Bom Mestre, Antônio pediu para ser transferido para Coimbra, ao Mosteiro de Santa Cruz, cerca de 200km distante de Lisboa. Ali permaneceu por oito anos, recebendo a mais sólida formação filosófica e teológica.

Tal formação, adquirida junto aos frades agostinianos, proporcionou a Fernando a graça de poder receber a ordenação sacerdotal. Como padre, ele alcança uma grande familiaridade com a Sagrada Escritura.

É-nos ensinado que a Divina Providência age sempre, e sempre para um bem. Por isso, a dor do afastamento familiar foi sanada para a Maior Glória de Deus. Acontece que o mosteiro para o qual foi transferido ficava perto de um convento franciscano. Certo dia, por lá passaram cinco dos filhos de São Francisco, que estavam indo ao Marrocos pregar Cristo aos Maometanos. Em Marrocos foram martirizados, e seus restos mortais foram mandados para o mosteiro onde Fernando residia. Tal feito heroico por amor a Deus surpreendeu o jovem, que havia se tornado sacerdote, por isso ele pediu dispensa da ordem dos agostinianos, para entrar para a dos Frades Menores.

Em 1221 ele é admitido na Ordem Franciscana, recebendo o afinal nome "Frei Antônio" e vestindo o hábito de São Francisco, com o grande sonho de poder morrer mártir também.

Mel Gibson prepara sequência de A Paixão de Cristo


Mel Gibson e o roteirista Randal Wallace já estão trabalhando na sequência de “A Paixão de Cristo”, o famoso filme de 2004 que mostrou no cinema as últimas 12 horas da vida de Jesus Cristo.

O roteiro de “A Paixão de Cristo” foi baseado nos diários da mística Ana Catalina Emmerich (1774-1824) apresentados no livro “A Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo” e foi traduzido ao latim, hebreu e aramaico por tradutores jesuítas em Los Angeles.

The Hollywood Reporter informou que o mesmo Randall Wallace – nomeado ao Óscar por Braveheart – confirmou que já está escrevendo o roteiro do novo filme bíblico que será sobre a Ressurreição de Jesus Cristo.

“Sempre quis contar esta história. ‘A Paixão de Cristo’ é o começo e há muito mais história que contar”, assegurou Wallace ao meio de comunicação norte-americano.

Papa eleva à festa dia da memória de Santa Maria Madalena


Apostolorum Apostola, ou Apóstola dos Apóstolos: assim Santo Tomás de Aquino definia Santa Maria Madalena, testemunha ocular da ressurreição de Cristo e primeira a dar a notícia aos Apóstolos.

Agora, por “desejo expresso do Papa”, a Festa de Santa Maria Madalena será comemorada no Calendário Romano no dia 22 de julho – o mesmo em que era celebrada a memória.

Dignidade da mulher

“A decisão se inscreve no atual contexto eclesial, que pede uma reflexão mais profunda sobre a dignidade da mulher, sobre a nova evangelização e sobre a grandeza do mistério da misericórdia divina”, explica Dom Artur Roche, Secretário da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos.

A mensagem de São João Paulo II, na Carta Apostólica Mulieris dignitatem, que trouxe novo alento à questão das mulheres, segue importante hoje para a Igreja. E ganha uma nuance especial com o Jubileu da Misericórdia.

“Santa Maria Madalena é um exemplo de verdadeira e autêntica evangelizadora, uma evangelistas que anuncia a alegre mensagem central da Páscoa. O Papa tomou esta decisão neste contexto jubilar para ressaltar esta mulher que mostrou um grande amor a Cristo e por Cristo tão amada”, disse ainda o Arcebispo Roche.

Papa: aceitar sofrimento e limitação para compreender a vida.




MISSA POR OCASIÃO DO JUBILEU DOS ENFERMOS E
PESSOAS PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS 

HOMILIA Domingo, 12 de junho de 2016

«Estou crucificado com Cristo; já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 19). O apóstolo Paulo usa palavras muito fortes para expressar o mistério da vida cristã: tudo se resume ao dinamismo pascal de morte e ressurreição recebido no Batismo. De facto cada um, pela imersão na água, é como se tivesse morrido e fosse sepultado com Cristo (cf.Rm 6, 3-4), e quando reemerge dela, manifesta a vida nova no Espírito Santo. Esta condição de renascidos envolve a vida inteira, em todos os seus aspetos; também a doença, o sofrimento e a morte ficam inseridos em Cristo, encontrando n’Ele o seu sentido último. No dia de hoje, jornada jubilar dedicada a todos aqueles que carregam os sinais da doença e da deficiência, esta Palavra de vida tem uma ressonância especial na nossa assembleia.

Na realidade todos nós, mais cedo ou mais tarde, somos chamados a encarar e, às vezes, a lutar contra as fragilidades e as doenças, nossas e alheias. E como são diferentes os rostos com que se apresentam estas experiências, tão típica e dramaticamente humanas! Mas sempre nos colocam, de forma mais aguda e premente, a questão do sentido da vida. Perante isso, no nosso íntimo, pode algumas vezes sobrevir uma atitude cínica, como se fosse possível resolver tudo suportando ou contando apenas com as próprias forças; outras vezes, pelo contrário, coloca-se toda a confiança nas descobertas da ciência, pensando que certamente deverá haver, nalgum lugar da terra, um remédio capaz de curar a doença. Infelizmente não é assim; e ainda que existisse tal remédio, seria acessível a muito poucas pessoas.

Deus ouve os humildes de coração


As palavras e petições dos que oram devem ser ordenadas, tranquilas e discretas. Pensemos que estamos na presença de Deus e que devemos agradar aos seus olhos, tanto pela atitude do corpo como pelo tom da voz. Porque assim como é falta de educação falar em altos gritos, também é próprio de pessoas bem educadas rezarem com recolhimento e modéstia.

De fato, o Senhor mandou-nos e ensinou-nos a rezar em segredo, nos lugares escondidos e remotos e até nos próprios aposentos. A fé ensina-nos que Deus está em toda a parte, escuta e vê a todos, e na plenitude da sua majestade penetra nos lugares mais recônditos, segundo está escrito: Eu sou um Deus próximo e não um Deus distante. Poderá um homem ocultar-se em lugares escondidos, sem que Eu o veja? Porventura, a minha presença não enche o céu e a terra? E noutra passagem: Em todo o lugar os olhos do Senhor observam os bons e os maus. 

E quando nos reunimos com os irmãos e celebramos o santo sacrifício com o sacerdote de Deus, devemos proceder com respeito e ordem, e não lançar desordenadamente ao vento as nossas orações com palavras rudes, nem pronunciar com loquacidade barulhenta aquela petição que deve ser apresentada a Deus com modesta dignidade. Deus ouve mais o coração do que as palavras. Não é preciso gritar para chamar a atenção de Deus, porque Ele vê os nossos pensamentos. bem o mostrou quando disse: Porque pensais mal em vossos corações? E noutro lugar: Todas as Igrejas saberão que Eu sou Aquele que perscruta os rins e os corações. 

Segundo conta o Primeiro Livro dos Reis, Ana, que era figura da Igreja, guardava e conservava interiormente as coisas que pedia a Deus, dirigindo-se a Ele não em altas vozes mas com silêncio e modéstia, no segredo do seu coração. Ao falar, a oração era escondida, mas a fé manifesta; não falava com a voz mas com o coração, sabendo que deste modo Deus a ouviria. Assim obteve o que pedia, porque pediu com fé. Afirma-o claramente a divina Escritura: Falava em seu coração; apenas movia os lábios, sem se lhe ouvir palavra alguma; mas o Senhor atendeu-a. Do mesmo modo lemos nos salmos: Orai em vossos corações; e arrependei-vos no silêncio dos vossos aposentos. O mesmo sugere e ensina o Espírito Santo por meio de Jeremias, quando diz: Dizei em vossos corações: só a Vós, Senhor, devemos adorar. 

Portanto, irmãos caríssimos, quem adora não deve ignorar o modo como o publicano orou no templo, juntamente com o fariseu. Não tinha os olhos atrevidamente levantados para o céu, nem erguia as mãos com insolência, mas, batendo no peito e confessando os pecados ocultos, implorava o auxílio da misericórdia divina. Entretanto o fariseu comprazia-se em si mesmo. Assim mereceu ser justificado o que orava com humildade, porque não tinha posto a esperança da sua salvação na própria inocência, pois ninguém é inocente. Orou, confessando humildemente os seus pecados. E Aquele que perdoa aos humildes escutou a sua oração.


Do Tratado de São Cipriano, bispo e mártir, sobre a Oração Dominical
(Nn. 4-6: CSEL 3, 268-270) (Sec. III)