sábado, 16 de julho de 2016

Maria concebeu primeiro em seu espírito, e depois em seu corpo






Uma virgem da descendência real de Davi foi escolhida para a sagrada maternidade; iria conceber um filho, Deus e homem, primeiro em seu espírito, e depois em seu corpo. E para evitar que, desconhecendo o desígnio de Deus, ela se perturbasse perante efeitos tão inesperados, ficou sabendo, no colóquio com o anjo, que era obra do Espírito Santo o que nela se realizaria. Maria, pois, acreditou que, estando para ser em breve Mãe de Deus, sua pureza não sofreria dano algum. Como duvidaria desta concepção tão original, aquela a quem é prometida a eficácia do poder do Altíssimo? A sua fé e confiança são ainda confirmadas pelo testemunho de um milagre anterior: a inesperada fecundidade de Isabel. De fato, quem tornou uma estéril capaz de conceber, pode também fazer com que uma virgem conceba.

Portanto, a Palavra de Deus, que é Deus, o Filho de Deus, que no princípio estava com Deus, por quem tudo foi feito e sem ela nada se fez (cf. Jo 1,2-3), a fim de libertar o homem da morte eterna, se fez homem. Desceu para assumir a nossa humildade, sem diminuir a sua majestade. Permanecendo o que era e assumindo o que não era, uniu a verdadeira condição de escravo à condição segundo a qual ele é igual a Deus; realizou assim entre as duas naturezas uma aliança tão admirável que, nem a inferior foi absorvida por esta glorificação, nem a superior foi diminuída por esta elevação.

Desta forma, conservando-se a perfeita propriedade das duas naturezas que subsistem em uma só pessoa, a humildade é assumida pela majestade, a fraqueza pela força, a mortalidade pela eternidade. Para pagar a dívida contraída pela nossa condição pecadora, a natureza invulnerável uniu-se à natureza passível; e a realidade de verdadeiro Deus e verdadeiro homem associa-se na única pessoa do Senhor. Por conseguinte, aquele que é um só mediador entre Deus e os homens (1Tm 2,5), como exigia a nossa salvação, morreu segundo a natureza humana e ressuscitou segundo a natureza divina. Com razão, pois, o nascimento do Salvador conservou intacta a integridade virginal de sua mãe; ela salvaguardou a pureza, dando à luz a Verdade.  

Tal era, caríssimos filhos, o nascimento que convinha a Cristo, poder e sabedoria de Deus. Por este nascimento, ele é semelhante a nós pela sua humanidade, e superior a nós pela sua divindade. De fato, se não fosse verdadeiro Deus, não nos traria o remédio; se não fosse verdadeiro homem, não nos serviria de exemplo.  

Por isso, quando o Senhor nasceu, os anjos cantaram cheios de alegria: Glória a Deus no mais alto dos céus, e anunciaram paz na terra aos homens por ele amados (Lc 2,14). Eles veem, efetivamente, a Jerusalém celeste ser construída pelos povos do mundo inteiro. Por tão inefável prodígio da bondade divina, qual não deve ser a alegria da nossa humilde condição humana, se até os sublimes coros dos anjos se rejubilam?


Dos Sermões, de São Leão Magno, papa
(Sermo 1 In Nativitate Domini, 2.3:PL54,191-192)                 (Séc. V)

Ir à Missa melhora a saúde?

 
Segundo um estudo publicado na edição online da revista ‘Jama Internal Medicine’, assistir a ofícios religiosos reduz o risco de morte.

Conforme informações do jornal espanhol ‘ABC’, um grupo de investigadores da Harvard Chan School of Public utilizou os dados estatísticos de 74.534 mulheres que participaram entre 1992 e 2012 em um relatório sobre a saúde das enfermeiras.

Elas responderam a cada dois anos os questionários sobre sua dieta, estilo de vida e estado de saúde, e a cada quatro anos sobre sua participação nos serviços religiosos.

De todas as mulheres analisadas, 14.158 declararam que vão à Missa mais de uma vez por semana, 30.401 participavam pelo menos uma vez por semana e 17.872 nunca foram.

As mulheres que assistiam regularmente às celebrações religiosas – a maioria eram católicas ou protestantes – sofriam menos sintomas de depressão e menos crises de ansiedade.

Além disso, entre as enfermeiras que participavam da Missa mais de uma vez por semana tinham 33 por cento menos risco de morrer comparado com o resto das mulheres que nunca participavam dos ofícios religiosos.

Nossa Senhora do Carmo


A devoção a Nossa Senhora do Carmo está ligada ao Monte Carmelo, local onde o profeta Elias tinha muitas de suas visões.

No ano 93 depois de Cristo, monges construíram sobre o Carmo, abreviatura de Carmelo, uma capela em louvor à Virgem Maria. O local permaneceu ao longo dos tempos como residência e ponto de peregrinação de monges e religiosos.

No século XII, alguns eremitas franceses, dirigidos por São Bertoldo acabaram fundando a Ordem de Nossa Senhora do Carmo. Foi assim que surgiu a Ordem dos Carmelitas, que tem a Virgem do Carmo e o profeta Elias, como seus patronos.

A Ordem dos Carmelitas se expandiu para Europa, inclusive na Inglaterra. Nesta época, a Ordem sofriam muitas perseguições, internas e externas. Foi quando, Simão Stock, superior da Ordem, pediu a ajuda de Maria. A Virgem do Carmo, cercada de anjos, teria então aparecido à sua frente, dando seu apoio e entregando-lhe o Escapulário do Carmo, como símbolo de sua união com os monges, prometendo salvação e vida eterna à todos que o usassem. Era o dia 16 de julho de 1251 e a aparição se deu em Cambridge, na Inglaterra.

O grande crescimento da Ordem se deu graças à instituição do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, cujo uso se popularizou, em todo o mundo católico, pela fé e devoção à Maria Santíssima que conduz ao Cristo Jesus. O Papa Pio 12 recomendou a devoção ao escapulário, símbolo da proteção da Mãe de Deus.


Senhora do Carmo, Rainha dos Anjos, refúgio e Advogada dos pecadores, com confiança eu me prostro diante de vós suplicando-vos vossa proteção. Agradeço-vos as inúmeras bênçãos que tenho recebido de vossa mercê e poderosa intercessão. Continuai a ser meu escudo nos perigos, minha guia na vida e minha consolação na hora da morte. Amém.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Ataque em Nice: O que se sabe até agora?


Sete meses após os atentados em Paris, um novo ataque deixou pelo menos 84 mortos em Nice, na França. As vítimas – muitas delas crianças – participavam da comemoração da Queda da Bastilha, o feriado mais importante do país.

A França está em estado de emergência desde os atentados de novembro e a segurança está reforçada em todo o país. Serviços de inteligência já haviam alertado para o risco de novos ataques.

Veja o que se sabe sobre o ataque até agora:

Pânico em Nice

O pânico começou pouco após às 22h30 do horário local (17h30 no Brasil), logo após milhares de pessoas assistirem à queima de fogos na orla de Nice no 14 de julho, o principal feriado na França, que celebra a Queda da Bastilha.

Havia uma atmosfera de celebração e a multidão havia assistido a uma demonstração da força aérea durante o evento.

Enquanto as famílias caminhavam pela famosa via Promenade des Anglais, um grande caminhão branco avançou em alta velocidade em direção a elas. O veículo subiu no meio-fio e depois voltou para a pista, fazendo um zigue-zague por cerca de 2km enquanto o motorista avançava contra a multidão deliberadamente.

Centenas de pessoas foram atropeladas. Após 2km, a polícia finalmente conseguiu parar o caminhão perto do hotel de luxo Palais de la Mediterranee.

"Eu estava no Palais de la Méditerranée quando vi um caminhão em alta velocidade atropelando as pessoas. Vi com meus próprios olhos, as pessoas tentaram parar o veículo", disse uma testemunha.

O atirador abriu fogo contra a multidão, de acordo com relatos do local. A polícia atirou de volta e o motorista acabou sendo morto.

Imagens mostram o para-brisa e a parte da frente do caminhão atingido por balas. Autoridades do Ministério do Interior disseram que o atacante havia sido "neutralizado".
Até o momento, foram confirmadas 84 mortes. Segundo o presidente François Hollande, muitas crianças estão entre as vítimas.

Cerca de 50 pessoas ficaram feridas - 18 delas estão em estado grave.

Quem estava dirigindo o caminhão?

O motorista foi identificado como um franco-tunisiano de 31 anos. Sua identidade foi encontrada dentro do veículo.

Mas a polícia ainda não confirmou os detalhes.

Os agentes encontraram armas e uma granada dentro do caminhão, mas depois disseram que elas eram falsas.

A princípio, não ficou claro se ele estava agindo sozinho. Houve rumores - que mais tarde se provaram falsos - de que havia reféns em dois hotéis próximos.

Moradores foram aconselhados a ficar dentro de casa devido à possibilidade de novos ataques.

A sabedoria mística revelada pelo Espírito Santo




Cristo é o caminho e a porta. Cristo é a escada e o veículo, o propiciatório colocado sobre a arca de Deus (cf. Ex 26,34) e o mistério desde sempre escondido (Ef 3,9). Quem olha para este propiciatório, como rosto totalmente voltado para ele, contemplando-o suspenso na cruz, com fé, esperança e caridade, com devoção, admiração e alegria, com veneração, louvor e júbilo, realiza com ele a páscoa, isto é, a passagem. E assim, por meio do lenho da cruz, atravessa o mar Vermelho, saindo do Egito e entrando no deserto, onde saboreia o maná escondido. Descansa também no túmulo com Cristo, parecendo exteriormente morto, mas experimentando, tanto quanto é possível à sua condição de peregrino, aquilo que foi dito pelo próprio Cristo ao ladrão que o reconhecera: Ainda hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23,43).

Nesta passagem, se for perfeita, é preciso deixar todas as operações intelectuais, e que o ápice de todo o afeto seja transferido e transformado em Deus. Estamos diante de uma realidade mística e profundíssima: ninguém a conhece, a não ser quem a recebe; ninguém a recebe, se não a deseja; nem a deseja, se não for inflamado, até à medula, pelo fogo do Espírito Santo, que Cristo enviou ao mundo. Por isso, o Apóstolo diz que essa sabedoria mística é revelada pelo Espírito Santo (cf. 1Cor 2,13).

Se, portanto, queres saber como isso acontece, interroga a graça, e não a ciência; o desejo, e não a inteligência; o gemido da oração, e não o estudo dos livros; o esposo, e não o professor; Deus, e não o homem; a escuridão, e não a claridade. Não interrogues a luz, mas o fogo que tudo inflama e transfere para Deus, com unções suavíssimas e afetos ardentíssimos. Esse fogo é Deus; a sua fornalha está em Jerusalém. Cristo acendeu-a no calor da sua ardentíssima paixão. Verdadeiramente, só pode suportá-la quem diz: Minha alma prefere ser sufocada, e os meus ossos a morte (cf. Jó 7,15). Quem ama esta morte pode ver a Deus porque, sem dúvida alguma, é verdade: O homem não pode ver-me e viver (Ex 33,20). Morramos, pois, e entremos na escuridão; imponhamos silêncio às preocupações, paixões e fantasias. Com Cristo crucificado, passemos deste mundo para o Pai (cf. Jo 13,1), a fim de podermos dizer com o apóstolo Filipe, quando o Pai se manifestar a nós: Isso nos basta (Jo 14,8); ouvirmos com SãoPaulo: Basta-te a minha graça (2Cor 12,9); e exultar com Davi, exclamando: Mesmo que o corpo e o coração vão se gastando, Deus é minha parte e minha herança para sempre! (Sl 72,26). Bendito seja Deus para sempre! E que todo o povo diga: Amém! Amém! (cf. Sl 105,48).


Do Opúsculo Itinerário da mente para Deus, de São Boaventura, bispo
(Cap.7,1.2.4.6:Opera omnia,5,312-313)                (Séc.XII)

Francisco, para além dos “insultos” da modernidade

 
Na última exortação pós-sinodal do Papa Francisco, parece-me possível captar alguns indícios que prenunciam futuras reviravoltas na compreensão da identidade, da organização e da missão da Igreja.

Acima de tudo, Francisco, embora em continuidade com algumas aberturas dos seus antecessores, é o primeiro papa a ter assumido de forma completa o diálogo com a modernidade ou pós-modernidade. E ele faz isso com a reforma do estilo de exercício do primado petrino, a modificação da linguagem do seu ensinamento, a transformação do papel do magistério e a reinterpretação do conceito de infalibilidade.

Apesar da obsessiva ostentação do seu pauperismo, que pode parecer para muitos como instrumental e demagógico, o Papa Francisco está lentamente acertando as contas com a história dos últimos séculos (modernidade). Parece que Francisco, com sua orientação magisterial, quer quase remediar aqueles que Luhmann chamou de “insultos” que, na era moderna, a hierarquia eclesiástica infligiu ao caminho da razão: a) o biológico-evolucionista (Darwin-Teilhard de Chardin); b) o psicológico da subjetividade humana (Freud); c) o social (Marx).

No seu ensinamento, Francisco reconhece o primado do “tempo” em relação ao “espaço” e declara que não quer ocupar espaços, mas sim iniciar processos. O primado do tempo sobre o espaço envolve a adoção da lógica das parábolas evangélicas da semente que cresce, e do trigo e do joio. A Igreja de Francisco é uma Igreja “em devir”, dinâmica, promotora de processos. O que é isso senão a recuperação da reivindicação evolucionista?

Além disso, no plano ético, ele recupera os elementos subjetivos da culpa e do pecado (plena consciência e consentimento deliberado), declarando que a gravidade da culpa não pode ser separada da imputabilidade do sujeito. Na Evangelii gaudium, referindo-se ao ensinamento do Catecismo da Igreja Católica (n. 1.735), no que diz respeito à imputabilidade do pecador, ele lembra “aos sacerdotes que o confessionário não deve ser uma câmara de tortura, mas o lugar da misericórdia do Senhor que nos incentiva a praticar o bem possível” (EG 44).

Na vontade do pecador em relação ao pecado, “a imputabilidade e a responsabilidade de uma ação” são “diminuídas” ou até mesmo “anuladas” por múltiplas causas. Reconsiderar a missão pastoral e sacramental da Igreja à luz desse ensinamento deveria nos tornar mais misericordiosos e prontos para tratar e curar as misérias humanas. O que é isso senão a recuperação da reivindicação psicológica do sujeito?

Por fim, Francisco traz novamente para o centro do seu magistério a doutrina social da Igreja e as reivindicações dos oprimidos, dos últimos, dos pobres… Ele denuncia com firmeza os modelos de desenvolvimento econômico que determinam “exclusão” e “desigualdade”, e que geram a cultura do “descarte”. Lamenta a idolatria do dinheiro, observando que “nós criamos novos ídolos (…) no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto (…) que reduz o ser humano apenas a uma das suas necessidades: o consumo” (EG 55).

Ele não hesita em definir como ingênua a teoria da recaída favorável, que os proponentes do liberalismo econômico consideram como útil para o crescimento econômico e a equidade social. Ele considera que os atores desse sistema econômico produziram a cultura do descarte, a globalização da indiferença e a anestesia do coração. O que é isso senão a recuperação da reivindicação social?

Francisco se apresentou ao mundo com um sorriso desarmante e uma sedutora expressão da sua bondade interior. Antes ainda que com as palavras, Francisco comunica com a sua própria corporeidade, expressando o impulso missionário da sua ação pastoral. Ele é um homem intrépido, nada intimidado pelos formalismos institucionais. Aos solenes salões do Palácio Apostólico, ele prefere a praça em frente ao pátio da basílica pontifícia de São Pedro.

São Boaventura


O menino João nasceu no ano 1218. O pai era um médico conceituado e influente na cidade. Aos vinte anos de idade, ingressou no convento franciscano, onde vestiu o hábito e tomou o nome de Boaventura. Estudou filosofia e teologia na universidade de Paris. Foi contemporâneo de Tomás de Aquino.

Boaventura buscou a ordem franciscana porque, com seu intelecto privilegiado, enxergou nela uma miniatura da própria Igreja. Ambas nasceram contando somente com homens simples, pescadores e camponeses. Boaventura opôs-se a todos que atacavam as ordens mendicantes. Foi nesta defesa, como teólogo e orador, que teve sua fama projetada em todo o meio eclesiástico.

Em 1257 foi eleito Superior Geral da ordem. Neste cargo permaneceu por dezoito anos. Sua direção foi tão exemplar que acabou sendo chamado de segundo fundador e pai dos franciscanos. Ele conseguiu manter o equilíbrio da nova geração dos frades com os de visão mais antiga.

Escreveu onze volumes teológicos, procurando dar o fundamento racional às verdades regidas pela fé. Foi ordenado Bispo-cardeal e encarregado de organizar o Concilio de Lion, em 1273.

Frei Boaventura morreu em 15 de julho de 1274 em Lion, na França, assistido pessoalmente pelo Papa que o queria muito bem. Foi canonizado em 1482 e recebeu o honroso título de Doutor da Igreja.


Senhor Jesus, fazei que minha alma tenha fome de Vós, Pão dos anjos, Alimento das almas santas, Pão nosso de cada dia, cheio de força, de toda a doçura e sabor, e de todo o suave deleite. Ó Jesus, a quem os anjos desejam contemplar, tenha sempre o meu coração fome de Vós, e o interior de minha alma transborde com a doçura do vosso sabor; tenha sempre sede de Vós, fonte de vida, manancial de sabedoria e de ciência, rio de luz eterna, torrente de delícias, abundância da Casa de Deus. Amém.