sábado, 13 de agosto de 2016

Puros e imaculados para o dia do Senhor


Assim como trazemos em nós a imagem do homem terreno, procuremos também trazer em nós a imagem do homem celeste; porque o primeiro homem, tirado da terra, é terreno;o segundo homem, vindo do Céu, é celeste. Procedendo assim, irmãos caríssimos, nunca mais morreremos. Ainda que este nosso corpo se dissolva, viveremos em Cristo, como Ele próprio diz: Aquele que acredita em Mim, ainda que morra, viverá.

Temos a certeza, fundada no testemunho do Senhor, de que Abraão, Isaac e Jacob e todos os santos de Deus estão vivos. É o próprio Senhor que diz a respeito deles: Para Ele todos vivem, porque Deus não é Deus de mortos mas de vivos. E falando de si próprio, o Apóstolo afirma: Para mim, viver é Cristo e morrer é lucro: desejo morrer para estar com Cristo. E ainda: Enquanto habitamos neste corpo, vivemos como exi- lados, longe do Senhor, pois caminhamos à luz da fé e não da visão clara. É esta a nossa fé, irmãos caríssimos. De resto, se é só para a vida presente que temos posta em Cristo a nossa esperança, somos os mais miseráveis de todos os homens. A nossa vida terrena, como vós mesmos podeis observar, é seme- lhante à dos animais, das feras e das aves. O que é próprio do homem, o que Cristo nos deu pelo seu Espírito, é a vida eterna, desde que deixemos de pecar. Porque assim como a morte vem por causa do pecado, assim nos livramos dela por meio da san- tidade; portanto, a vida perde-se com o pecado e salva-se com a santidade. O salário do pecado é a morte; mas o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.

Foi Ele que nos resgatou, perdoando-nos, como diz o Apóstolo, todos os pecados e anulando o documento da nossa dívida, que Ele fez desaparecer, pregando-o na cruz; assim dominou os principados e as potestades, incorporando-os no seu cortejo triunfal. Ele libertou os cativos e quebrou as nossas cadeias, como David tinha profetizado: O Senhor levanta os abatidos, o Senhor dá liberdade aos cativos, o Senhor dá vista aos cegos. E noutro salmo: Quebrastes as minhas cadeias, oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor. Fomos efectivamente libertados das nossas cadeias, quando, pelo sacramento do baptismo, nos reunimos sob o estandarte do Senhor, libertos pelo sangue e pelo nome de Cristo.

Portanto, irmãos caríssimos, de uma vez para sempre somos purificados, de uma vez para sempre somos libertados, de uma vez para sempre somos recebidos no reino imortal; de uma vez para sempre, felizes daqueles a quem foi perdoada a culpa e absolvido o pecado. Guardai com firmeza o que recebestes, guardai-o com alegria, não pequeis mais. Conservai-vos assim puros e imaculados para o dia do Senhor.



Do Sermão de São Paciano, bispo, sobre o baptismo
(Nn. 6-7: PL 13, 1093-1094) (Sec. IV)

Alergia ao Papa Francisco: o sintoma da incoerência de alguns círculos católicos


Quando o Papa Francisco declarou que a maioria dos matrimônios católicos não é válida, ele fez um diagnóstico que em nada modifica uma vírgula que seja da doutrina católica. No entanto, o comentário se tornou mais um dos vários que provocaram reações histéricas entre certo número de fiéis.

O fenômeno é no mínimo curioso. Quem se der ao trabalho de ler a declaração completa – em vez de citações tiradas de contexto ou francamente truncadas – constatará que a afirmação do pontífice está em consonância com a doutrina da Igreja sobre o sacramento do matrimônio: o matrimônio é indissolúvel desde que seja válido sacramentalmente, o que exige condições bastante claras.

É por isso, aliás, que, em alguns casos, a Igreja reconhece a posteriori que certos casamentos que se supunham válidos não o eram na realidade. Trata-se do reconhecimento de nulidade do matrimônio – e não da “anulação do matrimônio”, coisa que não existe na Igreja.

A declaração do papa sobre o estado de imaturidade afetiva, psicológica e espiritual de numerosos católicos não é, infelizmente, nem um pouco surpreendente para quem abre os olhos à realidade. E se isto não fosse verdade, não teríamos tantos debates sobre a situação dos divorciados em segunda união.

No entanto, quando o papa diz em alto e bom som aquilo que todo o mundo já sabia (e que poucos se atreviam a manifestar com clareza), certos católicos se ofendem e outros expressam desaprovação com expedita “surpresa”.

Mas será que não é ainda mais surpreendente essa “alergia” que certo número de católicos tem à sinceridade do Papa Francisco?

Quando ele declara que “a Igreja tem que pedir perdão às pessoas gays a quem ofendeu”, ele não está fazendo nada além de recordar o Evangelho: está convidando à conversão aqueles que não se comportaram de forma caridosa para com as pessoas homossexuais – e ele mesmo se inclui no lote.

Por outro lado, nada muda na posição da Igreja a propósito das práticas homossexuais. Mesmo assim, certos católicos se dizem “desestabilizados”. Ora, mas não é precisamente a reação deles o que desestabiliza?

O que há de “desestabilizador” em pregar aos católicos a conversão do coração? O que há de “desestabilizador” em dizer a eles que, se ofenderam um irmão ou irmã, devem pedir-les perdão?

As palavras do papa Francisco correspondem ao espírito e ao sentido do Evangelho. Recriminá-lo, quando se é supostamente adepto da religião do amor, é uma contradição patente e grotesca – mas, acima disso, é indício de que algo que não anda bem, pelo menos em certos ambientes, já que o ceticismo contra o Papa Francisco está longe de ser generalizado.

São Ponciano e Santo Hipólito




O imperador Severo aceitou a diversidade religiosa no império. Entretanto, na própria Igreja surgiram divisões. Ponciano e Hipólito viveram em Roma no século III. Estes dois homens foram envolvidos por um cisma na Igreja. Ambos se consideravam papas. 

São Hipólito foi um dos escritores mais destacados da Igreja de Roma dos primeiros séculos. Presbítero da Igreja de Roma, entrou em conflito com o papa Calixto, dizendo que o novo papa não considerava a legislação sobre o casamento e a penitência e estava abandonando a tradição apostólica. Descontente com o comando da Igreja, proclamou-se papa ao lado de Ponciano, sucessor imediato de Calixto.

Em 230, com a morte de Severo, sobe ao trono o imperador Maximino que retoma a perseguição religiosa. Imediatamente deportou os dois papas para minas de trabalhos forçados, na Sardenha. Lá eles morreram martirizados.

Ponciano foi o primeiro Papa a ser deportado. Era um fato novo para a Igreja, que ele administrou com sabedoria e sagacidade e muita humildade. Para que seu rebanho não ficasse sem pastor, renunciou ao Trono de Pedro, tornando-se também o primeiro Papa da Igreja a usar este recurso extremo.

Este gesto comoveu Hipólito, que percebeu o sincero zelo apostólico de Ponciano. Por isto, também renunciou o seu posto, interrompendo o prolongado cisma e se reconciliou com a Igreja de Roma, antes de morrer, em 235, no mesmo ano que Ponciano.

Os corpos destes dois mártires foram trasladados para Roma, onde estão sepultados.


Deus eterno e todo-poderoso, quiseste que São Ponciano e Hipólito governasse todo o vosso povo, servindo-o pela palavra e pelo exemplo. Guardai, por suas preces, os pastores de vossa Igreja e as ovelhas a eles confiadas, guiando-os no caminho da salvação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Pela festa da Assunção, aumenta segurança em Lourdes após atentados na França

 
A onda de atentados terroristas de caráter islamista que atinge a França há um ano e meio obriga cada vez mais a tomar medidas extremas de segurança em todos os setores. Especialmente nas igrejas, que estão na mira dos jihadistas.

É o caso do Santuário da Virgem de Lourdes, que está intensificando a segurança com a proximidade da Solenidade da Assunção – festa nacional na França – celebrada na próxima segunda-feira, 15 de agosto, ao ponto de ter sido considerado o cancelamento da Missa e da procissão, da qual participam 25.000 pessoas a cada ano, conforme assinala o jornal Catholic Herald.

A grande concentração de peregrinos representaria um problema de segurança para as autoridades, como reconheceu a prefeita da região dos Pirineus, Beatrice Lagarde.

Por isso, no dia da Virgem, as estradas que levam a Lourdes estarão fechadas e os contêineres serão substituídos por bolsas de plástico transparentes.

Deste modo, a maioria das entradas ao santuário serão fechadas para obrigar os peregrinos a ingressar através das portas de segurança, nas quais serão realizados diferentes registros.

Um total de 250 pessoas participarão do sistema de segurança, incluídos policiais e especialistas em desativação de bombas. Enquanto não se diga o contrário, a previsão é de que a procissão comece dentro do local, em vez de começar na cidade como de costume. Apesar de tudo, Lagarde recordou que acima de tudo os fiéis têm direito de ingressar ao santuário e que, por isso, “estão trabalhando na segurança”.

Sigamos a vida nova em Cristo, por meio do Espírito




O pecado de Adão tinha passado a todo o gênero humano: Por um homem, diz o Apóstolo, entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, e assim passou a todos os homens. Portanto é necessário que também a justiça de Cristo passe a todo o género humano; e assim como Adão, pelo seu pecado, foi causa de perdição para toda a sua descendência, assim Cristo, pela sua justiça, seja causa de salvação para todo o seu povo. E o Apóstolo insiste, dizendo: Assim como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, pela obediência de um só, muitos se tornaram justos; e assim como o pecado reinou pela morte, também a graça reinará pela justiça para nos dar a vida eterna.

Dir-me-á alguém: «Com razão o pecado de Adão passou aos seus descendentes, porque dele foram gerados; mas acaso somos nós descendentes de Cristo, para podermos ser salvos por seu intermédio?». Não penseis de modo carnal; já vereis de que modo somos descendentes de Cristo. Na plenitude dos tempos Cristo nasceu de Maria, assumindo uma alma e um corpo. Esta é a carne que Ele veio salvar, porque não queria deixá-la em poder da morte; por isso uniu-a ao seu espírito e tornou-a sua. Estas são as núpcias pelas quais o Senhor Se uniu à natureza humana; assim se realiza aquele grande mistério, segundo o qual Cristo e a Igreja são dois numa só carne.

Destas núpcias nasce o povo cristão pela virtude do Espírito do Senhor que desce do alto. Com o gérmen celeste, que desce às nossas almas e se infunde nelas, vamo-nos formando no seio maternal da Igreja, que nos dá à luz para a vida nova em Cristo. Por isso diz o Apóstolo: O primeiro Adão tornou-se alma vivente, o último Adão é espírito vivificante. Deste modo nos gera Cristo na Igreja por meio dos seus sacerdotes, como diz o mesmo Apóstolo: Eu vos gerei em Cristo. E assim o gérmen de Cristo, isto é, o Espírito de Deus, dá origem, pelo ministério do sacerdote e a virtude da fé, ao homem novo, formado no seio maternal da Igreja e dado à luz na fonte baptismal.

Devemos, por conseguinte, receber a Cristo, para que Ele nos possa regenerar, como diz o apóstolo João: A quantos O receberam deulhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Ora este nascimento não é possível senão pelo sacramento do baptismo, do Crisma e do sacerdote. Pelo baptismo somos purificados dos nossos pecados; pelo Crisma é derramado sobre nós o Espírito Santo; e uma e outra coisa nos é concedida pela imposição das mãos e pela palavra do sacerdote. Deste modo todo o homem renasce e se renova em Cristo, para que assim como Cristo ressuscitou dos mortos, também nós vivamos uma vida nova, isto é, renunciemos aos erros da vida antiga e sigamos a Cristo com uma vida renovada por meio do Espírito.


Do Sermão de São Paciano, bispo, sobre o batismo
(Nn. 5-6: PL 13, 1092-109) (Sec. IV)

O mundo sempre nos fará guerra


Assim que a tua devoção se for tornando conhecida no mundo, maledicências e adulações te causarão sérias dificuldades de praticá-la. Os libertinos tomarão a tua mudança por um artifício de hipocrisia e dirão que alguma desilusão sofrida no mundo te levou por pirraça a recorrer a Deus.

Se vós fôsseis do mundo, diz Nosso Senhor, amaria o mundo o que era seu; mas, como não sois do mundo, por isso ele vos aborrece.

Veem-se homens e mulheres passarem noites inteiras no jogo; e haverá uma ocupação mais triste e insípida do que esta? Entretanto, seus amigos se calam; mas, se destinamos uma hora à meditação ou se nos levantamos mais cedo, para nos prepararmos para a santa comunhão, mandam logo chamar o médico, para que nos cure desta melancolia e tristeza. Podem-se passar trinta noites a dançar, que ninguém se queixa; mas por levantar-se na noite de Natal para a Missa do Galo, começa-se logo a tossir e a queixar de dor de cabeça no dia seguinte.

Quem não vê que o mundo é um juiz iníquo, favorável aos seus filhos, mas intransigente e severo para os filhos de Deus?

Só nos pervertendo com o mundo, poderíamos viver em paz com ele, e impossível é contentar os seus caprichos – Veio João Batista, diz o divino Salvador, o qual não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Ele está possesso do demônio. Veio o Filho do Homem, come e bebe, e dizeis que é um samaritano.

É verdade, Filoteia, se condescenderes com o mundo e jogares e dançares, ele se escandalizará de ti; e, se não o fizeres, serás acusada de hipocrisia e melancolia. Se te vestires bem, ele te levará isso a mal, e, se te negligenciares, ele chamará isso baixeza de coração. A tua alegria terá ele por dissolução e a tua mortificação por ânimo carrancudo; e, olhando-te sempre com maus olhos, jamais lhe poderás agradar. As nossas imperfeições ele considera pecados, os nosso pecados veniais ele julga mortais, e malícias, as nossas enfermidades; de sorte que, assim como a caridade, na expressão de S. Paulo, é benigna, o mundo é maligno.

Santa Joana Francisca de Chantal



  

Joana era filha de uma famoso político francês. Casou-se com o barão de Chantal, católico fervoroso, com quem levou uma vida profundamente religiosa e feliz. Na sua casa o clima religioso era constante. Diariamente era rezada uma missa, da qual todos os servidores domésticos participavam. Ocupou-se pessoalmente da educação religiosa dos serviçais, ajudando-os em todas as suas necessidades materiais.

Joana ficou viúva aos vinte e oito anos de idade, com os filhos para criar. Dedicou-se inteiramente à educação das suas crianças, abrindo espaço em seus horários apenas para a oração e o trabalho. Nessa época conheceu Francisco de Sales, futuro santo da Igreja, e o escolheu para ser seu diretor espiritual.

Passados nove anos de viuvez retirou-se em um convento. No ano seguinte, em 1610, junto com Francisco de Sales fundou a Congregação da Visitação de Santa Maria, destinada à assistência aos doentes.

Joana professou os votos e foi a primeira a vestir o hábito da nova Ordem. Eleita a Madre Superiora, acrescentou Francisca ao nome de batismo e se dedicou exclusivamente à esta obra de caridade. Fundou mais setenta e cinco casas para suas religiosas com toda a sua fortuna.

Depois de uma dura agonia motivada por uma febre, Joana morreu em 1641.


Concedei-nos, ó Deus, a sabedoria e o amor que inspirastes à vossa filha Santa Joana Francisca de Chantal, para que, seguindo seu exemplo de fidelidade, nos dediquemos ao vosso serviço, e vos agrademos pela fé e pelas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Sacerdote mencionado no filme Spotlight se suicida na prisão em Minas Gerais


Um sacerdote brasileiro que estava preso por abuso de menores no Brasil e que foi mencionado no filme Spotlight, cometeu suicídio em sua cela no último fim de semana.

Padre Bonifácio Buzzi, de 57 anos, se enforcou em uma prisão na cidade de Três Corações (MG), no dia 7 de agosto, depois de ser preso na sexta-feira, 5, acusado de abusar de dois menores. Ele já havia cumprido duas penas pelo mesmo crime: em prisão domiciliar e em um manicômio judiciário.

Em 1995, o sacerdote foi considerado culpado por abusar de dois meninos em Santa Bárbara e ficou quatro anos em prisão domiciliar. Em 2001, manteve relação com outro menino no distrito de Mainart, em Mariana. Por este crime, foi condenado a 20 anos de prisão e colocado em liberdade após cumprir parte da pena.

Desta vez, Bonifácio Buzzi foi acusado de abusar de dois meninos na zona rural de Três Corações. Ele foi preso em Barra Velha (SC), encontrado na casa de praia de uma irmã, após a Justiça ter expedido mandado de prisão contra ele em Minas Gerais.

O sacerdote respondia a um processo canônico no Vaticano que ainda não tinha sido concluído.

Quando deixou a prisão em 2015, Buzzi foi acolhido na Comunidade Evangelizadora Magnificat, na zona rural de Três Corações. Ele chegou ao local encaminhado por um padre de Juiz de Fora (MG) que o conheceu no presídio quando era capelão. Após autorização do Arcebispo de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, a comunidade o recebeu.