quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Papa e líderes religiosos em Assis pedem pela paz: "Não há futuro com a guerra".


Visita do Papa a Assis para o Dia Mundial de Oração pela Paz
Cerimônia conclusiva na Praça São Francisco 
Terça-feira, 20 de setembro de 2016


Santidades,

Ilustres Representantes das Igrejas, Comunidades cristãs e Religiões,
Amados irmãos e irmãs!

Com grande respeito e afeto vos saúdo e agradeço a vossa presença. Viemos a Assis como peregrinos à procura de paz. Trazemos conosco e colocamos diante de Deus os anseios e as angústias de muitos povos e pessoas. Temos sede de paz, temos o desejo de testemunhar a paz, temos sobretudo necessidade de rezar pela paz, porque a paz é dom de Deus e cabe a nós invocá-la, acolhê-la e construí-la cada dia com a sua ajuda.

«Felizes os pacificadores» (Mt 5, 9). Muitos de vós percorreram um longo caminho para chegar a este lugar abençoado. Sair, pôr-se a caminho, encontrar-se em conjunto, trabalhar pela paz: não são movimentos apenas físicos, mas sobretudo da alma; são respostas espirituais concretas para superar os fechamentos, abrindo-se a Deus e aos irmãos. É Deus que no-lo pede, exortando-nos a enfrentar a grande doença do nosso tempo: a indiferença. É um vírus que paralisa, torna inertes e insensíveis, um morbo que afeta o próprio centro da religiosidade produzindo um novo e tristíssimo paganismo: o paganismo da indiferença.

Não podemos ficar indiferentes. Hoje o mundo tem uma sede ardente de paz. Em muitos países, sofre-se por guerras, tantas vezes esquecidas, mas sempre causa de sofrimento e pobreza. Em Lesbos, com o querido Irmão e Patriarca Ecumênico Bartolomeu, vimos nos olhos dos refugiados o sofrimento da guerra, a angústia de povos sedentos de paz. Penso em famílias, cuja vida foi transtornada; nas crianças, que na vida só conheceram violência; nos idosos, forçados a deixar as suas terras: todos eles têm uma grande sede de paz. Não queremos que estas tragédias caiam no esquecimento. Desejamos dar voz em conjunto a quantos sofrem, a quantos se encontram sem voz e sem escuta. Eles sabem bem – muitas vezes melhor do que os poderosos – que não há qualquer amanhã na guerra e que a violência das armas destrói a alegria da vida.

Nós não temos armas; mas acreditamos na força mansa e humilde da oração. Neste dia, a sede de paz fez-se imploração a Deus, para que cessem guerras, terrorismo e violências. A paz que invocamos, a partir de Assis, não é um simples protesto contra a guerra, nem é sequer «o resultado de negociações, de compromissos políticos ou de acordos econômicos, mas o resultado da oração» [João Paulo II, Discurso, Basílica de Santa Maria dos Anjos, 27 de outubro de 1986, 1: Insegnamenti IX/2 (1986), 1252]. Procuramos em Deus, fonte da comunhão, a água cristalina da paz, de que está sedenta a humanidade: essa água não pode brotar dos desertos do orgulho e dos interesses de parte, das terras áridas do lucro a todo o custo e do comércio das armas.

Diversas são as nossas tradições religiosas. Mas, para nós, a diferença não é motivo de conflito, de polêmica ou de frio distanciamento. Hoje não rezamos uns contra os outros, como às vezes infelizmente sucedeu na História. Ao contrário, sem sincretismos nem relativismos, rezamos uns ao lado dos outros, uns pelos outros. São João Paulo II disse neste mesmo lugar: «Talvez nunca antes na história da humanidade, como agora, o laço intrínseco que existe entre uma atitude autenticamente religiosa e o grande bem da paz se tenha tornado evidente a todos» (Discurso, Praça inferior da Basílica de São Francisco, 27 de outubro de 1986, 6: o. c., 1268). Continuando o caminho iniciado há trinta anos em Assis, onde permanece viva a memória daquele homem de Deus e de paz que foi São Francisco, «uma vez mais nós, aqui reunidos, afirmamos que quem recorre à religião para fomentar a violência contradiz a sua inspiração mais autêntica e profunda» [João Paulo II, Discurso aos Representantes das Religiões, Assis, 24 de janeiro de 2002, 4: Insegnamenti XXV/1 (2002), 104], que qualquer forma de violência não representa «a verdadeira natureza da religião. Ao contrário, é a sua deturpação e contribui para a sua destruição» [Bento XVI, Intervenção na jornada de reflexão, diálogo e oração pela paz e a justiça no mundo, Assis, 27 de outubro de 2011: Insegnamenti VII/2 (2011), 512]. Não nos cansamos de repetir que o nome de Deus nunca pode justificar a violência. Só a paz é santa; não a guerra! 

Em Assis, Papa pede compaixão para com os “sedentos” de hoje


Visita do Papa a Assis para o Dia Mundial de Oração pela Paz
Oração ecumênica dos cristãos na Basílica Inferior de São Francisco
Terça-feira, 20 de setembro de 2016


À vista de Jesus crucificado, ressoam também para nós as suas palavras: «Tenho sede!» (Jo 19, 28). A sede é, ainda mais do que a fome, a necessidade extrema do ser humano, mas representa também a sua extrema miséria. Assim contemplamos o mistério do Deus Altíssimo, que Se tornou, por misericórdia, miserável entre os homens.

De que tem sede o Senhor? Certamente de água, elemento essencial para a vida; mas sobretudo de amor, elemento não menos essencial para se viver. Tem sede de nos dar a água viva do seu amor, mas também de receber o nosso amor. O profeta Jeremias expressou o comprazimento de Deus pelo nosso amor: «Recordo-Me da tua fidelidade no tempo da tua juventude, dos amores do tempo do teu noivado» (Jr 2, 2). Mas deu voz também ao sofrimento divino, quando o homem, ingrato, abandonou o amor, quando – parece dizer também hoje o Senhor – «Me abandonou a Mim, nascente de águas vivas, e construiu cisternas para si, cisternas rotas, que não podem reter as águas» (Jr 2, 13). É o drama do «coração árido», do amor não correspondido; um drama que se renova no Evangelho, quando, à sede de Jesus, o homem responde com vinagre, que é vinho estragado. Como profeticamente lamentou o salmista, «deram-me (…) vinagre, quando tive sede» (Sal 69/68, 22).

«O Amor não é amado»: tal era, segundo algumas crônicas, a realidade que turvava São Francisco de Assis. Por amor do Senhor que sofre, não se envergonhava de chorar e lamentar-se em voz alta (cf. Fontes Franciscanas, n. 1413). Esta mesma realidade nos deve estar a peito ao contemplarmos Deus crucificado, sedento de amor. Madre Teresa de Calcutá quis que, nas capelas de cada comunidade, estivesse escrito perto do Crucifixo: «Tenho sede». Apagar a sede de amor de Jesus na cruz, através do serviço aos mais pobres dos pobres, foi a sua resposta. Na verdade, o Senhor é saciado pelo nosso amor compassivo; é consolado quando, em nome d’Ele, nos inclinamos sobre as misérias alheias. No Juízo, chamará «benditos» aqueles que deram de beber a quem tinha sede, aqueles que ofereceram amor concreto a quem estava necessitado: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). 

Jesus viu-o, compadeceu-se dele e o chamou


Jesus viu um homem chamado Mateus, assentado à banca de impostos, e disse-lhe: Segue-me (Mt 9,9). Viu-o não tanto com os olhos corporais quanto com a vista da íntima compaixão. Viu o publicano, dele se compadeceu e o escolheu. Disse-lhe então: Segue-me. Segue, quis dizer, imita; segue, quis dizer, não tanto pelo andar dos pés, quanto pela realização dos atos. Pois quem diz que permanece em Cristo, deve andar
como ele andou (1Jo 2,6).

E levantando-se, o seguiu (Mt 9,9). Não é de admirar que o publicano, ao primeiro chamado do Senhor, tenha abandonado os lucros terrenos de que cuidava e, desprezando a opulência, aderisse aos seguidores daquele que via não possuir riqueza alguma. Pois o próprio Senhor que o chamara exteriormente com a palavra, interiormente lhe ensinou por instinto invisível a segui-lo, infundindo em seu espírito a luz da graça espiritual. Com esta compreenderia que quem o afastava dos tesouros temporais podia dar-lhe nos céus os tesouros incorruptíveis.

E aconteceu que, estando ele em casa, muitos publicanos e pecadores vieram e puseram-se à mesa com Jesus e seus discípulos (Mt 9,10). A conversão de um publicano deu a muitos publicanos e pecadores o exemplo da penitência e do perdão.

Belo e verdadeiro prenúncio! Aquele que seria apóstolo e doutor dos povos, logo no primeiro encontro arrasta após si para a salvação um grupo de pecadores. Assim inicia o ofício de evangelizar desde os primeiros começos de sua fé aquele que viria a realizar este ofício plenamente com o merecido progresso das virtudes. Contudo se quisermos indagar pelo sentido mais profundo deste acontecimento nós o entenderemos: a Mateus foi muito mais grato o banquete na casa do seu coração, preparado pela fé e pelo amor do que o banquete terreno que ele ofereceu ao Senhor. Atesta-o aquele mesmo que diz: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele e ele comigo (Ap 3,20).

Ouvindo a sua voz, abrimos a porta para recebê-lo, ao aceitarmos de bom grado suas advertências secretas ou evidentes e nos pormos a realizar aquilo que compreendemos como o nosso dever. Ele entra para que ceemos, ele conosco e nós com ele, porque, pela graça de seu amor, habita nos corações dos eleitos para alimentá-los sempre com a luz de sua presença. Possam assim os eleitos cada vez mais progredir no desejo do alto, e ele mesmo se alimente com os desejos deles como com pratos deliciosos.



Das Homilias de São Beda Venerável, presbítero
(Hom. 21:CCL, 122,149-151)

(Séc.VI)

A existência do mal no mundo não contradiz a existência de Deus?


- “Como se explica o mal no mundo? Parece incompatível com a existência de Deus" (Ariel - Rio de Janeiro-RJ).

A questão é das mais disputadas de todos os tempos. Contudo, ela só admite uma solução, que vamos procurar expor refletindo serenamente.

Antes de perscrutarmos a origem e a razão de ser do mal, faz-se mister definir o que é o mal.

1. O que é o mal?

1) O mal, longe de ser uma entidade positiva é um não-ser; não constitui uma afirmação, mas uma negação.

Com efeito, não há, nem pode haver, substância cuja natureza seja por si essencialmente má; esta seria algo de estranho ou absurdo no mundo: não poderia agir, porquanto nenhum ser age senão em virtude de uma perfeição que ele possui e atua. A serpente, o escorpião, a bomba atômica... só produzem sua ação nociva ou má porque neles há uma entidade positiva que o naturalista ou o físico-químico admiram profundamente. O mal, portanto, é uma negação ou ausência de ser.

2) Não é, porém, qualquer ausência de ser; é apenas a ausência do ser devido ou do ser pertencente à natureza de tal indivíduo (caso contrário, todo indivíduo seria mau por não possuir toda e qualquer das perfeições espalhadas pelo mundo). Na prática, ninguém diz que a ausência de asas no homem é um mal ou uma desgraça, mas todos reconhecem que a falta de olhos ou a cegueira no mesmo é um infortúnio, pois o homem não foi feito para ter asas e, sim, para ter olhos; a criancinha, pelo simples fato de não falar, não está afetada de um mal, ao passo que o adulto na mesma situação padece autêntico mal.

Em outros termos: o mal é a falta de conformidade do sujeito com o respectivo arquétipo ou exemplar. Essa falta de conformidade pode-se verificar na ordem física (tem-se então um corpo doente ou mutilado) ou na ordem moral (tem-se então uma ação alheia ao Fim último devido ou um pecado).

Resumindo esquematicamente:

Todo SER por si é um BEM.

O NÃO SER é:

- ou mera negação, ausência de entidade não devida: p. ex., a falta de asas no homem não é nem Bem nem Mal.

- ou carência, privação de entidade devida à natureza.

- na ordem física: p. ex., falta de vista no homem -> Mal Físico.

- na ordem moral: p. ex., falta de conformidade do ato humano a Deus, Fim Ùltimo -> Mal Moral.

3) Por conseguinte, o mal supõe sempre um bem, ao qual ele sobrevém; só se encontra onde há um valor real, e tem proporções tanto mais vultuosas quando maior é o bem no qual esteja encravado; basta lembrar a hediondez da perversão de um gênio, da corrupção de um santo. É o fato de que o mal está sempre aninhado no bem que lhe dá a aparência de entidade positiva.

A experiência comprova que o mal nunca pode ser isolado. Não se encontra o mal como tal (a cegueira ou a surdez subsistentes em si mesmas), mas alguém ou alguma coisa boa em que existe a lacuna, o mal (o olho privado de visão, o aparelho auditivo carente de audição). Não há quem veja as trevas ou ouça o silêncio; estes só são apreendidos se se apreenderam previamente os respectivos contrários (luz e ruído).

Disto se segue que o mal nunca poderá, nem no indivíduo nem na sociedade, ser tão vasto que absorva e destrua todo o bem, pois em tal caso o mal extinguiria o suporte da sua existência e aniquilaria a si mesmo. O mal só pode existir respeitando em certo grau o bem; jamais conseguirá triunfar totalmente sobre o bem; para ter realidade, ele há de ser uma negação menor dentro de uma afirmação maior (concretamente, isto quer dizer que os autênticos motivos de tristeza, como são as calamidades físicas para o homem, nunca são tão ponderosos que sobrepujem os autênticos motivos de alegria; no plano moral, nunca o pecado marcará decisivamente o curso da história...).

4) Onde há ser limitado, mesclado de não-ser, há possibilidade de passar do ser para o não-ser, da vida para a morte, da integridade para a mutilação. Somente naquele que é o Ser simplesmente dito, que tem em si mesmo a justificação do seu ser, é que não pode haver deficiência ou mal; isto se dá apenas em Deus.

Na raiz de cada criatura, ao contrário, há um vazio, um não-ser. A criatura hoje existente não era, foi tirada do nada; a sua fonte e razão de ser estão fora dela. Por isto, ela pode, tende mesmo, a recair no não-ser de onde procede. Traz em si um princípio de deficiência; é boa, viva, justa, bela até certo grau apenas. Não se identifica com a Bondade, a Vida, a Justiça, a Beleza... Por conseguinte, uma criatura por si mesma (abstração feita de prerrogativa concedida pelo Criador) indeficiente ou infalível é contradição.

Eis brevemente o que se refere à existência do mal. Passemos agora à questão:

São Mateus, apóstolo e evangelista


Segundo a tradição evangélica Mateus (ou Levi) era um cobrador de impostos e por isso não era bem visto pela sociedade, sendo considerado um pecador. Um dia, depois de falar a povo, Jesus passa por Mateus, olha com firmeza nos seus olhos e disse: "Segue-me". Mateus imediatamente levantou-se, abandonou seu rendoso negócio, mudou de vida, de nome e seguiu Jesus. 

Daquele dia em diante Mateus tornou-se um dos maiores seguidores e apóstolos de Cristo, acompanhando-o em todas as suas caminhadas e pregações pela Palestina. Mateus nasceu em Cafarnaum. Não se conhece a data do seu nascimento. Seu pai, Alfeu, deu-lhe o nome de Levi. Sua cidade natal era cortada pelas principais estradas da Palestina, ponto de convergência e centro comercial da região. 

Mateus marcou a virada de sua vida com um banquete que ofereceu aos amigos. Nele compareceu Jesus, alguns fariseus e outras classes dominantes. Diziam sobre Jesus: "Como é que vosso Mestre se senta a mesa com os pecadores?” Tais críticas mereceram as famosas palavras de Jesus Cristo: "Não são os saudáveis, mas sim os doentes, que necessitam do médico. Não vim a chamar os justos, senão os pecadores." 

Diz São Clemente que Mateus era um santo de penitência e mortificações. Alimentava-se de ervas, frutas e raízes. Sofreu maus tratos e foi hostilizado na Arábia e na Pérsia. Teve os olhos arrancados e foi colocado na prisão onde aguardaria sua execução. Na prisão, onde estava acorrentado, recebe o milagre divino da restituição dos seus olhos e da sua libertação. Alcança a Etiópia, onde prega a doutrina cristã pela última vez. É repelido e encontra forte oposição dos guias religiosos pagãos etíopes. Logo em seguida é martirizado. 

No ano de 930 as relíquias mortais do apóstolo São Mateus foram transportadas para Salermo, na Itália, onde, até hoje, é festejado como padroeiro da cidade. 



São Mateus que deixastes a riqueza para seguir com entusiasmo o chamado do Mestre, fazendo da pobreza um hino de louvor a Jesus, intercedei por mim, que me encontro em aflição. Ensinai-me por fim, a ajuntar tesouros no céu e a servir a Deus e não ao dinheiro. Amém. 

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Bispo de Leopoldina (MG) suspende de Ordem Sagrada padre que se candidatou ao cargo de vereador.


DIOCESE DE LEOPOLDINA
DECRETO DE SUSPENSÃO DE ORDEM SAGRADA

Palmas, prefeito!


Estamos a poucos dias da eleição ou da reeleição do prefeito para Palmas. Como fiz, dias atrás, com relação aos candidatos a vereador, me proponho agora fazer o mesmo com relação aos candidatos a prefeito. Tenho uma amiga, sogra de um prefeito, que quando eu falava do seu genro, prefeito, ela sempre repetia, com uma dose de humor: “prefeito, não, perfeito”. Para rememorar e fazer entender qual é a missão desta figura tão importante, recorri ao dicionário, aos livros e à internet, para dizer qual é mesma a função política de um prefeito: o que é um prefeito? O que faz um prefeito? Para que alguém quer ser prefeito? Prefeito, para que e para quem?

Sabemos que o governo de um município é subdividido em dois Poderes, distintos e complementares: o Poder Legislativo, desempenhado pelos vereadores, e o Poder Executivo, desempenhado pelo prefeito. Como disse no artigo, referido acima, segundo o padre João Batista Libânio, a cidade possui seis lógicas: as lógicas do espaço, do centro e da periferia, a serem cuidados, construídos, habitados e preservados; as lógicas do tempo e do lazer de seus habitantes; as lógicas da cultura, da multiculturalidade e do pluralismo religioso; as lógicas da participação, da mobilidade e da mobilização; as lógicas das crises éticas, dos valores e dos bens humanos, artísticos e culturais; e as lógicas do trabalho e do poder. 

À luz destas lógicas, descrevo, brevemente, qual é mesma a função de um prefeito numa cidade. O prefeito é o chefe do Poder Executivo, em sua esfera municipal; é o administrador do município. Como liderança municipal, possui várias atribuições nas áreas sociais, políticas, executivas e administrativas. Entre tantas, enumeramos as seguintes: administrar os serviços públicos; aplicar os impostos e os recursos recolhidos e os orçamentos elaborados e aprovados em melhorias na cidade; encabeçar a administração da cidade, empreendendo a gestão da coisa pública, do controle do erário ao planejamento e concretização de obras, sejam elas em termos de construção civil ou da área social; apresentar à Câmara Municipal projetos de lei; promulgar, sancionar, vetar e revogar as leis que tenham passadas por votação entre os vereadores, quando achar necessário; elaborar políticas públicas para a saúde, a educação, a habitação, a cultura, o lazer, a iluminação, o transporte, as estradas, as ruas, a segurança, a limpeza, a coleta de lixo, o saneamento básico, a geração de emprego e renda, entre outros valores e fatores pertinentes ao bem-estar e à qualidade de vida dos habitantes do município; reivindicar convênios, auxílios e benefícios para a cidade que administra; representar o município de forma legal; atender à comunidade, ouvindo as suas reivindicações e necessidades; governar para os mais fracos, mais pobres e mais necessitados.

Pode parecer redundante, mas é preciso dizer que o Poder Executivo é de fato aquele que executa, administra e coloca em prática um conjunto de intenções do governo, realiza determinada obra, projeto, programa ou política pública. Dado à complexidade de tais ações, surge inevitavelmente uma questão básica, pouco levada em consideração pelas leis que regem as eleições municipais: para o exercício de qualquer profissão é exigida a qualificação profissional. A título de exemplo, um médico não pode cuidar de assuntos ligados à saúde sem ser formado em Medicina; um advogado não pode cuidar de assuntos ligados à justiça sem ser formado em Direito. Como pode ser prefeito sem qualificação? Como confiar e entregar a gestão de uma cidade, a administração, a elaboração e a execução de projetos, a prestação de serviços e de contas, a quem sabe pouco ou quase nada de gestão e de administração? 

Pelo exposto, o prefeito terá que ser um especialista em estratégias da gestão pública. Sobre isto, Jesus, especialista na gestão da vontade do Pai, diz o seguinte: “se algum quer construir uma torre, não se senta primeiro para calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, ele vai pôr o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a zombar: este homem começou a construir e não foi capaz de acabar! Ou ainda: um rei que sai à guerra contra um outro não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? Se ele vê que não pode, envia uma delegação, enquanto o outro ainda está longe, para negociar as condições de paz” (Lc 14,28-32).  

Último adeus ao Padre Amorth: "Acompanhava com caridade os atormentados pelo maligno".


Centenas de pessoas quiseram rezar e dar o último adeus ao sacerdote Gabriele Amorth, o exorcista da diocese de Roma conhecido no mundo inteiro, que faleceu na sexta-feira, 16 de setembro, aos 91 anos de idade.

A Missa de exéquias foi celebrada no Santuário Santa Maria dos Apóstolos, próximo à basílica papal São Paulo Extramuros, a 40 minutos do Vaticano.

O funeral foi presidido por Dom Paolo Lojudice, Bispo Auxiliar de Roma, e contou com a presença de numerosos sacerdotes da Sociedade São Paulo, à qual pertencia o exorcista. Alguns presbíteros presentes também exercem esta mesma tarefa em Roma.

“Ele acompanhava com grande humildade, fé, generosidade e caridade as pessoas que eram atormentadas pelo maligno” e “os animava no duro caminho da libertação”, afirmou um sacerdote da Associação Internacional de Exorcistas durante as exéquias.

“Era admirável a sua capacidade de criar um ambiente sereno durante os exorcismos, transmitindo calma a todos”, disse também.

“Em 1991 Gabriele Amorth reuniu pela primeira vez um grupo de exorcistas italianos, alguns estão presentes aqui hoje, os exorcistas de todo o mundo estão especialmente agradecidos a Gabriele por tudo aquilo que fez ao propor e revalorizar na Igreja o mistério do exorcismo".

“Sua perseverante e apaixonada obra de sensibilização do clero e no povo de Deus mostra a importância pastoral deste ministério que terminou felizmente no dia 13 de junho de 2014 com a aprovação e o reconhecimento oficial da Santa Sé, a Congregação pelo Clero, dos estatutos da Associação Internacional de Exorcistas que Gabriele Amorth havia fundado 3 anos depois de encontrar-se com os primeiros exorcistas italianos”, recordou.

Com este reconhecimento, “a Igreja confirmou a sua materna solicitude ante os sacerdotes que desenvolvem este delicado ministério pastoral, com aqueles que sofrem e são necessitados”.

“Deus quis que dom Gabriele levasse adiante esta associação com grande entusiasmo e vigor para ajudar os exorcistas a desenvolver sua tarefa”, sublinhou.