segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Quem foi Maomé?


Em sua renomeada obra “História Eclesiástica”, Dom Bosco nos ensina quem foi Maomé, fundador do islamismo e como fez para espalhar suas crenças, conseguir adeptos e atacar a Terra Santa, a Cristandade e a todos os que não pensavam como ele. Com linguagem didática, o santo educador nos expõe brevemente toda a verdade básica sobre o Islã.

Maomé e sua religião

Nasceu este famoso impostor em Meca, cidade da Arábia, de família pobre, de pai gentio e mãe judia.

Errando em busca de fortuna, encontrou-se com uma viúva negociante em Damasco, que o nomeou seu procurador e mais tarde casou-se com ele.

Como era epilético, soube aproveitar-se desta enfermidade para provar a religião que tinha inventado e afirmava que suas quedas eram outros tantos êxtases, durante os quais falava com o arcanjo Gabriel.

A religião que pregava era uma mistura de paganismo, judaísmo e cristianismo. Ainda que admita um só Deus, não reconhece a Jesus Cristo como filho de Deus, mas como seu profeta.

Como dissesse com jactância que era superior ao divino Salvador, instavam com ele para que fizesse milagres como Jesus fazia; porém ele respondia que não tinha sido suscitado por Deus para fazer milagres, mas para restabelecer a verdadeira religião mediante a força.

Ditou suas crenças em árabe e com elas compilou um livro que chamou Alcorão, isto é, livro por excelência; narrou nele o seguinte milagre, ridículo em sumo grau.

Santa Maria Josefa


Santa Maria Josefa nasceu na Espanha, no dia 7 de Setembro de 1842. Desde muito cedo começou a demonstrar uma grande devoção à Eucaristia e a Nossa Senhora, uma forte sensibilidade em relação aos pobres e aos doentes e uma inclinação para a vida interior. Aos 18 anos manifestou à sua mãe o desejo de entrar num mosteiro, pois se sentia atraída pela vida de clausura. 

No mosteiro, iluminada pelo Espírito Santo e aconselhada por Antônio Maria Claret, Maria Josefa decidiu criar uma nova família religiosa, que se dedicasse aos doentes, em casa ou nos hospitais. Assim nasceu o Instituto das Servas de Jesus, fundado em Bilbau em 1871. 

Os pontos centrais da espiritualidade de Santa Maria Josefa podem definir-se como: um grande amor à Eucaristia e ao Sagrado Coração de Jesus; uma profunda adoração do mistério da Redenção e uma íntima participação nas dores de Cristo e na Sua Cruz e a completa dedicação ao serviço dos doentes, num contexto de espírito contemplativo. 

Hoje espalhadas pela Europa, América Latina e Ásia, as Servas procuram dar pão aos famintos, acolher os doentes e outros necessitados, criar centros de dia para pessoas idosas, desenvolvendo sempre a pastoral da saúde e outras obras de caridade. 

Para Maria Josefa "a caridade e o amor de uns pelos outros forma, ainda nesta vida, o céu das comunidades. Sem a Cruz, a vida religiosa é uma vida de sacrifício e de abnegação. O fundamento de uma maior perfeição é a caridade fraterna". Sua vida foi uma profunda lição de amor para os doentes e enfraquecidos. 


Deus onipotente, que concedestes grande santidade a vossa serva santa Maria Josefa, concedei-nos a graça que humildemente vos pedimos, sobretudo a força para perseverar no amor de vosso Filho. Que vive e reina para sempre. Amém. 

Protomártires do Brasil


Dentro da conturbada invasão dos holandeses no nordeste do Brasil, encontram-se os dois martírios coletivos: o de Cunhaú e o de Uruaçu. Estes martírios aconteceram no ano de 1645, sendo que o Pe. André de Soveral e Domingos de Carvalho foram mártires em Cunhaú e o Pe. Ambrósio Francisco Ferro e Mateus Moreira em Uruaçu; dentre outros.

No Engenho de Cunhaú, principal pólo econômico da Capitania do Rio Grande (atual estado do Rio Grande do Norte), existia uma pequena e fervorosa comunidade composta por 70 pessoas sob os cuidados do Pe. André de Soveral. No dia 15 de julho chegou em Cunhaú Jacó Rabe, trazendo consigo seus liderados, os ferozes tapuias, e, além deles, alguns potiguares com o chefe Jerera e soldados holandeses. Jacó Rabe era conhecido por seus saques e desmandos, feitos com a conivência dos holandeses, deixando um rastro de destruição por onde passava.

Dizendo-se em missão oficial pelo Supremo Conselho Holandês do Recife, convoca a população para ouvir as ordens do Conselho após a missa dominical no dia seguinte. Durante a Santa Missa, após a elevação da hóstia e do cálice, a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da igreja e se deu início à terrível carnificina: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelos flamengos com a ajuda dos tapuias e dos potiguares.

A notícia do massacre de Cunhaú espalhou-se por todo o Rio Grande e capitanias vizinhas, mesmo suspeitando dessa conivência do governo holandês, alguns moradores influentes pediram asilo ao comandante da Fortaleza dos Reis Magos. Assim, foram recebidos como hóspedes o vigário Pe. Ambrósio Francisco Ferro, Antônio Vilela, o Moço, Francisco de Bastos, Diogo Pereira e José do Porto. Os outros moradores, a grande maioria, não podendo ficar no Forte, assumiram a sua própria defesa, construindo uma fortificação na pequena cidade de Potengi, a 25 km de Fortaleza.

Enquanto isso, Jacó Rabe prosseguia com seus crimes. Após passar por várias localidades do Rio Grande e da Paraíba, Rabe foi então à Potengi, e encontrou heróica resistência armada dos fortificados. Como sabiam que ele mandara matar os inocentes de Cunhaú, resistiram o mais que puderam, por 16 dias, até que chegaram duas peças de artilharia vindas da Fortaleza dos Reis Magos. Não tinham como enfrentá-las. Depuseram as armas e entregaram-se nas mãos de Deus.

Cinco reféns foram levados à Fortaleza: Estêvão Machado de Miranda, Francisco Mendes Pereira, Vicente de Souza Pereira, João da Silveira e Simão Correia. Desse modo, os moradores do Rio Grande ficaram em dois grupos: 12 na Fortaleza e o restante sob custódia em Potengi.

Dia 2 de outubro chegaram ordens de Recife mandando matar todos os moradores, o que foi feito no dia seguinte, 3 de outubro. Os holandeses decidiram eliminar primeiro os 12 da Fortaleza, por serem pessoas influentes, servindo de exemplo: o vigário, um escabino, um rico proprietário.

Foram embarcados e levados rio acima para o porto de Uruaçu. Lá os esperava o chefe indígena potiguar Antônio Paraopaba e um pelotão armado de duzentos índios seus comandados. Repetiram-se então as piores atrocidades e barbáries, que os próprios cronistas da época sentiam pejo em contá-las, porque atentavam às leis da moral e modéstia.

Um deles, Mateus Moreira, estando ainda vivo, foi-lhe arrancado o coração das costas, mas ele ainda teve forças para proclamar a sua fé na Eucaristia, dizendo: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”.

A 5 de março de 2000, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa João Paulo II beatificou os 30 protomártires brasileiros, sendo 2 sacerdotes e 28 leigos beatificados.

Protomártires do Brasil, rogai por nós!


Senhor Jesus Cristo o vosso sangue derramado na cruz tornou-se a fonte sagrada que regou o testemunho dos mártires brasileiros, mortos pela fé, nos primórdios de nossa evangelização. Fazei que os bem-aventurados André de Soveral e Ambrosio Ferro, sacerdotes, Mateus Moreira e seus vinte sete Companheiros. Sejam reconhecidos como santos pela Igreja, para vossa maior glória e o fortalecimento de nossa fé. Por sua intercessão, pedimos esta graça... Por Cristo nosso Senhor. Amém!

domingo, 2 de outubro de 2016

No Angelus, Papa recorda os cristãos fiéis nas adversidades


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO
 À GEÓRGIA E AO AZERBAIJÃO
(30 DE SETEMBRO - 2 DE OUTUBRO DE 2016)

ANGELUS
Igreja da Imaculada, Baku
Domingo, 2 de outubro de 2016


Amados irmãos e irmãs!

Nesta Celebração Eucarística, dei graças a Deus convosco, mas também por vós: aqui, depois dos anos da perseguição, a fé realizou maravilhas. Desejo recordar tantos cristãos corajosos, que tiveram confiança no Senhor e mantiveram-se fiéis nas adversidades. Como fez São João Paulo II, dirijo a todos vós as palavras do apóstolo Pedro: «Honra… a vós que credes!» [1 Ped2, 7; cf. Homilia, Baku, 23 de maio de 2002: Insegnamenti XXV/1 (2002), 852].

O nosso pensamento volta-se agora para a Virgem Maria, venerada neste país, e não só pelos cristãos. A Ela nos dirigimos com as palavras do Anjo Gabriel quando Lhe trouxe a boa notícia da salvação, preparada por Deus para a humanidade.

Na luz que resplandece do rosto materno de Maria, dirijo uma cordial saudação a vós, queridos fiéis do Azerbaijão, encorajando cada um a testemunhar com alegria a fé, a esperança e a caridade, unidos entre vós mesmos e com os vossos pastores. Saúdo e agradeço, em particular, à Família Salesiana, que cuida intensamente de vós e promove várias obras beneméritas, e às Irmãs Missionárias da Caridade: continuai com entusiasmo a vossa obra ao serviço de todos!

Confiemos estes votos à intercessão da Santíssima Mãe de Deus e invoquemos a sua proteção para as vossas famílias, os doentes e os idosos, para quantos sofrem no corpo e no espírito.

[Oração do Angelus; e a Bênção final] 

Papa na Catedral Patriarcal: "A túnica sagrada é sinal da unidade cristã".


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO
 À GEÓRGIA E AO AZERBAIJÃO 

(30 DE SETEMBRO - 2 DE OUTUBRO DE 2016)

VISITA À CATEDRAL PATRIARCAL SVETITSKHOVELI
SAUDAÇÃO DO SANTO PADRE
Mtskheta
Sábado, 1 de outubro de 2016

Santidade,
Senhor Primeiro-Ministro, distintas Autoridades e ilustres membros do Corpo Diplomático,
Queridos Bispos e Sacerdotes,
Amados irmãos e irmãs!

No ponto alto da minha peregrinação à terra da Geórgia, agradeço a Deus por me poder deter em recolhimento neste templo santo. Desejo aqui também agradecer vivamente o acolhimento recebido, o vosso comovente testemunho de fé, o coração bom dos georgianos. Vêm-me à mente, Santidade, as palavras do Salmo: «Vede como é bom e agradável que os irmãos vivam unidos! É como óleo perfumado derramado sobre a cabeça» (Sal 133/132, 1-2). Caríssimo Irmão, o Senhor, que nos deu a alegria de nos encontrarmos e trocarmos o ósculo santo, derrame sobre nós o unguento perfumado da concórdia e faça descer bênçãos abundantes sobre o nosso caminho e sobre o caminho deste amado povo.

A língua georgiana é rica de significativas expressões que descrevem a fraternidade, a amizade e a proximidade entre as pessoas. Há uma, nobre e genuína, que manifesta a disponibilidade duma pessoa para substituir outra, a vontade de assumir a responsabilidade dela, de lhe dizer com a vida «quereria estar no teu lugar»: shen genatsvale. Compartilhar na comunhão da oração e na união das almas as alegrias e as angústias, carregando as cargas uns dos outros (cf. Gal 6, 2): seja esta atitude cristã fraterna a marcar a senda do nosso caminho em conjunto.

Esta catedral grandiosa, que guarda muitos tesouros de fé e de história, convida-nos manter viva a memória do passado. Isto é muito necessário, porque «a queda do povo começa no ponto onde acaba a memória do passado» (I. Chavchavadze, «O povo e a história», in Iveria, 1888). A história da Geórgia é como um livro antigo que, em cada página, fala de testemunhas santas e de valores cristãos, que forjaram a alma e a cultura do país. De igual modo este precioso livro narra gestas de grande abertura, acolhimento e integração. São valores inestimáveis e sempre válidos para esta terra e toda a região, tesouros que exprimem bem a identidade cristã, que se mantém como tal quando permanece bem fundada na fé e, ao mesmo tempo, se mostra aberta e disponível; nunca rígida ou fechada.

A mensagem cristã – assim no-lo recorda este lugar sagrado – foi, ao longo dos séculos, o pilar da identidade georgiana: deu estabilidade no meio de muitos tumultos, mesmo quando – não raro, infelizmente – o destino do país foi o de ficar amargamente abandonado a si mesmo. Mas o Senhor nunca abandonou a amada terra da Geórgia, porque Ele «ergue todos os que caem e reanima todos os abatidos; o Senhor é justo em todos os seus caminhos e misericordioso em todas as suas obras» (Sal 145/144, 14.17). 

Papa: "Fé e serviço estão interligados".


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO
(30 DE SETEMBRO - 2 DE OUTUBRO DE 2016)


SANTA MISSA DO XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM

HOMILIA DO SANTO PADRE
Igreja da Imaculada, Baku
Domingo, 2 de outubro de 2016



Hoje a Palavra de Deus apresenta-nos dois aspetos essenciais da vida cristã: a  e o serviço. A propósito da fé, temos dois pedidos particulares dirigidos ao Senhor.

O primeiro é do profeta Habacuc, suplicando a Deus para intervir restabelecendo a justiça e a paz que os homens romperam com a violência, lutas e contendas: «Até quando, Senhor – diz ele –, pedirei socorro, sem que me escutes?» (Hab 1, 2). Em resposta, Deus não intervém diretamente, não resolve bruscamente a situação, nem Se torna presente com a força. Pelo contrário, convida a aguardar com paciência, sem nunca perder a esperança; sobretudo sublinha a importância da fé: porque o homem viverá pela sua fé (cf. Hab 2, 4). Do mesmo modo procede Deus também connosco: não subscreve os nossos desejos que pretenderiam mudar imediata e continuamente o mundo e os outros, mas visa antes de tudo curar o coração: o meu coração, o teu coração, o coração de cada um. Deus muda o mundo, mudando os nossos corações, mas isto não o pode fazer sem nós; com efeito, o Senhor deseja que Lhe abramos a porta do coração, para poder entrar na nossa vida. E esta abertura a Ele, esta confiança n’Ele é precisamente «o poder vitorioso que venceu o mundo: a nossa fé» (1 Jo 5, 4). Porque, quando Deus encontra um coração aberto e confiante, nele pode realizar maravilhas.

Mas ter fé – uma fé viva – não é fácil e, daí, o segundo pedido; o pedido que, no Evangelho, os Apóstolos dirigem ao Senhor: «Aumenta a nossa fé!» (Lc 17, 5). É uma boa petição, uma súplica que poderíamos também nós dirigir a Deus todos os dias. Mas a resposta divina é surpreendente e, também neste caso, devolve-nos o pedido feito: «Se tivésseis fé...» É Ele que nos pede para ter fé; porque a fé, que é um dom de Deus e sempre se deve pedir, tem de ser, por sua vez, cultivada também por nós. Não é uma força mágica que desce do céu, não é um «dote» pessoal que se recebe duma vez para sempre, nem mesmo um superpoder que serviria para resolver os problemas da vida. Com efeito, uma fé útil para satisfazer as nossas necessidades seria uma fé egoísta, completamente centrada em nós. A fé não deve ser confundida com estar bem ou sentir-se bem, com sentir-se consolado no íntimo, porque temos um pouco de paz no coração. A fé é o fio de ouro que nos liga ao Senhor, a pura alegria de estar com Ele, de estar unido a Ele; é o dom que vale a vida inteira, mas que só dá fruto, se fizermos a nossa parte.

E qual é a nossa parte? Jesus faz-nos compreender que é o serviço. De facto no Evangelho, logo depois das palavras sobre a força da fé, o Senhor fala do serviço. Fé e serviço não se podem separar; antes, pelo contrário, estão intimamente ligados, atados entre si. Para explicar isto, gostaria de usar uma imagem que vos é muito familiar: a de um lindo tapete. Os vossos tapetes são verdadeiras obras de arte e provêm duma tradição muito antiga. Também a vida cristã de cada um vem de longe, é um dom que recebemos na Igreja e que provém do coração de Deus, nosso Pai, que deseja fazer de cada um de nós uma obra-prima da criação e da história. Cada tapete, como bem sabeis, deve ser tecido segundo a teia e a tecedura; só com esta estrutura é que o conjunto resulta bem composto e harmonioso. O mesmo se passa com a vida cristã: tem de ser pacientemente tecida cada dia, entrelaçando entre si uma teia e uma tecedura bem definida: a teia da fé e a tecedura do serviço. Quando se enlaça a fé com o serviço, o coração permanece aberto e jovem, e dilata-se ao fazer o bem. Então a fé, como diz Jesus no Evangelho, torna-se poderosa e faz maravilhas. Se caminha por tal estrada, então amadurece e torna-se forte, desde que permaneça sempre unida ao serviço. 

O pastor seja discreto no silêncio, útil na palavra


Seja o pastor discreto no silêncio, útil na fala, para não falar o que deve calar, nem calar o que deve dizer. Pois da mesma forma que uma palavra inconsiderada arrasta ao erro, o silêncio inoportuno deixa no erro aqueles a quem poderia instruir. Muitas vezes, pastores imprudentes, temendo perder as boas graças dos homens, têm medo de falar abertamente o que é reto. E segundo a palavra da Verdade, absolutamente não guardam o rebanho com solicitude de pastor, mas, por se esconderem no silêncio, agem como mercenários que fogem à vinda do lobo. 

O Senhor, pelo Profeta, repreende estes tais dizendo: Cães mudos que não conseguem ladrar (Is 56,10). De novo queixa-se: Não vos levantastes contra nem opusestes um muro de defesa da casa de Israel, de modo a entrardes em luta no dia do Senhor (Ez 13,5). Levantar-se contra é contradizer sem rebuços aos poderosos do mundo em defesa do rebanho. E entrar em luta no dia do Senhor quer dizer: por amor à justiça resistir aos que lutam pelo erro. 

Quando o pastor tem medo de dizer o que é reto, não é o mesmo que dar as costas, calando-se? É claro que se, pelo rebanho, se expõe, opõe um muro contra os inimigos em defesa da casa de Israel. Outra vez, se diz ao povo pecador: Teus profetas viram em teu favor coisas falsas e estultas; não revelavam tua iniquidade a fim de provocar à penitência (Lm 2,14). Na Sagrada Escritura algumas vezes os profetas são chamados de doutores porque, enquanto mostram ser transitórias as coisas presentes, manifestam as que são futuras. A palavra divina censura aqueles que veem falsidades, porque, por medo de corrigir as faltas, lisonjeiam os culpados com vãs promessas de segurança; não revelam de modo nenhuma iniquidade dos pecadores porque calam a palavra de censura. 

Por conseguinte, a chave que abre é a palavra da correção porque, ao repreender, revela a falta a quem a cometeu, pois muitas vezes dela não tem consciência. Daí Paulo dizer: Que seja poderoso para exortar na sã doutrina e para convencer os contraditores (Tt 1,9). E Malaquias: Guardem os lábios do sacerdote a ciência; e esperem de sua boca a lei porque é um mensageiro do Senhor dos exércitos (Ml 2,7). Daí o Senhor admoestar por meio de Isaías: Clama, não cesses; qual trombeta ergue tua voz (Is 58,1). 

Quem quer que entre para o sacerdócio, recebe o ofício de arauto, porque caminha à frente, proclamando a vinda do rigoroso juiz, que se aproxima. Portanto, se o sacerdote não sabe pregar, que protesto elevará o arauto mudo? Daí se vê por que sobre os primeiros pastores o Espírito Santo pousou em forma de línguas; com efeito, imediatamente impele a falar sobre ele aqueles que inunda de luzes.


Da Regra Pastoral, de São Gregório Magno, papa
 (Lib. 2,4: PL 77,30-31)                (Séc.VI)

Qual a diferença entre corpo, alma e espírito?


No Novo Testamento a distinção entre corpo, alma e espírito aparece somente uma única vez. São Paulo assim diz na I Carta aos Tessalonicenses: “Que o próprio Deus da paz vos santifique inteiramente, e que todo o vosso ser - o espírito, alma e o corpo - seja guardado irrepreensível para a vinda do Senhor Jesus Cristo! (5,23). O Catecismo, por sua vez, explica essa passagem:

Por vezes ocorre que a alma aparece distinta do espírito. Assim, São Paulo ora para que nosso “ser inteiro, o espírito, a alma e o corpo”, seja guardado irrepreensível na Vinda do Senhor. A Igreja ensina que esta distinção não introduz uma dualidade na alma. “Espírito” significa que o homem está ordenado desde a sua criação para o seu fim sobrenatural, e que sua alma é capaz de ser elevada gratuitamente à comunhão com Deus. (367)

Atualmente existe uma tendência dos teólogos em dizer que o ser humano não possui alma, pois isto seria uma visão dualista, platônica e que não corresponderia ao pensamento bíblico, judeu. Nada mais equivocado.

No Antigo Testamento, durante muito tempo não se falou em “ressurreição dos corpos”. pelo contrário, cria-se que a pessoa vivia no “sheol”, eram “refrains”, cuja existência era sombria, até mesmo umbrátil.

Aos poucos, Deus foi revelando que aquelas “sombras” na verdade continuavam tendo personalidade e que os bons eram abençoados e os maus punidos. A ideia de que ao término de sua vida a pessoa era recompensada - embora ainda não se falasse em ressurreição - estava bem clara no Antigo Testamento como um segundo passo, já na época dos Profetas.

O terceiro passo começa a surgir. Após a morte, no fim dos tempos, o corpo e alma irão se unir e haverá a ressurreição dos mortos. Logo após vem o Novo Testamento.

Nosso Senhor Jesus Cristo diz ao Bom Ladrão na Cruz: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”(Lc 23,3). Ora, o “hoje” a que Ele se refere só pode dizer respeito à alma do Bom Ladrão, pois o corpo, evidentemente, seria sepultado, assim como o corpo de Jesus também o foi.