Quando Maria, a
Santíssima Virgem e São José foram a Belém recensear-se, obedecendo ao edito de
César, por serem eles pobres, disseram-lhes que não havia lugar para eles na
estalagem.
Por isso o Menino
Jesus teve que nascer fora da cidade, numa cocheira miserável, onde havia um
boi e um burro.
Cristo veio para o
que era seu - Israel -- e os seus, os judeus, não O receberam. Ele nasceu numa
cocheira, fora da cidade, assim como iria morrer fora da cidade de Jerusalém.
Por que "os seus não O receberam" (Jo. I, 11).
"O boi conhecerá
o seu dono, e o burro conhecerá o presépio de seu Senhor" profetizou
Isaías (Is. I, 3).
Mas, os seus não o receberam...
Nasceu numa pobre
cocheira, porque Israel, seu povo, a Sinagoga, não O recebeu, nem o conheceu,
recusando o Messias que Deus lhe prometera.
Nasceu numa cocheira
símbolo da Igreja. Porque, como explica Hugo de São Victor, na cocheira os
animais -- o boi e o burro -- deixam suas sujeiras, e se alimentam no cocho,
assim como nós, cristãos, vamos à Igreja, para deixar, no confessionário,
nossos pecados, a fim de, depois, irmos nos alimentar com o Pão que desceu dos
céus, na mesa da comunhão.
O presépio de Belém
representa, então, a Igreja, que perdoa os nossos pecados e nos alimenta com o
corpo de Cristo, o maná que desceu dos céus.
Mas "os seus não
o receberam", e não havia lugar para eles na estalagem".
Espantamo-nos com a
frieza e a dureza de coração dos habitantes de Belém, que recusavam receber Maria
e José.
Espantamo-nos com a
cegueira da Sinagoga, que abria o rolo da profecia e respondia a Herodes:
"Sim. É verdade. Estamos na época em que deve nascer o Messias prometido.
E Ele vai nascer em Belém, palavra que significa casa do pão". E depois de
ler a profecia, a Sinagoga fechava o rolo, e não ia a Belém adorar o Rei dos
judeus que nascera. E O recusava, não lhe dando lugar na estalagem.