sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Os sinais do batismo do Senhor*


O evangelho nos conta que o Senhor foi ao Jordão para ser batizado e quis ser consagrado neste rio por sinais do céu.

Não é sem razão que celebramos esta festa pouco depois do dia do Natal do Senhor, já que os dois acontecimentos se verificaram na mesma época, embora com diferença de anos; julgo que também ela deve chamar-se festa do Natal.

No dia do Natal, Cristo nasceu entre os homens; hoje renasce pelos sinais sagrados; naquele dia, nasceu da Virgem; hoje é gerado pelos sinais do céu. No Natal, ao nascer o Senhor segundo a natureza humana, Maria, sua mãe, o acaricia em seu colo; agora, ao ser gerado entre os sinais celestes, Deus, seu Pai, o envolve com sua voz, dizendo: Este é o meu filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado. Escutai-o (Mt 17,5). Sua mãe o traz nos braços com ternura, seu Pai lhe presta o testemunho de amor. A Mãe apresenta-o aos magos para que o adorem, o Pai apresenta-o às nações para que o reverenciem.

O Senhor Jesus foi, portanto, receber o batismo e quis que seu santo corpo fosse lavado nas águas.

Talvez alguém diga: “Se ele era santo, por que quis ser batizado?” Escuta: Cristo foi batizado, não para ser santificado pelas águas, mas para santificá-las e para purificar as torrentes com o contato de seu corpo. A consagração de Cristo é sobretudo a consagração da água.

Assim, quando o Salvador é lavado, todas as águas ficam puras para o nosso batismo; a fonte é purificada para que a graça batismal seja concedida aos povos que virão depois. Cristo nos precede no batismo para que os povos cristãos sigam confiantemente o seu exemplo. Vejo aqui um significado misterioso: também a coluna de fogo ia na  frente através do mar Vermelho, para que os filhos de Israel a seguissem corajosamente no caminho; foi a primeira a atravessar as águas, a fim de abrir caminho aos que vinham atrás. Este acontecimento, como diz o Apóstolo, era uma figura do batismo. Foi certamente uma espécie de batismo, no qual os homens eram cobertos pela nuvem e passavam através das ondas.

Tudo isso foi realizado pelo mesmo Cristo nosso Senhor, que agora, na coluna do seu corpo, precede no batismo os povos cristãos, como outrora, na coluna de fogo, precedeu através do mar os filhos de Israel. Sim, é a mesma coluna que outrora iluminou os olhos dos caminhantes que hoje enche de luz os corações dos que creem. Outrora abriu um caminho seguro entre as ondas, hoje firma no batismo os passos da nossa fé.


Dos Sermões de São Máximo de Turim, bispo

(Sermo 100, de sancta Epiphania 1, 3: CCL 23, 398-400)  (Séc. V)
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* Sexta-feira após a Epifania do Senhor

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

ISIS destruiu cerca de 100 lugares de culto no Iraque, a maioria eram igrejas


O porta-voz do ministério dos assuntos religiosos da região autônoma do Curdistão (Iraque), Mariwan Naqshbandi, assinalou que durante o tempo no qual o Estado Islâmico (ISIS) dominou a planície de Nínive e Mossul, foram destruídos cerca de 100 lugares de culto, a maioria eram templos cristãos.

Em junho de 2014, o ISIS conquistou Mossul. A partir desta data, começou o êxodo de cristãos e outras minorias religiosas para o Curdistão. Depois, foram caindo Qaraqosh e outras cidades e vilas da província de Nínive.

Entretanto, com o apoio da coalizão internacional que lidera os Estados Unidos, as forças curdas e tropas cristãs foram recuperando cada uma das vilas e, em outubro de 2016, conseguiram expulsar os jihadistas de Qaraqosh. Atualmente, está sendo realizada a batalha para retomar Mossul.


Em relação aos templos destruídos, segundo informou no dia 10 de janeiro a agência vaticano Fides, Naqshbandi antecipou os conteúdos de um relatório que será publicado pela Comissão sobre os crimes cometidos pelos membros do ISIS em Mossul e na planície de Nínive durante o tempo em que estiveram sob seu controle. 

Portugal: Bispos criticam proposta de inclusão do tema do aborto em aulas para crianças


Os bispos de Portugal se posicionaram contra a intensão do governo de incluir o tema do aborto nas aulas de educação sexual do 2º ciclo, para alunos do 5º e 6º anos. Os Prelados defendem que esta medida não respeita o “direito dos pais à educação dos filhos”.

A medida que prevê a inserção do tema do aborto nas aulas de educação sexual dos alunos de 11 e 12 anos faz parte do Referencial de Educação para a Saúde, documento orientador da Direção-Geral de Educação (DGE), que esteve em consulta pública em dezembro. No documento, a questão é abordada como interrupção voluntária da gravidez.

A posição contrária ao documento dos bispos portugueses foi expressa na terça-feira, em coletiva de imprensa, pelo secretário e porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Padre Manuel Barbosa, durante a primeira reunião do ano do Conselho Permanente da CEP, em Fátima.

“A conferência segue com preocupação esta iniciativa do Estado e apoia naturalmente aqueles que não aprovam a inclusão o tema do aborto nesta fase, no tom que é dado”, expressou o sacerdote, ressaltando que os Prelados apoiam a petição online “Aborto como educação sexual em Portugal? Diga não!”, lançada pela plataforma CitizenGo.

Padre Manuel Barbosa declarou que “uma educação sexual deve ser integrante na educação global, na educação para a personalidade no sentido integral e não apenas assumir isso como questões éticas e de saúde”.

“E a própria educação sexual, como é assumida [no documento] é quase como, não digo um aparte, mas uma questão técnica de saúde, quando tem de ser assumida como educação integral no crescimento da personalidade da pessoa. É nesse tom que devemos colocar e não como está sendo proposto pela Direção Geral da Educação”, enfatizou.

O porta-voz da CEP reforçou que o documento “não tem em conta este direito dos pais à educação dos filhos”. “Aliás, os pais estão se manifestando”, acrescentou em referência à petição online.

Nigéria: terrorismo dos "Fulani" mata mais de 800 e destroi 16 igrejas em 3 meses.


“Nos últimos três meses, em mais da metade do território da parte meridional do Estado de Kaduna, houve uma intensificação dos ataques por parte dos Fulani Herdsmen Terrorist (FHT), um grupo terrorista de pastores nômades da etnia Fulani”.

A denuncia é de Dom Joseph Danlami Bagobiri, Bispo de Kafanchan, no Estado de Kaduna, durante uma visita à sede italiana da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

“No Ocidente, este grupo é quase desconhecido - observa o prelado - mas é o responsável, de setembro até hoje, pelo incêndio de 53 povoados, pela morte de 808 pessoas, pelo ferimento a outras 57, pela destruição de 1.422 casas e de 16 igrejas.

12 mil cristãos assassinados e mais de 2 mil igrejas destruídas pelo terrorismo

O bispo recorda que de 2006 a 2014, mais de 12 mil cristãos foram assassinados e 2 mil as igrejas destruídas pelo terrorismo na Nigéria. O maior responsável por estes crimes é o grupo fundamentalista islâmico Boko Haram. 

México: Igreja denuncia desaparecimento do Pe. Joaquín Hernández


A Conferência Episcopal Mexicana (CEM) se une na oração e solidariedade à Diocese de Saltillo, nordeste do país, e ao Bispo local, Dom Raúl Vera López, pelo desaparecimento do sacerdote diocesano Pe. Joaquín Hernández Sifuentes, vigário paroquial na comunidade do Sagrado Coração, em Aurora Coahuila.

Não se há notícias do sacerdote de 42 anos desde o último dia 3. “Fazemos um apelo às autoridades competentes para que sejam esclarecidos os fatos que levaram ao desaparecimento do sacerdote, e à sociedade civil e a toda a comunidade eclesial para que colaborem nas buscas”, lê-se no comunicado assinado pelo Presidente da CEM, Cardeal Francisco Robles Ortega, Arcebispo de Guadalajara, e pelo Secretário-geral, Dom Alfonso Gerardo Miranda Guardiola, Bispo auxiliar de Monterrey. 

O comunicado da CEM segue após o apelo feito, na última segunda-feira (09/01), pelo Bispo de Saltillo, Dom Raúl Vera López: “A nossa diocese acompanha há anos as pessoas que procuram seus entes queridos que desapareceram. Infelizmente, hoje cabe a nós procurar o nosso irmão que faz parte da comunidade de presbíteros. Estamos colaborando muito com as autoridades judiciárias do Estado de Coahuila em sua busca, seguindo o exemplo das pessoas com as quais trabalhamos.”

O comunicado expressa proximidade à família do sacerdote e denuncia as tentativas de criminalização do Pe. Joaquín e as ameaças feitas aos membros da família e conhecidos do sacerdote após os interrogatórios. Padre Hernández deveria partir, no último dia 3, e voltar à paróquia no dia 7 deste mês. As suas malas foram encontradas na sacristia e daquele dia em diante não mais respondeu a telefonemas. 

Algumas testemunhas disseram ter visto duas pessoas entrarem no carro do sacerdote na manhã do dia 3.

Relatório Portas Abertas: 215 milhões de cristãos perseguidos no mundo


Cresce a perseguição contra os cristãos no mundo: o número chega a 215 milhões.  Quem revela é o Relatório World Watch List 2017, publicado esta quarta-feira pela organização “Portas Abertas”, que elabora anualmente uma lista com os 50 países onde mais se verifica este “fenômeno”.

Cobrindo o período de 1º de novembro de 2015 a 31 de outubro de 2016, a WW List avalia o grau de liberdade dos cristãos na vivência diária de sua fé em cinco áreas: privadamente, em família, na comunidade em que residem, na igreja que frequentam e na vida pública do país em que vivem. A estas, soma-se uma sexta voz de análise, que serve para medir o eventual grau de violência a que são submetidos.

Os métodos de pesquisa e os resultados são submetidos à revisão independente por parte do Instituto Internacional pela Liberdade Religiosa. Três cores diversas em um mapa assinalam três diferentes graus de perseguições  (com base em uma contagem). Alta (41-60), Muito Alta (61-80), Extrema (81-100). Este mapa pode ser consultado no link do relatório https://www.porteaperteitalia.org/pdf/wwl2017_report .

Mais de 215 milhões de perseguidos


Esta cifra refere-se aos cristãos perseguidos nos 50 países que fazem parte da WWList 2017. A população total destes 50 países gira em torno dos 4,83 bilhões de habitantes, dos quais cerca de 650 milhões são cristãos. Destes, 30% (isto é, 215 milhões) sofrem algum tipo de perseguição que vai da alta à extrema.

Disto deduz-se que 1 cristão a cada 3 é gravemente perseguido nestes 50 países. Diz-se “mais de” 250 milhões, porque existem cristãos perseguidos também em nações que não fazem parte da WWList 2017, como Uganda, Nepal, Azerbaijão, Quirguistão, Níger, Cuba, entre outros.

A pontuação total na WWL aumentou, passando de 3299 de 2016 a 3355 em 2017, mostrando claramente que a perseguição dos cristãos em todo o mundo tende a aumentar. 

O Verbo do Pai embeleza, ordena e contém todas as coisas


O Pai de Cristo, santíssimo e imensamente superior a todas as coisas criadas, como ótimo timoneiro, pela sua sabedoria e pelo seu Verbo, Cristo nosso Senhor e Salvador, governa, dispõe e executa sempre todas as coisas de modo conveniente, como Lhe parece justo. Ninguém certamente negará a ordem que observamos na criação, porque Deus assim o quer. Se a criação se movesse ao acaso e sem ordem, nenhuma fé mereceriam estas afirmações. Mas se, pelo contrário, o mundo foi criado com ordem, sabedoria e prudência, e foi ornado de toda a beleza, temos necessariamente de admitir que o seu autor e artífice não é senão o Verbo de Deus.

Refiro-me ao Verbo de Deus vivo e operante, do Deus bom do universo; ao Verbo que é distinto de todas as coisas criadas e que é o Verbo próprio e único do Pai; ao Verbo cuja providência ilumina todo o mundo presente por Ele criado. É Ele, o Verbo bom do Pai bom, que dispõe ordenadamente todas as coisas, conciliando entre si os elementos contrários e compondo-os em perfeita harmonia. É o Deus único e unigênito, o Deus bom que procede do Pai, fonte de toda a bondade, e que embeleza, ordena e contém o universo.

Aquele que pelo seu Verbo eterno criou o universo e a todas as coisas deu uma natureza, não quis abandonar as suas criaturas à deriva e às flutuações da natureza, para que não voltassem ao nada; mas na sua bondade, governa e sustenta a criação por meio do seu Verbo, que também é Deus, a fim de que, iluminada pelo governo, providência e direção do Verbo, permaneça firme e estável, e desse modo, tornando-se participante do Verbo do Pai, seja por Ele ajudada para que não deixe de existir. Isso certamente aconteceria, se não fosse conservada pelo Verbo, que é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criatura. Por Ele e n’Ele subsistem todas as coisas, visíveis e invisíveis, e Ele é a cabeça da Igreja, como ensinam os ministros da verdade na Sagrada Escritura.

O onipotente e santíssimo Verbo do Pai, que está presente em todas as coisas, desenvolve por toda a parte a sua virtualidade, ilumina toda a realidade e tudo contém e abrange em Si mesmo. Nada escapa à influência do seu poder. Em tudo e por toda a parte, a cada coisa em particular e ao universo em geral, é Ele que dá a vida e a conserva.


Do Tratado de Santo Atanásio, bispo, «Contra os pagãos»

(Nn. 40-42: PG 25, 79-83) (Sec. IV)

Sacristão: Um ofício importante na comunidade!


Um dos ofícios e ministérios mais importantes nas comunidades e nas igrejas é o do sacristão ou da sacristã. Trata-se, frequentemente, de um serviço discreto, embora decisivo para o funcionamento da igreja e para o desenrolar da celebração. O seu protagonismo não é tão visível e sensível como o do leitor, do acólito ou do músico e, muito menos, o do presidente. Mas, sem ele, esses ministérios não atuavam digna e eficazmente. É ele quem abre a igreja, convoca os fiéis, prepara os paramentos, o altar, a credência, o pão e o vinho, a água, o incenso, os livros, o órgão, organiza as procissões, a recolha dos dons, acende as luzes e liga os microfones: tarefas demasiado importantes para serem deixadas à improvisação do momento. É, com efeito, um ofício tão discreto, mas importante: quando há não se nota, quando se dispensa faz falta. Com efeito, muitas são as coisas que se encomendam a um sacristão, sobretudo nas paróquias: manter a limpeza, a ordem, a guarda, a conservação e o funcionamento dos espaços, dos objetos, das vestes, dos livros e dos diversos instrumentos;  

1. Preparar as celebrações, sobretudo, do ponto de vista material, mas de modo nenhum secundário, pois que, por ser exterior, condiciona o funcionamento e o desenvolvimento dos ritos e de toda a celebração: paramentos, livros, pão, vinho e água, iluminação e megafonia, toque dos sinos, música ambiente, abrir e fechar as portas, lâmpada do Santíssimo, flores; 

2. por vezes, assume outros serviços mais burocráticos, como o registro de batizados e casamentos, etc.;  

3. pode acontecer que tenha de suprir, até, a falta do acólito, leitor ou cantor.  

Ser sacristão requer, por isso, qualidades e uma preparação ampla e diversificada. O Cerimonial dos Bispos atribui ao sacristão tarefas importantíssimas: preparar as celebrações (com o mestre de cerimônias); cuidar de tudo quanto é necessário à celebração; tocar os sinos; criar um ambiente de recolhimento na sacristia e no vestiário (sacristia e secretario) (secretário = lugar onde os ministros, em dias solenes, se paramentam e dão início à procissão de entrada); guardar as alfaias e os bens culturais da igreja; estar atento e ser zeloso pela limpeza, asseio e ornamentação da igreja; enfim, providenciar para que tudo, na igreja, manifeste amor e reverência para com Deus e seja sinal de piedade, festa e alegria para o povo de Deus. (cf. C. B., nº 37-38).  

Nem qualquer pessoa serve para sacristão. Não basta estar desempregado para se ser bom sacristão. Também não são precisos títulos acadêmicos. Mas com certeza que é preciso preparação, sensibilidade humana, litúrgica e cristã. Partindo das qualidades humanas, dever-se-ia dar-lhes formação específica. Não basta certamente que saibam as cores dos paramentos do dia ou como se tocam os sinos. Há toda uma sensibilidade litúrgica e espiritual que seria favorecida se os sacristães pudessem frequentar algum curso sistemático, periódico ou intensivo. Dar formação aos ministros que animam as celebrações da comunidade é um investimento certo que dará frutos em pouco tempo para o bem das comunidades. Nesses cursos, o sacristão conhecerá a Introdução Geral do Missal Romano, os Preliminares dos diversos Rituais e, sobretudo, para além das rubricas, aprofundará o porquê das coisas, o sentido e o espírito da liturgia, dos ritos, do ano litúrgico, etc. O sacristão é, frequentemente, a primeira imagem de uma igreja (se a imagem é má, será a última). Os sacristães são mais que pessoas que acendem velas. Com o seu trabalho escondido e eficiente, realizam um precioso apostolado: a ordem, a limpeza e o silêncio na igreja são o primeiro cartaz de bom acolhimento; a sua presença discreta e atenta marca o sinal de uma comunidade disponível para os outros; o atendimento paciente e bem humorado aproxima as pessoas da comunidade e de Deus. Deste modo, preparam as pessoas que se deslocam à igreja para o encontro verdadeiro e profundo com Deus. Assim, realizam um autêntico ministério.