domingo, 22 de janeiro de 2017

Cristo está sempre presente na sua Igreja


Cristo está sempre presente na sua Igreja, especialmente nas ações litúrgicas. Está presente no sacrifício da Missa, tanto na pessoa do ministro – «Ele que Se oferece agora pelo ministério sacerdotal é o mesmo que Se ofereceu na cruz» – como e sobretudo sob as espécies eucarísticas. Está presente pela sua virtude nos sacramentos, de modo que quando alguém baptiza é o próprio Cristo que baptiza. Está presente na sua palavra, pois é Ele que fala quando se lê na Igreja a Sagrada Escritura. Está presente, enfim, quando a Igreja reza e canta, Ele que prometeu: Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles.

Nesta obra grandiosa, pela qual Deus é perfeitamente glorificado e os homens são santificados, Cristo associa sempre a Si a Igreja, sua esposa muito amada, que invoca o seu Senhor e por Ele presta culto ao eterno Pai.

Com razão, portanto, a Liturgia é considerada como exercício da função sacerdotal de Cristo. Ela simboliza, através de sinais sensíveis, e realiza, em modo próprio de cada um deles, a santificação do homem; nela o Corpo místico de Jesus Cristo – Cabeça e membros – presta a Deus o culto público integral.

Por isso, toda a celebração litúrgica, por ser obra de Cristo sacerdote e do seu Corpo, que é a Igreja, é ação sagrada por excelência, cuja eficácia não é igualada, sob o mesmo título e grau, por nenhuma outra ação da Igreja.

Pela Liturgia da terra nós participamos, saboreando-a já, naquela Liturgia celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual nos encaminhamos como peregrinos e onde Cristo, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, está sentado à direita de Deus; com toda a milícia do exército celestial, cantamos ao Senhor um hino de glória; veneramos a memória dos Santos, esperando tomar parte na sua companhia, e aguardamos, como Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até que Ele, nossa vida, Se manifeste, e também nós nos manifestemos com Ele na glória.

Por tradição apostólica, que tem a sua origem no próprio dia da ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o mistério pascal todos os oito dias, no dia que justamente se chama dia do Senhor ou domingo. Neste dia devem os fiéis reunir-se para ouvir a palavra de Deus e participar na Eucaristia, e assim recordar a paixão, ressurreição e glória do Senhor Jesus e dar graças a Deus, que os fez renascer para uma esperança viva pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos. Por isso o domingo é o principal dia de festa que se deve propor e inculcar à piedade dos fiéis, de modo que seja também o dia da alegria e do repouso. Não se lhe devem sobrepor outras celebrações que não sejam de máxima importância, porque o domingo é o fundamento e o núcleo de todo o ano litúrgico.


Da Constituição Sacrosanctum Concilium, do Concílio Vaticano II, sobre a Sagrada Liturgia
(Nn 7-8.106) (sec. XX)

A falsa e a verdadeira misericórdia

 

A misericórdia exige um processo de educação. Ela é resultado do seguimento de Jesus Cristo, como um discípulo que, à medida que caminha com seu Mestre, aprende dele seu jeito de viver. Neste processo, é importante discernir a verdadeira misericórdia da falsa misericórdia. Isto porque a misericórdia pode ser compreendida e também utilizada de modo errado. Ela pode servir de “amaciador da ética cristã” (W. Kasper, A misericórdia, p.180), permitir um estilo de vida descompromissado e sem limites, afinal, Deus sempre será bom e compassivo.

A fé cristã nos mostra Deus que continua a nos amar sempre, mesmo quando erramos, pecamos. Isto não significa que Deus aprova o erro. “Não quero a morte do pecador, e sim, que ele se converta e viva.” (Ez 18,23). Porém, Deus não protege o pecador no seu erro ou se importa mais com o autor do que com a vítima em casos de injustiça. A proteção das vítimas é o primeiro dever da misericórdia. Pior ainda, quando em nome da misericórdia, os erros e até delitos não são tratados com o rigor devido. Neste sentido, como em tudo na educação, parte-se da verdade. 

A pseudomisericórdia pode, também, tomar as vestes da tolerância e da complacência. Quando os pais, para agradar, cedem tudo para os filhos e negociam os valores, então não estão sendo misericordiosos. Assim, também, quando por aparente misericórdia e falsa bondade, na educação não se exige como se deveria, consentindo até em pequenos ou grandes desvios de conduta. Não há crescimento sem sério empenho, com limites. E quando se trata da necessidade de conversão, normalmente é um processo exigente e com um longo percurso. A misericórdia se manifesta na acolhida do pecador, ajudando-o a reconhecer sua culpa, a confiar na misericórdia de Deus e acompanhá-la no caminho de conversão. São Paulo nos diz que não podemos ser indiferentes diante dos outros, mas por amor e misericórdia, somos responsáveis uns pelos outros: “Ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros.” (Cl 3,16). Ser misericordioso é, também, saber dizer “não” e corrigir. Disse Jesus à mulher pecadora: “Ninguém te condenou. Eu também não te condeno. Vai e não tornes a pecar.” (Jo 8,11). 

sábado, 21 de janeiro de 2017

Cerimônia de posse de Trump contou com orações de seis líderes religiosos


Os Estados Unidos abordam o tema da laicidade do Estado de uma maneira bastante diferente do Brasil e de outros países. É tradição que, por exemplo, a cerimônia de posse de um novo presidente tenha um momento de oração, guiado por algum líder religioso. Na posse de Donald Trump, o 45º presidente dos Estados Unidos, não foi diferente, mas o número de líderes proferindo orações surpreendeu: foram seis – cinco cristãos e um judeu.

Todos eles evitaram expressões que pudessem ser creditadas a uma orientação política específica. Antes do juramento de Trump, três líderes fizeram suas leituras bíblicas e orações. O cardeal Timothy Dolan, arcebispo de Nova York, leu um trecho do Livro da Sabedoria. Por sua vez, o reverendo Samuel Rodriguez, da Conferência Nacional Hispânica de Liderança Cristã, leu o capítulo 5 do Evangelho de Mateus, que inclui as bem-aventuranças.

Já a pastora Paula White, que dirige o New Destiny Christian Center e é a orientadora espiritual pessoal de Trump, fez uma oração com suas próprias palavras. White é uma televangelista da linha da teologia da prosperidade que foi designada pelo novo presidente como chefe do Conselho Evangélico de sua administração. Ela já foi investigada pelo congresso norte-americano a respeito das finanças de sua igreja.

Depois do juramento, tiveram a palavra o rabino Marvin Hier, o reverendo Franklin Graham, filho do famoso evangelista Billy Graham, e o bispo Wayne T. Jackson, do Great Faith Ministries International. “A riqueza de uma nação é medida pelos seus valores, não por seus cofres”, disse o rabino, um dos mais influentes dos Estados Unidos e dono de dois Oscars como coprodutor de documentários sobre o holocausto.

Já Graham apontou que a chuva, na Bíblia, é um sinal da bênção de Deus e disse a Trump: “Quando você chegou ao palco, começou a chover”. Ele leu um trecho do capítulo 2 da Primeira Carta de Paulo a Timóteo. Jackson apostou na concórdia: “Não somos inimigos, mas irmãos e irmãs”, disse ele.

Na posse de Barack Obama, em 2009, o pastor Rick Warren fez uma oração e Joseph Lowery, da Igreja Metodista Unida, deu uma bênção. A presença de Warren despertou atenção, devido a suas posturas consideradas conservadoras em relação ao aborto, ao casamento entre pessoas de mesmo sexo e o uso de preservativos. Em 2013, a oração foi feita pela ativista Myrlie Evers-William. 

Os dogmas da Igreja Católica


O dogma é um ensinamento ou doutrina proposta com autoridade e explicitamente pela Igreja como revelada por Deus, exigindo-se a crença do Povo de Deus. Um dogma pode ser proposto pela Igreja numa proclamação solene (por exemplo, o dogma da Imaculada Conceição) ou através do magistério ordinário (por exemplo, a verdade de que a vida do ser humano inocente é inviolável).

"Os dogmas são luzes no caminho da nossa fé, que o iluminam e o tornam seguro."

Há algumas verdades doutrinárias na Igreja Católica que são estabelecidas como "dogmas da fé", ou seja, nenhum católico que queira continuar católico pode negar ou mudar aquilo.

Isso é muito bom, por dois motivos: dão uma segurança incrível à nossa fé e impede que a Igreja Católica fique esfacelada como muitas outras religiões em que a interpretação das escrituras é plenamente livre e arbitrária.

Creia no que a Igreja ensina e tente saber a opinião correta que ela dá sobre este ou aquele assunto.

A Igreja Católica proclama a existência de muitos dogmas, sendo 43 o número dos principais. Eles estão subdivididos em 8 categorias diferentes:

·  Dogmas sobre Deus
·  Dogmas sobre Jesus Cristo
·  Dogmas sobre a criação do mundo
·  Dogmas sobre o ser humano
·  Dogmas marianos
·  Dogmas sobre o Papa e a Igreja
·  Dogmas sobre os sacramentos
·  Dogmas sobre as últimas coisas 

CNBB NE5 lança nota aos cristãos e cidadãos do Maranhão


NOTA DOS BISPOS DO MARANHÃO
AOS CRISTÃOS E AOS CIDADÃOS DO MARANHÃO

Quanto a nós, não podemos nos calar sobre o que vimos e ouvimos (At 4, 20).

Nós, bispos do Maranhão, reunidos em Zé Doca, de 16 a 19 de janeiro de 2017, sob a luz do Espírito Santo, queremos manifestar algumas preocupações referentes ao momento atual.

Ouvimos com apreensão os relatos sobre o que está acontecendo nas prisões do país. São sobretudo os jovens que mais sofrem com essa situação. São eles que, em grande parte, superlotam as penitenciárias, sendo que muitos deles nem sequer foram julgados ou sentenciados. O sistema judiciário apresenta-se como funcional ao modelo econômico vigente, contribuindo para um genocídio não declarado.

Neste ano dedicado à juventude, inquietam-nos as consequências que este modelo econômico traz para os jovens do nosso Estado. Quase 500 mil jovens, com idades entre 15 e 29 anos, nem estudam, nem trabalham, nem têm esperança de estudar ou trabalhar e, por isso, nem vão mais à procura de oportunidades. Garantir às novas gerações o direito à educação de qualidade, ao trabalho, ao lazer e à inserção na vida profissional é papel do Estado democrático e este é, certamente, o modo mais eficaz de prevenir a violência crescente.

Constatamos com pesar a expansão do agronegócio, bem visível no programa federal conhecido como MATOPIBA. Apresentado pela mídia como solução mágica para a agricultura do nosso Estado, este programa visa ocupar o que resta de Cerrado do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Tal tipo de expansão do agronegócio destrói modos de vida originários, não visa o bem viver da população, expulsa e exclui milhares de pessoas que viviam da sua produção no campo. O modelo, que se baseia na monocultura da soja, do eucalipto, da cana-de-açúcar e outras culturas, pode até aumentar o Produto Interno Bruto-PIB do Estado. Não contribui, porém, para o crescimento do Índice de Desenvolvimento Humano-IDH, além de ferir de morte o bioma Cerrado. A Campanha da Fraternidade deste ano nos convida a uma reflexão mais aprofundada sobre este assunto. 

Ancorados no Senhor, Rocha inabalável...


Um católico verdadeiro procura compreender cada vez mais e melhor a fé à qual aderiu, procura colocar em diálogo a fé da Igreja com as situações sempre mutáveis do mundo, mas jamais adultera a fé recebida uma vez por todas.

A doutrina da fé é viva e dinâmica por obra do Espírito Santo: desenvolve-se, amadurece, explicita-se, mas nunca se nega a si mesma ou se trai!

Além do mais, geração alguma de cristãos, pastores alguns, teólogos nenhuns, por competentes que sejam, podem colocar-se acima do que foi recebido pela Tradição oral e escrita (Sagradas Escrituras) da Igreja!

A Igreja é de Cristo - só Dele! -, não é nossa, não está ao nosso dispor! A Igreja sequer é de si própria! Não somos nossos, não nos pertencemos! Alguém pagou alto preço por nós, Alguém nos redimiu, Alguém nos reuniu em Igreja: o Cristo, nosso único Senhor, nossa única verdade! Sua Palavra, a fé que Ele entregou à Sua Igreja, não pode ser adulterada de modo algum!
 

Newman e a consciência


Caro Amigo, causou-me grande incômodo a inaceitável atitude de um “teólogo” que, em determinada conferência, invocou o grande Cardeal Newman e sua defesa da consciência para instigar padres a se colocarem acima do magistério moral e do direito da Igreja. Trata-se de uma impostura e de uma imoralidade sem tamanho!

Penso que o "teólogo" tenha citado a famosa frase do Cardeal inglês: "Brindo ao Papa, mas brindo antes à minha consciência!" Citou e deturpo-lhe miseravelmente o sentido, ou melhor, o inverteu!

Newman foi o grande campeão da consciência, mas esta para ele, tem uma âncora objetiva: a busca persistente, madura e responsável pela verdade! Consciência, para Newman, nada tem a ver com subjetivismo, indisciplina e falta de responsabilidade! Para Newman, precisamente porque a consciência pode encontrar a verdade, uma vez encontrando-a, tem a obrigação de segui-la: exatamente porque, seguindo sua consciência, tornou-se católico, ele afirmava seu dever de obedecer ao Papa! Este é o sentido da frase - o contrário do que o "teólogo" quis insinuar!

Abaixo apresento-lhe uns trechinhos de uma conferência do Cardeal Ratzinger sobre a consciência em Newman. As palavras entre aspas são do próprio Newman…

Newman, enquanto homem da consciência, tornou-se um convertido. Foi a sua consciência que o conduziu dos antigos laços e das antigas certezas para o interior do mundo para ele difícil e entranho do catolicismo.

Todavia, exatamente este caminho da consciência é algo totalmente diferente de um caminho de subjetividade que se afirma a si própria: é, ao contrário, um caminho de obediência à verdade objetiva.

O segundo passo do caminho de conversão, que durou toda a vida de Newman foi, com efeito, a superação da posição do subjetivismo evangélico (protestante) em favor de uma concepção do cristianismo fundada sobre a objetividade do dogma. 

Ainda não apta para o sofrimento e já madura para a vitória


Celebramos uma virgem: imitemos a sua integridade. Celebramos a mártir: ofereçamos sacrifícios.

Celebramos Santa Inês. Conta-se que teria sofrido o martírio com doze anos. Quanto mais detestável se mostra a crueldade que nem a infantil idade poupou, tanto maior é a força da fé que até naquela idade encontrou testemunho.

Em corpo tão pequeno haveria sequer espaço para os sofrimentos? Mas aquela que quase não tinha tamanho para ser ferida pela espada, teve forças para vencer a espada. E contudo, as meninas desta idade não suportam sequer o rosto zangado dos pais e choram como se de feridas se tratasse por causa da picada de um alfinete.

Mas Inês permanece impávida entre as mãos dos cruéis algozes, imóvel perante o pesado e estridente arrastar das cadeias. Oferece o corpo à espada do soldado furibundo, sem saber o que é a morte, mas pronta para ela; levada à força até ao altar dos ídolos, estende as mãos para Cristo entre as chamas de fogo, e no próprio lume do sacrilégio assinala o troféu do Senhor vitorioso; por fim introduz o pescoço e as mãos nos aros de ferro, mas nenhum elo é suficientemente apertado para reter membros tão pequenos.

Novo gênero de martírio! Ainda não apta para o sofrimento e já madura para a vitória; mal pode combater e facilmente triunfa; dá uma lição de fortaleza, apesar da sua tão tenra idade. Nenhuma noiva se adiantaria para o leito nupcial com aquela alegria com que a virgem avançou para o lugar do suplício, levando a cabeça enfeitada não de tranças mas de Cristo, e coroada não de flores mas de virtudes.

Todos choram, só ela não tem lágrimas. Todos se admiram de que tão generosamente entregue a sua vida quem ainda não a começara a gozar, como se já a tivesse vivido plenamente. A todos espanta que se levante já como testemunha de Deus uma criança, que, pela idade, não podia ainda dar testemunho de si mesma. E afinal foi fidedigno o testemunho que deu acerca de Deus esta criança que ainda não podia testemunhar a respeito de um homem; porque o que ultrapassa a natureza, pode fazê-lo o Autor da natureza.

Quantas ameaças do algoz para que ela se atemorizasse, quantas seduções para que se convencesse, quantas promessas para que o desposasse! Mas a sua resposta foi esta: «É uma ofensa ao Esposo fazer-se esperar; aquele que primeiro me escolheu para Si, esse é que me receberá. Porque demoras, verdugo? Pereça este corpo, que pode ser amado por quem eu não quero». Levantou-se, rezou, inclinou a cabeça.

Terias podido ver o carrasco perturbar-se, como se fosse ele o condenado; tremer a mão direita do verdugo; empalidecerem‑se os rostos, temerosos do perigo alheio, enquanto a jovem não temia o próprio.

Tendes numa única vítima dois martírios, o da pureza e o da fé. Permaneceu virgem e foi mártir.



Do Tratado de Santo Ambrósio, bispo, sobre as virgens (Liv. 1, cap. 2.5.7-9: PL 16 [ed. 1845), 189-191) (Sec. IV)