quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

7 motivos pelos quais não sou protestante.


São sete as razões principais pelas quais não sou protestante:

1. Somente a Bíblia…

Os protestantes afirmam que seguem a Bíblia como norma de fé. Acontece, porém, que a Bíblia utilizada por todos os protestantes é uma só; em português, vem a ser a tradução de Ferreira de Almeida. Por que então não concordam entre si no tocante a pontos importantes (ver nº 2 adiante)? E por que não constituem uma só comunidade cristã, em vez de serem centenas e centenas de denominações separadas (e até hostis) entre si?

A razão disto é que, além da Bíblia, seguem outra fonte de fé e disciplina… fonte esta que explica as divergências do Protestantismo.

Tal fonte, chamamo-la Tradição oral; é esta que dá vida e atualidade à letra do texto. A tradição oral do Catolicismo começa com Cristo e os Apóstolos, ao passo que as tradições orais dos protestantes começam com Lutero (1517), Calvino (1541), Knox (1567), Wesley (1739), Joseph Smith (183O)…

Entre Cristo e os Apóstolos, de um lado, e os fundadores humanos das denominações protestantes, do outro lado, não há como hesitar: só se pode optar pelos ensinamentos de Cristo e dos Apóstolos, deixando de lado os “profetas” posteriores.

Notemos que o próprio texto da Bíblia recomenda a Tradição oral, ou seja, a Palavra de Deus que não foi consignada na Bíblia e que deve ser respeitada como norma de fé. Os autores sagrados não tiveram, em vista expor todos os ensinamentos de Jesus, como eles mesmos dizem:

“Há ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se elas fossem escritas, uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se teriam de escrever” (Jo 21,25, cf. 1 Ts 2,15).

“Muitos outros prodígios fez ainda Jesus na presença dos discípulos, os quais não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 2O,3Os).

São Paulo, por sua vez, recomenda os ensinamentos que de viva voz nos foram transmitidos por Jesus e passam de geração a geração no seio da Igreja, sem estarem escritos na Bíblia:

“Sei em quem acreditei.. Toma por norma as sãs palavras que ouviste de mim na fé e no amor do Cristo Jesus. Guarda o bom depósito com o auxílio do Espírito Santo que habita em nós” (2Tm 1, 12/14).

Neste texto vê-se que o depósito é a doutrina que São Paulo fez ouvir a Timóteo, e que Paulo, por sua vez, recebeu de Cristo. Tal é a linha pela qual passa o depósito:

Cristo -> Paulo -> Timóteo

A linha continua… conforme 2Tm 2,2:

“O que ouviste de mim em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam capazes de o ensinar ainda a outros”.

Temos então a seguinte sucessão de portadores e transmissores da Palavra:

O Pai -> Cristo -> Paulo (Os Apóstolos) -> Timóteo (Os Discípulos imediatos dos Apóstolos) -> Os Fiéis -> Os outros Fiéis

Desta forma a Escritura mesma atesta a existência de autênticas proposições de Cristo a ser transmitidas por via meramente oral de geração a geração, sem que os cristãos tenham o direito de as menosprezar ou retocar. A Igreja é a guardiã fiel dessa Palavra de Deus oral e escrita.

Dirão: mas tudo o que é humano se deteriora e estraga. Por isto a Igreja deve ter deteriorado e deturpado a palavra de Deus; quem garante que esta ficou intacta através de vinte séculos na Igreja Católica?

Quem o garante é o próprio Cristo, que prometeu sua assistência infalível a Pedro e as luzes do Espírito Santo a todos os seus Apóstolos ou à sua Igreja; ver Mt 16, 16-18; Lc 22,31s; Jo 21,15-17; Jo 14, 26; 16,13-15.

Não teria sentido o sacrifício de Cristo na Cruz se a mensagem pregada por Jesus fosse entregue ao léu ou às opiniões subjetivas dos homens, sem garantia de fidelidade através dos séculos. Jesus não pode ter deixado de instituir o magistério da sua Igreja com garantia de inerrância. 

São Cornélio, bispo de Cesareia


Encontramos, nos Atos dos Apóstolos, este exemplo de entrega. No capítulo 10, nós assim ouvimos da Palavra de Deus: “Havia em Cesareia um homem por nome Cornélio. Centurião da corte que se chamava Itálica, era religioso; ele e todos de sua casa eram tementes a Deus. Dava muitas esmolas ao povo e orava constantemente” (At 10,1-2).

Diante dessa espiritualidade que Cornélio possuía, Deus o visitou por meio de um anjo, que lhe indicou São Pedro. Este, que também teve uma visão, foi à casa de Cornélio. Foi aí que aconteceu a abertura da Igreja para a evangelização dos pagãos, dos estrangeiros. No outro dia, Pedro chegou em Cesareia. Cornélio o estava esperando, tendo convidado seus parentes e amigos mais íntimos. Não somente ele queria encontrar-se com o Senhor, como também queria o mesmo para todos os seus parentes e amigos.

Cornélio ouviu da boca do primeiro Papa da Igreja: “Deus me mostrou que nenhum homem deve ser considerado profano ou impuro” (At 10,28). Assim, São Pedro começou a evangelizar e, de repente, no versículo 44: “Estando Pedro, ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos que ouviam a (santa) Palavra. Os fiéis da circuncisão, que tinham vindo com Pedro, profundamente se admiraram vendo que o dom do Espírito Santo era derramado também sobre os pagãos; pois eles os ouviam falar em outras línguas e glorificar a Deus. Então Pedro tomou a palavra: ‘Porventura pode-se negar a água do batismo a estes que receberam o Espírito Santo como nós? E mandou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Rogaram-lhe então que ficasse com eles por alguns dias” (At 10,44-48).

São Cornélio tornou-se o primeiro bispo em Cesareia. Homem religioso e de oração, Deus pôde contar com ele para a maravilhosa obra que chega até nós nos dias de hoje. Pela docilidade de muitos, como São Cornélio, o Santo Evangelho se faz presente em nosso meio. Peçamos a intercessão de São Cornélio para que busquemos cada vez mais o Senhor.


Ó Deus misericordioso, São Cornélio lutou com todas as suas forças para preservar a unidade de tua Igreja e demonstrar que tu és Pai de ternura e de bondade, pronto a perdoar. Vem em meu auxílio quando grande for minha confusão interior e meu desconforto espiritual. Socorre-me em minhas fraquezas, ampara-me nos momentos de angústia e de provação. Amém.


São Cornélio, rogai por nós!

Nossa Senhora da Purificação (Candeias, Luz ou Candelária).


A origem da devoção à Senhora das Candeias, da Luz, ou da Candelária, ou da Purificação (todos estes nomes designam a mesma Nossa Senhora), tem o seu começo na festa da apresentação do Menino Jesus no Templo e da purificação de Nossa Senhora, quarenta dias após o seu nascimento. Portanto, sendo celebrada no dia 2 de Fevereiro.

De acordo com a tradição mosaica, as parturientes, após darem à luz, ficavam impuras, devendo inibir-se de visitar ao Templo até quarenta dias após o parto; nessa data, deviam apresentar-se diante do sumo-sacerdote, a fim de apresentar o seu sacrifício (um cordeiro e duas pombas ou duas rolas) e assim purificar-se.

Desta forma, José e Maria apresentaram-se diante de Simeão para cumprir o seu dever, e este, depois de lhes ter revelado maravilhas acerca do filho que ali lhe traziam, ter-lhes-ia dito: «Agora, Senhor, deixa partir o vosso servo em paz, conforme a Vossa Palavra. Pois os meus olhos viram a Vossa salvação que preparastes diante dos olhos das nações: Luz para aclarar os gentios, e glória de Israel, vosso povo» (Lucas, 2, 29-33).

Com base na festa da Apresentação de Jesus / Purificação da Virgem, nasceu a festa de Nossa Senhora da Purificação; do cântico de São Simeão (conhecido pelas suas primeiras palavras em latim: o Nunc dimittis), que promete que Jesus será a luz que irá aclarar os gentios, nasce o culto em torno de Nossa Senhora das Candeias, cujas festas eram geralmente celebradas com uma procissão de velas, a relembrar o fato. 

A Virgem das Candeias ou Luz apareceu em uma praia na ilha de Tenerife (Ilhas Canárias, Espanha) em 1400. Os nativos guanches da ilha ficaram com medo dela e tentaram atacá-la, mas suas mãos ficaram paralisadas. A imagem foi guardada em uma caverna, onde, séculos mais tarde, foi construído o Templo e Basílica Real da Candelária (em Candelária). Mais tarde, a devoção se espalhou na América. É santa padroeira das Ilhas Canárias, sob o nome de Nossa Senhora da Candelária. 

Nossa Senhora das Candeias era tradicionalmente invocada pelos cegos (como afirma o Padre António Vieira no seu Sermão do Nascimento da Mãe de Deus: «Perguntai aos cegos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora das Candeias [...]»), e tornou-se particularmente cultuada em Portugal a partir do início do século XV; segundo a tradição, deve-se a um português, Pedro Martins, muito devoto de Nossa Senhora, que descobriu uma imagem da Mãe de Deus por entre uma estranha luz, no sítio de Carnide, no termo de Lisboa. Aí se fundou de imediato um convento e igreja a ela dedicada, que conheceu grande incremento devido à ação protetora da Infanta D. Maria, filha de D. Manuel I e sua terceira esposa, D. Leonor de Áustria.

A partir daí, a devoção à Senhora das Candeias cresceu, e com a expansão do Império Português, também se dilatou pelas regiões colonizadas, com especial destaque para o Brasil, onde é a santa padroeira da cidade de Curitiba. 

Local sagrado para muitos fiéis, este templo, criado no século XVIII, recebe uma grande quantidade de romeiros durante todo o ano. No mês de fevereiro, as visitas aumentam vertiginosamente; fato explicado pelas comemorações e homenagens à padroeira do município de Candeias. No local, há uma sala de ex-votos e uma belíssima fonte ornamental, onde as pessoas tocam as mãos, crendo no poder das águas. Trata-se da famosa Fonte Milagrosa de Nossa Senhora das Candeias, que fica aberta à visitação pública diariamente, das 6 às 18 horas. O monumento pode ser facilmente encontrado, pois fica na parte mais alta da cidade, em plena área urbana. Perto da fonte, ainda existe um comércio de artigos sacros, que incluem imagens, velas, miniaturas de santos, dentre outras peças. 


Virgem Santíssima das Candeias, vós que pelos merecimentos de vosso Filho Onipotente, tudo alcançais em benefício dos pecadores de quem sois igualmente Senhora e Mãe. Vós que não desprezais as súplicas humanas e nem a elas fechais o vosso coração compassivo e misericordioso. Iluminai-me, eu vos peço, na estrada da vida, encorajai-me e encaminhai os meus passos e as minhas orações para o verdadeiro bem. Livrai-me de todos os perigos a que está exposta à minha fraqueza. Defendei-me de meus inimigos, como defendeste o vosso amado Filho das perseguições que sofreu sendo menino. Não consintais que eu seja atingido por ferro, fogo e nem por peste alguma, e depois de todos estes benefícios de vossa clemência nesta vida, conduzi a minha alma para a morada dos anjos, onde com Jesus Cristo, vosso Filho e Nosso Senhor, viveis e reinais, pelos séculos. Que assim seja.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

"A esperança cristã é a esperança da salvação", diz Papa


CATEQUESE
Sala Paulo VI – Vaticano
Quarta-feira, 1º de fevereiro de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Nas catequeses passadas, começamos o nosso percurso sobre o tema da esperança relendo nessa perspectiva algumas páginas do Antigo Testamento. Agora queremos passar a trazer à luz a importância extraordinária que esta virtude vem a assumir no Novo Testamento, quando encontra a novidade representada por Jesus Cristo e pelo evento pascal: a esperança cristã. Nós cristãos somos homens e mulheres de esperança.

É aquilo que emerge de modo claro desde o primeiro texto que foi escrito, ou seja, a Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses. No trecho que ouvimos, se pode perceber todo o frescor e a beleza do primeiro anúncio cristão. A comunidade de Tessalônica é uma comunidade jovem, fundada há pouco; no entanto, apesar das dificuldades e das provações, está enraizada na fé e celebra com entusiasmo e com alegria a ressurreição do Senhor Jesus. O apóstolo então se alegra de coração com todos, enquanto aqueles que renascem na Páscoa tornam-se verdadeiros “filhos da luz e filhos do dia” (5, 5), em força da plena comunhão com Cristo.

Quando Paulo lhes escreve, a comunidade de Tessalônica foi apenas fundada e apenas alguns anos a separam da Páscoa de Cristo. Por isso, o apóstolo procura fazer compreender todos os efeitos e as consequências que este evento único e decisivo, isso é, a ressurreição do Senhor, comporta para a história e para a vida de cada um. Em particular, a dificuldade da comunidade não era tanto de reconhecer a ressurreição de Jesus, todos acreditavam, mas de acreditar na ressurreição dos mortos. Sim, Jesus ressuscitou, mas a dificuldade era acreditar que os mortos ressuscitam. Nesse sentido, esta carta se revela mais do que nunca atual. Toda vez que nos encontramos diante da nossa morte ou de uma pessoa querida, sentimos que a nossa fé é colocada à prova. Aparecem todas as nossas trevas, toda a nossa fragilidade e nos perguntamos: “Mas realmente haverá vida após a morte…? Poderei ainda ver e abraçar as pessoas que amei…?”. Uma senhora me fez essa pergunta há poucos dias em uma audiência, manifestando uma dúvida: “Encontrarei os meus?”. Também nós, no contexto atual, precisamos retornar à raiz e ao fundamento da nossa fé, de modo a tomar consciência do quanto Deus fez por nós em Cristo Jesus e o que significa a nossa morte. Todos temos um pouco de medo por esta incerteza da morte. Lembro-me de um velhinho, um idoso, bravo, que dizia: “Não tenho medo da morte. Tenho um pouco de medo de vê-la vir”. Tinha medo disso. 

O discernimento dos espíritos adquire-se pela sabedoria espiritual


A verdadeira sabedoria consiste em discernir sem erro o bem do mal; quando se adquire, então o caminho da justiça conduz a alma a Deus, sol da justiça, e a introduz no fulgor infinito da ciência, com uma luz que lhe permite avançar daí em diante com toda a confiança em busca da caridade. 

É necessário que, no meio das nossas lutas, conservemos a nossa alma livre de perturbações internas, para que possa discernir os pensamentos que a assaltam, guardando no santuário da memória os que são bons e vêm de Deus, e rejeitando decididamente os que são maus e vêm do demônio. 

Quando o mar está calmo, é tal a sua transparência que permite aos pescadores ver os peixes sob as águas; mas quando está agitado pelos ventos, as águas revoltas impedem aquela visibilidade e tornam-se inúteis todos os recursos de que se valem os pescadores. 

Só o Espírito Santo pode purificar a nossa mente; se Ele não entra, como o mais forte do Evangelho, para vencer o ladrão, nunca a presa será libertada. É necessário, portanto, conservar permanentemente a paz da alma, que favorece a ação do Espírito Santo, e assim teremos sempre acesa em nós a luz da sabedoria; se ela brilha no nosso santuário interior, não só se põem a descoberto as influências nefastas e tenebrosas do demônio, mas também se enfraquece o seu poder, ao serem surpreendidas por aquela luz santa e gloriosa. 

Por esta razão recomenda o Apóstolo: Não extingais o Espírito, isto é, não entristeçais o Espírito Santo com as vossas más obras e pensamentos, para que Ele não deixe de vos ajudar com o seu esplendor divino. Na realidade, não é possível extinguir o lume eterno e vivificante do Espírito Santo; mas é possível que, entristecendo-O, isto é, ocasionando o seu afastamento, fique a nossa alma privada da sua luz e mergulhada na escuridão. 

O sentido da mente é o gosto perfeito do discernimento espiritual. Assim como pelo sentido corporal do gosto, quando gozamos de boa saúde, temos apetite do que é agradável, discernindo as coisas boas das nocivas sem perigo de errar, assim também o nosso espírito, quando começa a gozar de boa saúde e a libertar-se das preocupações inúteis, pode experimentar abundantemente a consolação divina e conservar a memória do seu sabor suave, para distinguir e desejar sempre os valores mais altos, mediante a virtude da caridade, como diz o Apóstolo: Na minha oração, eu peço que a vossa caridade vá sempre crescendo cada vez mais na verdadeira sabedoria e inteligência, para que possais discernir e escolher os bens superiores.



Dos Capítulos de Diádoco de Foticeia, bispo, sobre a perfeição espiritual (Cap. 6.26.28.30: PG 65, 1169.1175-1176) (Sec. V)

Navegar é preciso


Navegar é preciso! A Imagem de Maria, invocada como Nossa Senhora de Navegantes, nos remete a dois aspectos de nossa fé. Primeiro pelo amor e necessidade de sentir a Mãe de Deus como também nossa Mãe. Mãe que gera a vida em nós. Aquela que, nas mais variadas expressões da devoção popular, é capaz de interceder por nós junto a Deus. Por isso confiamos a ela nossos desejos profundos, nossas necessidades, os pedidos de graças que buscamos para a vida. A ela os fiéis, navegantes no mar da vida, confiam os sinceros pedidos de saúde, da libertação das drogas de um filho, da união da família, a busca de um emprego e tantas intenções e pedidos. Ela expressa os anelos e esperanças de nosso coração. Maria é a mãe dos navegantes. E na vida navegar é preciso. 

Associamos nossa vida como um caminhar ou como um navegar. Momentos calmos, agitados e momentos de tempestades. Dentro dessa compreensão associada à vivência da fé, a Mãe Nossa Senhora dos Navegantes é nosso apoio, nosso alento, nosso refúgio seguro. E quem não se sente mais seguro nos braços de uma mãe cheia de amor? Maria, a Mãe dos navegantes, está conosco. 

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Como Jesus, manso e humilde de coração


Antes de mais, se queremos ser amigos do verdadeiro bem dos nossos alunos e encaminhá-los para o cumprimento dos seus deveres, é necessário que nunca vos esqueçais de que sois representantes dos pais desta querida juventude, esta juventude que foi sempre o terno objeto das minhas preocupações, dos meus estudos, do meu ministério sacerdotal e da nossa Congregação Salesiana.

Quantas vezes, meus queridos filhos, na minha longa carreira, me tive de convencer desta grande verdade: é mais fácil encolerizar-se do que ter paciência, ameaçar uma criança do que persuadi-la; direi mesmo que é mais cômodo, para a nossa impaciência e para a nossa soberba, castigar os recalcitrantes do que corrigi-los, suportando-os com firmeza e benignidade.

A caridade que vos recomendo é aquela de que usava São Paulo com os recém-convertidos e que muitas vezes o fez chorar e suplicar quando os encontrava menos dóceis e menos dispostos a corresponder ao seu zelo.

Tende cuidado que ninguém possa julgar que procedeis movidos pelo ímpeto da emoção repentina. Dificilmente quem castiga é capaz de conservar aquela calma que é necessária para afastar qualquer dúvida de que agimos para demonstrar a nossa autoridade ou desafogar o nosso mau humor.

Olhemos como filhos nossos para aqueles sobre os quais exercemos alguma autoridade. Ponhamo-nos ao seu serviço como Jesus, que veio para obedecer e não para dar ordens, envergonhando-nos de tudo o que nos possa dar a aparência de dominadores; e se algum domínio exercemos sobre eles, há de ser apenas para os servir melhor.

Assim fazia Jesus com os seus Apóstolos, tolerando-os na sua ignorância e rudeza, e inclusivamente na sua pouca fidelidade; era tal a familiaridade e afeição com que tratava os pecadores que a alguns causava espanto, a outros escândalo, e em muitos infundia a esperança de receber o perdão de Deus; por isso nos ordenou que aprendêssemos d’Ele a ser mansos e humildes de coração.

Uma vez que são nossos filhos, afastemos toda a cólera quando devemos censurar as suas falhas, ou ao menos moderemo-la de tal modo que pareça totalmente dominada.

Nada de agitação de ânimo, nada de desprezo no olhar, nada de injúrias nos lábios; mas tenhamos compaixão no presente e esperança no futuro: então seremos verdadeiros pais e conseguiremos uma verdadeira correção. 

Em certos momentos muito graves ajuda mais uma recomendação a Deus, um ato de humildade perante Ele, do que uma tempestade de palavras, que só fazem mal a quem as ouve e de nenhum proveito servem para quem as merece.


Das Cartas de São João Bosco, presbítero (Epistolario, Torino 1959. 4, 201-203) (Sec. XIX)

Catecismo Anticomunista

Diabos vermelhos: detalhe de um afresco de pecadores no inferno na nova Igreja da Ressurreição de Cristo em Podgorica mostra abaixo um demônio e os filósofos comunistas alemães Karl Marx (centro) e Friedrich Engels (direita) e o líder comunista iugoslavo Josip Broz Tito.

Uma raridade... o livrinho  O "Catecismo Anticomunista", escrito por D. Geraldo, foi sucesso numa época (anos 60), em que este país era muito mais Católico, onde as palavras e ensinamentos do citado sacerdote alcançavam notável repercussão! Mas trata-se de tema bem atual; afinal, hoje vemos uma inegável expansão neocomunista.


CATECISMO ANTICOMUNISTA

I. O QUE É O COMUNISMO E O QUE ELE ENSINA

1 Que é o comunismo?

O comunismo é uma seita internacional, que segue a doutrina de Karl Marx, e trabalha para destruir a sociedade humana baseada na, lei de Deus e no Evangelho, bem como para instau­rar o reino de Satanás neste mundo, implantando um Estado ímpio e revolucionário, e organizando a vida dos homens de sorte que se esqueçam de Deus e da eternidade.

2 Qual é a doutrina que a seita comunista ensina?

A seita comunista ensina a doutrina do mais completo materialismo.

3 Que ensina o materialismo comunista a, respeito de Deus?

O materialismo comunista ensina que Deus não existe, e que só existe a matéria.

4 Contenta-se a seita comunista em ensi­nar que não há Deus e que só existe a matéria?

A seita comunista dá grande importância a um materialismo pratico, em que o homem cogita se Deus existe ou não, mas procede, pensa e organiza sua vida sem se incomodar com Deus nem se lembrar dEle. Assim; aos poucos chega também ao materialismo teórico.

O comunista verdadeiro é materialista teórico e prático, para poder levar seus prosélitos ao caminho aludido.

5 Que pensa a seita comunista a respeito da alma?

Para a seita comunista o homem é só matéria, e a alma não existe.

6 Que pensa a seita comunista a respeito da eternidade?

Para a seita comunista o homem desaparece totalmente após a morte. Não há Céu nem inferno, não há felicidade nem castigo depois desta vida.

7 Que pensa a seita comunista a respeito da natureza humana?

Para a seita comunista o homem é um simples animal; embora mais evoluído do que o boi e o macaco, não passa de animal.

8 Qual e a primeira conseqüência prática desta doutrina?

A primeira conseqüência prática deste materialismo é que o homem deve procurar sua felicidade somente nesta terra, e no gozo dos prazeres que a vida terrena oferece.

9 O homem, segundo pendi de Deus e da sua lei?

Não. Uma vez que só há mataria, o homem não depende de Deus, que não existe; ele é supremo senhor de si mesmo.


II. ATITUDES DO COMUNISMO 
PERANTE A RELIGIÃO

10 A seita comunista dá importância à Religião?

Embora negue a existência de Deus, e afirme que a Religião é coisa quimérica, o comu­nismo dá grande importância ao fato de que existe Religião no mundo, porque vê nela o seu maior inimigo. Lenine a chama de “ópio do povo”.

11 Por que a Religião é inimiga do comunismo?

A verdadeira Religião, que é a Religião Católica, é inimiga mortal do comunismo, porque ensina exatamente o contrario do que ele ensina, e inspira os fieis a preferirem a morte às doutrinas e ao regime comunista.

12 Que faz o comunismo com a Religião?

Com a Religião Católica a luta do comu­nismo é de morte: só poderia cessar se chegasse a destruir em todo o mundo a Igreja verdadeira (o que e impossível). Quanto às outras religiões, a seita usa de duas táticas: quando sente que uma delas é um empecilho para a sua vitoria, ataca-a; mas se vem a perceber que se pode servir de alguma religião para se propagar, ou mesmo pala matá-la, então a tolera e até favorece na aparência, para a destruir mais radicalmente.

13 Para conquistar o poder, que faz a seita comunista com referência à Igreja Católica?

Para conquistar o poder, a seita comu­nista procede da seguinte maneira com relação à Igreja Católica:

a) Procura persuadir os católicos de que não há oposição entre os objetivos da seita e a doutrina da Igreja. Procura até apresentar as idéias comunistas como a realização da doutrina do Evangelho.

b) Procura criar urna corrente intitulada de “católicos progressistas”, “católicos socialistas” ou “católicos comunistas”, para desorientar e desunir os católicos.

c) Procura atirar as organizações católicas contra os outros adversários naturais do comunismo, como os proprietários, os militares, as autoridades constituídas, para dividir e destruir os que se opõem a conquista do poder pelo Partido Comunista.

d) Favorece as modas e costumes imorais para minar a família e portanto a civilização cristã da qual a família é viga mestra.

e) Mantém nas nações cristãs a sociedade em constante agitação, fomentando antagonismo entre as classes, as regiões do mesmo pais, etc.

14 Depois de conquistado o poder, que faz a seita comunista com a Igreja Católica?

Sua tática com a Igreja Católica, depois de conquistado o poder, varia de acordo com as circunstâncias. Mas os passos da luta em geral são os seguintes:

a) envolver os católicos nos movimentos promovidos pelo Partido Comunista;

b) afastar os Bispos, Sacerdotes e Religiosos que resistem; se preciso, matá-los;

c) liquidar os líderes católicos;

d) separar a Igreja do país, da obediência ao Santo Padre.


15 Pode um católico colaborar com os movimentos comunistas?

A coisa que os comunistas mais desejam é que os católicos colaborem com eles. Quem começar a colaborar, terminará comunista. “Cola­borou? Morreu!”

16 Se o comunismo ensinasse que Deus existe, e tolerasse a Religião, os católicos poderiam ser comunistas?

No dia em que o comunismo admitisse que Deus existe, e que ele é Senhor nosso, já não seria propriamente comunismo.