segunda-feira, 13 de março de 2017

O diácono faz parte do Clero?


O que diz o Código de Direito Canônico quando define quem seja “Clero”?

Para esclarecer a memória de quem contesta ou nega essa realidade, vejamos o que determina o Código de Direito Canônico promulgado pelo papa João Paulo II, dado em Roma, a 25 de janeiro de 1983, na residência do Vaticano, ao quinto ano de seu Pontificado.

Assim diz o Código de Direito Canônico no seu Cânon 266:

Ø  “Pela ordenação diaconal, alguém se torna clérigo e é incardinado na Igreja particular ou prelazia pessoal, para cujo serviço foi promovido”.

No parágrafo 2 do mesmo Cânon, reza:

Ø  “O membro professo com votos perpétuos num instituto religioso ou incorporado definitivamente numa sociedade clerical de vida apostólica, pela ordenação diaconal é incardinado como clérigo nesse instituto ou sociedade, a não ser que, quanto às sociedades, as constituições determinem diversamente”.

E, no rodapé explicativo, deixa claro que:

Ø  “O fato que está na base de toda incardinação originária é o diaconado”.

No parágrafo 3 do já mencionado Cânon, diz:

Ø  “Pela ordenação diaconal, o membro do instituto secular é incardinado na Igreja particular para cujo serviço foi promovido, a não ser que seja incardinado no próprio instituto em virtude de concessão Apostólica”.

O Código de Direito Canônico, no seu Cânon 276 orienta e incentiva o clero, diáconos e presbíteros a ter uma vida de santidade:

Ø  “Em seu modo de viver, os clérigos são obrigados por peculiar razão a procurar a santidade, já que, consagrados a Deus por novo título de recepção da ordem, são dispensadores dos mistérios de Deus a serviço do povo”.

E, para reforçar essa afirmativa, no parágrafo 3 deste Cânon, incentiva à oração da Liturgia das Horas, como vemos:

Ø  “Os sacerdotes e os diáconos que aspiram ao presbiterato são obrigados a rezar todos os dias a liturgia das horas, de acordo com os livros litúrgicos próprios e aprovados; os diáconos permanentes, porém, rezem a parte determinada pela Conferência dos Bispos”. 

São Rodrigo e São Salomão


Pertenceram ao bispado de Córdova. Rodrigo tornou-se um sacerdote muito zeloso na busca da santidade e cumprimento dos seus deveres, em um tempo onde os cristãos eram duramente perseguidos.

Seus irmãos de sangue começaram uma contenda, a qual tentou apartar. Não compreendendo tal ato, um deles o feriu, deixando-o inconsciente. Aproveitou então para difamá-lo, espalhando que o sacerdote Rodrigo tinha renunciado a fé cristã. Um escândalo foi gerado e o caluniado refugiou-se numa serra, em oração e contemplação, indo a cidade somente para buscar alimentos.

Numa dessas ocasiões, o irmão agressor resolveu denunciá-lo. Ao ser questionado pelo juiz, Rodrigo declarou: “Nasci cristão e cristão hei de morrer”.

Foi preso, e ali na cadeia conheceu outro cristão, Salomão. Ambos transformaram a cadeia num oratório, travando uma linda amizade. Ameaçados e questionados, não renunciaram a fé. Foram separados, mas permaneceram fiéis a Deus. Condenados à morte, ajoelharam-se, abraçaram o crucifixo e degolados, foram martirizados.


Ó Deus, venham em auxílio dos vossos fiéis as preces dos vossos Santos para que, celebrando com amor a sua festa, participemos com eles da glória eterna. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.


Santos Rodrigo e Salomão, rogai por nós!

domingo, 12 de março de 2017

O que significa o termo “Filho do Homem” aplicado a Jesus?


Embora Jesus alegasse ser o divino Filho de Deus, Sua auto-designação favorita era, de longe, “Filho do Homem”. Como sabemos que Jesus realmente se referiu a Si mesmo como o Filho do Homem e o que isso significa?

“Na minha visão, havia diante de mim um semelhante a um Filho do Homem, vindo com as nuvens do céu”. (Daniel 7,13)

Quando perguntamos como sabemos que ‘Filho do Homem’ era um título que Jesus reivindicou para si mesmo (ao invés de um título legendário mais tarde atribuído a Ele pelos escritores do Evangelho), pedimos isso para o benefício do cético. O cético é aquele que não aceita a Bíblia pela fé. Ele é quem quer “apenas os fatos”. É para essa pessoa que fazemos as perguntas: ‘Podemos saber se Jesus realmente se referiu a si mesmo como o Filho do Homem?’ E o que isto quer dizer?’ Então nós começamos.

Muitos estudiosos céticos acreditam que Jesus se referiu a Si mesmo como o Filho do Homem, porque é improvável que tenha sido uma invenção da Igreja primitiva. Por exemplo, nos Evangelhos, “Filho do Homem” é a auto-designação favorita de Jesus. No entanto, nas epístolas, nunca é usado de Jesus. Na verdade, o termo aparece no Novo Testamento apenas 4 vezes fora dos Evangelhos e nunca em escritos cristãos extra-bíblicos durante os primeiros 120 anos depois de Jesus. O ponto é: como é provável que a Igreja originou o título Filho do Homem como a auto-descrição favorita de Jesus, quando a própria Igreja não se referiu a ele dessa maneira?

Então o que Jesus quis dizer quando se chamou Filho do Homem? Alguns supõem que o termo coloca uma ênfase na humanidade de Jesus em comparação com o “Filho de Deus” que coloca ênfase em Sua divindade. Mas isso não leva em conta o contexto histórico significativo em que Jesus usa o termo e como Ele o compreendeu. Como Jesus entendia o termo “Filho do Homem” é importante, já que Ele o usou mais do que qualquer outro termo. 

Papa: "A Cruz não é um ornamento, mas um símbolo de fé".


Papa Francisco
ANGELUS

Praça de São Pedro 
II Domingo de Quaresma, 12 de março de 2017


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho deste segundo domingo da Quaresma nos apresenta a história da Transfiguração de Jesus (cf. Mt 17,1-9). Tomado de lado três dos apóstolos, Pedro, Tiago e João, Ele subiu com eles a um alto monte, e aconteceu este estranho fenômeno: o rosto de Jesus "brilhou como o sol e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz" (v . 2). Assim, o Senhor fez brilhar em sua própria pessoa a glória divina que você poderia agarrar com fé em sua pregação e em seus feitos milagrosos. E a transfiguração é acompanhada, na montanha, do aparecimento de Moisés e Elias, "falando com ele" (v. 3).

O "brilho" que caracteriza este evento extraordinário simboliza a propósito: iluminar as mentes e os corações dos discípulos, para que possam compreender claramente o seu Mestre. É um facho de luz que se abre de repente sobre o mistério de Jesus e ilumina toda a sua pessoa e toda a sua história.

Agora firmemente no caminho de Jerusalém, onde ele terá que sofrer a pena de morte por crucificação, Jesus quer prepará-los neste escândalo - o escândalo da cruz - neste escândalo muito forte para a sua fé e, ao mesmo tempo, para anunciar a ressurreição, manifestando-se como o Messias, o Filho de Deus. e Jesus prepara-os para esse momento triste de tanta dor. Na verdade, Jesus estava demonstrando um Messias diferente do esperado, ao que eles imaginavam o Messias como era o Messias: não um rei poderoso e glorioso, mas um humilde servo, e desarmado; não um cavalheiro de grande riqueza, um sinal de bênção, mas um homem pobre que não tem onde reclinar a cabeça; não um patriarca com prole numerosa, mas um solteiro sem-teto e sem ninho. É realmente uma revelação de Deus de cabeça para baixo, e o sinal mais desconcertante desta reversão escandalosa é a cruz. Mas, precisamente por meio da cruz de Jesus, surgirá a ressurreição gloriosa, que será final, não como essa transfiguração que durou um momento, um instante.

Jesus transfigurado no Monte Tabor queria mostrar a sua glória aos seus discípulos não para impedi-los de ir por meio da cruz, mas para indicar a porta carregando a cruz . Quem morre com Cristo, com Cristo vai subir novamente. E a cruz é a porta da ressurreição. Aqueles que lutam com Ele, com Ele triunfará. Esta é a mensagem de esperança que a cruz de Jesus contém, pedindo a fortaleza em nossa existência. A cruz cristã não é uma escala imperial da casa ou um ornamento de usar, mas a cruz cristã é um lembrete para o amor com que Jesus se sacrificou para salvar a humanidade do mal e do pecado. Neste tempo quaresmal, contemplamos devotamente a imagem de Jesus crucificado na cruz: é o símbolo da fé cristã, é o símbolo de Jesus, morto e ressuscitado por nós. Temos certeza de que a cruz marca as etapas do nosso caminho quaresmal a compreender cada vez mais plenamente a gravidade do pecado e o valor do sacrifício com o qual o Redentor nos salvou.

A Santa Virgem foi capaz de contemplar a glória de Jesus escondido na sua humanidade. Ela ajuda-nos a estar com Ele em oração silenciosa, a ser iluminados pela sua presença, para trazer o coração, através da mais escura das noites, um reflexo da sua glória.

Trump oferece manter financiamento a Planned Parenthood se deixar de realizar abortos


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ofereceu manter o financiamento da Planned Parenthood Federation of America (PPFA) se esta organização deixar de realizar abortos em suas instalações.

A PPFA (por suas siglas em inglês), acusada de traficar órgãos de bebês abortados e encobrir violações de menores, recebe anualmente mais de 500 milhões de dólares em fundos públicos. Segundo a multinacional, somente 3% dos seus serviços são abortos, uma cifra discutida por diferentes organismos pró-vida dos EUA.

Em um comunicado divulgado pelo jornal norte-americano ‘The New York Times’ em 6 de março, Trump, do Partido Republicano, assinalou que “como disse durante a campanha, sou pró-vida e estou profundamente comprometido em investir na saúde das mulheres e planejo aumentar significativamente o financiamento federal em apoio a serviços não abortivos, tais como exames para prevenir o câncer”.

Um relatório da Comissão de Supervisão e Reforma Governamental da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos revelou que apenas dois dos 667 centros de saúde administrados pela Planned Parenthood estão na lista de instalações de mamografia certificadas na lista da Food and Drug Administration.

Durante a campanha eleitoral, Trump, que se tornou presidente dos Estados Unidos em janeiro deste ano, ofereceu cortar o financiamento público a Planned Parenthood.

Em 23 de janeiro, Trump assinou uma ordem executiva restabelecendo a “política da Cidade do México”, uma regulamentação pró-vida internacional que impede que o governo dos Estados Unidos financie ou promova o aborto no exterior.

Com uma maioria no Congresso do Partido Republicano, e depois de apoiar a candidatura presidencial de Hillary Clinton, a Planned Parenthood assegurou que este é o momento “mais perigoso” em seus 100 anos de história.

Em seu comunicado a ‘The New York Times’, Trump recordou que “as pesquisas mostram que a maioria dos americanos se opõe ao financiamento público do aborto, inclusive aqueles que se identificam como pró-choice (pró-aborto)”.

De acordo com uma pesquisa divulgada pela Marist Poll em 23 de janeiro, 6 de cada 10 americanos se opõem ao financiamento de abortos com o dinheiro dos impostos.

Para o presidente dos Estados Unidos, “há uma oportunidade para que as organizações continuem com o importante trabalho que realizam em prol da saúde das mulheres, desde que não forneçam serviços de aborto”.

A Planned Parenthood rejeitou rapidamente a oferta de Trump. 

Argentina: Arcebispo repudia paródia de “aborto” da Virgem Maria em manifestação feminista


O Arcebispo de Tucumán (Argentina), Dom Alfredo Zecca, expressou seu repúdio à paródia de “aborto” da Virgem Maria, representada durante uma marcha feminista no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

Em um comunicado divulgado em 9 de março, Dom Zecca assinalou: “Repudiamos com profunda tristeza os lamentáveis acontecimentos realizados na tarde do dia 8 de março, em frente à Catedral de Tucumán que agravam profundamente a pessoa e a imagem da Virgem Maria, Mãe de Deus, assim como a fé dos católicos tucumanos”.

Por ocasião do Dia da Mulher, um grupo feminista fez uma manifestação pelas ruas principais de Tucumán.

Manifestantes representaram o aborto da Virgem Maria, com muita tinta vermelha para simular o sangramento, em frente à Catedral de Tucumán.

No Facebook, o grupo feminista Socorro Rosa Tucumán celebrou a imagem, assegurando que “a Virgem abortou na catedral o patriarcado, a heterossexualidade obrigatória e os mandatos desta sociedade repressora e exigiu a todos os misóginos desta província medieval que tirem a sua imagem das maternidades, que não proíbam mais os abortos em seu nome”.

1ª Pregação da Quaresma 2017: "O Espírito Santo nos introduz no mistério do Senhorio de Jesus".


O ESPÍRITO SANTO NOS INTRODUZ
NO MISTÉRIO DO SENHORIO DE JESUS

1. "Ele me fará testemunho"

Lendo a Oração da Coleta da Primeiro Domingo da Quaresma, me tocou este ano um detalhe. Nela, não se pede a Deus para para dar-nos a força de realizar alguma das obras clássicas deste tempo: jejum , oração, esmola; pede-se somente uma coisa: de fazer-nos "crescer no conhecimento de Cristo". Creio que seja realmente a obra mais bela e mais agradável ao Salvador e é o objetivo com o qual gostaria de contribuir com as meditações quaresmais deste ano.

Prosseguindo a reflexão iniciada na pregação do Advento sobre o Espírito Santo que deve permear toda a vida e anúncio da Igreja ("Teologia do terceiro artigo!"), nestas meditações quaresmais nos propomos subir da terceira para a segunda parte do Creio. Em outras palavras, buscaremos ressaltar como o Espírito Santo "no introduz na verdade plena" sobre Cristo e sobre seu mistério pascal, isto é, sobre o ser e sobre o agir do Salvador.

Do agir de Cristo em sintonia com o tempo litúrgico da Quaresma, procuraremos aprofundar o papel que o Espírito Santo desenvolve na morte e na ressurreição de Cristo e,  após ele, na nossa morte e na nossa ressurreição.

A segunda parte do Creio, na sua forma completa, diz assim: "Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial Pai: Por Ele todas as coisas foram criadas".

Esta parte central do Creio reflete dois estágios diferentes da fé. A frase "Creio em um só Senhor Jesus Cristo", reflete a primeiríssima fé da Igreja, logo após a Páscoa. O que segue nesta parte do Creio: "Filho Unigênito de Deus..." reflete um estágio posterior, mais evoluído, sucessivo à controvérsia ariana e ao Concílio de Nicéia. Dediquemos a presente meditação à primeira parte - "creio em um só Senhor Jesus Cristo" - e vejamos o que o Novo Testamento nos diz sobre o Espírito Santo como autor do verdadeiro conhecimento de Cristo.

São Paulo afirma que Jesus Cristo foi estabelecido "Filho de Deus com o poder mediante o Espírito de santidade" (Rom 1,4), isto é, por obra do Espírito Santo. Chega a afirmar que "ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, senão sob a ação do Espírito Santo" (1 Cor 12,3), isto é, graças a uma iluminação interior sua. Atribui ao Espírito Santo "a compreensão do mistério de Cristo" que foi dada a ele como a todos os santos apóstolos e profetas (cf. Ef 3, 4-5); diz que aqueles que creem serão capazes de "compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade e conhecer a caridade (o amor) de Cristo que desafia todo o conhecimento" somente se forem "repletos do Espírito" (Ef 3, 16-19).

No Evangelho de João, Jesus mesmo anuncia esta obra do Paráclito em relação a eles. Ele tomará do que é seu e o anunciará aos discípulos; recordará a eles tudo aquilo que disse; os conduzirá à verdade plena sobre sua relação com o Pai e os fará testemunhas (cf. Jo 16, 7-15). Precisamente isto será, desde então, o critério para reconhecer se se trata do verdadeiro Espírito de Deus e não de outro espírito: se leva a reconhecer Jesus que veio na carne (cf. 1 Jo 4,2-3).

Alguns acreditam que a ênfase atual sobre o Espírito Santo possa colocar na sombra a obra de Cristo, como se esta fosse incompleta ou perfectível. É uma incompreensão total. O Espírito nunca diz "eu", nunca fala em primeira pessoa, não pretende fundar uma obra própria, mas sempre faz referência a Cristo. O Espírito Santo não faz coisas novas, mas faz novas todas as coisas! Não acrescenta nada às coisas "instituídas" por Jesus, mas as vivifica e renova.

A vinda do Espírito Santo em Pentecostes traduz-se em uma repentina iluminação de todas as ações e a pessoa de Cristo. Pedro concluiu o seu discurso de Pentecostes com a solene definição, que hoje se diria "urbi et orbi": "Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor (Kyrios) e Messias" (At 2,36).

A partir daquele dia, a comunidade primitiva começou a repassar a vida de Jesus, a sua morte e a sua ressurreição, de maneira diversa; tudo pareceu claro, como se tivesse sido tirado um véu de seus olhos (cf. 2 Cor 3,16). Mesmo vivendo lado a lado com ele, sem o Espírito não tinham podido penetrar em profundidade em seu mistérios.

Hoje está em andamento uma reaproximação entre teologia ortodoxa e teologia católica sobre este tema da relação entre Cristo e o Espírito. O teólogo Johannes Zizioulas, em um encontro realizado em Bolonha em 1980, por um lado manifestava reservas sobre a eclesiologia do Concílio Vaticano II porque, segundo ele, "o Espírito Santo era introduzido na eclesiologia depois que se tinha construído o edifício da Igreja somente com material cristológico"; por outro, porém, reconhecia que também a teologia ortodoxa tinha necessidade de repensar a relação entre cristologia e pneumatologia, para não construir a eclesiologia somente sobre uma base pneumatológica. Em outras palavras, nós latinos somos estimulados a aprofundar o papel do Espírito Santo na vida interna da Igreja (que foi o que ocorreu após o Concílio), e os irmãos ortodoxos o de Cristo e da presença na Igreja na história. 

É correto deixar as crianças brincarem na igreja durante a missa?


Há pais que deixam as crianças correrem pela igreja durante a missa e brincarem no meio dos bancos. Para esses pais, é válida essa missa apesar da distração (que, aliás, afeta a comunidade toda)?

A participação das crianças na missa é uma questão delicada, porque envolve muitos aspectos da vida eclesial. O sacramento da eucaristia exige um singular respeito e uma participação plena e ativa dos batizados, como o concílio nos recorda. O magistério apresenta a família como "igreja doméstica" e defende o seu valor único para a sociedade civil.

Toda a comunidade eclesial, na fidelidade às palavras de Jesus, é chamada a deixar que “as crianças venham até ela”. Temos valores que não podem entrar em contradição, mas as suas urgências acabam entrando. A pergunta do leitor nos coloca diante de um dilema prático. Vamos olhar para alguns fatos da nossa realidade: nas paróquias, é cada vez menor a presença de famílias jovens e, portanto, de crianças pequenas.

A nossa liturgia não foi feita à medida da criança, não se desenrola de acordo com uma comunicação e linguagem adequada para elas, nem poderia. No entanto, a missa tem uma dimensão de mistério que envolve todos nós como povo de Deus, arrebatando-nos da tentação do individualismo ou da satisfação emocional: nela, nós vivemos um encontro da graça, oferecido a todo batizado num momento comunitário. A teologia nos diz que, na celebração eucarística, o Espírito Santo não transforma só o pão e o vinho no Corpo e Sangue de Cristo, mas age na própria comunidade para torná-la cada vez mais o Corpo no Senhor.

Se os pais participassem da missa em horários diferentes, eles poderiam cuidar das crianças por turnos em casa, mas será que é oportuno que as famílias, especialmente as mais jovens, se dividam justamente na hora de participar desse momento de fé comunitária? E as crianças levadas à missa podem viver esse momento sempre de boca fechada e quietinhas? Eu acho que precisamos procurar o equilíbrio, que só é possível caso por caso, comunidade por comunidade, conforme as diversas circunstâncias concretas, a começar pela estrutura de cada igreja.

Nem todas as igrejas têm a mesma arquitetura. Em algumas, foi possível criar lugares para as crianças brincarem sob a vigilância dos pais, o que, para muitos, foi a melhor solução. Em outras igrejas, não é possível criar essas condições: nelas, os pais que levam os filhos à missa tentam fazer as crianças se sentirem à vontade, o mais serenamente possível.

A igreja é a casa de todos: temos que partir desta certeza. Então vamos deixar as crianças brincarem na igreja? Para a criança, brincar não é só uma diversão, mas o principal modo de se comunicar com o mundo e de, gradualmente, adquirir conhecimento. Brincando, as crianças aprendem também a linguagem da fé. Se elas aprendem durante a celebração mantendo certo silêncio, embora não o tempo todo, eu, pessoalmente, não me incomodo. Mas sei que, para alguns outros sacerdotes, não é assim. E respeito a sua sensibilidade litúrgica.